‘Dexter’ volta em minissérie de 10 episódios após 7 anos
Continuação terá Michael C. Hall como o assassino em série Dexter Morgan. Última temporada foi exibida em 2013. 'Dexter' vai ganhar novos episódios depois de 7 anos da última temporada Divulgação A série "Dexter" vai ganhar uma minissérie com 10 episódios após 7 anos da última temporada. O anúncio foi feito pelo canal Showtime nesta terça (14). Os novos episódios vão retomar a história do serial killer Dexter Morgan do ponto em que a série parou na oitava temporada em 2013. O ator Michael C. Hall volta a interpretar o assassino em série que trabalha como analista forense na série criada por Clyde Phillips. "Só revisitaríamos esse personagem único se pudéssemos encontrar uma abordagem criativa que fosse digna do brilhantismo da série original", disse Gary Levine, presidente da Showtime. "Estou feliz em informar que Clyde Phillips e Michael C. Hall encontraram, e mal podemos esperar para filmar e mostrar para o mundo", continuou. A produção está prevista para começar em janeiro de 2021 e a estreia deve acontecer no final do ano que vem. "Dexter" teve oito temporadas entre 2006 e 2013 e foi um sucesso de audiência. Michael C. Hall chegou a ganhar o Globo de Ouro de melhor ator de série dramática pelo papel em 2010. Os reencontros nostálgicos de elencos durante a quarentena VÍDEOS: Semana Pop explica temas do entretenimento
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Céu e Liniker alinham universos musicais no single ‘Via Láctea’
Cantoras abrem parceria com composição que transborda romantismo em gravação produzida de forma remota. Capa do single 'Via Láctea', de Céu e Liniker Divulgação Resenha de single Título: Via Láctea Artistas: Céu e Liniker Compositoras: Céu e Liniker Edição: slap / Som Livre Cotação: * * * 1/2 ♪ “Eu sou teu céu / Toda do avesso”, derrama-se Liniker. “Você é meu sol / Onde me aqueço”, devolve Céu, na mesma vibração, já ao fim da primeira gravação das cantoras em dupla. O diálogo poético entre Céu e Liniker é travado em Via Láctea, música inédita que abre a parceria das artistas. Com quatro minutos e 27 segundos, a gravação conjunta de Via Láctea será apresentada na sexta-feira, 16 de outubro, em single editado pelo selo slap, da gravadora Som Livre. Primeiro lançamento de Céu desde APKÁ! (2019), álbum de estúdio editado pela cantora em setembro do ano passado, o single Via Láctea apresenta balada que transborda romantismo em “mar de amor e céu” sobre cordas sintéticas. Além do disco, o primeiro dueto das cantoras também poderá ser ouvido em lyric vídeo programado para ser posto em rotação simultaneamente com o single produzido de forma remota. A ideia da parceria partiu de Liniker. A cantora procurou Céu com uma ideia de melodia e um esboço de letra. Céu finalizou a música por entender que, já na forma inicial, a composição estava alinhada com o universo musical da artista paulistana. De fato mais próxima do universo de Céu do que de Liniker, Via Láctea versa sobre amor em letra repleta de referências a elementos da natureza e sincronizada com a melodia suave. Ainda que o single jamais destoe do universo musical de Céu, é curioso que, há um ano, a cantora tenha dado voz no álbum APKÁ! – mas precisamente na música Nada irreal (Céu e Hervé Salters, 2019) – aos versos "Não te prometi o céu / Nem você a mim o sol". A Terra e o amor giram na imensidão da Via Láctea…
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Episódio inicial da série ‘Noites de festival’ contextualiza o arrastão de multidões para a TV a partir de 1965
Elis Regina canta 'Arrastão' em festival de 1965 Reprodução / Vídeo Resenha de série documental de TV Título: Noites de festival – Episódio 1 Direção e roteiro: Renato Terra e Ricardo Calil Exibição: Canal Brasil Data: 14 de outubro de 2020 Cotação: * * * 1/2 ♪ Desdobramento do documentário Uma noite em 67, filme de 2010 em que os cineastas Renato Terra e Ricardo Calil descortinaram os efervescentes bastidores do III Festival de Música Popular Brasileira, a série Noites de festival extrapola a histórica competição de 1967 e é dedicada à memória de Zuza Homem de Mello (1933 – 2020), pesquisador musical que escreveu o livro, A era dos festivais – Uma parábola (2003), que serviu de guia para o roteiro do filme. Estruturada em seis episódios a serem exibidos semanalmente pelo Canal Brasil às quartas-feiras, a série documental funciona como spin-off do filme e tem direção e roteiro assinados por Terra e Calil. O primeiro episódio foi ar na noite de hoje, 14 de outubro, com foco no I Festival de Música Popular Brasileira – exibido em 1965 pela TV Excelsior – e no I Festival Internacional da Canção (FIC), promovido pela TV Rio em 1966. O primeiro foi vencido pela música Arrastão (Edu Lobo e Vinicius de Moraes, 1965) na voz de Elis Regina (1945 – 1982). O depoimento de Sérgio Cabral mostra como o gestual grandiloquente da cantora, na defesa da música, contribuiu para que Elis arrastasse multidões para a TV e para os auditórios, dando início à era dos festivais. Já o FIC de 1966 foi vencido por Saveiros (Dori Caymmi e Nelson Motta, 1966), música que os compositores tentaram em vão classificar no festival de 1965, como revela Nelson Motta, autor da letra. Ao ser declarada a vencedora, Saveiros foi apresentada debaixo de vaias, na voz de Nana Caymmi, em ginásio carioca. O depoimento da cantora, que relativiza a vaia e lembra que o maior prêmio para ela foi o dinheiro recebido pela vitória da música, é um dos trunfos do primeiro episódio pela habitual sinceridade de Nana. “Saí dona do mundo”, lembra Nana. Mesmo sem a fluência do documentário original, o episódio inicial da série Noites de festival mostrou como se estruturou a cena dos festivais. Em depoimento lúcido, Ferreira Gullar (1930 – 2016) sentenciou que os festivais foram frutos de efervescente realidade musical, e não o contrário. Zuza Homem de Mello, cujo depoimento perpassa e legitima todo o episódio inicial pelo conhecimento histórico, corroborou tal pensamento e aponta o maior catalisador involuntário da cena: João Gilberto (1931 – 2019). Foi João, ao sintetizar a bossa nova, quem inspirou toda uma geração posterior de compositores, como Chico Buarque, também ouvido neste primeiro episódio da série Noites de festival. Mas nada teve mais valor nesse episódio do que ver e ouvir Elis Regina apresentando Arrastão, na íntegra, na semifinal do festival de 1965 que detonou movimento musical que gerou a MPB. A exibição do número de Elis referendou o clichê de que uma imagem vale por mil palavras.
