Poderia-se dizer que foram as mãos caprichosas do destino que levaram Roberto Freitas e Alice Rende a se tornarem artistas internacionais, não fosse o evidente compromisso com o trabalho de excelência e a constante busca pela autossuperação e inovação que os move. Atualmente, ambos integram companhias de renome mundial: ele, o elenco da companhia canadense Cirque du Soleil, e ela, o da companhia espanhola Cia Roberto Magro. Os artistas consideram fundamentais o ensino e o apoio que tiveram da Escola Nacional de Circo (ENC), referência nacional no ensino de artes circenses. É a única instituição do tipo mantida pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, por meio da Fundação Nacional de Artes (Funarte), cujo curso de formação é reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC).
Aos 17 anos de idade, o estudante Roberto Freitas mal sabia que levar o sobrinho a uma audição de circo mudaria completamente a sua vida. Ao assistir aos ensaios dos sobrinhos, que integravam o elenco do circo Tholl,
do Rio Grande do Sul, uma das principais companhias brasileiras, Beto, como é conhecido, se impressionava com os movimentos. “Eu ficava assistindo os ensaios, via os movimentos e ia para o banheiro tentar imitar. O diretor então me chamou e me perguntou se eu queria entrar para o circo”, lembra. Roberto respondeu que iria pensar e, incentivado pela mãe e pela irmã, acabou indo ver um espetáculo da trupe. Desde então, não saiu mais do picadeiro.
Hoje, 15 anos depois do primeiro contato com o universo circense, o artista reside em Hamburgo, na Alemanha, e integra o elenco do espetáculo Paramour, uma produção do Cirque du Soleil, cuja estreia será em abril próximo.
Após os anos iniciais de formação, Roberto mudou-se para São José do Rio Preto, interior de São Paulo, onde foi professor de artes circenses para a Casa de Cultura e Cidadania. Alguns de seus alunos, atualmente, trabalham com circo em Londres, Inglaterra. O artista ainda foi coordenador técnico do Espaço Solarte, em Campo Mourão, no Paraná.
O destino seguinte foi o Rio de Janeiro, onde Beto ingressou no curso técnico da Escola Nacional de Circo. Foi quando seus horizontes se abriram ainda mais. Roberto descobriu outras aptidões além das que já trabalhava e aperfeiçoou seu trabalho. Fez aulas de teatro, dança e de criação. No ano de sua formação, foi aprovado em uma audição da companhia canadense, onde hoje trabalha e, até ser chamado para integrar o elenco do espetáculo Paramour, trabalhou em musicais no Brasil.
Flexibilidade
Alice também não tinha em mente dedicar-se ao circo. Chegada à capital fluminense para estudar história na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), logo se interessou pelo universo da dança contemporânea. Mas, para iniciar a formação como bailarina na Faculdade Angel Vianna, ela teria que esperar até conseguir o primeiro emprego.
A pesquisa corporal levou Alice a buscar outras técnicas para inovar seu repertório de movimentos e expressões. A estudante entrou na Escola Nacional de Circo com o objetivo de aprender acrobacias. Depois de quatro anos como aluna da ENC, Alice se tornou, além de artista circense, uma apaixonada pela pesquisa histórica da atividade. Teve a sorte de estar na escola justamente quando ocorreram transformações curriculares que levaram à estruturação do curso técnico em artes circenses, que hoje tem dois anos de duração e bolsa integral para os alunos aprovados. A experiência anterior de Alice com a dança deixou seus vestígios: ela optou por não se aperfeiçoar em nenhuma aparelho. “Gosto de ter o corpo livre, isso é uma coisa que veio da dança”, destaca.
No ano em que Alice encerrou os estudos na ENC, os espetáculos de formatura foram dirigidos pelo italiano Roberto Magro. O diretor circense gostou do trabalho desenvolvido pela aluna e não demorou em convidá-la para integrar sua companhia, com sede em Barcelona, na Espanha. Após o fim dos estudos na Escola Nacional de Circo, Alice embarcou para a Europa, onde ainda reside.
Gratidão e impulso para as carreiras
Tanto Roberto Freitas quanto Alice são categóricos em confirmar a importância da Escola Nacional de Circo para a consolidação de suas carreiras. “Às vezes, a gente tem uma visão de mercado somente Brasil e não conhece as diretrizes dos outros países. Nós nos perguntamos se estamos preparados para o mercado internacional e, apenas quando chegamos aqui, é que sabemos que estamos”, comenta Beto Freitas. Para Alice, “a ENC prepara muito bem o artista para o circo tradicional, ensinando as bases técnicas, os objetos”.
“Ensinamos todas as linguagens do circo, que são trabalhadas de acordo com a individualidade de cada artista. O trabalho de preparação dos alunos é feito com muito cuidado por toda a equipe técnica da escola”, explica Carlos Vianna, coordenador da ENC.
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