Segundo o Banco Mundial, a China deve ser o único país a registrar um PIB positivo este ano. Brasil deve fechar o ano com queda de 5,4%, atrás da Rússia, e na frente da África do Sul e da Índia. O forte crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre deste ano, de 7,7% sobre os três meses anteriores, aponta que o país se recupera de forma acelerada da crise provocada pela Covid-19. Com uma queda esperada de 5,4%, segundo estimativas do Banco Mundial, o país deve fechar o ano com desempenho melhor do que o previsto no início da pandemia, avaliam economistas ouvidos pelo G1. PIB trimestre a trimestre Guilherme Luiz Pinheiro/G1 No entanto, se as estimativas se confirmarem, o país deve ficar abaixo da média dos BRICs — grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. De acordo com o Banco Mundial, a China deve ser o único país do bloco a registrar um desempenho positivo do PIB (2%) este ano. A Rússia, por sua vez, deve registrar queda – mas menos acentuada que a brasileira, de 5%. Atrás do Brasil, devem ficar África do Sul (-7,2%) e Índia (-9,6%) (veja no gráfico abaixo). "Uma parte importante da recuperação econômica se deve à resposta do governo. O estímulo fiscal foi muito rápido e resultado de uma combinação de medidas para as famílias mais vulneráveis, empresas e setores financeiros", afirmou ao G1 Paloma Anós Casero, diretora do Banco Mundial para o Brasil. Projeções para o PIB 2020 Economia G1 O estímulo fiscal também fez a produção industrial brasileira reagir à crise no segundo trimestre do ano — reação semelhante à de outros países em desenvolvimento, como a Rússia, acrescentou Emerson Marçal, coordenador do Centro de Estudo de Macroeconomia Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV). "É impossível a economia não reagir com os estímulos do governo. É como se você tirasse todo o dinheiro guardado para a aposentadoria para resolver uma emergência", exemplificou. Cúpula do Brics Reprodução Na avaliação de Paloma, o Brasil se destacou dos demais países em desenvolvimento por ter mitigado o crescimento da pobreza. "Graças ao estímulo [de 11% do PIB], a pobreza vai ser contida em 2020. Nos demais países dos Brics, isso não aconteceu. A Rússia, por exemplo, teve um estimulo fiscal menor, de 4% do PIB", acrescentou. Entre os países em desenvolvimento, a Índia foi um dos mais prejudicados pela pandemia. A nação asiática é a segunda do mundo com mais casos de Covid-19 do mundo. Por este motivo, a economia do país, que já estava desacelerando antes da crise, foi ainda mais danificada. Estimativas para o PIB de 2021 Economia G1 "A propagação do vírus e medidas de contenção interromperam gravemente as condições de oferta e demanda do país. Apesar de medidas para proteger famílias e empresas vulneráveis, a trajetória de redução da pobreza tem desacelerado, se não revertido", analisou o Banco Mundial, em relatório sobre a Índia. Expectativa para 2021 Para 2021, o Banco Mundial espera que todos os países do bloco tenham uma retomada, principalmente após a distribuição das vacinas contra o coronavírus. A Índia — que deve fechar o ano com queda do PIB superior a 9% — pode acabar 2021 com um crescimento de 5,4%, impulsionada pelo mercado doméstico. "Os desafios são as incertezas sobre a Covid-19 e possíveis novas ondas em vários países porque a pandemia ainda não está controlada. A vacina também não será distribuída com facilidade", avaliou Paloma. No caso específico do Brasil, a diretora da instituição destaca o risco de a pobreza aumentar quando o Auxílio Emergencial for retirado. "Não haverá mais impulso fiscal como houve neste ano e o mercado de trabalho ainda está fraco, com índice de desemprego muito alto, acima de 14%", alertou. Initial plugin text