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Sérgio Mallandro testa positivo para Covid-19 e adia compromissos
Humorista passa bem e não tem febre, segundo publicação em rede social. Sérgio Mallandro em stand-up de 2013 Vitor Ramos O humorista Sérgio Mallandro divulgou nesta quarta-feira (14) que testou positivo para a Covid-19. De acordo com publicação em seu perfil no Instagram, ele passa bem e não tem febre. "Ele está no décimo segundo dia do vírus. Todos os compromissos formados foram adiados", diz o texto. Initial plugin text
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Cinemas reabrem em São Paulo e Brasil tem mais de 10 capitais com salas abertas
Protocolos de segurança mudam de cidade para cidade, mas maioria tem redução da capacidade das salas, uso obrigatório de máscara e limpeza entre sessões. Poltronas de cinema serão bloqueadas para garantir distanciamento. TV Globo Desde sábado (10), os cinemas da cidade de São Paulo já podiam voltar a funcionar, mas a maioria das salas da capital reabrem nesta quinta (15). Assim, o país já soma mais de 50 cidades com salas abertas. Como as sessões e salas vão se adaptar para a reabertura Acha caro ir ao cinema? Entenda como se calcula o valor dos ingressos Além de São Paulo, as capitais que já receberam autorização para reabrir são Manaus (AM), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Vitória (ES), Campo Grande (MS), Belém (PA), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Macapá (AP) e Cuiabá (MT). E algumas ainda ensaiam a volta, com a publicação de protocolos de segurança, mas sem data estabelecida, como Maceió (AL), Belo Horizonte (MG) e Aracaju (SE). Cada cidade estabelece protocolos de segurança específicos para os cinemas. Mas de modo geral, entre as principais mudanças, estão: Intervalo maior entre as sessões para higienização de todas as poltronas; Redução da capacidade das salas, com poltronas bloqueadas; Uso obrigatório de máscara para funcionários e para o público; Medição diária da temperatura dos funcionários; Aumento das equipes de limpeza; Sistema de purificação do ar-condicionado. Programação Com John David Washington e Robert Pattinson, 'Tenet' ganha nova data de estreia nos cinemas americanos por conta da Covid-19 Divulgação Além da segurança, outra questão delicada na reabertura dos cinemas é a falta de grandes lançamentos. Por enquanto, os estabelecimentos têm apostado em longas que estrearam no começo do ano, festivais temáticos ou filmes menores que tiveram estreia adiada durante o isolamento. Com o festival "De volta para os cinemas", organizado por diversos grupos de cinema no Brasil, também existe a opção de sucessos clássicos e recentes. Mas público e mercado aguardam os blockbusters previstos para este ano, como "Mulher maravilha 1984" e "Viúva negra". Nos Estados Unidos e no Reino Unido, a Cineworld, uma das maiores operadoras de cinema do mundo, voltou a fechar as portas devido ao adiamento destes filmes. De acordo com o diretor de marketing da rede Cinemark, Daniel Campos, cinemas e distribuidoras têm conversado no Brasil para que não haja falta de novidades e, consequentemente, um novo fechamento das salas. Segundo o diretor, a reabertura em mais cidades vai pressionar estúdios e distribuidoras que estão segurando filmes com potencial. "Eles já estão trazendo filmes novos, abrimos em São Paulo com seis inéditos. Dia 29 tem 'Tenet', do Christopher Nolan. A partir daí, temos um filme grande por semana até o fim do ano. Existe essa organização do portfólio, mas só vira verdade se os cinemas estiverem de fato abertos", explica Campos. VÍDEOS: Semana Pop explica temas do entretenimento
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Novas divas, techno x rock, som de arena: como ‘Laços de família’ explicou a música do ano 2000
Diálogo entre Edu e Camila sobre Britney, Christina Aguillera e Bon Jovi viralizou com reprise. Cena pouco sutil ajuda a relembrar e entender as mudanças que aconteciam no pop da época. Em cima, Vera Fischer (Helena), Reynaldo Gianecchini (Edu) e Carolina Dieckmann (Camila). Embaixo, os temas da conversa em 'Laços de família': Britney x Christina Aguilera, Bon Jovi e o techno de artistas como Aphex Twin Reprodução TV Globo / MTV EUA e Divulgação Uma nova era de ouro se abria para as cantoras pop, ídolos de meia-idade voltavam a ganhar moral no rock, mas defensores do estilo alertavam para uma perigosa ameaça: o techno. Uma cena de "Laços de família" que citava Britney Spears, Christina Aguilera, Bon Jovi e música eletrônica no ano 2000 ajuda hoje a entender em que pé estava a cultura pop de 20 anos atrás. O diálogo viralizou nas redes nos últimos dias com a reprise da novela. Ela mostra de forma nada sutil a desconexão entre Helena e o namorado mais jovem Edu, que falava a língua da filha dela, Camila. Initial plugin text O papo também ajuda a explicar a personagem Camila através de referências musicais. Ela preferia Christina a Britney. Na época, a primeira ascendia como uma estrela teen menos inocente. Camila e Edu se encontravam no gosto por Bon Jovi, um rock mais adulto que retomava espaço, e no desgosto pelo techno, vertente eletrônica que florescia e era vista como ameaça à canção tradicional. Ou seja: eles eram antenados, mas moderados. Se na época a conversa marcava as personalidades da novela, hoje ela explica três movimentos do pop do ano 2000 que têm consequências ainda hoje: 1 – Novas divas e embate Britney x Christina Britney Spears no clipe de 'Sometimes', música lançada em abril de 1999 Divulgação Hoje é fácil falar sobre cantoras pop para entender a personalidade do interlocutor. As paradas são cheias de jovens divas de todo tipo. O estouro de Britney na virada do milênio preparou esse terreno fértil. Claro que Madonna e outras já tinham feito revoluções, mas em 1999, o pop descarado de "…Baby One More Time" e "Sometimes", faixa citada por Edu e Camila, mostrou um novo potencial deste mercado. Britney, porém, ainda era a cantora "boazinha", e concorrentes ocuparam outros espaços. Christina Aguilera lançou "Genie in a bottle" dois meses depois e despontou como uma opção mais apimentada. Se Britney representava os Beatles naquele universo, Christina era os Rolling Stones. Surgiram opções à direita (a comportada Kelly Clarkson) e à esquerda (a criativa Pink) e se firmou outro nome central: Beyoncé. A porta para novas divas pop nunca se fechou. Vieram Taylor Swift, Katy Perry, Rihanna, Lady Gaga, Ariana Grande, Miley Cyrus, Lana Del Rey, Billie Eilish… O papo de 30 segundos de Edu tentando definir Camila como um single de cantora pop poderia tranquilamente durar meia hora se fosse hoje. 2 – Rock para as arenas Bon Jovi no clipe de 'It's my life', música definida como 'linda' por Edu na novela 'Laços de família' Divulgação "Prefiro Bon Jovi", diz Camila a Edu, após falar das divas. Foi um acréscimo ao perfil "antenada, porém madura": além de preferir a cantora pop mais ousada, ela gostava mesmo era de rock. É provável que, pela idade, Camila tenha gostado do Bon Jovi de cabelos armados e canções ultra-românticas que era fenômeno adolescente entre o fim dos anos 80 e início dos 90. Mas Jon Bon Jovi estava em nova fase: mais madura e de surpreendente sucesso na sequência de um álbum solo nessa linha. Após a ascensão e a queda da geração grunge e alternativa, ele retomava fôlego. E o tal "hard rock suave" para multidões era perfeito para um movimento forte nos anos 2000: o show como elemento central da indústria, em vez dos discos, com a venda afetada pela pirataria. Falar de Bon Jovi e outros veteranos voltou a ser legal para certo público. Suas megaturnês iriam só crescer. Talvez Camila e Edu não soubessem na época, mas ir a um show do Jon Bon Jovi de área VIP, mesmo por preço salgado, seria um programa perfeito para eles hoje. 3 – A ameaça do techno Clipe de 'Come to daddy', do Aphex Twin Divulgação "Hoje em dia só se ouve techno", diz Camila. "Uma pena, porque a música vai perdendo a identidade", responde Edu. Era um papo super comum que deve ter acontecido em muitas mesas de restaurante em 2000. Artistas de big beat como Prodigy e Chemical Brothers ainda estavam no auge da criatividade e do sucesso, mas também da rejeição por quem defendia a tal "identidade" da canção tradicional. O techno era um fantasma que ia matar o rock. O clipe de "Come to daddy", do DJ Aphex Twin, lançado três anos antes, dá o tom de terror a essa ameaça. Ao contrário dos dois pontos anteriores, esse discurso ficou datado. Os DJs não mataram ninguém e a música eletrônica foi incorporada pelo rock e pelo pop. Do techno à EDM, hoje o rótulo em voga, a eletrônica deixou de assustar e virou mainstream. De U2 a Lady Gaga, de Radiohead a Ariana Grande – e Britney -, muita gente foi buscar a tal "identidade" na música eletrônica. Num remake atual, é difícil pensar em Edu dizendo uma coisa dessas – e fácil imaginar ele e Camila curtindo um technozinho.
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‘Faz Sol Lá Sim’, documentário brasileiro que estreia no final de outubro, ganha 1º trailer
Filme nacional sobre cidade em Alagoas que 'exporta' instrumentistas para grupos musicais de todo o Brasil é um dos primeiros com lançamento nos cinemas após reabertura. Veja trailer do documentário 'Faz Sol Lá Sim'
O documentário brasileiro "Faz Sol Lá Sim" lançou seu primeiro trailer nesta quinta-feira (15). Assista ao vídeo acima.
Com estreia marcada para o dia 29, o filme nacional é um dos primeiros lançados nos cinemas depois da reabertura.
No documentário, o diretor Claufe Rodrigues conta a história da cidade de Marechal Deodoro (AL), um celeiro de bandas filarmônicas que 'exporta' instrumentistas para grupos musicais e bandas militares de todo o Brasil.
Através de depoimentos e audições, o filme retrata a tradição local, fala da leve rivalidade entre as cinco filarmônicas e de como elas funcionam para a formação de jovens da cidade.
