Bolsas da China fecham em alta com dados fortes da indústria
Atividade industrial expandiu no ritmo mais rápido em quase uma década em agosto, impulsionada pelo primeiro aumento nas novas encomendas de exportação este ano. Os índices acionários da China fecharam em alta nesta terça-feira (1), liderados por ações de mineração e relacionadas a veículos de novas energias, conforme dados fortes da indústria melhoraram o sentimento
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,54%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,44%.
O subíndice do setor financeiro do CSI300 ganhou 0,08%, o de consumo avançou 0,21%, o imobiliário caiu 0,25% e o de saúde perdeu 0,36%.
O índice de veículos de nova energia avançou 3,87%, enquanto o de setor de matérias-primas subiu 1,43%.
A atividade industrial da China expandiu no ritmo mais rápido em quase uma década em agosto, impulsionada pelo primeiro aumento nas novas encomendas de exportação este ano conforme a produção aumenta para atender à demanda, mostrou nesta terça-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit.
Veja como fecharam as principais bolsas da Ásia:
Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,01%, a 23.138 pontos.
Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,03%, a 25.184 pontos.
Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,44%, a 3.410 pontos.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,54%, a 4.842 pontos.
Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 1,01%, a 2.349 pontos.
Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,89%, a 12.703 pontos.
Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,24%, a 2.538 pontos.
Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 1,77%, a 5.953 pontos.
Primeiro epicentro do coronavírus, na China, autoriza a retomada das aulas
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Facebook ameaça impedir usuários australianos de compartilhar notícias
Medida seria efetivada caso um projeto de lei para forçar os gigantes digitais a pagarem pelo conteúdo fornecido pela imprensa seja adotado. Facebook pode impedir o compartilhamento de notícias na Austrália Dado Ruvic/Reuters O Facebook ameaçou, nesta terça-feira (1), impedir que usuários e mídia australianos compartilhem notícias, caso seja adotado um projeto de lei para forçar os gigantes digitais a pagarem pelo conteúdo fornecido pela imprensa. Os australianos não teriam mais o direito de compartilhar informações nacionais, ou internacionais, no Facebook, ou no Instagram, afirma a empresa norte-americana, dizendo que essa decisão é "a única forma de se proteger contra uma consequência que desafia a lógica". Em julho, Camberra revelou o rascunho de um "código de conduta vinculante", que forçaria gigantes da Internet, como Google e Facebook, a pagarem por seu conteúdo à mídia australiana, em dificuldades financeiras. O código também prevê a transparência dos algoritmos usados para elaborar a ordem de aparição dos conteúdos, assim como penalidades de milhões de dólares em caso de violação. Este projeto de lei "interpreta mal a dinâmica da Internet e causará danos aos órgãos de imprensa que o governo tenta proteger", disse o CEO do Facebook na região, Will Easton. "O mais desconcertante é que obrigaria o Facebook a pagar a grupos de imprensa pelo conteúdo que postam voluntariamente em nossas plataformas e a um preço que ignora o valor financeiro que trazemos para eles", lamenta em um comunicado. Acusou também a Polícia da Concorrência Australiana (ACCC), autora do código, de "ignorar fatos importantes" durante o processo de consulta que terminou na segunda-feira (31). "O ACCC parte do pressuposto de que o Facebook é o beneficiário máximo de seu relacionamento com os grupos de imprensa, quando na realidade é o contrário", estimou. "As informações constituem uma fração do que eles veem em seu 'feed' de notícias, e não é uma grande fonte de receita para nós", de acordo com Easton. Easton disse que o Facebook gerou 2,3 bilhões de cliques em sites australianos nos primeiros cinco meses de 2020, ou 200 milhões de dólares australianos (US$ 126,5 milhões). Disse ainda que a empresa se preparou para o lançamento na Austrália do "Facebook News", uma seção de notícias lançada nos Estados Unidos no ano passado. "Em vez disso, nos resta a opção de retirar totalmente as notícias, ou aceitar um sistema que permita que grupos de imprensa nos cobrem por quanto conteúdo quiserem a um preço sem limites precisos", acrescentou. Assista vídeos de TECNOLOGIA no G1
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PIB tem tombo recorde de 9,7% no 2º trimestre e Brasil entra de novo em recessão
