TVK Web Cultural

  • CULTURA
  • TURISMO
  • NEGÓCIOS
  • POLÍTICA
  • GALERIA
  • CONTATO

Nana Caymmi se afina com o tempo eterno das canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes

por Administrador / sexta-feira, 10 julho 2020 / Publicado em Cultura

Com arranjos orquestrais de Dori Caymmi, o disco da cantora carioca tem o mesmo caráter atemporal do songbook em que Ella Fitzgerald deu voz à obra de Cole Porter. Capa do álbum 'Nana Tom Vinicius' Divulgação / Selo Sesc Resenha de álbum Título: Nana Tom Vinicius Artista: Nana Caymmi Gravadora: Selo Sesc Cotação: * * * * * ♪ Para fazer justiça ao álbum em que Nana Caymmi interpreta 10 canções da parceria essencial de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994) com Vinicius de Moraes (1913 – 1980), é preciso compreender a dimensão atemporal desse disco orquestral gravado sob direção musical de Dori Caymmi, com repertório que abrange duas composições em que Vinicius assinou sozinho música e letra, Valsa de Eurídice (1956) e Serenata do adeus (1958). Disponível com exclusividade na plataforma Sesc Digital a partir desta sexta-feira, 10 de julho, o álbum Nana Tom Vinicius tem o mesmo caráter acrônico do songbook em que a cantora norte-americana Ella Fitzgerald (1917 – 1996) deu voz à obra do compositor Cole Porter (1891 – 1964) em disco também gravado com orquestra e editado em 1956, ano da abertura da parceria de Tom com Vinicius. Em bom português, trata-se de discos imunes aos efeitos do tempo pela solidez inoxidável da voz, do cancioneiro abordado por essa voz e dos arranjos (de Dori Caymmi, no caso do songbook de Nana). A rigor, o álbum Nana Tom Vinicius poderia ter sido lançado em 1960, pois todas as 12 músicas do repertório foram apresentadas entre 1956 e 1959. Mas está saindo em 2020, 60 anos depois. Se por um lado o disco pode soar antigo ou mesmo previsível, por outro soa absolutamente sublime porque tudo em Nana Tom Vinicius é de qualidade excepcional que se conservará eternamente brilhante, acima dos padrões musicais de todas as épocas. Cantora de alma antiga, tradicionalmente avessa às contemporaneidades da música brasileira, a carioca Nana Caymmi se afina com o tempo eterno dessas 12 canções do amor demais. Tempo geralmente triste, como sublinha verso de Sem você (1959), já que, até mesmo numa canção de aparente paz como Luciana (1958), o poeta adverte que “o amor é embriagador, mas também traz muita dor”. Nana Caymmi e Dori Caymmi no estúdio em que o disco foi gravado em abril de 2019 Divulgação / Selo Sesc Como o single Eu sei que vou te amar (1959) mostrou em junho, Nana estava em plena forma vocal quando gravou o disco em estúdio da cidade do Rio de Janeiro (RJ), em abril de 2019, mês em que completou 78 anos de vida. Sem perda da intensidade emocional, a cantora experimenta tons mais suaves na interpretação de canções como As praias desertas (1958) e Janelas abertas (1958) – duas composições apresentadas na voz da cantora Elizeth Cardoso (1920 – 1990) no primeiro songbook deste dedicado ao cancioneiro de Tom e Vinicius (descontada a edição em 1956 do LP com a trilha sonora da peça Orfeu da Conceição, marco inaugural da parceria). Deste disco de 1958, intitulado Canção do amor demais (1958) e celebrado equivocadamente como o marco zero da bossa nova por ter tido o violão de João Gilberto (1931 – 2019) em duas faixas, Nana rebobina seis das 13 músicas, à vontade na cama orquestral armada por Dori Caymmi. A excelência dos arranjos reafirma a maestria de Dori no ofício. O uso da orquestra foi feito com doses precisas. As cordas estão em todo o disco, mas sem ofuscar a delicadeza do toque do piano de Itamar Assiere, por exemplo, ou do sopro das flautas de Daniel Allain e Teco Cardoso – e cabe ressaltar que as flautas são marcas registradas nos arranjos criados e regidos por Dori. Afinada com esse tradicionalista universo musical, Nana jamais sai do tom. Nana é a cantora que chora com a voz dentro do coração em Modinha (1958), que interioriza o desespero de Canção do amor demais (1958) e que, com a devida solenidade, faz o juramento de amor eterno que pauta Por toda minha vida (1959). Sim, faz-se o drama ao longo do álbum Nana Tom Vinicius – como a intérprete explicita no canto triste do Soneto da separação (1959) – só que nada passa do tom no disco. Ao cantar Tom e Vinicius, Nana Caymmi soa intensa – por vezes até dramática ou mesmo ocasionalmente suave como no canto de Se todos fossem iguais a você (1956) – sem pisar no pantanoso terreno do sentimentalismo kitsch. É por isso que, no tempo eterno das canções do amor demais de Tom e Vinicius, Nana Caymmi se confirma cantora inoxidável como os compositores que louva neste irretocável songbook.

  • Facebook
  • Twitter
  • LinkedIn
  • Tumblr

Assuntos Relacionados

MF Doom, rapper britânico, morre aos 49 anos
Henrique Pires recebe comitiva de prefeitos do sul do Rio Grande do Sul
Charlie Daniels, cantor do hall da fama da música country, morre aos 83 anos

Destaques

  • Câmara de Campo Grande aprova projetos sobre cultura, meio ambiente e inclusão de estudantes com TEA

    Na sessão ordinária desta terça-feira, 13 de ma...
  • Semana Nacional de Museus 2025: Programação especial em Campo Grande homenageia Lídia Baís

    A 23ª Semana Nacional de Museus acontece entre ...
  • Porto Geral de Corumbá recebe Festival América do Sul 2025 com atrações nacionais e celebração da cultura regional

    Entre os dias 15 e 18 de maio, o histórico Port...
  • Campão Cultural 2024 traz programação intensa e gratuita até 6 de abril

    O Campão Cultural está de volta, levando uma pr...
  • Casa de Cultura de Campo Grande oferece cursos gratuitos em música e dança

    A Casa de Cultura de Campo Grande está com insc...
TOPO