Diretor usa morte para tratar afeto e cura e diz que escalou 'elenco dos sonhos'. Longa estreia nesta quinta (3) nos cinemas. Mariana Nunes e Juan Paiva em cena do filme "M8 – Quando a morte socorre a vida" Divulgação/Vantoen Pereira JR Jeferson De levou o prêmio do público de melhor filme de ficção no Festival do Rio em 2019 com "M8 – Quando a morte socorre a vida". O longa, que estreia nesta quinta (3) nos cinemas, aborda o racismo ascendente nas universidades após a aprovação das cotas, mas vai além: fala da violência e da negligência à dignidade mesmo após a morte. Para ter representatividade, indústria do cinema precisa de prazos e cotas, dizem cineastas Jeferson foi convidado para dirigir o filme pela produtora Iafa Britz e ficou impressionado com o livro homônimo do autor Salomão Polakiewicz, no qual o filme é baseado. Mas ele aceitou o convite porque viu que suas propostas para rumos diferentes tinham aprovação. "Não é uma adaptação literal. O livro falava dos bolsistas e eu resolvi colocar a questão dos cotistas. Para mim, era muito importante investigar o universo dessa geração nova que está chegando nas universidades brasileiras, de meninos e meninas negros", conta o diretor. Trailer de 'M8 – Quando a morte socorre a vida' O filme conta a história de Maurício (Juan Paiva), um jovem negro e periférico que ingressa na faculdade de medicina por meio de cotas. Ele vai passar a ter sonhos e alucinações com o cadáver M8, sem identificação e disponível para estudo na aula de anatomia, e tentará descobrir sua origem. No início deste ano, o filme iria começar a rodar em festivais internacionais depois de ter levado o prêmio no Rio em 2019. O diretor não lamenta a interrupção dos planos e o lançamento nos cinemas quase um ano depois da data prevista. "Agora, provavelmente no primeiro semestre, teremos esse filme para ser visto em casa. O papel do streaming é fundamental porque provavelmente muita gente do interior do Brasil vai poder ter acesso. Como diria Milton Nascimento, a arte tem que chegar onde o povo está." "É um filme muito importante, ele fala sobre a maioria dos brasileiros." O diretor escolheu tratar a morte de uma maneira positiva, uma forma de inserir temas como fé, religião e ancestralidade. Para ele, a religiosidade e a fé em dias melhores e melhores condições de vida são duas questões muito representativas do Brasil. Por isso, define seu filme como uma história de afeto, cura e união. "Fala sobre a nossa ancestralidade. Sempre temos um passado que nos conta e ilumina o nosso caminho. Que essa ancestralidade nos una com pessoas e seja uma coisa positiva, mesmo quando há morte", diz. 'Elenco dos sonhos' Juan Paiva e Zezé Motta em cena do filme "M8 – Quando a morte socorre a vida" Divulgação/Vantoen Pereira JR Juan Paiva, das novelas “Totalmente demais” e “Malhação”, e Mariana Nunes, das séries “Carcereiros” e “Segunda chamada”, são os protagonistas da história e entregam cenas fortes de carinho e embates entre mãe e filho. Mas o longa está cheio de participações especiais de grandes atores: Zezé Motta, Lázaro Ramos, Ailton Graça, Léa Garcia, Rocco Pitanga, Raphael Logam e Tatiana Tibúrcio. "Para mim, é um elenco dos sonhos. Eu jamais imaginaria que pudesse ter um elenco tão grandioso nesse filme. Não por não poder convidá-los, mas por questões de agenda de cada um deles”, conta Jeferson. “Eu resumiria a participação como um ato de generosidade de cada um deles e de cada uma delas, sobretudo de rainhas Léa Garcia e Zezé Motta. Foi um set de muita generosidade, carinho, muito afeto entre irmãs e irmãos negros, essa reverência aos mais velhos, nós vimos muito isso”.