Morto aos 69 anos, artista é referência no universo manauara pelo sucesso da música 'Tic, tic tac' na segunda metade da década de 1990. ♪ OBITUÁRIO – Em 21 de dezembro, duas semanas antes de ser internado em hospital de Manaus (AM) para tratar de infecção pelo covid-19, o cantor Zezinho Corrêa fez show na capital do Amazonas com roteiro centrado no repertório de frevos da cantora Elba Ramalho. Dois anos, em 2018, o artista apresentara na cidade show com músicas de Roberto Carlos, com a experiência de quem já havia cantado as obras de outros compositores brasileiros. Contudo, é pela propagação da cultura amazônica que José Maria Nunes Corrêa (21 de maio de 1951 – 6 de fevereiro de 2021) está sendo reverenciado e lembrado neste sábado, dia em que o artista morreu aos 69 anos – a rigor, a pouco mais de três meses de completar 70 anos – em decorrência de complicações da infecção pelo covid-19. É impossível dissociar Zezinho Corrêa da música que o cantor popularizou além das fronteiras do norte do Brasil, Tic, tic tac, composição de Braulino Lima projetada na voz de Zezinho em álbum do grupo Carrapicho, Festa do Boi Bumbá, editado em 1996. Também conhecida popularmente como Bate forte o tambor, a toada de boi bumbá estourou primeiramente fora do Brasil, migrando da França para as pistas de outros países da Europa em escalada de sucesso que ajudou a impulsionar a gravação em todo o mercado brasileiro ao longo de 1997. O estouro de Tic, tic tac simbolizou o auge da trajetória do artista, inventariada pelo jornalista Fabrício Nunes na biografia Eu quero é tic, tic tac, lançada em 28 de dezembro de 2020. Essa trajetória foi longa. Após tentar carreira como ator nos anos 1970, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), Zezinho Corrêa se mudou para Manaus e, com amigos, fundou a banda Carrapicho, criada oficialmente em 7 de junho de 1980, mas com origens que remontam ao ano de 1978. E por falar em origens, o cantor nasceu na comunidade de Imperatriz, em Carauari (AM), no interior do Amazonas – o que talvez explique a vocação do artista para dar voz à cultura amazônica, ainda que o repertório da banda Carrapicho conciliasse as toadas de boi bumbá (e outros gêneros musicais do norte do Brasil) com os ritmos nordestinos genericamente rotulados como forró. De toda forma, é associado à cultura musical manauara que Zezinho Corrêa se imortaliza ao sair de cena. Dentro desse universo, a voz do cantor bateu forte como o tambor amazônico.