No mesmo período do ano passado, a mineradora registrou prejuízo de R$ 6,4 bilhões por causa da tragédia de Brumadinho. Sede da Vale, no Rio de Janeiro Reuters A Vale informou nesta terça-feira (28) que registrou lucro líquido de R$ 984 milhões no primeiro trimestre de 2020, uma recuperação em relação ao mesmo período do ano passado, quando a mineradora teve prejuízo de R$ 6,4 bilhões por causa da tragédia de Brumadinho. A companhia informou que a melhora no resultado se deveu ao reconhecimento de despesas one-off (pontuais) no 4º trimestre de 2019, como baixas contábeis em ativos de níquel e carvão (R$ 17,3 bilhões) e provisões relacionadas a Brumadinho (R$ 3,7 bilhões). Estes efeitos foram parcialmente compensados pela redução no Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 5,6 bilhões e de outras despesas financeiras (R$ 7,0 bilhões). O Ebitda ajustado da companhia foi de R$ 12,9 bilhões no primeiro trimestre de 2020, contra um resultado negativo de R$ 2,8 bilhões em igual período de 2019. Já a receita líquida totalizou R$ 31,3 bilhões entre janeiro e março, contra R$ 30,9 bilhões nos mesmos meses do ano passado. Em relação ao 4º trimestre de 2019, houve uma piora de R$ 9,8 bilhões provocada, principalmente, pelos menores volumes de vendas nos negócios de minério de ferro, pelotas, níquel e carvão. Investimentos Os investimentos da Vale totalizaram US$ 1,124 bilhão, contra apenas US$ 611 milhões no primeiro trimestre do ano passado, que foi intensamente impactado pelas interrupções causadas pela ruptura da barragem de Brumadinho. Já com relação ao final de 2019, os investimentos caíram 23,6%, devido a condições climáticas e depreciação da moeda brasileira em relação ao dólar norte-americano. "Apesar de inferiores, os investimentos foram os mais altos para um primeiro trimestre dos últimos três anos, principalmente devido ao maior volume de pagamentos feitos no primeiro trimestre de 2020, referente a obras executadas no trimestre anterior", disse a Vale, em nota. Endividamento A dívida líquida da companhia ficou estável em US$ 4,8 bilhões em relação ao quarto trimestre de 2019, mas caiu contra o primeiro trimestre do ano passado, quando o endividamento chegou a US$ 12,031 bilhões). Já a dívida bruta ficou estável na comparação anual, em US$ 17,075, mas aumentou na margem (contra US$ 13.056 no quarto trimestre de 2019). Produção Neste mês, a companhia também informou que a produção de minério de ferro no primeiro trimestre somou 59,6 milhões de toneladas, queda de 18% ante o mesmo período do ano passado. A empresa também revisou as metas de produção de seus principais minerais para o ano. Segundo a empresa, o volume menor que o esperado no primeiro trimestre ocorreu devido a perdas de 4,5 milhões de toneladas no Sistema Norte, causadas por manutenção não programada em equipamentos da mina gigante S11D, no Pará, condições climáticas e restrições operacionais em Serra Norte. Coronavírus A companhia informou que, até o momento, a pandemia do Covid-19 teve um impacto limitado nas operações, mas que adotou três medidas restritivas: No negócio de Minério de Ferro, a Vale suspendeu temporariamente as operações no terminal marítimo Teluk Rubiah, na Malásia, sem impacto em produção No negócio de Metais Básicos, a Vale realizou o ramp-down (desaceleração) e colocou as operações de mineração em Voisey’s Bay em cuidado e manutenção por até 4 meses No negócio de Carvão, a Vale decidiu postergar os planos para a manutenção corretiva na planta de processamento de carvão em Moçambique.