A vitória significa que as empresas podem continuar contratando motoristas como trabalhadores independentes, sem oferecer a eles garantias trabalhistas. Manifestante se junta a protesto contra a Proposta 22 em Los Angeles, na Califórnia, no dia 14 de outubro. Lucy Nicholson/Reuters Os eleitores da Califórnia decidiram, na terça-feira (3), que motoristas da Uber, da Lyft e entregadores da empresa de delivery DoorDash não serão considerados funcionários das empresas. Cerca de 58% dos moradores do estado votaram "sim" em resposta à chamada "Proposta 22". DESCRIMINALIZAÇÃO: Oregon se torna 1º estado americano a descriminalizar todas as drogas SÍMBOLO: Eleitores do Mississippi aprovam nova bandeira sem símbolo confederado A vitória significa que as empresas podem continuar contratando motoristas como trabalhadores independentes, sem oferecer a eles garantias trabalhistas. De acordo com o texto da Proposta 22, os motoristas podem decidir "quando, onde e o quanto trabalhar, mas não obteriam os benefícios e as proteções que empresas devem oferecer a funcionários". As três empresas propuseram a medida para que pudessem ser isentas de uma lei trabalhista estadual que as obrigaria a empregar os motoristas como funcionários e pagar por assistência médica, seguro-desemprego e outros benefícios. As companhias incluíram na proposta, como concessão, um piso salarial e benefícios limitados aos motoristas, como vouchers para acessar seguro-saúde subsidiado e ganhos por hora garantidos. Também se comprometeram a implementar novas medidas de segurança, incluindo verificações mais frequentes dos antecedentes dos motoristas. Oposição Manifestante se junta a protesto contra a Proposta 22 em Los Angeles, na Califórnia, no dia 14 de outubro. Lucy Nicholson/Reuters Motoristas e grupos trabalhistas se opuseram à Proposta 22, dizendo que a medida permitiria às empresas contornar suas obrigações de fornecer benefícios e salários mínimos padronizados para seus trabalhadores, mesmo enquanto faturam bilhões. No ano passado, quando passou a vender suas ações, a Lyft era avaliada em US$ 22 bilhões (cerca de R$ 126 bilhões) e tinha 1,9 milhão de motoristas trabalhando por meio de seu aplicativo. A Uber foi avaliada em US$ 82 bilhões (cerca de R$ 468 bilhões) em maio de 2019, com 3,9 milhões de condutores. As empresas alegaram que a AB5, uma lei trabalhista aprovada em 2019 que altera a forma como empresas classificam funcionários, mudaria drasticamente a forma como fazem negócios. A Uber e a Lyft ameaçaram sair da Califórnia após uma ordem judicial para cumprir a AB5 em agosto deste ano. Campanha milionária A campanha pela medida foi a mais cara do tipo na história da Califórnia: as companhias gastaram mais de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão), inclusive destinando verba para propagandas de apoio à proposta ao redor do estado. Com a aprovação da proposta, as ações da Lyft subiram 7%, segundo o jornal americano "The New York Times"; as da Uber subiram quase 3%. O presidente da Uber, Dara Khosrowshahi, posa diante da fachada da Bolsa de Valores de Nova York, nos EUA, após a empresa de transporte privativo abrir seu capital em maio de 2019. Andrew Kelly/Reuters O presidente-executivo da Uber, Dara Khosrowshahi, agradeceu aos motoristas pela vitória em um e-mail, na noite de terça (3). “O futuro do trabalho independente é mais seguro porque muitos motoristas como vocês se manifestaram”, escreveu. Ele disse que a Uber iria disponibilizar os novos benefícios prometidos pela Proposta 22 “o mais rápido possível”. Encorajados pela vitória, a Uber e outras empresas semelhantes provavelmente buscarão uma legislação federal que os proteja de leis trabalhistas semelhantes em outros estados, segundo o "The New York Times". G1 explica eleições nos EUA de 2020 em série de vídeos exclusivos: