Marcelo D2 tira onda ao se irmanar com ‘manos’ da atual cena de hip hop em álbum colaborativo
Projetado nos anos 1990, o rapper mostra que ainda está no jogo com o oitavo álbum solo de estúdio, 'Assim tocam os meus tambores'. Capa do álbum 'Assim tocam os meus tambores', de Marcelo D2 Ronaldo Land com arte de Felipe Young (Flip) Resenha de álbum Título: Assim tocam os meus tambores Artista: Marcelo D2 Gravadora: Edição independente do artista Cotação: * * * 1/2 ♪ Além da boa qualidade artística, o maior mérito do oitavo solo de estúdio de Marcelo D2 – Assim tocam os meus tambores, disponível em edição digital a partir das 20h deste sábado, 26 de setembro – é impedir o rapper carioca da banda Planet Hemp de ser percebido como um mano importante do passado. Neste disco produzido através de plataforma de vídeo durante o isolamento social, Marcelo Maldonado Gomes Peixoto se junta e se irmana com vozes exponenciais da atual cena brasileira de hip hop – como o carioca BK, o mineiro Djonga, o brasiliense (de criação cearense) Don L e o paulistano Ogi – em tentativa bem-sucedida de diluir a imagem de tiozão do rap. Perto de fazer 53 anos, em novembro, D2 já não é o mano da vez. Até porque outros rappers que lhe sucederam no trono, como Criolo, também já não são. Assim caminha a humanidade pop e, no hip hop, não seria diferente. Contudo, o álbum Assim tocam os meus tambores mostra que D2 ainda está no jogo com 12 faixas inéditas mixadas por Mario Caldato Jr. e masterizadas por Jonathan Maia. Para dar forma a essas 12 faixas, D2 harmonizou vozes e músicos de gerações distintas em time de convidados formado – em ordem alfabética – por Anelis Assumpção, Baco Exu do Blues, BK, Criolo, Da Lua, Djonga, Don L, Eduardo Santana, Helio Bentes, Ivan Conti "Mamão", João Parahyba, Jorge du Peixe, Juçara Marçal, Kassin, Kiko Dinucci, Luiza Machado, Nobru, Ogi, Rodrigo Tavares, Rogê, Russo Passapusso, Sain e Thiago França. Já os beats são de Nave, DJ Nuts, Kamau, Dr. Drumah, Barba Negra e Tropkillaz. O beat da faixa que introduz o álbum, Bem vindo meus Cria, é hipnótico e valoriza o tema em que D2 recepciona Os Cria, nome do coletivo de participantes assíduos do chat do artista na plataforma de vídeo em que o disco foi gerado de forma colaborativa. Na sequência, Rompeu o couro mantém o poder de sedução ao celebrar o baticum africano, matéria-prima de quem procura batidas perfeitas no Brasil e no mundo. Os rappers BK e Baco Exu do Blues engrossam o caldo desse caldeirão fervente, temperado com as vozes das cantoras Anelis Assumpção e Juçara Marçal. Marcelo D2 lança 'Assim tocam os meus tambores', álbum gravado a partir de plataforma de vídeo Ronaldo Land / Divulgação Voz do Metá Metá, Juçara permanece em cena para reforçar o discurso de 4ª às 20h, rap de molde mais convencional, feito por D2 com a adesão de Ogi. Pontuado por sample da gravação de Onze fitas (1979) na voz de Fátima Guedes, cantora e compositora da música, o rap A verdade não rima rebobina o discurso social em que os manos questionam a inércia dos que vivem trancafiados em condomínio, crentes de que estão a salvo da violência das ruas, fruto de injustiças e desigualdades históricas. Em Malungoforte, D2 evoca a lama do Manguebeat, com Russo Passapusso e Helio Bentes (voz do grupo de reggae Ponto de Equilíbrio), em faixa que faz o álbum Assim tocam os meus tambores retomar a pressão inebriante do início do disco. Na sequência, em Tambor, o senhor da alegria, D2 dá voz somente a Criolo, que narra o mito Bakongo da criação do tambor, tal como escrito pelo historiador Luiz Antônio Simas. “Hip hop é o nosso grito”, brada o rapper carioca em Deus de outro lugar, faixa em que D2 manifesta gratidão pela caminhada, em gravação feita com o duo Tropkillaz e com Rogê. No mesmo tempo positivista, a música As sementes germina no disco, com a adesão do coletivo Os Cria, entre a cadência do reggae e a batida do samba. Don L endurece o discurso em É manhã (Vem), música que injeta sopro de R&B contemporâneo no álbum com a voz de Luiza Machado, produtora do filme de média-metragem originado das gravações de Assim tocam os meus tambores. “Rap é compromisso”, lembra D2 no samba-rap Pela sombra, citando sentença de Sabotage (1973 – 2003) em faixa que cai no suingue com a voz de Jorge Du Peixe. Magrela87 destila romantismo em levada R&B em faixa que culmina com sample de gravação de Raul Seixas (1945 – 1989), Prelúdio, música apresentada pelo artista baiano em 1974. No fim, Pelo que eu acredito – rap que junta Sain (filho de D2) e Djonga – reafirma as crenças ideológicas de Marcelo D2, rapper carioca que ainda tira onda na arte de fazer barulho.
