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Discos para descobrir em casa – ‘Meu samba encabulado’, Nara Leão, 1983

por Administrador / quarta-feira, 01 abril 2020 / Publicado em Cultura

Capa do álbum 'Meu samba encabulado', de Nara Leão Frederico Mendes ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Meu samba encabulado, Nara Leão, 1983 ♪ Cantora tão antenada quando corajosa, Nara Leão (19 de janeiro de 1942 – 7 de junho de 1989) andou muito na contramão. Na vida e na música. Ao arquitetar o primeiro álbum, lançado em 1964, a artista subiu metaforicamente o morro para dar voz a sambistas populares com ecos da bossa nova da qual já se recusava a ser musa. Em 1971, quando a bossa já parecia esquecida em algum lugar do passado, Nara fez em Paris disco duplo com os standards do gênero. Ainda nos anos 1970, a cantora gravou songbooks e discos de duetos antes de esses dois modelos virarem moda no mercado fonográfico. Em 1983, dois anos antes da explosão da geração pagodeira carioca liderada por Zeca Pagodinho, Nara apresentou o álbum Meu samba encabulado, título já obscuro de discografia sempre imprevisível e coerente com os princípios musicais e ideológicos da artista. Com devoção a Beth Carvalho (1946 – 2019), saudada no encarte quando Nara celebrou o Cacique de Ramos ao destacar o solo de percussão do samba Meu cantar (Noca da Portela e Joel Menezes), a cantora seguiu a lição de Beth e, sem anular a própria personalidade, deu voz em Meu samba encabulado a compositores então ainda pouco ou nada badalados. Foi o caso de Luiz Carlos da Vila (1949 – 2008), autor do samba-choro Relembrando. Álbum idealizado por Nara com Túlio Feliciano, Meu samba encabulado teve o toque diferenciado da Camerata Carioca, grupo instrumental voltado para a difusão do choro, ritmo que moveu Brasileirinho (João Pernambuco com versos de José Leal, 1983) e o tema instrumental Pé-de-moleque (Radamés Gnattali, 1964). A presença luxuosa da Camerata Carioca no álbum é mérito do violonista Maurício Carrilho, produtor musical deste disco em que Nara Leão lançou joia rara de Ivone Lara (1922 – 2018) e Delcio Carvalho (1939 – 2013), Há música no ar, lapidada pelo arranjo do clarinetista Paulo Moura (1932 – 2010), também orquestrador do registro instrumental de Eu e a brisa (Johnny Alf, 1968). Sem sair do próprio tom, Nara apresentou Fundo azul – belo e pouco ouvido samba de Nelson Sargento – e perfilou o país tropical sem ufanismo e sem exuberâncias artificiais no samba Isso é Brasil (José Maria de Abreu e Luis Peixoto, 1947), título menos abordado do gênero exaltação. Indo além das fronteiras do gênero impresso no título, o álbum Meu samba encabulado singrou melancólico na correnteza intercontinental de Firuliu, música composta por Teca Calazans com inspiração em nau do folclore paraibano que transitava entre Recife (PE) e Lisboa (Portugal). Lembrança nada óbvia do cancioneiro da era do rádio, especificamente do repertório do cantor Orlando Silva (1915 – 1978), Quando a saudade apertar (Jayme Florence e Leonel Azevedo, 1942) trafegou em curso ainda mais dolente, destilando o sentimento que brotava do canto sensível de Nara. Além de refazer a reflexão de Paulinho da Viola sobre o (pouco) valor dado ao sambista na sociedade, ao regravar 14 anos (1966), Nara Leão expôs as dúvidas projetadas pelo compositor Padeirinho da Mangueira (1927 – 1987) no samba Como será o ano 2000? – uma das 13 pérolas que compuseram o rosário desfiado por Nara Leão neste reluzente e perene disco de 1983.

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