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MC Caverinha vira fenômeno mirim do rap após ver família ser despejada e compor sobre tragédia
Cantor de 12 anos dançava em apresentações do irmão, mas seu sonho era cantar. Com sucesso e shows semanais, comprou casa para a família. Mc Caverinha tem 12 anos e história de superação Divulgação "Aí um dia eu cheguei no ouvido dele e falei: 'Agora eu quero cantar, não quero mais dançar para você'". Foi essa frase que mudou a vida de Kauê de Queiroz Benevides Menezes aos quatro anos. Ele dançava enquanto o irmão, Kaique, cantava funk na abertura de um show do cantor Lucas Lucco em Ferraz de Vasconcelos (SP) em 2012. De lá pra cá, aconteceu quase tudo: A família foi despejada e teve a casa demolida em 2017; Ele lançou músicas de funk no Facebook e recebeu enxurrada de críticas; Mudou para o trap e conseguiu emplacar o primeiro hit aos 11 anos; Comprou uma casa nova para a família e gravou com seu maior ídolo. Hoje, Kauê tem 12 anos; nome artístico, Mc Caverinha; 1,5 milhão de seguidores no YouTube, 752 mil ouvintes mensais no Spotify e um cachê de cinco dígitos. Por telefone, Caverinha conta ao G1 como deu uma guinada na vida da família e se proclamou o "príncipe do trap" no Brasil. Ele ainda tem planos de cantar nos Estados Unidos. MC Caverinha vira fenômeno mirim do rap e compra casa para mãe aos 12 anos Dias de luta, dias de glória Em 2017, a família do Mc tinha trocado um carro pela entrada de uma casa própria. Mas perderam tudo. "Minha mãe e meu pai tinham comprado uma casa que não podia ser comprada. O terreno não era apropriado para morar e a gente não tinha condição de pagar a casa", conta. Ele se lembra com detalhes do dia da demolição. "Meu irmão e eu fomos pegar leite para tomar café da manhã. Quando voltamos, eu vi caminhão, trator e polícia lá. Falei: 'mãe, estão chamando lá fora'. E a mulher falou: 'Se vocês não saírem, nós vamos derrubar com vocês dentro'. A gente começou a tirar as coisas chorando." Depois disso, a família passou alguns meses de aluguel dentro da garagem de um barzinho no mesmo bairro. "A dona era bem chata com a gente, então eu comecei a passar tempo fora de casa", conta. Ele passou a escrever músicas dentro de um Corsa antigo do pai, que não andava mais. São essas experiências que inspiram o Mc. "Gosto de falar de superação, da minha família e de tudo que eu passei". Na última sexta (2), ele contou sua história na música "Fatos reais". Caveirinha diz que seu objetivo é mostrar para meninos como ele que sonhos se realizam. Graças à música, conseguiu realizar o dele e o da família. Com só 12 anos, comprou uma nova casa em um condomínio em Mogi. Antes da pandemia, Caverinha fazia 13 shows por semana. Em fim de semana pegado, já acumulou 5 na mesma noite. "Saía de um e já ia para o outro. No último show, ficava rouco, não conseguia mais cantar. Eu dava a vida. Nem que eu dublasse, fazia o show", conta empolgado. Desde 2019, trocou o irmão por uma produtora para que pudesse retomar a carreira interrompida. "Ele deixou de viver a vida dele para correr comigo. Agora ele começou a estourar também e vai cada um para o seu lado”, diz. O menino é 100% família. Leva a mãe a quase todos os shows e sempre fala dela no palco. Chama no trap Para acompanhar o irmão, Caverinha começou a tentar carreira no funk, mas não conseguia emplacar. Sem entender inglês, ele ouvia músicas dos Estados Unidos e prestava atenção, principalmente, nas batidas. Foi assim que descobriu o trap e tomou outra decisão que mudou sua vida. “Antes, eu só gostava de artistas lá de fora. Então eu vi um estilo novo de trap, cheguei no meu irmão e falei: ‘não quero mais cantar funk’. Eu peguei uma música que tinha feito em funk ['Chama no money'] e fiz virar trap, acelerando os versos. Então mudei tudo que tinha feito e foi quando ‘Não pisa no meu boot’ estourou”, conta. Essa é a música de maior sucesso dele, com mais de 30 milhões de visualizações no YouTube. Caverinha ainda se inspira no trap estadunidense mesmo sem compreender o que falam. "Eu olho toda hora para ver se saiu música nova. Os caras de lá são referência para mim. Mas não sei falar inglês. Vou aprender porque vai que eu tenho um show lá e não sei falar nada, não sei cantar?", ele diz rindo. Sua maior inspiração gringa é Roddy Ricch. Já aqui no Brasil, ele só tem olhos para o rapper mineiro Djonga. "Até em uma entrevista que me perguntaram três artistas que tinha vontade de gravar, respondi: Djonga, Djonga e Djonga. Eu ficava repetindo isso toda hora, até que um dia deu certo." O menino não tem vergonha e chama os ídolos para fazer parcerias. Já gravou com Djonga, Jovem Dex e Alok. Agora, neste momento de pausa forçada, ele aproveita para jogar videogame, estudar em casa e rumos da carreira em 2021 com novos feats, shows e um objetivo: "voar cada vez mais alto". VÍDEOS: Semana Pop explica temas do entretenimento
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Post Malone é o grande vencedor do Billboard Music Awards 2020