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Músicas para descobrir em casa – ‘Picilone’ (Noel Rosa, 1931) com Noel Rosa e João de Barro
Bando de Tangarás, conjunto integrado por Noel Rosa (no alto, à direita), compositor do samba 'Picilone' Reprodução ♪ MÚSICAS PARA DESCOBRIR EM CASA – Picilone (Noel Rosa, 1931) com Noel Rosa e João de Barro ♪ Em 1931, reforma ortográfica no Brasil determinou a retirada das letras K, W e Y do alfabeto da língua portuguesa. Ágil e hábil cronista de costumes da época, retratados por ele de forma espirituosa em letras de música, o cantor e compositor carioca Noel de Medeiros Rosa (11 de dezembro de 1910 – 4 de maio de 1937) fez o samba Picilone com menção nos versos às mudanças da ortografia. O título Picilone reproduziu a forma popular como o povo brasileiro se referia à letra Y, o ypsilone. Ou picilone, na língua do povo. Com estrutura semelhante à de um partido alto, por ter sido composto por quatro estrofes (que poderiam ser mais numerosas, se improvisadas ao vivo nas rodas) alternadas pelo refrão aliciante, o samba Picilone foi gravado naquele ano de 1931 por Noel Rosa em single de 78 rotações por minuto editado via Parlophon (selo subsidiário da gravadora Odeon). Noel dividiu a interpretação de Picilone com o conterrâneo Carlos Alberto Ferreira Braga (29 de março de 1907 – 24 de dezembro de 2006), o João de Barro, compositor, cantor e violonista carioca também conhecido como Braguinha. Parceiro de Noel em sucessos como As pastorinhas (1934), João de Barro integrava com o colega o Bando de Tangarás (1929 – 1933), grupo responsável pelo acompanhamento da gravação do samba Picilone. Além de Braguinha e Noel, o Bando de Tangarás incluiu nomes como o violonista Henrique Britto (1909 – 1935), o agregador Almirante – nome artístico do cantor e compositor carioca Henrique Foréis Domingues (1908 – 1980), líder do grupo – e o cantor e pandeirista conhecido como Alvinho (1909 – 1972). Mesmo com estrutura simples, o samba Picilone exemplificou a verve de Noel Rosa. Talvez por ser datado, o samba nunca foi regravado, mas o primeiro e único registro fonográfico de Picilone foi incluído na coletânea Feitiço da Vila (editada pelo selo Revivendo em 1994) e no inventário da discografia de Noel como intérprete, apresentado na caixa de CDs Noel Rosa pela primeira vez (2000). ♪ Ficha técnica da Música para descobrir em casa 35 : Título: Picilone Compositor: Noel Rosa Intérprete original: Noel Rosa e João de Barro Disco da gravação original: Single Parlophon 13344 Ano da gravação original: 1931 Regravações que merecem menções: o samba Picilone nunca foi regravado. ♪ Eis a letra do samba Picilone : “Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Já reparei outro dia Que o teu nome, ó Yvone Na nova ortografia Já perdeu o picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone É pra ganhar simpatia Que todo mundo se abaixa Pra te fazer cortesia Com os olhos fora da caixa Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Tem uma vida folgada Não faz mais nada, a Yvone Até já tem empregada Para atender telefone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Cansei de andar só de tanga Já perdi a paciência Fui te encontrar na Cananga Mas não me deste audiência Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone”
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Lives de hoje: Matheus e Kauan, Flay, Wanderléa e mais shows para ver em casa
Orquestras de Ouro Preto e de Heliopólis também fazem transmissões neste domingo (27). Veja horários. Matheus e Kauan, Wanderléa e Flay fazem lives neste domingo (27) Divulgação; Celso Tavares/G1; Reprodução/Instagram/Flay Matheus e Kauan, Flay, Wanderléa estão entre os artistas que fazem lives neste domingo (28). Veja a lista completa com horários das lives abaixo. O G1 já fez um intensivão no começo da onda de lives, constatou o renascimento do pagode nas transmissões on-line, mostrou também a queda de audiência do fenômeno e a polêmica na cobrança de direito autoral nas lives. Veja horários e links: Orquestra Ouro Preto apresenta Beatles – 11h – Link Flay – 16h – Link Orquestra Sinfônica Heliópolis – 17h – Link Matheus e Kauan – 18h – Link Wanderleá (Em Casa com Sesc) – 19h – Link Teresa Cristina – 22h – Link Semana Pop mostra os momentos em lives que saíram do controle
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G1 Ouviu #108 – Matuê é o maior rapper atual do Brasil?
