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Sem nunca atuar, indígena de MS vai parar na série “O hospede Americano” da HBO

por Administrador / sexta-feira, 31 maio 2019 / Publicado em Cultura

Sem nunca ter entrado em um set de gravação profissional, o indígena Tauã Ferreira da Silva Terena foi chamado para atuar na série “O Hóspede Americano”, do canal HBO. Ele tem 27 anos, mora em Aquidauana e recebeu o convite em 2018 para interpretar um índio telégrafo que faz a “ponte” na comunicação entre marechal Cândido Mariano, ex-presidente americano Theodore Roosevelt e as tribos indígenas da selva amazônica. Foram quatro cenas, mas o ator teve que se virar nos trinta, entender o inglês e falar a língua xavante.

“Um terena conseguir visibilidade é muita emoção. Interpretei um índio de outra etnia, tive que aprender a falar língua. O meu personagem foi meio robótico, pois sirvo Rondon e sou militar, tenho minha farda. Quando o Rondon fala eu olho e escuto”, conta Tauã sobre o papel na série.

A gravação ocorreu em 2018, mas a sua participação não tem data definida para entrar no ar. Taruã foi convidado para atuar na série e precisou fazer teste antes de ser confirmado no elenco. No entanto, além de desafio de entrar em cena, o terena teve que “dar seus pulos” para entender o inglês e falar a língua de outra tribo.

“Quando me passaram o roteiro, o pessoal falou para ficar tranquilo porque não precisaria entender muito o inglês. Mas quando cheguei lá, tive um acompanhamento. Foi uma super produção e como tinham passado as informações antes, eu já sabia onde tinha que pisar, falar, olhar”, conta.

Para conseguir ser entendido, as gesticulações com as mãos ajudaram o terena. “Fazia gestos, tomava café. Depois que voltei pra cá, e a primeira coisa que me cobraram foi o idioma. No set, todos falavam inglês e às vezes a gente perde trabalho por conta disso. Estou finalizando minha graduação, quero ver isso no segundo semestre”, falou.

A série da HBO se passa no século 20, e mostra da relação de Roosevelt e Rondon durante uma expedição no Rio da Dúvida, em Rondônia. Tauã gravou quatro cenas porém, para que tudo saísse conforme o planejado, ele precisou ficar um mês fora. “Às vezes, o diretor pedia para faz outra cena, repetir. Fui para a floresta da Amazônia. O pessoal da produção entrou em contato comigo, pediu para fazer uma filmagem e fui aprovado”, relata.

“O pessoal ficou dois meses gravando, foram vários locais, Alta Floresta, Chapada, São Paulo. Mas, por conta da universidade, retornei em um mês”, disse. A série volta a 1913, quando Roosevelt, papel do americano Aidan Quinn, desembarca no solo brasileiro para realizar uma expedição após ter perdido a eleição em seu país.

Roosevelt navega no Rio da Dúvida ao lado de seu guia de viagem, o pacifista militar conhecido como Marechal Rondon, interpretado pelo ator mexicano Chico Diaz. Nessa época o ex-presidente pegou malária, e pediu para que a tripulação tirasse sua vida, porém os companheiros se recusam. Em outro momento, tentou injetar morfina em excesso no organismo, mas foi impedido por seu filho, Kermit.

Enquanto navegavam, a embarcação é atacada por índios e passa por tribos que nunca tiveram contato com o homem branco. Tauã acredita que a série deve entrar no ar no segundo semestre deste ano. “Sei que algumas séries serão lançadas em julho e pode ser que essa seja uma delas. Mas eles não passam nada, para não vazar o material”, afirma.

Convite e planos – Tauã relata que participou do curta-metragem “Ele sempre esteve certo”, em Cuiabá, em 2015. “Fui chamado para fazer o curta de um cineasta cuiabano. Fiquei um tempo pra lá gravando e não tive mais contato. Foi bem simples, não era como tão profissional quanto este. A produtora ligou para esse cineasta perguntando se conhecia algum indígena para participar da série, e ele passou o meu número”, conta.

Agora, de volta a Aquidauana, o estudante tem planos e quer mostrar a cultura terena através do teatro. “Temos uma dança terena e cada passo tem um significado e a ideia é transformar esses movimentos em uma peça teatral”, disse. “Quero incentivar o teatro porque o indígena tem pouca opção, é afastado, são poucos que entram na universidade”, complementa.

O estudante diz que o teatro está na sua vida desde pequeno, mas nunca te chamou atenção. “Nem sabia que existia e de repente um amigo em comum me leva para Cuiabá e vem essa outra proposta. Meu pai participou de dois filmes, um deles é de 1991 quando esteve ao lado do ator Aidan Aquinn”, disse. Tauã mostrou as fotos do trabalho para a família. “Meu pai viu, ficou feliz e chorou”, disse.

Segundo Tauã, seu pai deixou o teatro para se dedicar a família. “Ele trabalha na Funai [Fundação Nacional do Índio] precisava se afastar para gravar, mas quando o chamaram pela terceira vez, o pessoal do serviço mandou ele escolher. Nisso ele parou, mas isso é uma área incerta, ora o ator está bem, outra não”, finalizou.

Fonte: Campo Grande News

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