
Mais de 10.500 tripulantes aderiram ao programa de licença não remunerada da companhia. Empresa conclui compra da Two Flex por R$ 123 milhões. A companhia aérea Azul registrou prejuízo líquido de R$ 6,1359 bilhões no primeiro trimestre, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (14). No primeiro trimestre do ano passado, a empresa havia registrado ganho de R$ 125,3 milhões. Avião da companhia aérea azul Sergio Moraes/Reuters Excluindo a variação cambial e marcação a mercado, o prejuízo ajustado ficou em R$ 975,3 milhões, ante lucro de R$ 113,4 milhões no primeiro trimestre de 2019. Segundo a empresa, as perdas foram relacionadas principalmente com o ajuste do valor justo de participação da Azul na TAP, de R$ 618,5 milhões, e as perdas com hedge de combustível. A Azul reportou resultado operacional de R$ 173,6 milhões de janeiro a março, com margem de 6,2%. Excluindo os efeitos do impacto da Covid-19 e a depreciação média do real de 18% em relação ao ano anterior, a margem operacional seria de 14,9%, um crescimento de 1,2 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2019, aponta o relatório. Efeitos do coronavírus No quarto trimestre de 2019, a companhia já havia reportado prejuízo líquido de R$ 2,3 bilhões, e suspendido a divulgação de previsões em decorrência da pandemia de coronavírus. Na segunda metade de março, em resposta à pandemia, a Azul reduziu seus voos diários em 50%. Esse percentual chegou a 90% em abril. A expectativa é operar 115 voos diários em maio, com cerca de 20 aeronaves, para 38 destinos no país. "Esperamos aumentar nossa malha gradualmente nos próximos meses à medida em que a economia volte a entrar em funcionamento", afirmou em nota o diretor-presidente da companhia, John Rodgerson. Aviação comercial encara perdas que podem chegar a R$ 540 bilhões em 2020 Azul conclui compra da Two Flex por R$ 123 milhões A Azul informou também nesta quinta que concluiu a compra da empresa aérea Two Flex, anunciada em janeiro, por R$ 123 milhões. O pagamento será realizado em até 30 parcelas mensais, sujeito a determinadas condições financeiras e operacionais. O acordo inclui um pagamento final de até R$ 30 milhões, que serão depositados como garantia em favor da companhia por um período determinado. A compra foi aprovada sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 27 de março. A Two Flex é uma companhia aérea com sede em Jundiaí (SP), que oferece transporte de passageiros e cargas para 39 destinos no país. Desse total, três destinos regionais são atendidos pela Azul. A Two Flex também possui 14 slots na pista auxiliar do aeroporto de Congonhas, de grande interesse para a Azul. Possui uma frota de 17 aeronaves Cessna Caravan da TwoFlex, um turboélice regional com capacidade para nove passageiros, que será usada pela Azul para ampliar a oferta de voos regionais. Cortes de gastos Na noite de quarta-feira, a empresa anunciou um acordo com a Embraer para adiar a entrega de 59 aviões E2 para a partir de 2024 – as entregas inicialmente estavam previstas para serem feitas entre 2020 e 2023. A Azul também está negociando adiar os pagamentos de aluguel de aeronaves de forma que acompanhem a retomada da demanda esperada para os próximos 18 a 24 meses. Além disso, a empresa informou que espera reduzir suas despesas com salários em mais de 50% no 2T20. Mais de 10.500 tripulantes aderiram ao programa de licença não remunerada da companhia, o que representa 78% do total de funcionários da Azul em 31 de março de 2020. A Azul também implementou a nova Medida Provisória de preservação do trabalho lançada pelo governo, o que implica em cortes salariais e suspensão de contratos em troca da assistência do governo por até 90 dias. "Além disso, todos os membros do comitê executivo (diretores e diretores estatutários) da Azul tiveram redução salarial entre 50% e 100%, e para os gerentes, a redução salarial foi de 25%. A Companhia também adiou o pagamento de PLR e cancelou o pagamento de bônus relativo a 2019", diz a Azul em nota.