Rapper cearense conta sua história e fala sobre o álbum que bateu recorde nas paradas com trap que une influência de Chorão a 'experiências psicodélicas'. Você pode ouvir o G1 ouviu no G1, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o G1 Ouviu para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. O que são podcasts? Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia… Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça – e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado. G1 ouviu, podcast de música do G1 G1/Divulgação
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Voz de Gal Costa é a bússola que guia a cantora na desorientação de live dos 75 anos
Resenha de live Título: Gal 75 Artista: Gal Costa Local: Casa de Francisca (São Paulo, SP) Data: 26 de setembro, das 22h às 23h30m Cotação: * * 1/2 ♪ A voz luminosa estava lá, bússola a guiar Gal Costa na desorientação da primeira live da carreira da cantora, estrategicamente programada para a noite de sábado, 26 de setembro, data em que a artista completou 75 anos de vida. Mesmo precisa, essa voz demorou um pouco a entrar no tom, porque o retorno de ouvido foi a desorientação de Gal no começo do show transmitido pelo canal TNT diretamente do palco da Casa de Francisca, na cidade de São Paulo (SP). Outras desorientações seriam percebidas ao longo da transmissão. Por tudo que significava para a arte do Brasil, sobretudo em momento tão delicado, a live Gal 75 tinha tudo para ser antológica. Ao fim da hora e meia de transmissão ao vivo, ficou sensação de decepção no ar. Não por conta de Gal, ainda e sempre uma das maiores cantoras do Brasil de todos os tempos. Mas porque parece ter havido falta de sincronia entre a produção do show e a direção da cineasta Laís Bodansky, celebrada por filmes como Bicho de sete cabeças (2001). A opção estética por imagem de acabamento cinematográfico resultou infeliz. Captada por câmeras por vezes trepidantes, a imagem ficou sem contraste e chegou em muitos momentos com baixa definição à tela da TV para quem acompanhou a transmissão pelo YouTube do TNT (na transmissão do canal TNT, a definição estava dentro dos padrões) – surpresa diante das lives apresentadas pela Casa de Francisca com acabamento cinematográfico espetacular, como as recentes transmissões dos shows das cantoras Tulipa Ruiz e Ná Ozzetti. Havia excesso de fumaça no ar, prejudicando iluminação que já não primava pela beleza plástica. “É show da Gal ou do Planet Hemp?” gracejou espectador nos comentários, em alusão à banda carioca associada ao consumo da maconha. Para piorar, Gal foi surpreendida o tempo todo com pedidos para se movimentar pela casa que a deixaram desorientada. Se houve dois ensaios, por que essa movimentação não foi combinada antes? A impressão que ficou – cabe ressaltar mais uma vez – foi a dissintonia entre a produção e a direção da live Gal 75. Tudo já soou estranho quando – para quem assistia à live pelo canal do TNT no YouTube – a transmissão entrou no ar no meio do samba Eu vim da Bahia (Gilberto Gil, 1965), primeira música do roteiro de 20 músicas, calcado em sucessos da cantora em 55 anos de carreira fonográfica (na transmissão do canal, o número de abertura foi visto desde o início). Sem falar que, em determinados momentos, uma voz feminina – a de Laís Bodansky – se dirigiu a Gal, não somente para sugerir movimentações em cena, mas também para fazer perguntas que prejudicaram a fluência do show. Diante de tantos problemas, sintetizados no ruído provocado pelo estouro do equipamento de retorno da cantora, o brilho de Gal esmaeceu e, se houve grandes momentos, foi porque a voz-bússola da cantora a guiou sobre todas as coisas. Gal entrou fria em cena. Números como Baby (Caetano Veloso, 1968) e Vapor barato (Jards Macalé e Waly Salomão, 1971) renderam menos do que poderiam. Mas, aos poucos, a grande cantora apareceu e se impôs em cena. Alocado na sequência de Modinha para Gabriela (Dorival Caymmi, 1975), Tema de amor de Gabriela (Antonio Carlos Jobim, 1983) foi o primeiro número que, pela grandeza da interpretação, deixou evidente que, sim, Gal é Gal. Antes, a emoção genuína da cantora – após ver/ouvir o depoimento de Caetano Veloso, cuja imagem foi projetada no prédio em frente à Casa de Francisca – foi instante de beleza acesa por dentro. O choro ainda era visível no rosto de Gal quando ela começou a cantar Dom de iludir (Caetano Veloso, 1977). Aliás, a ideia de projetar (da rua) falas e/ou imagens de grandes artistas amigos de Gal – como Chico Buarque, Gilberto Gil, Maria Bethânia (“Estamos ficando mocinhas”, brincou no depoimento reproduzido somente em áudio com direito à dispensável intervenção da diretora) e Milton Nascimento, além de Caetano – foi a contribuição mais original da direção de Laís Bodansky, ainda que essas exposições tenham diluído a fluência do show. Para quem queria somente música, a live Gal 75 ofereceu bom retrospecto da carreira de Gal. Com os toques dos músicos Chicão (piano), Fábio Sá (baixo) e Pedro Sá (violão e guitarra), Gal reacendeu Luz do sol (Caetano Veloso, 1982) – com direito a discurso em favor da natureza e contra o fogo no Pantanal – e cantou sucessos como Força estranha (Caetano Veloso, 1978) e Açaí (Djavan, 1981), caindo com leveza no suingue de Que pena (Ela já não gosta mais de mim) (Jorge Ben Jor, 1969). A única música inusitada do roteiro – já anunciada na imprensa – foi Creio (1987), boa balada de Lulu Santos esquecida em um dos álbuns mais controvertidos da discografia da cantora, Lua de mel como o diabo gosta (1987). A questão é que, do início ao fim, pareceu mesmo haver uma força estranha no ar. Gal chegou a perguntar duas vezes se estava ao vivo. E se surpreendeu com a resposta positiva! Contudo, a cantora foi valente até o fim, inclusive quando, solicitada a fazer bis, improvisou Festa no interior (Moraes Moreira e Abel Silva, 1981). Palmas para Gal Costa, pelos 75 anos de vida e pela voz-bússola que a guiou em mar de desorientação em que quase se afundou a primeira live da grande cantora. Gal Costa em cena na Casa de Francisca, na transmissão da live 'Gal 75' Reprodução / Vídeo ♪ Eis o roteiro seguido em 26 de setembro de 2020 por Gal Costa na live Gal 75, transmitida pelo canal TNT: 1. Eu vim da Bahia (Gilberto Gil, 1965) 2. Baby (Caetano Veloso, 1968) 3. Vapor barato (Jards Macalé e Waly Salomão, 1971) 4. Dom de iludir (Caetano Veloso, 1977) 5. Meu bem, meu mal (Caetano Veloso, 1981) 6. Modinha para Gabriela (Dorival Caymmi, 1975) 7. Tema de amor para Gabriela (Antonio Carlos Jobim, 1983) 8. Luz do sol (Gal Costa, 1982) 9. Força estranha (Caetano Veloso, 1978) 10. Creio (Lulu Santos, 1987) 11. Ela já não gosta mais de mim (Jorge Ben Jor, 1969) 12. Sua estupidez (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969) 13. Palavras no corpo (Silva e Omar Salomão, 2018) 14. Folhetim (Chico Buarque, 1978) 15. Volta (Lupicínio Rodrigues, 1957) 16. O que é que há (Fábio Jr. e Sérgio Sá, 1982) 17. Sorte (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, 1985) 18. Açaí (Djavan, 1981) 19. Você não entende nada (Caetano Veloso, 1970) Bis: 20. Festa do interior (Moraes Moreira e Abel Silva, 1981)
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Curta dirigido por jovem de Patrocínio ganha prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema de Caruaru
'Minha Querida Ansiedade' foi feito através de um financiamento coletivo como projeto final do curso técnico de cinema. Elenco principal de Minha Querida Ansiedade Paulo Ernesto/Arquivo pessoal “Minha Queria Ansiedade”, curta-metragem feito por um jovem de Patrocínio, ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema de Caruaru (PE). Como indicado pelo título, o filme trata do distúrbio de ansiedade por diferentes perspectivas. O filme foi escrito e dirigido por Paulo Ernesto, de 28 anos, que é natural de Patrocínio e mora atualmente em São Paulo (SP). O projeto começou a ser desenvolvido em março de 2018 como projeto final para o curso de cinema do diretor. Já formado, atualmente ele trabalha em uma produtora, que fundou junto com uma colega de curso. A ideia inicial do filme era falar sobre a ansiedade em jovens causada pressão do Enem e vestibulares. Ernesto contou que teve a ideia porque ele mesmo sofreu de ansiedade quando jovem. O