Estatal vai contratar uma consultoria externa especializada em recrutamento e seleção de altos executivos para assessorar o conselho de administração no processo de seleção e eleição do novo presidente, depois da renúncia de Wilson Ferreira Junior no domingo (24). Wilson Ferreira Jr. Ueslei Marcelino/Reuters A Eletrobras informou que vai contratar uma consultoria externa especializada em recrutamento e seleção de altos executivos para assessorar o conselho de administração no processo de seleção e eleição do novo presidente, depois da renúncia de Wilson Ferreira Junior no domingo (24). A companhia informou ainda que Wilson Junior continua ocupando uma das cadeiras do conselho de administração. A renúncia reforçou a ideia no mercado de que a privatização está fora do radar do governo, pelo menos no curto prazo. Wilson Ferreira Junior alegou que sua saída da empresa foi motivada pela "quebra de perspectiva" de privatização da empresa. Na segunda-feira (25), ele foi anunciado como futuro presidente da BR Distribuidora. Nesta terça-feira, as ações da Eletrobras caíam ao redor de 10% na Bovespa, com o mercado repercutindo a saída de Ferreira Junior. "A privatização carece de capital político. Tivemos a pandemia, que deslocou os planos para o segundo semestre do ano passado, e agora tivemos manifestação de candidatos [na eleição legislativa] de que esse processo não seria prioritário", disse o executivo em entrevista coletiva na segunda-feira. "O que falta fazer é aumentar a capacidade de investimento, se não consigo ver perspectiva de prioridade para esse processo, minha contribuição fica perdida", afirmou. O executivo não mencionou nomes, mas a declaração a que fez referência foi de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato à presidência do Senado. O parlamentar disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a privatização da empresa não estava garantida e deveria ser feita sem se subter a "entreguismo sem critério". "Não estou aqui para questionar. Posso dizer que é uma prioridade do Ministério de Minas e Energia e Ministério da Economia, necessário para fazer frente aos desafios fiscais que o país tem. É uma condição necessária, mas, aparentemente, não suficiente", disse Ferreira Junior. Para ele, a discussão sobre privatizações amadureceu pouco no país e sofre resistência da opinião pública. Assim, novos atrasos no cronograma inviabilizariam a conclusão do processo no curto prazo pela proximidade com as eleições de 2022. Ferreira Junior pode ter que cumprir quarentena antes de assumir a BR Distribuidora. A partir de 1º de fevereiro, e até que ele possa assumir o posto, a companhia será liderada interinamente pelo diretor executivo de operações e logística, Marcelo Bragança, que será apoiado por um comitê de transição. Privatização a passos lentos A saída do executivo, que antes da Eletrobras presidiu por 18 anos a CPFL Energia, vem após poucos avanços na desestatização – Ferreira Jr. é grande defensor da privatização da empresa. No cargo desde julho de 2016, ele foi nomeado pelo ex-presidente Michel Temer. Depois, foi convidado pelo governo de Jair Bolsonaro para continuar no comando da estatal, sob expectativas de que liderasse a continuidade de planos para a privatização da companhia. Em dezembro, o governo anunciou que pretende realizar nove privatizações em 2021, entre as quais a da Eletrobras. A venda da estatal, porém, é um dos grandes desafios do governo Bolsonaro. A expectativa da pasta era que o projeto fosse aprovado ainda no primeiro semestre. Mas, na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que não haverá prejuízo se a votação pelo Congresso Nacional da privatização da companhia ficar para o segundo semestre deste ano. O governo prevê levantar cerca de R$ 16 bilhões com a privatização da Eletrobras, por meio de uma capitalização da companhia por meio da emissão de novas ações e envolve pagamento de outorgas à União. O governo anterior, de Michel Temer, falava em promover uma desestatização da Eletrobras, por meio de uma operação em que a empresa emitiria novas ações e diluiria a fatia governamental na companhia para uma posição minoritária. A gestão Bolsonaro passou a adotar o termo "capitalização" para se referir ao processo. A equipe do ministro Paulo Guedes teve grande dificuldade para avançar em 2020 com o programa federal de privatizações. Em dois anos de governo, nenhuma estatal de controle direto da União foi vendida e muitos dos leilões de concessão ou de parceria com a iniciativa privada previstos para o ano foram adiados ou cancelados. Em novembro, Guedes admitiu estar "bastante frustrado" por ainda não ter conseguido vender uma estatal. Na ocasião, ele afirmou que "acordos políticos" no Congresso têm impedido as privatizações. A nova meta da equipe econômica é realizar 104 leilões em 2021, incluindo 9 privatizações, entre as quais Eletrobras e Correios, além de 25 projetos de estados e prefeituras. Se os projetos saíram do papel, a expectativa é que resultem em mais de R$ 371 bilhões em investimentos ao longo dos anos de contrato. Assista a mais notícias de Economia: