Segundo o ministro da Economia, Brasil já iniciou processo de retomada do crescimento. Ele estimou que queda do PIB em 2020 deverá ficar entre 4% e 5%. Recessão econômica: PIB cai 9,7% no segundo trimestre O ministro da Economia, Paulo Gudes, afirmou nesta terça-feira (1º) que o tombo de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano é o "som de um passado distante". O resultado do PIB do segundo trimestre foi divulgado mais cedo nesta terça pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e está relacionado aos efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia. De acordo com o IBGE, foi a queda mais intensa desde que iniciaram-se os cálculos do PIB trimestral, em 1996. Até então, o maior tombo já registrado no país tinha ocorrido no 4º trimestre de 2008 (-3,9%). "Como a luz das estrelas que vemos foram emitidas há milhões de anos atrás, o que você vê [no resultado do PIB] é um registro do passado com esse som que ouvimos agora", afirmou Guedes, durante audiência pública com senadores. "O Brasil já está voltando [a crescer]", completou o ministro. De acordo com ele, dados mais recentes da economia apontam para uma retomada em forma de "V", ou seja, mais rápida, após a forte queda gerada pelos efeitos da pandemia. LEIA MAIS: Falta de controle do coronavírus e incerteza com as contas públicas podem limitar retomada Variação do PIB dos países Juliane Souza/G1 Segundo o ministro, os economistas estão estimando uma queda do PIB, para esse ano fechado, em torno de 4% a 5%, bem menor do que o registrado no segundo trimestre. Ele acrescentou, porém, que a crise não acabou e pediu a aprovação das reformas pelo Congresso Nacional. "Nosso Congresso continua trabalhando incessantemente. Aprovamos o saneamento. Semana que vem vamos para o gás natural. O choque de energia barata, o setor elétrico, cabotagem, reforma tributária. Começou a andar também. Vem aí a reforma administrativa, aprovada hoje pelo presidente, vem na câmara na quinta-feira", declarou Guedes. Mais cedo nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que enviará a proposta do governo para a reforma administrativa na quinta ao Congresso. Para Guedes, a economia brasileira é uma das que apresentam melhor reação aos efeitos da pandemia do novo coronavírus. Ele pediu que despesas transitórias, previstas para serem usadas no combate aos efeitos da pandemia, não sejam transformadas em permanentes, como, por exemplo, reajuste de servidores. "Não podemos deixar [despesas provisórias] virarem aumento de salários do funcionalismo. Se virar, na mesma hora os juros futuros começam a subir, e eles sinalizam o que vai acontecer amanhã. Hoje, estamos com juros de 2% ao ano, mas os juros futuros já estão a 9%. Estão achando que vamos nos perder no caminho, e que não teremos a disciplina de voltarmos ao caminho", declarou. Miriam Leitão: ‘Queda do PIB já era esperada e a expectativa agora é de melhoria’ Mourão O vice-presidente Hamilton Mourão também apontou que a tendência é a queda do PIB ao final de 2020 ser menor do que o tombo de 9,7% registrado no segundo trimestre deste ano. "No final do ano, a expectativa é que o PIB desse ano encolha na faixa de 4,5% a 5%. Já se pensou que encolheria 9%, 10%. Vai ser bem menos do que isso", disse. Segundo Mourão, a queda "já estava na conta" em razão dos impactos da pandemia do novo coronavírus. Para ele, a tendência é de alta nos indicadores do segundo semestre. "Isso aí já estava na conta, né. Agora, a gente sabe que no terceiro trimestre nós vamos ter uma elevação do PIB, uma previsão de mais de 5% de se elevar", declarou Mourão.