primeiro passo para a realização do curta foi uma pesquisa com diversos jovens que estavam no Ensino Médio, assim como amigos e psicólogos. Ernesto então percebeu que a ansiedade era um distúrbio que “chegava cada vez mais cedo” e que as preocupações dos jovens eram, muitas vezes, diminuídas pelos adultos ao redor, que já passaram pela situação. Para ele, o objetivo do filme “não é resolver a ansiedade, mas descobrir formas de lidar com ela” e, com isso, que os adolescentes “pudessem se reconhecer”. Foi daí que surgiu a necessidade de personagens adultos no filme, para fazer um contraste com os pontos de vista da personagem principal, uma adolescente. A partir de então, o projeto foi se desenvolvendo através de crowdfunding (projeto de financiamento coletivo), com parte da equipe de produção trabalhando voluntariamente no filme. As filmagens foram feitas no final do mesmo ano e todo o processo foi finalizado em março de 2019. Ernesto contou que a distribuição de filmes ainda é um processo bastante difícil no Brasil e que pode durar até dois anos. Por isso, mesmo o filme tendo sido finalizado há mais de um ano, só agora ele está indo para premiações. Como requerimento para participar em alguns festivais, o filme ainda não foi disponibilizado para o público oficialmente. No entanto, alguns destes festivais, que ocorrem pela internet devido à pandemia de Covid-19, estão disponibilizando os filmes participantes online. Bem recebido pela crítica, o filme já participou de diversos festivais de cinema, inclusive em alguns internacionais. No Brasil, o filme foi para festivais como o de Jaraguá do Sul (SC), além ter sido exibido nos Estados Unidos, na Índia e na Argentina, todos países com forte cultura cinematográfica. Mesmo assim, o auge veio com o Festival de Cinema de Caruaru, que ocorreu entre o final de agosto e início de setembro. O filme concorreu na mostra Adolescine do festival e ganhou os prêmios de Melhor Filme do júri da crítica e do público. Segundo o júri da crítica, o filme trata sobre um “tema urgente de adolescência”. De acordo com Ernesto, com o bom recebimento pelo público e pela crítica e o final em aberto deixado pelo curta, existe a ideia para que uma sequência seja feita. Uma opção é um longa-metragem baseado no curta, ou até mesmo uma série, utilizando o curta como episódio piloto. No entanto, o diretor afirma que ainda não há nenhum plano e tudo está em aberto. Para ele, o próximo passo é disponibilizar o filme em alguma plataforma de streaming, como o YouTube e o Vimeo. Ele também está finalizando outro curta, este uma comédia-romântica sobre relacionamentos no século XXI. Natural de Patrocínio e também tendo morado em Uberlândia, ele conta que pretende gravar dois projetos na região do Triângulo Mineiro, para tratar sobre os estereótipos da região. Paulo Ernesto também deixou uma mensagem para os espectadores. Confira: Mensagem de Paulo Ernesto
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Luedji Luna anuncia o segundo álbum, ‘Bom mesmo é estar debaixo d’água’
♪ Luedji Luna anuncia o segundo álbum, três anos após ganhar projeção com a edição do primeiro álbum, Um corpo no mundo (2017), disco que pôs na pista a música Banho de folhas. Bom mesmo é estar debaixo d'água é o título desse álbum, programado para ser lançado em outubro por essa cantora e compositora baiana nascida em Salvador (BA) em maio de 1987 – com o nome de Luedji Gomes Santa Rita – e em cena desde 2011. Já em rotação desde sexta-feira, 25 de setembro, o primeiro single do álbum é a música-título Bom mesmo é estar debaixo d'água, composta por Luedji em parceria com François Muleka, cantor e compositor paulistano de ascendência congolesa. Capa do single 'Bom mesmo é estar debaixo d'água', de Luedji Luna Reprodução Residente em São Paulo (SP), Luedji Luna gravou parte do disco no Quênia, país da África, mas finalizou o álbum Bom mesmo é estar debaixo d'água no Brasil, onde deu à luz em julho o primeiro filho, Dayo. Na discografia da artista, o álbum Bom mesmo é estar debaixo d'água sucede o EP Mundo (2019), disco lançado no ano passado com remixes de faixas do primeiro álbum da artista.