Rapper americano levou prêmios em nove categorias, incluindo Artista do Ano. Veja lista completa de vencedores. Post Malone é o grande vencedor do Billboard Music Awards 2020 e leva 9 prêmios AP Photo/Chris Pizzello Post Malone foi o grande vencedor do Billboard Music Awards 2020, que aconteceu na noite desta quarta-feira (14), no Dolby Theatre, em Los Angeles. A premiação estava previsto para acontecer em 29 de abril, mas foi adiado por causa da pandemia de coronavírus. O rapper americano levou o prêmio em nove categorias, incluindo artista do ano. Khalid foi o segundo maior premiado da noite (cinco troféus no total), seguido por Lil Nas X e Billy Ray Cyrus, que levaram a melhor em quatro categorias com a parceria em "Old Town Road". A cantora Billie Eilish foi a vencedora de três prêmios na noite. Este ano, o Billboard Music Awards foi comandada pela cantora Kelly Clarkson. A noite contou com performances de BTS, Bad Bunny, entre outros artistas, além de uma emocionante apresentação de John Legend, que dedicou a música “Never Break” para sua mulher, Chrissy Teigen. No início do mês, o casal anunciou que o bebê que esperavam morreu após o parto. John Legend se apresenta no Billboard Music Awards 2020 Christopher Polk/NBC/Handout via REUTERS Veja abaixo a lista completa de vencedores. Melhor Artista Post Malone Artista Revelação Billie Eilish Artista Masculino Post Malone Artista Feminino Billie Eilish Melhor Duo/Grupo Jonas Brothers Melhor Artista Billboard 200 Post Malone Melhor Artista do Hot 100 Post Malone Melhor desempenho de artista no streaming Post Malone Melhor desempenho de artista em vendas de música Lizzo Melhor desempenho de artista em rádio Jonas Brothers Melhor artista nas redes sociais BTS Melhor Turnê P!nk Melhor artista R&B Khalid Melhor artista masculino de R&B Khalid Melhor artista feminino de R&B Summer Walker Melhor Turnê R&B Khalid Melhor artista de Rap Post Malone Melhor artista masculino de Rap Post Malone Melhor artista feminino de Rap Cardi B Melhor turnê de Rap Post Malone Melhor artista de Country Luke Combs Melhor Artista Masculino de Country Luke Combs Melhor artista feminino de Country Maren Morris Melhor duo/grupo de Country Dan + Shay Melhor turnê Country George Strait Melhor artista no Rock Panic! At The Disco Melhor turnê de rock Elton John Melhor artista latino Bad Bunny Melhor artista Dance/Electronic The Chainsmokers Melhor artista de música cristã Lauren Daigle Melhor artista gospel Kanye West Melhor álbum Billboard 200 Billie Eilish “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?” Melhor trilha sonora “Frozen II” Melhor álbum de R&B Khalid “Free Spirit” Melhor álbum de Rap Post Malone “Hollywood’s Bleeding” Melhor álbum de Country Luke Combs “What You See Is What You Get” Melhor álbum de Rock Tool “Fear Inoculum” Melhor álbum de música latina J Balvin & Bad Bunny “Oasis” Melhor álbum de Dance/Electronic Marshmello “Marshmello: Fortnite Extended Set” Melhor álbum de música cristã Kanye West “Jesus is King” Melhor álbum gospel Kanye West “Jesus is King” Melhor Música do Hot 100 Lil Nas X ft. Billy Ray Cyrus “Old Town Road” Melhor Desempenho de Música no Streaming Lil Nas X ft. Billy Ray Cyrus “Old Town Road” Música com Melhor Desempenho em vendas Lil Nas X ft. Billy Ray Cyrus “Old Town Road” Melhor Música de Rádio Jonas Brothers “Sucker” Melhor Colaboração Shawn Mendes & Camila Cabello “Señorita” Melhor Música R&B Khalid “Talk” Melhor Música de Rap Lil Nas X ft. Billy Ray Cyrus “Old Town Road” Melhor Música Country Dan + Shay with Justin Bieber “10,000 Hours” Melhor Música Rock Panic! At The Disco “Hey Look Ma, I Made It” Melhor Música Latina Daddy Yankee ft. Snow “Con Calma” Melhor Música Dance/Eletrônica Ellie Goulding x Diplo ft. Swae Lee “Close To Me” Melhor Música Cristã For King & Country “God Only Knows” Melhor Música Gospel Kanye West “Follow God” Billboard Chart Achievement Award Harry Styles
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Filme ‘embranquecerá’ Cleópatra? Como era uma das mulheres mais poderosas da história antiga
Muitos comemoraram produção majoritariamente feminina que deve evitar clichês de filmes anteriores; mas muitos queriam atriz africana ou árabe para representar figura histórica. Estátuas de Cleópatra foram preservadas, mas historiadores dizem não ser possível determinar como exatamente era o rosto da rainha egípcia Getty Images via BBC Eternizada no imaginário popular com a pele branca e os olhos azuis da atriz britânica Elizabeth Taylor, a rainha Cleópatra 7ª suscita debates há séculos em torno de sua astúcia política, sua beleza, sua identidade e seu legado à frente do Egito. As disputas em torno dela ganharam novo impulso nesta semana com a divulgação de que a monarca do Egito será vivida no cinema pela atriz israelense Gal Gadot, conhecida por seu papel de Mulher-Maravilha. "Nós esperamos que mulheres e garotas ao redor do mundo que aspirem contar suas histórias nunca desistam de seus sonhos. Nós vamos fazer suas vozes serem ouvidas, por e para outras mulheres", disse Gadot, ao anunciar a produção em seu perfil no Instagram, com 43,7 milhões de seguidores. O longa, ainda sem previsão de estreia, será dirigido por Patty Jenkins, diretora de Mulher-Maravilha. Se de um lado muitos comemoraram uma produção majoritariamente feminina que deve evitar clichês de mulher sedutora de filmes anteriores, de outro, muitos criticaram a escolha da atriz para o papel sob acusações de embranquecimento (whitewashing) da figura histórica, descendente de uma dinastia grega ligada ao rei macedônio Alexandre, o Grande, mas que provavelmente era de etnia mista. Cobravam a escalação de uma atriz de origem africana ou árabe. Mas qual é a verdadeira origem e história