TVK Web Cultural

  • CULTURA
  • TURISMO
  • NEGÓCIOS
  • POLÍTICA
  • GALERIA
  • CONTATO

Programa de trainee para negros do Magazine Luiza cumpre papel constitucional, dizem advogados

por Administrador / terça-feira, 22 setembro 2020 / Publicado em Negócios

Segundo especialistas, modelo de contratação da varejista segue Constituição ao diminuir as desigualdades raciais e sociais. Juíza do Trabalho e deputado federal discordam. Magazine Luiza gerou debate ao lançar programa de trainees para negros Divulgação A decisão do Magazine Luiza em colocar apenas negros no programa de trainee 2021 gerou debate no Brasil. Empresas abrem vagas de trainee e estágio para negros e mulheres; veja lista Em uma rede social, a juíza do Trabalho Ana Luiza Fischer Teixeira criticou o programa. “Discriminação na contratação em razão da cor da pele: inadmissível”, escreveu, na manhã deste sábado (19). “Na minha Constituição, isso ainda é proibido”, acrescentou ela, que apagou a publicação à tarde. O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo, disse que a decisão da empresa é “racismo” contra brancos. O deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), vice-líder do governo na Câmara, publicou nas redes sociais que está entrando com representação no Ministério Público contra a empresa para que seja apurado crime de racismo. Em resposta ao deputado, o Magazine Luiza informou que a companhia está tranquila em relação à legalidade do programa. Segundo a filófosa e escritora Djamila Ribeiro escreveu em artigo recente: "Não existe racismo de negros contra brancos ou, como gostam de chamar, o tão famigerado racismo reverso. Primeiro, é necessário se ater aos conceitos. Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder. Negros não possuem poder institucional para serem racistas. A população negra sofre um histórico de opressão e violência que a exclui." Initial plugin text Advogados consultados pelo G1 afirmam que programas de trainee exclusivos para negros não são ilegais. Pelo contrário, cumprem com o Estatuto da Igualdade Racial, presente na própria Constituição. Segundo Daniel Teixeira, advogado especialista em direito público do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), a Constituição estabelece como norma a necessidade das empresas de combateram as desigualdades sociais. "A Constituição Federal traz no artigo 170 os princípios que regem a ordem econômica e, entre eles, no inciso 7, está a redução das desigualdades sociais. Então, como se trata de um artigo que rege a ordem econômica, as empresas devem obedecer, elas precisam cumprir essa norma. Um princípio é uma norma e tem ainda mais importância quando está na Constituição Federal", disse. Diretor do centro, Teixeira disse que o movimento negro “recebe com surpresa esse posicionamento público [da juíza do Trabalho Ana Luiza], considerando que a Justiça do Trabalho é criada justamente para a defesa de direitos do trabalhador que, perante a empresa, é, inclusive, uma parte a ser protegida”. Nota de apoio do Movimento Ar ao programa da Magazine Luiza Reprodução/Instagram “A Justiça do Trabalho tem um olhar sobre as desigualdades sociais. Ela tem a característica de ser sensível às desigualdades sociais. Então, é óbvio que a gente fica surpreso", ponderou o advogado. Teixeira ressalvou que o Supremo Tribunal Federal (STF) já estabeleceu jurisprudência que confirma a constitucionalidade da medida anunciada pelo Magalu. "O guardião supremo da Constituição, que é o STF, já se posicionou [sobre a constitucionalidade] no julgamento da ADPF 186 das ações afirmativas, conhecido como julgamento das costas raciais, quando, por unanimidade, julgou serem constitucionais as ações afirmativas [de cor ou raça] que têm o objetivo de diminuir as desigualdades raciais e sociais", completou. Isonomia buscada desde a escravidão Alessandra Benedito, professora da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), destacou que programas como os do Magazine Luiza têm como proposta promover a isonomia racial que os negros buscam desde o fim da escravidão. "Dificuldades são impostas a nós o tempo todo, apesas dos 100 anos de escravidão. Fomos os primeiros a sair do mercado de trabalho com a crise e seremos os últimos a voltar pela forma como somos tratados. É responsabilidade de toda sociedade repensar isso", disse ele, que é integrante do Comitê de Inclusão Racial do Grupo Mulheres do Brasil Para José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, zelar pela diversidade nas equipes é responsabilidade das empresas, uma vez que atualmente a escassez de negros na liderança pode gerar um problema concorrencial. Em parceria com a ONG Afrobas, a universidade comanda o Movimento Ar, mobilização contra o racismo. Nesta segunda-feira (21), o grupo divulgou uma nota elogiando a ação do Magazine Luiza. "Ninguém quer comprar produtos que agridem o meio ambiente, exploram crianças e discriminam pessoas. As pessoas precisam rever seus conceitos", avaliou ele. "A fantástica e transformadora ação da Magalu ao criar um grupo de trainee contemplando especialmente jovens negros, capitaneada pela visionária Luiza Helena Trajano, é uma manifestação de coragem e compromisso com o alcance da igualdade racial", afirma o comunicado. Na avaliação do reitor, a iniciativa do Magazine Luiza fará com que outras empresas promovam a diversidade, seja com programas de trainees exclusivos para negros ou por meio de cotas. "O Magalu chutou no teto e as empresas devem seguir a tendência até achar um ponto de equilíbrio. A discussão tinha que entrar na mesa, afinal a Constituição diz que as empresas têm que cumrpir com as fundamentos da igualidade", concluiu. Especialista comenta sobre programa de trainee para negros de gigante do varejo

  • Facebook
  • Twitter
  • LinkedIn
  • Tumblr

Assuntos Relacionados

Fim da crise? Madero recontrata e diz que vai abrir 2.700 vagas em 2021
Montadoras não contam mais com socorro do BNDES, diz Anfavea
Presidente do BNDES defende gasto extra em investigação que não encontrou irregularidades

Destaques

  • Câmara de Campo Grande aprova projetos sobre cultura, meio ambiente e inclusão de estudantes com TEA

    Na sessão ordinária desta terça-feira, 13 de ma...
  • Semana Nacional de Museus 2025: Programação especial em Campo Grande homenageia Lídia Baís

    A 23ª Semana Nacional de Museus acontece entre ...
  • Porto Geral de Corumbá recebe Festival América do Sul 2025 com atrações nacionais e celebração da cultura regional

    Entre os dias 15 e 18 de maio, o histórico Port...
  • Campão Cultural 2024 traz programação intensa e gratuita até 6 de abril

    O Campão Cultural está de volta, levando uma pr...
  • Casa de Cultura de Campo Grande oferece cursos gratuitos em música e dança

    A Casa de Cultura de Campo Grande está com insc...
TOPO