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Vitão parte de canção de Lulu Santos para chegar na ‘Califórnia’
♪ Primeiro sucesso do cancioneiro autoral de Lulu Santos, De repente Califórnia – parceria do artista com Nelson Motta – veio ao mundo em 1981 em single com a gravação feita por Ricardo Graça Mello para a trilha sonora do filme Menino do Rio (1982). No ano seguinte, Lulu incluiu De repente Califórnia no repertório do primeiro álbum, Tempos modernos (1982). Foi a partir da canção de Lulu e Nelson Motta que Vitão teve a inspiração para compor Califórnia, música que lançou em single na sexta-feira, 25 de setembro. O verso inicial do sucesso de Lulu, “Garota, eu vou pra Califórnia”, se repete na abertura da letra da composição de Vitão antes a de música seguir a trilha do erotismo trivial no ritmo do pop da atualidade. Califórnia ganhou forma no estúdio com produção musical creditada a Doug Moda, a Nave e ao trio Los Brasileros (Dan Valbusa, Marcelinho Ferraz e Pedro Dash). Capa do single 'Califórnia', de Vitão Divulgação
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Músicas para descobrir em casa – ‘Perto do fim’ (Thiago Pethit, 2012) com Thiago Pethit e Mallu Magalhães
Capa de 'Estrela decadente', álbum em Thiago Pethit apresentou a música 'Perto do fim' Gianfranco Briceño ♪ MÚSICAS PARA DESCOBRIR EM CASA – Perto do fim (Thiago Pethit, 2012) com Thiago Pethit e Mallu Magalhães ♪ Ator que começou a se apresentar como cantor e compositor em 2008, ano em que lançou o EP Em outro lugar, o paulistano Thiago Pethit construiu obra autoral que se revelou especialmente relevante a partir do segundo álbum do artista, Estrela decadente. Álbum ambientado em clima de cabaré-rock, Estrela decadente promoveu a ascensão de Pethit ao posto de um dos artistas mais talentosos e mais originais do universo pop nos anos 2010. Entre as nove músicas desse disco embebido em dor, havia Perto do fim, balada melancólica que soou como mais uma escala da viagem do primeiro álbum do cantor, Berlim, Texas (2010), disco entranhado na trilha folk. Perto do fim é canção bilíngue que alterna versos em inglês e em português na gravação feita por Pethit com Mallu Magalhães. Produtor do álbum Estrela decadente, Alexandre Kassin entrou no clima underground da canção ao dar forma à gravação pontuada por guitarra, baixo, bateria e piano tocados pelo próprio Kassin. O percussionista Stéphane San Juan foi o único músico arregimentado por Kassin para a faixa. Perto do fim é música linda de doer! Uma canção sobre partir, sobre a finitude de amor pelo qual nada mais resta a fazer. Música de atmosfera indie, Perto do fim exala ar meio marginal que seria respirado por Pethit com maior intensidade no libidinoso álbum posterior do artista, Rock'n'roll sugar darling (2014), ao qual se seguiu em 2019 o majestoso e sinfônico Mal dos trópicos (Queda e ascensão de Orfeu da Consolação). ♪ Ficha técnica da Música para descobrir em casa 36 : Título: Perto do fim Compositor: Thiago Pethit Intérprete original: Thiago Pethit e Mallu Magalhães Álbum da gravação original: Estrela decadente Ano da gravação original: 2012 Regravações que merecem menções: a música Perto do fim nunca foi regravada. ♪ Eis a letra da música Perto do fim : “We've been in hotel rooms before. I know much more than you can think of We know that I'm no good for you, But as you said you ain't good too. Until you start your random talk I know by far that you should walk on Well you should fly away from me Just like planes do over the sea Se a vida parece esquecer, O que rimou 'eu com você' Não resta muito a fazer Ou insistir, sem ter por quê Antes de o dia terminar Eu sei que há tanta coisa pra contar Mas é melhor fugir de mim. Sem mais, sem dor, perto do fim I've been in hotel rooms before And all you can say, eu sei de cor Como num voo sobre o mar Sempre partir, nunca ficar Se o mundo parece esquecer, O que rimou 'eu com você' É bem melhor você sumir Just like planes do over the sea”
