Artista deixa, em capas de discos, belas imagens de cantores como Ney Matogrosso e Rita Lee. Vania Toledo morre em São Paulo, vítima de complicações decorrente de infecção urinária Reprodução / Facebook Vania Toledo ♪ OBITUÁRIO – “(Estou pensando) na dor da perda… Como dói”, confidenciou Vania Toledo no último post que publicou no Facebook, em 6 de julho, um dia após a morte do grande amigo Antonio Bivar (1939 – 2020). Dez dias após a derradeira publicação, nomes da música e do teatro do Brasil enfrentam a dor da perda de Vania Rosa Cordeiro de Toledo (29 de janeiro de 1945 – 16 de julho de 2020), fotógrafa mineira que, paralelamente ao trabalho em vários jornais e revistas, deixou belas imagens em capas de discos e em retratos de ícones da música brasileira como Caetano Veloso, Cazuza (1958 – 1990), Frenéticas, Guilherme Arantes, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Rita Lee e Zizi Possi, entre muitos outros. Esses nomes não foram clicados por Vania por acaso. “Meu vício é gente. Gente atuante, libertária, gente que produz e faz arte, que gosta de viver como eu. Por isso ou por aquilo, sempre fotografei pessoas assim, com esse perfil”, declarou há dois anos ao promover a exposição Tarja preta – Vania Toledo (2018). Capa do álbum 'Sujeito estranho', lançado em 1980 por Ney Matogrosso Vania Toledo Na ocasião, a mostra estava em cartaz em São Paulo (SP), cidade onde a fotógrafa morreu aos 75 anos na manhã desta quinta-feira, 16 de julho, vítima de complicações decorrentes de infecção urinária que a levara a ser internada em hospital da capital. Nascida na interiorana cidade mineira de Paracatu (MG), Vania Toledo se mudou para São Paulo (SP) em 1961. Nos anos 1970, o nome da fotógrafa começou a aparecer em imagens oficiais de artistas da MPB. Capa do álbum 'Pecado', de Ney Matogrosso Vania Toledo São dela, por exemplo, as fotos de Ney Matogrosso estampadas nas capas dos álbuns Pecado (1977) e Sujeito estranho, lançados respectivamente em 1977 e em 1980, ano em que Vania Toledo editou o livro Homens – Ensaio, em que apresentou fotos de nus masculinos de artistas como Caetano Veloso e o próprio Ney Matogrosso. Rita Lee está eternizada por Vania em fotos como a da capa do álbum Bossa'n'roll, de 1991. Já Zizi Possi foi fotografada pela retratista em três álbuns sequenciais – Um minuto além (1981), Asa morena (1982) e Pra sempre e mais um dia (1983) – da primeira metade dos anos 1980. Dos álbuns dos anos 1990 que expuseram fotos de Vania Toledo nas capas, merece menção honrosa Nascimento (1997) pela expressiva imagem de Milton Nascimento. Se “fotografia é retrato da alma”, como conceituou a artista certa vez, pode-se dizer que Vania Toledo retratou almas com a beleza da arte e com a luz da generosidade humana. Capa do álbum 'Bossa'n'roll', de Rita Lee Vania Toledo