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Do agrião cultivado em água corrente nasceu trilha que conquista amigos

por Administrador / quinta-feira, 23 maio 2019 / Publicado em Turismo

No meio da semana, o convite de um amigo foi motivo extra para renovar as energias. A pequena aventura começou no rodoanel que liga a MS-010 a MS-080, com uma paisagem bucólica pelo caminho. Mas o revigorante foi ter certeza que fora das rotas turísticas do interior, áreas bastante afastadas do centro de Campo Grande ainda guardam riquezas naturais e históricas, dignas de uma visita sem pressa.

A cerca de 5 quilômetros do Jardim Seminário, há um cenário de rural dentro de um morro, com agrião colhido em água corrente e uma trilha de 6 quilômetros para prática de ciclismo. É a famosa “Trilha do Agrião”, conhecida nas redes sociais quando grupos de mountain bike marcam aquela pedalada ou treino especial.

O lugar não é nada explorado turisticamente, por opção dos donos que, apenas abrem espaço para amigos conhecidos ou grupos de ciclismo comprometidos com a principal regra da casa: respeitar a natureza.

O lugar não tem placa, apenas a sensação de estar descendo uma ribanceira indica a chegada. Lá em baixo, já no pé do morro, é o sorriso do proprietário Carlos Barbosa de Oliveira, de 64 anos, que dá boas-vindas.

Árvores gigantescas dominam a área de 16 hectares que hoje pertence a Carlos. Descendo mais a ladeira, um belíssimo açude reflete todo verde que há em volta. Detalhes que fazem da propriedade centenária o maior tesouro da família.

Porque “Trilha do Agrião?” – Essa história começa muito antes da trilha aberta por Carlos. Ali, começou de fato uma das maiores produções de agrião no município, há pelo menos cinco décadas. A produção continua, mas em pequena escala, conta o dono. “O agrião estagnou, talvez pela tecnologia ou concorrência, mas nunca voltou ser como antes”, comenta.

“Meu pai começou a mexer com agrião e outras hortaliças, trabalhávamos em família, mas com o tempo a mão de obra diminuiu e o custo foi aumentando, mas o agrião é o mesmo preço de 1994. Cada dia que passa, temos menos mão de obra, menos serviço e, consequentemente, menos produção”, descreve Carlos.

Ao contrário do que se pensa, as palavras de Carlos fogem da lamúria. O homem não desiste nem sob a mínima produção e sua força de vontade parece não dar brecha para a crise.

De domingo a domingo, ele levanta às 5h da manhã, caminha 500 metros de uma trilha, estreita e úmida, até sua plantação de agrião. Depois de colher os 60 pés, todos são lavados manualmente na bica d’água que há anos corre pela madeira.

O agrião de Carlos é plantado em um terreno encharcado, com valas inundadas. Ele explica que essa qualidade de agrião é muito fácil de cultivar, basta ter um pouco de cuidado na hora do plantio, mas depois que as sementes pegam, a natureza e água corrente cuidam como ninguém. “Não, não são hidropônicas. Muita gente se confunde. Apesar da água, aqui há utilização do solo, o que não acontece nesse tipo de plantio”, explica.

Quando o agrião está pronto para colheita, Carlos e um ajudante colhem as folhas maiores e mais desenvolvidas. A rama que sobra na terra com poucos centímetros é replantada para que novamente a natureza faça o seu papel e o agrião rebrote.

Trilha – Ao longo do tempo a propriedade foi abraçada por amigos mais próximos. O amigo e fotógrafo André Bittar, que convidou o Lado B para esta aventura em plena quarta-feira, já visitou o espaço várias vezes, e conta que vale muito a pena largar a correria para apreciar a paisagem, só basta vontade.

Além de apreciar, na trilha de 6 quilômetros dá para caminhar ou enfrentar uma pedalada pesada, pois há trechos com obstáculos que exigem força e muito condicionamento físico. No entanto, independente do sol escaldante que tem feito na maior parte do ano em Campo Grande, a trilha é sempre bem fresca. E em determinado ponto, há uma paisagem muito bonita que completa a trilha, com pôr do sol que faz a gente agradecer o privilégio de desfrutar de tamanha beleza e história.

O percurso continua pela casa da propriedade, erguida há 88 anos e com arquitetura original, que ao longo do tempo ganhou intervenções cheias de personalidade, mas que vamos detalhar em outra reportagem, basta conferir na nossa editoria de Arquitetura.

 Gratidão – Ao falar da produção e do que os 16 hectares hoje significam na vida, Carlos para, pensa e resume em uma palavra. “Gratidão”, diz. “Normalmente a gente vai ficando velho e ninguém mais aparece. Eu e a Celanira (esposa) tivemos sorte, não há um dia que estamos sozinhos aqui, ganhamos muitos amigos. Eu brinco que se em algum domingo eu ficar sozinho por aqui é porquê está chovendo ou alguma coisa grave aconteceu no mundo. Fora isso, estamos sempre bem acompanhados e essa alegria não há riqueza no mundo que pague”.
Fonte: Campo Grande News
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