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Zé Renato expõe ‘Preconceito’ para anunciar álbum com músicas do repertório do cantor Orlando Silva
Artista lança disco ao vivo com a gravação de show captado em 2004 no Rio de Janeiro. ♪ Não chega a surpreender o fato de que Zé Renato lançará no fim deste ano de 2020 um álbum ao vivo com músicas do repertório do cantor carioca Orlando Silva (3 de outubro de 1915 – 7 de agosto de 1978). Em 1997, Zé fazia show com Elton Medeiros (1930 – 2019) e com Mariana de Moraes quando foi presenteado pela cantora com caixa de CDs com gravações de Orlando. Ao ouvir os discos, Zé Renato percebeu toda a magnitude do canto deste intérprete que influenciou ninguém menos do que João Gilberto (1931 – 2019) pelo moderno fraseado vocal, pelas divisões inusitadas e pelo entendimento sensível do repertório a que deu voz com emissão perfeita no período áureo que foi de 1935 a 1942. Retomar o contato com a obra do Cantor das multidões – ouvido por Zé Renato desde a infância pelo fato de Orlando Silva ter sido uma das referências musicais do pai do artista, o jornalista Simão Moschkovich (1932 – 2008) – acabou gerando, anos mais tarde, show apresentado por Zé Renato em 2004 na cidade do Rio de Janeiro (RJ) com músicas do repertório do intérprete original de composições emblemáticas como a valsa Lábios que beijei (J. Cascata e Leonel Azevedo, 1937). Orlando Silva (1915 – 1978), cantor que apresentou músicas como a valsa 'Lábios que beijei' Reprodução Com direção e textos de Flávio Marinho, além de cenário do caricaturista Lan, o show Orlando mavioso foi gravado em junho de 2004 – em apresentação no Centro Cultural Carioca, no Rio de Janeiro (RJ) – somente para o arquivo pessoal de Zé Renato. Ao se deparar em 2018 com o registro do show, Zé começou a vislumbrar a ideia de lançar álbum com a gravação, projeto concretizado neste ano de 2020 através do selo Discobertas. “Ouvindo o resultado das gravações, eu fiquei animado com o espírito das apresentações, a alegria e o prazer dos músicos com aquele repertório e com a sonoridade ótima do grupo”, relata Zé Renato, se referindo ao quinteto formado para o show com os músicos Beto Cazes (percussão), João Castilho (guitarra), Marcos Nimrichter (acordeom) e Romulo Gomes (contrabaixo), além do próprio Zé Renato no violão e no canto. Anunciando a edição do álbum Orlando mavioso no fim do ano, o single Preconceito chega ao mercado fonográfico em 3 de outubro com capa que expõe arte criada por Philippe Leon a partir de foto de Beatriz Giacomini. Capa do single 'Preconceito', de Zé Renato Beatriz Giacomini com arte de Philippe Leon Com letra que versa sobre romance inter-racial entre homem negro e mulher branca, Preconceito é samba de autoria do compositor Wilson Baptista (1913 – 1968) em parceria com Marino Pinto (1916 – 1965) lançado na voz de Orlando Silva em 1941 e gravado por João Gilberto em shows eternizados em discos ao vivo editados em 1986 e em 2004. Além de Preconceito e da já mencionada valsa Lábios que beijei, Zé Renato selecionou músicas como o choro-canção Carinhoso (Pixinguinha, 1917 / com letra de João de Barro, 1937) e a valsa Rosa (Pixinguinha, 1917 / com letra de Otávio de Souza, 1937). O álbum Orlando mavioso se juntará, na discografia de Zé Renato, a primorosos songbooks do cantor como Arranha-céu – Sobre as músicas e interpretações de Sylvio Caldas (1994), Natural do Rio de Janeiro – Sobre os sambas de Zé Kétti (1996) e O amor é um segredo – Zé Renato canta Paulinho da Viola (2019).
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