
O CEO da Embraer Francisco Gomes Neto enviou comunicado aos funcionários na neste sábado (25). Embraer afirma que Boeing rescindiu 'indevidamente' acordo de aviação comercial O CEO da Embraer Francisco Gomes Neto enviou comunicado aos funcionários no qual se disse “surpreso e desapontado” com a decisão da Boeing de romper o acordo entre as empresas na área de aviação comercial. A TV Vanguarda teve acesso a gravação distribuída aos trabalhadores neste sábado (25). “Ficamos surpresos e muito desapontados com a decisão da Boeing em não dar andamento a parceria estratégica que estávamos negociando desde 2017”, afirma Neto. O CEO ainda lembrou que a Embraer buscará uma compensação da Boeing para compensar as perdas financeiras com o fim do acordo. “Quero ressaltar que a Embraer tem liquidez suficiente e acesso a fontes de financiamento para alavancar a continuidade dos seus negócios. Somos uma empresa estratégica para o Brasil”, afirmou. Na gravação Francisco Gomes Neto também avaliou que, além da rescisão do acordo, a crise causada pelo coronavírus deve ter impactos no setor de aviação. “Isso não significa que vai ser fácil superar os obstáculos, o cancelamento da parceria pela Boeing e o impacto da Covid19 na indústria aeronáutica não devem ser subestimados”, diz. Ele finaliza a mensagem ressaltando a capacidade tecnológica e em mão de obra da Embraer, como recurso para atravessar a crise. “Nossa história de mais de 50 anos é repleta de momentos difíceis. Todos superados”, completa. Negócio Firmado em 2018, o negócio – então avaliado em R$ 5,26 bilhões – previa a criação de uma empresa conjunta que ficaria sob comando da Boeing, com 80% de participação. A Embraer ficaria com os 20% restantes, e poderia vender a sua parte para a americana. “É uma decepção profunda. Entretanto, chegamos a um ponto em que continuar negociando dentro do escopo do acordo não irá solucionar as questões pendentes”, diz o comunicado aos investidores divulgado pela Boeing. O texto diz ainda que a Boeing “exerceu seu direito de rescindir" acordo "após a Embraer não ter atendido as condições necessárias”. Já a Embraer afirmou que a Boeing rescindiu "indevidamente" o acordo e que a empresa norte-americana "fabricou falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação". A empresa ainda diz que buscará as medidas cabíveis contra a Boeing, pelos danos sofridos pela rescisão do acordo. Mercado O cancelamento ocorre em meio aos impactos causados pelo coronavírus no mercado de aviação. A queda nas ações da Embraer e preocupações com dinheiro na Boeing, impulsionadas pelo impacto do coronavírus nas viagens aéreas, foram um golpe para a transação nos últimos dias. As ações da terceira maior fabricante de aviões do mundo chegou a cair dois terços desde que o acordo foi divulgado em 2018, segundo dados da Refinitiv. A esse preço, a Boeing assumiria o controle da unidade comercial da Embraer, mas somente após pagar três vezes o valor de toda a empresa. A Boeing se ofereceu para pagar US$ 4,2 bilhões em dinheiro por 80% da unidade comercial da Embraer, que fabrica jatos no segmento de 70 a 150 assentos e concorre com o programa A220, recentemente adquirido pela Airbus. Parceria entre Boeing e Embraer prevê a criação de joint ventures de aviação comercial e defesa. Claudia Ferreira / G1