da última governante da dinastia ptolomaica, que comandou o Egito de 51 a.C. até 30 a.C., trouxe prosperidade e paz a um país falido e soube tirar proveito político da aproximação de dois generais romanos? Para a historiadora britânica Mary Beard, as milhares de representações de Cleópatra ao longo do tempo são "baseadas em uma série perigosa de deduções de evidências fragmentárias ou flagrantemente não confiáveis". Sabe-se tão pouco sobre ela que Beard defende que Cleópatra deveria aparecer para nós hoje como "a rainha sem rosto". A modelo e atriz israelense Gal Gadot, intérprete da Mulher Maravilha, durante o painel do filme na Comic-Con International: San Diego 2016 Chris Pizzello/Invision/AP Origem e linhagem Cleópatra nasceu em torno do ano de 69 a.C. no Egito. Seu nome, de origem grega, significa "grande como o pai". Seu pai, o faraó Ptolomeu 12, pertencia a uma linha de monarcas da dinastia ptolomaica, que teve suas raízes no ano de 332 a.C.. Naquele ano, Alexandre, o Grande, liderou tropas macedônias e gregas numa batalha que libertou os egípcios do domínio dos persas. Alexandria passou a ser a nova capital do Egito. A cidade se tornou "a capital das palavras helenísticas da palavra grega, onde ficavam os livros de escritores muito importantes do passado. E vemos como a nova cultura grega meio que vai junto com a antiga tradição religiosa egípcia, que já existia havia 3.000 anos", explica o egiptólogo Christian Greco, do Museu Egípcio de Turim, na Itália. Quando Alexandre, o Grande, morreu em 323 a.C., seu reino foi dividido. É aí que a posição de governante do Egito foi reivindicada por Ptolomeu 1º, filho de um nobre da Macedônia que dá início à dinastia ptolomaica. A partir dali, o Egito seria governado por seus descendentes até a morte de Cleópatra 7ª, no ano de 30 a.C, mais de 300 anos depois. O Egito se tornaria um dos reinados mais poderosos do mundo, e um dos últimos a serem dominados pelos romanos. Essa mistura de povos e locais, associada à falta de informações confiáveis sobre a dinastia ptolomaica e Cleópatra, alimenta debates há anos sobre a rainha do Egito. Afinal, ela era norte-africana, grega ou macedônia? Tudo indica que ela era de origem étnica mista. Segundo pesquisadores do Instituto Arqueológico Austríaco, análises da ossada de uma irmã de Cleópatra apontaram em 2009 que a rainha egípcia era, em parte, africana. A conclusão foi tirada após a identificação do esqueleto da irmã mais nova de Cleópatra, a princesa Arsinoe, encontrado em uma tumba de mais de 2.000 anos em Éfeso, na Turquia. As evidências obtidas pelo estudo das dimensões do crânio de Arsinoe indicam que ela tinha algumas características de brancos europeus, antigos egípcios e africanos negros. Mas há também outras questões de identidade envolvidas no debate sobre a origem de Cleópatra. Segundo Maria Wyke, professora de latim da University College de Londres (UCL), há uma grande disputa para reivindicar Cleópatra enquanto egípcia. "No século 19, havia um debate sobre se ela tinha sangue egípcio, em parte porque há tão pouca informação, se é que há alguma, sobre sua mãe ou sua avó. Mas no final do século 20, a questão não era se Cleópatra era egípcia no sentido genético, mas se ela era negra." E continua: "isso emerge principalmente na década de 1990 com o surgimento do afrocentrismo tendo o Egito como ponto de partida. Assim, Cleópatra se tornou a personificação de uma mulher poderosa na origem da história africana. Portanto, reivindicar Cleópatra como negra tendo uma base histórica ou não é irrelevante. Reclamá-la como negra se torna um importante contra-ataque aos preconceitos de gênero e raça e à apropriação de Cleópatra feita pelo homem branco do mundo ocidental ao longo do tempo". Moeda com imagem de Cleópatra British Museum via BBC De acordo com Joyce Tyldesley, professora de egiptologia da Universidade de Manchester e autora de Cleópatra: A Última Rainha do Egito, a rainha egípcia "manipulou a religião egípcia para que fosse vista como uma encarnação viva da deusa Ísis, o que lhe permitiu consolidar completamente sua posição de poder". E, para Tyldesley, essa manipulação da religião contém a chave para o grande mistério que a atormentou enquanto escrevia o livro sobre Cleópatra. "Havia uma pergunta que me perseguia o tempo todo: será que Cleópatra se considerava egípcia? Acho que sim. Ela era uma rainha do Egito. O que mais ela teria se considerado? Seu pai era um rei do Egito, uma de suas irmãs tinha sido rainha. Acho que ela teria se considerado uma egípcia, ainda que não fosse uma egípcia nativa, mas uma egípcia grega." Segundo ela, conforme os gregos se estabeleceram no Egito, havia duas populações vivendo lado a lado, e ambas começando a se familiarizar com a cultura uma da outra. "Acima de tudo, Cleópatra estava começando a usar a cultura egípcia, especialmente em termos de religião. Outros Ptolomeus já haviam feito algo semelhante antes, em menor grau, mas é muito interessante que ela use uma base egípcia para se promover." Além das apropriações próprias e alheias em torno da identidade dela, há tentativas científicas de reconstituir os verdadeiros traços de Cleópatra, que lhe deram um rosto — dissociado do imaginário popular eternizado pela cultura ocidental. Em 2009, a arqueóloga e egiptóloga britânica Sally Ann Ashton utilizou imagens gravadas em artefatos antigos, como