Em entrevista ao G1, Amanda Seyfried e Lily Collins falam sobre gravações com Gary Oldman e com o diretor, que grava roteiro escrito por seu pai. Amanda Seyfried, Lily Collins e Tom Pelphrey falam sobre trabalho em 'Mank' Em "Mank", filme que estreia nesta sexta-feira (4) na Netflix após breve período nos cinemas, o cineasta David Fincher entrega o projeto mais pessoal de uma carreira marcada por sucessos como "Clube da Luta" (1999) e "A rede social" (2010). G1 JÁ VIU: 'Mank' é um dos melhores filmes dos últimos anos Afinal, para contar a história da realização de um dos maiores clássicos do cinema, "Cidadão Kane" (1941), o diretor utiliza o roteiro escrito pelo próprio pai, Jack Fincher, que morreu em 2003 – muito antes de ver seu trabalho finalmente concluído. "Não acho que ele faça filmes pelos quais não está completamente apaixonado", diz ao G1 a atriz Amanda Seyfried ("Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo"), que interpreta uma das personagens reais que inspiraram a obra de Orson Welles. "Mas eu imagino que isso foi mais profundo para ele, mais do que qualquer outra coisa, porque ele está honrando o pai dele. Isso é algo que estão fazendo juntos, mesmo que ele não esteja mais conosco." Amanda Seyfried e Gary Oldman em cena de 'Mank' Divulgação A história por trás da história Inspirado em fatos, mas sem compromisso com um retrato fiel da realidade, "Mank" foca na história pouco conhecida de Herman J. Mankiewicz (Gary Oldman), contratado para escrever a trama de "Cidadão Kane" sem receber crédito. Entre idas e vindas temporais, o público acompanha seus problemas com a bebida e com apostas e sua relação com figuras poderosas que inspirariam o clássico, deixando sua complicada relação com Welles (Tom Burke) em segundo plano. Seguindo dicas do filho cineasta, Jack Fincher escreveu o roteiro após a aposentadoria como jornalista nos anos 1990. "Mank" chegou perto de ser realizado no fim da década com Kevin Spacey ("House of Cards") no papel principal, mas o estúdio na época desistiu por causa da insistência de David em gravar no preto e branco que honraria a obra original. Tom Burke e Gary Oldman em cena de 'Mank' Divulgação/Netflix Mais uma vez O filme ganhou uma nova chance quase duas décadas depois, quando a Netflix perguntou se o diretor tinha algum outro projeto depois de trabalharem juntos na série "Mindhunter". Com liberdade para realizar todos os seus desejos durante a produção, Fincher se aproveitou para repetir até técnicas de transição de cena da época, realizadas com o apagar de luzes do estúdio, e obviamente manteve seu alto grau de cobrança sobre os atores. Em uma das cenas finais, em que o Mankiewicz de Oldman corta os últimos laços com o magnata que inspirou Charles Foster Kane, o diretor fez com o elenco repetisse a sequência cerca de cem vezes. Arliss Howard e Amanda Seyfried em cena de 'Mank' Divulgação/Netflix "Sim, às vezes é cansativo fazer algo tantas vezes, mas é assim que teatro é. No teatro, você consegue dar a sua melhor atuação porque tem todo o tempo do mundo para explorar algo, explorar um momento. Toda noite, de novo e de novo", afirma Seyfried. A americana de 35 anos interpreta a atriz Marion Davies, inspiração para um dos personagens centrais de "Cidadão Kane". Ao lado de Oldman, um dos favoritos ao Oscar de 2021, o trabalho de Seyfried também merece atenção da Academia. "Ele eleva dez vezes a minha atuação", diz a atriz sobre o colega de elenco. "Toda vez que você trabalha com o Gary, ele está 100% lá. Ele é imensamente profissional, mas também é muito divertido de trabalhar junto." Lily Collins e Gary Oldman em cena de 'Mank' Divulgação Os desconhecidos do clássico O tamanho da importância de Mankiewicz em "Cidadão Kane" é debatido há algumas décadas. Assim como mostrado em "Mank", o roteirista conquistou os créditos pela história após ser contratado como escritor-fantasma – e dividiu com Welles o único Oscar recebido pelo clássico, o de roteiro original. Mas nem todos concordam com a versão defendida em uma dissertação de 1971, de que a trama não seria a mesma sem a relação do roteirista com o magnata de mídia William Randolph Hearst – interpretado em "Mank" por Charles Dance ("Game of thrones"). Afinal, é difícil dividir a atenção com o glamour de Welles, que também dirigiu, produziu e estrelou o filme de 1941 aos 24 anos de idade. "Eu não sabia nada sobre o Mankiewicz, e eu amo a Hollywood antiga", afirma Lily Collins ("Emily in Paris"), intérprete da datilógrafa que ajuda Mank a escrever a história. "Fiz outros dois projetos que eram nesse período, nos quais eu pesquisei sobre a época e ainda não tinha encontrado nada sobre Herman Mankiewicz. Então é claro que o David Fincher ia fazer um filme sobre alguém tão incrível e que ninguém conhecia." Gary Oldman e Tom Pelphrey em cena de 'Mank' Divulgação Ela não foi a única. "Cresci achando que 'Cidadão Kane' foi escrito, dirigido e estrelado por Orson Welles, sabe?", conta Tom Pelphrey ("Ozark"), que dá vida ao celebrado irmão mais novo de Herman. Ao longo de sua carreira, Joseph L. Mankiewicz ganhou quatro Oscars como diretor e roteirista. "Por isso que esse filme que o David fez é tão bonito em tantos níveis, mas, para mim, é ainda mais bonito porque é como uma celebração pela verdade. É como uma carta de amor aos roteiristas, e aos heróis desconhecidos, e ao processo, e ao trabalho em equipe, e ao esforço. Sabe, é um filme muito especial." Assista ao trailer de 'Mank'