Cantor faz live junina neste sábado (13) com Luiz Gonzaga e Dominguinhos no repertório. Ao G1, ele fala de planos para parceria com Safadão e 10 músicas inéditas na gaveta. Xand Avião no São João de Campina Grande 2019 Emanuel Tadeu/Medow Promo Xand Avião tinha uma agenda com mais shows do que dias em junho. O cantor de forró teve que trocar 32 palcos e cachês por uma live e alguns patrocínios. “Nunca tinha ficado tão triste”, diz com um riso nervoso ao telefone. A live de São João é uma tentativa de expulsar essa tristeza e manter a tradição tão importante pra ele pessoalmente e profissionalmente. Ao G1, ele diz que, entre os projetos, têm ainda uma live em parceria com Wesley Safadão e o lançamento de um DVD com 10 músicas inéditas, misturando seu forró com o pagodão de Léo Santana e o pagodinho de Dilsinho. Veja a entrevista de Xand Avião ao G1. G1 – Como você se preparou para a live de São João? Xand Avião – Esse negócio de live pegou a gente de surpresa. Essa agora é a que está dando mais trabalho. Mais até que um show normal, tô pra ficar doido aqui. Tem que ter um “que” a mais. Então está sendo mais elaborada, chamei um pessoal de Recife pra nos ajudar a montar, alugamos um espaço em Fortaleza, vai ser nossa maior live. Tive que preparar um repertório diferente das outras duas, senão o público vai embora. Vou trazer grandes nomes do forró que me inspiram, como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Elba Ramalho. G1 – É uma equipe grande? Xand Avião – Estamos usando um número de mínimo de pessoas. Aqui [em Fortaleza] já começou o relaxamento, a situação melhor. Mas tomamos cuidado. G1 – Quantas pessoas vão participar da live? Xand Avião – Comigo no palco são cinco pessoas. Para montar eu não mentir e dizer que são menos que oito. Mas eles vão montar e vão embora. Também não posso mentir, às vezes minha esposa vai comigo também, porque fico com saudade, mas só. G1 – E como você tem sentido essa experiência? Qual é a parte mais difícil? Xand Avião – Eu sinto falta do público cantando comigo. Essa é a parte mais difícil. Parece que estou cantando sozinho no banheiro. A primeira live foi mais para doações e porque as pessoas pediam. Fiz no deck da minha casa e consegui arrecadar R$ 400 mil e 400 toneladas de alimento. Eu não queria fazer porque tinha medo de não sair legal. Depois que o Gusttavo Lima fez, eu pensei “agora sim”. Fiquei com um norte da dele e quis fazer uma parecida parecida, mas não fiz porque minha casa é um décimo da casa dele. G1 – O São João é uma data muito importante para vocês. Qual foi o impacto do cancelamento das festas? Xand Avião – É meu melhor mês, teríamos 32 shows. Não ter São João foi um choque, nunca tinha ficado tao triste. É como se fosse o Carnaval pro carioca ou pro baiano. Alguns setores conseguiram trabalhar, o nosso zerou 100%. Foi um prejuízo sem tamanho. Ninguém tem um fundo de caixa tão grande assim pra aguentar três meses parado. Tentamos segurar a equipe. Mas não vai voltar tão cedo, nosso trabalho é com aglomeração. Nem compensa montar uma estrutura pra pouca gente. Estamos vendendo o almoço pra comprar a janta. G1 – As pessoas que trabalham para colocar as grandes festas de pé devem ter sentido ainda mais. Você tem contato com eles? Xand Avião – Uma festa daquele tamanho tem o cara da iluminação, do som, os roadies. Parou tudo, em Caruaru, a quantidade de gente sem ganhar agora é grande. Tem gente que trabalha em junho e passa o ano inteiro vivendo daquilo. Na minha primeira live, eu fiz arrecadação para esses trabalhadores. Xand Avião faz o X do comandante Igor do Ó/Divulgação G1 – Você tem trabalhado algum material novo nesse período? A quarentena está criativa? Xand Avião – Bom, eu quase aprendi a cozinhar. Também estou aprendendo a tocar violão e piano. No violão, estou indo bem, mas o piano ainda está devagar. E aproveitei para ficar com meus filhos. Antes da pandemia, eu viajava de quarta a domingo. Na segunda, ia para o escritório e só tinha a terça para ficar com eles. Então comecei a curtir coisas que há muito tempo não fazia com eles. G1 – Teve trabalho também? Xand Avião – Olha, eu estava com a gravação de um DVD marcado pra abril em Fortaleza, para 500 mil pessoas, meu maior público aberto, e sem cobrança de ingresso. Tenho 10 músicas inéditas que iria lançar no DVD, mas agora elas estão guardadas. Eu podia lançar no Youtube ou nas plataformas, mas acho que não estamos nem no clima de lançar um trabalho, com tudo isso que está acontecendo. Então não trabalhei em algo novo agora por isso. G1 – Você lançou um EP alguns dias antes da quarentena começar no país. Deu para divulgar e trabalhar o material? O que você tinha planejado para esse EP? Xand Avião – A gente tinha planejado um escarcéu de divulgação com TV e rádio, tentar colocar em alguma novela. Fomos pegos de surpresa porque a gente não achou que a pandemia seria tão forte no Brasil. Algumas pessoas não levam tão a sério. Como eu tive lá no comecinho de março e não foi forte, eu não entendia a gravidade. Mas é grave sim. Mesmo só com streaming, as músicas estão indo muito bem, mas não tiveram a divulgação que merecem. E o que estoura música é show, o pessoal tem que cantar junto. Estamos em um barco meio sem saber para onde ir. G1 – Falando em show, vocês já estão organizando a agenda pós-quarentena. Imagino que vai haver um overbooking de datas e casas de show. Xand Avião – Já tínhamos vários shows marcados. Entramos de férias em março e quando voltamos, não voltamos porque já estava tudo parado. Tinha show em Belém do Pará em abril para 15 mil pessoas. Em Natal, para 19 mil. Ninguém devolveu o ingresso, mas ainda não conseguimos remarcar porque não conseguimos encontrar data. Agora eu tenho uma equipe inteira só vendo remanejamento de show justamente por essa lotação que você falou. Tem gente chateada já. G1 – Quais são os planos para a retomada? Antes da retomada, tenho uma parceria com o Wesley Safadão. Fomos convocados para fazer uma live juntos. E agora gente está vendo as agendas, não temos a data certa, mas vamos fazer. E depois, finalmente gravar o DVD. Temos música com Dilsinho e com Léo Santana. Eu cantando pagode e eles, forró. Ia ser lindo. Vou ter que gravar, mas não sei como. Não quero gravar em live, não vamos poder fazer com o público que eu queria. Mas vai sair e vai ser uma festa, com forró, pagode, arrocha e bachata.