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Músicas para descobrir em casa – ‘Passeio público’ (Ednardo, 1976) com Ednardo

por Administrador / quarta-feira, 16 setembro 2020 / Publicado em Cultura

Capa de 'Berro', álbum de 1976 em que Ednardo apresentou a música 'Passeio público' Mario Luiz Thompson ♪ MÚSICAS PARA DESCOBRIR EM CASA – Passeio público (Ednardo, 1976) com Ednardo ♪ Em 1976, José Ednardo Soares Costa Sousa alçou o voo mais alto da carreira com a escalada da música Pavão mysteriozo nas paradas de todo o Brasil. Embora lançada há dois anos no LP O romance do pavão mysteriozo (1974), primeiro álbum solo desse artista cearense nascido em Fortaleza (CE) em 17 de abril de 1945, a canção somente abriu asas ao ser propagada em escala nacional na abertura da novela Saramandaia, exibida pela TV Globo em 1976. Neste mesmo ano, Ednardo lançou o segundo álbum, Berro (1976) no embalo do sucesso de Pavão mysteriozo. Artigo 26 foi a música de maior projeção da safra autoral do álbum Berro. Contudo, há nesse disco uma música, Passeio público, da maior importância na obra repleta de referências cearenses que Ednardo construiu desde o alvorecer da década de 1970. Passeio público é composição dedicada por Ednardo à ativista política Bárbara Pereira de Alencar (11 de fevereiro de 1760 – 18 de agosto de 1832), pioneira revolucionária do Ceará. Embora de origem pernambucana, tendo nascido em Exu (PE), Bárbara lutou pela independência do Ceará, recusando o papel subalterno destinado às mulheres no Brasil dos séculos XVIII e XIX. Fazendeira e empresária, a ativista se rebelou contra o autoritarismo da monarquia portuguesa. Em 1817, Bárbara de Alencar participou de ação revolucionária no Vale do Cariri, no Ceará, para combater os danos do império português no Nordeste. Como os agentes da repressão logo sufocaram o levante, a ativista foi presa e torturada naquele ano de 1817. Em 1976, ano em que Ednardo lançou Berro, álbum produzido por Vanderley Zandomenighi, o Brasil vivia sob a mordaça da ditadura implantada em 1964 e endurecida em 1968. Lembrar a história de Bárbara de Alencar – mulher de “sonhos tão loucos”, de “sonhos eternos”, como o compositor poetiza em versos da letra – foi a forma de Ednardo se conectar, pelo passado, com o presente do Brasil de 1976. A gravação de Passeio público é primorosa. Um som de lamento abre e fecha a faixa, cujo arranjo encadeia golpes do violão tocado pelo próprio Ednardo. Com a voz viçosa dos 31 anos, o cantor interpreta com precisão essa canção cuja letra alude à tortura de Bárbara de Alencar e passa mensagem de resistência nas duas últimas estrofes. Primeira mulher a se tornar presa política no Brasil, Bárbara de Alencar é nome de rua e praça em Fortaleza (CE), cidade onde também virou estátua. Contudo, é no passeio pelas imagens poéticas da música de Ednardo que a memória da pioneira ativista política – que continuou a lutar ao sair da prisão, em 1820 – pulsa com mais força. ♪ Ficha técnica da Música para descobrir em casa 24 : Título: Passeio público Compositor: Ednardo Intérprete original: Ednardo Álbum da gravação original: Berro Ano da gravação original: 1976 Regravações que merecem menções: A música Passeio público nunca foi regravada. ♪ Eis a letra da música Passeio público : “Hoje ao passar pelos lados Das brancas paredes, paredes do Forte Escuto ganidos, ganidos, ganidos, ganidos Ganidos de morte Hoje ao passar pelos lados Das brancas paredes, paredes do Forte Escuto ganidos, ganidos, ganidos, ganidos Ganidos de morte Vindos daquela janela É Bárbara, tenho certeza É Bárbara, sei que é ela Que de dentro da fortaleza Por seus filhos e irmãos Joga gemidos, gemidos no ar Que sonhos tão loucos, tão loucos, tão loucos Tão loucos foi Bárbara sonhar Hoje ao passar pelos lados Das brancas paredes, paredes do Forte Escuto ganidos, ganidos, ganidos, ganidos Ganidos de morte Hoje ao passar pelos lados Das brancas paredes, paredes do Forte Escuto ganidos, ganidos, ganidos, ganidos Ganidos de morte Se deixe ficar por instantes À sombra desse baobá Que virão fantasmas errantes De sonhos eternos falar Amigo que desces a rua Não te assustes, não passes distante Procura entender, entender Entender o segredo Desse peito sangrante”

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