um anel que data da época do seu reinado, para compor o rosto da rainha egípcia. O rosto recriado pela egiptóloga aponta uma mulher de etnia mista, com traços egípcios e da sua herança grega. Rosto de Cleópatra, segundo reconstituição feita pela arqueóloga e egiptóloga britânica Sally Ann Ashton Divulgação via BBC Poder acima da beleza e da sedução Por muito tempo, Cleópatra foi retratada como uma linda rainha do Egito que seduziu os romanos; ela fascinou o filósofo francês Pascal e inspirou obras de Shakespeare, pinturas de Tiepolo e alguns filmes de Hollywood. Mas para Tyldesley, da Universidade de Manchester, é preciso deixar todo esse imaginário popular de lado para entendê-la. "Ela não era essa (mulher) sedutora glamorosa de que os diretores parecem gostar tanto. Não há evidências de que ela tenha tido mais do que dois parceiros sexuais: Júlio César, a quem foi fiel até ele morrer, e Marco Antônio. Eu acho que gostamos de vê-la assim (como sedutora de vários homens). Há algo atraente nisso, mas é muito injusto." "Ela foi uma mulher muito inteligente. Ela governou por mais de 20 anos e conseguiu adiar o domínio romano sobre o Egito, algo que de certa maneira foi uma ameaça durante todo seu reinado. Além disso, ela assumiu um país depois de seu pai que estava na pobreza e o levou a se recuperar economicamente." Há outra suposta característica da rainha egípcia que é contestável. Graças a Shakespeare, Tiepolo e atrizes que a viveram em filmes, de Elizabeth Taylor a Amanda Barrie, a imagem moderna de Cleópatra é de uma beleza estonteante, sobre a qual não há qualquer evidência. "Não temos muitas imagens dela, e as que temos são muito estereotipadas. Sejam clássicas, parecendo uma rainha grega ou romana, ou egípcias. Elas estavam lá para representar ideias de realeza, em vez de mostrar como ela realmente era", diz Tyldesley. "As pessoas tendem a pensar que as moedas com a efígie dela são mais realistas e, se você olhar para elas, ela não é particularmente bonita, pois tem um nariz e queixo muito grandes. Mas então, quão preciso pode ser um retrato de moeda? Depende da habilidade da pessoa que faz a moeda, que pode não tê-la visto de verdade, e também do que ela queria retratar. Cleópatra pode ter desejado não parecer delicada e bonita, e pode ter buscado mostrar poder acima de tudo." É provável, então, que Cleópatra não tivesse sido incrivelmente bonita, nem uma femme fatale ou manipuladora do mal — e sim uma política astuta que, no final, teve o azar de estar do lado derrotado de uma grande disputa maior que ela. Elizabeth Taylor interpretou Cleópatra em um filme de 1963, ao lado de Richard Burton, no papel de Marco Antônio Getty Images via BBC Disputas de poder A trajetória de Cleópatra no comando do Egito foi repleta de disputas de poder dentro e fora de sua dinastia. A história de sua família, aliás, é repleta de assassinatos e traições. Para alguns pesquisadores, era algo como ser morto ou matar para se consolidar no trono — algo que a própria faria. A chegada dela ao poder não se deu sem obstáculos. Quando o pai de Cleópatra, Ptolomeu 12, morreu, as mulheres não podiam governar sem ter um homem ao lado. Então, seguindo as tradições, a solução encontrada foi Cleópatra, então com 18 anos, casar-se com seu irmão Ptolomeu 13, de dez anos, para que reinassem juntos. Seria questão de tempo até as disputas surgirem. Anos depois de assumirem o poder, Ptolomeu 13 conspirou contra a irmã para tirá-la do poder, o que a levou a fugir para Síria. Teria início ali uma guerra civil e fratricida pelo comando do Egito. Curiosamente, Roma também vivia uma batalha interna por poder, entre Júlio César e Pompeu, e as disputas acabaram se misturando. Praticamente derrotado, Pompeu foi ao Egito em busca do apoio de Ptolomeu 13, mas este fora aconselhado a não se aliar a Pompeu e a matá-lo para não se indispor com Júlio César. A estratégia acabou tendo o efeito inverso. Júlio César ficou furioso ao saber do assassinato do rival. Como consequência, o general romano foi até o Egito e promoveu uma trégua entre Cleópatra e Ptolomeu 13. Morte de Cleópatra retratada pelo pintor Jean-André Rixens, no século 19 Reprodução via BBC Ptolomeu 13 não havia desistido de comandar o Egito, e fez uma nova tentativa de lutar contra o general romano enquanto este ainda estava em Alexandria. Mas acabaria derrotado e morto durante a chamada Batalha do Nilo. Graças a sua aliança com Júlio César e Roma, a posição de Cleópatra no comando do país estava mais sólida. Segundo alguns historiadores, a rainha consolidou sua popularidade no Egito falando e se vestindo como uma egípcia enquanto cumpria suas obrigações oficiais, mas voltava ao grego no ambiente privado. Foi nessa época que ela decidiu ser a encarnação viva da deusa Ísis. Cleópatra e Júlio César acabaram se aproximando amorosamente, e passaram nove meses juntos em Alexandria, época em que ela engravidou do general romano. Cesarião nasceria em 47 a.C, mas nunca foi assumido publicamente pelo pai. Nova tragédia e novo amor Cleópatra foi com Júlio César para Roma, mas quando este foi assassinado por um grupo de senadores da República, em 44 a.C., ela retornou ao Egito, onde matou seu irmão mais novo, Ptolomeu 14, para governar o país ao lado do filho, Cesarião. Mas a trajetória de Cleópatra não ficaria muito tempo distante de Roma. A morte de Júlio César