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Discos para descobrir em casa – ‘Quatro paredes’, Simone, 1974

por Administrador / segunda-feira, 06 abril 2020 / Publicado em Cultura

Capa do álbum 'Quatro paredes', de Simone Walter Firmo ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Quatro paredes, Simone, 1974 ♪ Quando Simone viveu o primeiro grande pico de popularidade na carreira, com a explosão nacional do álbum Pedaços (1979), a artista baiana da gema já contabilizava nove discos lançados ao longo de seis anos de trajetória como cantora. Sem estourar de imediato, Simone foi angariando público e prestígio crescentes desde que iniciara a carreira em 1973, contratada pela gravadora Odeon. Apresentado em 1974, Quatro paredes – segundo álbum solo dessa cantora que então já havia integrado o elenco de três discos coletivos – ajudou Simone a pavimentar o caminho que a levaria ao estrelato na segunda metade da década de 1970. Gravado sob direção musical do maestro Lindolfo Gaya (1921 – 1987), com precisos arranjos e regências do pianista Luiz Eça (1936 – 1992), Quatro paredes é álbum de tom denso e tenso. Dramático, em uma palavra. Com o canto ainda em expansão, mas já expressivo, Simone expeliu pela boca a amargura poetizada por Hermínio Bello de Carvalho em verso da letra de Salamargo, parceria de Hermínio com Eduardo Marques, compositor da música-título Quatro paredes, bolero sufocante como boa parte do repertório do disco. Compositor e produtor que guiou Simone nos primeiros passos como cantora da esguia ex-jogadora de basquete, Hermínio Bello de Carvalho fomentou a dramaticidade que pautou Quatro paredes ao selecionar quase todo o repertório do álbum. Os títulos de algumas músicas – como Desgosto (da então iniciante Thereza Tinoco) e Nosso amor não deu nada (João de Aquino e Paulo Frederico), composição do revelador verso “Quem sabe da dor é meu coração” que Simone gravara com Aquino no anterior álbum Festa Brasil (1974) – já explicitaram o tom desiludido do disco Quatro paredes. Em tom sempre interiorizado, Simone expiou a matadeira saudade de amor nas regravações do baião Qui nem jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949) e da toada A saudade mata a gente (João de Barro e Antônio Almeida, 1948), sutil incursão do disco por trilha ruralista. Em sintonia com o título, Quatro paredes soou por vezes claustrofóbico, como na abordagem de Bodas de prata, composição inédita da então novata dupla João Bosco e Aldir Blanc. Driblando o monopólio de Elis Regina (1945 – 1982), cantora que tinha a primazia de ouvir e escolher antes as músicas da dupla que queria gravar, Simone também lançou em Quatro paredes o samba De frente pro crime, flash da violência urbana cotidiana gravado com as vozes do MPB4 no coro (o grupo regravaria o samba em 1975 no álbum Dez anos depois). Sem espaço para a leveza, o disco também apresentou registro ralentado da marcha-frevo Chuva, suor e cerveja (Caetano Veloso, 1971), cuja letra soou como súplica feita fora do ambiente carnavalesco. Samba que roçou o drama do tango no desenho das cordas do arranjo épico, Fantasia – música da lavra de João Bosco e Aldir Blanc que nunca mais foi gravada em disco após o registro original de Simone – corroborou a sensação de que Quatro paredes era disco com ares de quarta-feira de cinzas. Nem a sensualidade de Proposta (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1973), canção regravada por iniciativa de Simone, desanuviou o clima desse álbum imerso em clima de adeus, como explicitou Baião do coração (Fred Teixeira e Cirino). Quinto dos onze álbuns feitos por Simone na gravadora Odeon, na fase mais coesa e densa da discografia da Cigarra, Quatro paredes é disco que merece ser descoberto por quem conheceu essa grande cantora do Brasil somente a partir do sensual jorro feminino do álbum Pedaços.

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