desencadeou uma nova disputa pelo comando do Império Romano. Em especial, entre o general Marco Antônio e o filho adotado de Júlio César, seu sobrinho, Otaviano. Cleópatra, então, formou uma aliança política — e amorosa — com Marco Antônio. Para alguns historiadores, o casal passou a viver uma vida de luxúria e devassidão em Alexandria — que, para alguns, teria sido uma forma de culto ao deus Dionísio. Ao longo desse período, eles tiveram três filhos. Do ponto de vista geopolítico, a associação com Marco Antônio acabaria sendo o grande erro estratégico de Cleópatra. "Ela só cometeu um erro, e foi ficar do lado de Marco Antônio, e não de Otaviano [que mais tarde se tornaria o imperador Augusto], quando eles lutaram. E foi um erro fácil de cometer. Se você estivesse apostando, não teria apostado em Otaviano", afirma Tyldesley, da Universidade de Manchester. No entanto, é provável que esse único erro fez de Cleópatra a figura mal representada que é hoje. Se ela tivesse escolhido o lado certo ou se Marco Antônio tivesse vencido, a história poderia ter tratado sua figura de maneira muito diferente — até mesmo levar ao seu esquecimento. Para Tyldesley, muitas descrições de Cleópatra como devassa e assassina vieram de autores romanos com interesses próprios. "O que aconteceu é que muitos dos faraós mais antigos foram esquecidos, mas Cleópatra conseguiu sobreviver porque fez parte da história romana, embora tenha sobrevivido como inimiga dos romanos, descrita por autores clássicos." Esses escritores romanos não prejudicaram Cleópatra apenas criando um mito em torno dela, segundo a egiptóloga. Eles também tiraram uma coisa importante de sua história: sua inteligência. Por outro lado, historiadores muçulmanos construíram outra imagem de Cleópatra com bases em registros locais, acessados após a conquista árabe do Egito por volta de 640 d.C. Segundo esses estudiosos, a rainha egípcia era erudita, cientista, filósofa e uma política astuta. 'Nenhuma sepultura na Terra trará um casal tão famoso' A derrocada trágica da rainha egípcia ocorreu durante a chamada Última Guerra Civil da República de Roma. Marco Antônio e Cleópatra somaram forças para lutar contra Otaviano, mas sofreram uma derrota desastrosa na famosa batalha naval de Áccio (perto da Grécia), em 31 a.C. O casal então fugiu para o Egito. Enquanto Cleópatra se escondia em seu mausoléu, seu amante partiu para sua última batalha, em que foi novamente derrotado por Otaviano. Segundo Lloyd Llewellyn-Jones, professor de História Antiga na Universidade de Cardiff, o general romano, devastado pela dor e vergonha da derrota, acabou se jogando sobre a própria espada ao receber falsas informações de que a rainha do Egito também havia morrido. "Mas Cleópatra ainda estava viva: ela se escondera em sua tumba, para onde Marco Antônio foi levado após se ferir com a espada — ele finalmente teria sucumbido aos ferimentos abraçado nos braços da amante. Em vez de cair sob o domínio romano, Cleópatra, cercada por suntuosas pérolas, ouro, prata e inúmeros tesouros egípcios, cometeu suicídio em 12 de agosto de 30 a.C." Ao morrer, Cleópatra tinha 39 anos. Foi mumificada e enterrada ao lado de Marco Antônio, com quem vivera por 11 anos. Cleópatra cometeu suicídio em 12 de agosto de 30 a.C Getty Images via BBC Quase 16 séculos depois, o dramaturgo inglês William Shakespeare escreveu na peça Antônio e Cleópatra: "Nenhuma sepultura na Terra trará um casal tão famoso". Só que a localização do túmulo é um enigma que até hoje não foi desvendado. Se eles estão enterrado em Alexandria, a região se tornou cada vez mais difícil de ser estudada, já que a maior parte da cidade hoje está submersa. Com a morte de Cleópatra e o fim da dinastia ptolomaica, o Egito finalmente se tornaria uma província do Império Romano. Desinformação em torno do suicídio de Cleópatra Curiosamente, até mesmo a verdade sobre o acontecimento mais famoso de sua vida, seu suicídio, é incerta. Os principais relatos dão conta de que ela induziu uma víbora-áspide a picá-la. "Essa coisa da cobra é interessante. Não há evidências para dizer como ela morreu. Um relato menciona uma cobra, e de repente todas as imagens que temos de Cleópatra têm uma cobra. Mas as cobras estão ligadas à realeza egípcia, então poderia ser simplesmente um caso de imprecisão", afirma Tyldesley, da Universidade de Manchester. "O mais próximo que temos de um testemunho ocular, que na verdade foi escrito centenas de anos depois, diz que ela tinha marcas de perfurações no braço, que podem ser qualquer coisa, inclusive nada. Mas é uma bela história." Para Wyke, da University College de Londres, o suicídio de Cleópatra tem conotação política, e não romântica pela perda do amante. "Eu acho que os romanos viam o ato não de sofrimento e tristeza pela morte de Marco Antônio, mas como um ato de orgulho, uma tentativa de escapar das consequências da captura, porque ela sabia que, se fosse capturada, seria levada de volta para Roma, arrastada pelas ruas como uma conquista romana e possivelmente executada." E conclui: "A morte dela parece ser um ato político. Independentemente da forma que tenha ocorrido, você pode acreditar que uma rainha tão dotada do poder da autorrepresentação garantiria que morreria de uma forma que correspondesse a sua autoridade como governante de um grande reino".
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