IBGE revisou resultado do 1º trimestre para uma queda de 2,5%, ante leitura anterior de recuo de 1,5%. Com pandemia, economia brasileira regrediu ao patamar do final de 2009. Homem caminha em rua com lojas e barracas fechadas no Centro de São Paulo. Marcelo Brandt/G1 O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve um tombo histórico de 9,7% no 2º trimestre, na comparação com os 3 primeiros meses do ano, devido ao impacto da crise do coronavírus, segundo divulgou nesta terça-feira (1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, a economia brasileira entra oficialmente em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de encolhimento do nível de atividade. Trata-se da queda mais intensa desde que o IBGE iniciou os cálculos do PIB trimestral, em 1996. Até então, o maior tombo já registrado no país tinha ocorrido no 4º trimestre de 2008 (-3,9%). Em relação ao 2º trimestre de 2019, a queda foi ainda maior, de 11,4%. "Ambas as taxas foram as quedas mais intensas da série, iniciada em 1996. No acumulado dos quatro trimestres terminados em junho, houve queda de 2,2% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores", informou o IBGE no comunicado oficial. Variação trimestral do PIB desde 2015 Juliane Souza/G1 O IBGE também revisou o resultado do 1º trimestre para uma queda de 2,5%, ante leitura anterior de recuo de 1,5%. No acumulado no 1º semestre, o PIB caiu 5,9% em relação a igual período de 2019. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Em valores correntes, o PIB do segundo trimestre totalizou R$ 1,653 trilhão. O resultado do 2º trimestre veio dentro do esperado pelo mercado e pelo governo. Levantamento do G1 mostrou que, de 12 consultorias e instituições financeiras consultadas, 10 projetavam um tombo de entre 8% e 10%. Economia regride ao patamar de 2009 A nova recessão é diferente das anteriores não só pela intensidade como também por ter sido detonada por uma crise sanitária global, que exigiu medidas de isolamento social para a contenção da pandemia de Covid-19. Embora seja uma crise mundial, aqui ela chega com o agravante de ter afundado a economia antes mesmo do Brasil ter se recuperado das perdas da última recessão, de 2014-2016. De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de La Roque Palis, com esse resultado o PIB ficou no mesmo patamar do final de 2009, auge dos impactos da crise global provocada pela onda de quebras na economia americana. No 1º trimestre, a economia já tinha regredido ao patamar de 2012. Ou seja, em 3 meses, o PIB brasileiro andou 3 anos para trás. “Com esse resultado, a gente está 15,1% abaixo do pico, que foi no primeiro trimestre de 2014”, destacou. O caminho da recessão: como o Brasil chegou à queda histórica do PIB Principais destaques do PIB no 2º trimestre Agropecuária: 0,4% Indústria: -12,3% indústria extrativa: -1,1% indústria de transformação: -17,5% construção civil: -5,7 Serviços: -9,7% Comércio: -13% Consumo das famílias: -12,5% Consumo do governo: -8,8% Investimentos: -15,4% Exportação: 1,8% Importação: -13,2% Serviços e indústria tiveram queda recorde Entre os segmentos, a maior queda foi na indústria (-12,3%), seguida por serviços (-9,7%). A agropecuária teve alta de 0,4%. "Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional", destacou o IBGE. A retração dos serviços e da indústria foi a maior já registrada em toda a série histórica do PIB, iniciada em 1996. Nos serviços, que possui maior peso no PIB (da ordem de 75%), a maior queda foi em outras atividades de serviços (-19,8%), que engloba serviços prestados às famílias. Também houve queda expressiva em transporte, armazenagem e correio (-19,3%) e comércio (-13,0%), que estão relacionados à indústria de transformação. Os únicos resultados positivos no setor foram verificados em atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,8%) e as atividades imobiliárias (0,5%). Variação do PIB por setores Juliane Souza/G1 Consumo das famílias tomba 12,5% mesmo com auxílio emergencial O tombo de 12,5% no consumo das famílias – principal motor do PIB há anos – também foi recorde. Tombo recorde do PIB: veja setores mais e menos afetados na pandemia Auxílio Emergencial 'segurou' queda ainda maior do PIB no 2º trimestre “O consumo das famílias não caiu mais porque tivemos programas de apoio financeiro do governo. Isso injetou liquidez na economia. Também houve um crescimento do crédito voltado às pessoas físicas, que compensou um pouco os efeitos negativos”, destacou Rebeca Palis. Já o consumo do governo recuou 8,8% no segundo trimestre, muito por conta das quedas em saúde e educação públicas. Os investimentos desabaram 15,4% ante os 3 primeiros meses do ano. Com o resultado, a taxa de investimento em percentual do PIB encolheu para 15%, abaixo da observada no mesmo período de 2019 (15,3%). Em 2013, chegou a superar 21%. Em meio ao aumento do desemprego e incertezas sobre o futuro, a taxa de poupança, por sua vez, subiu para 15,5%, contra 13,7% no mesmo período de 2019. PIB sob a ótica da demana Juliane Souza/G1 Setor externo A balança de bens e serviços registrou uma alta de 1,8% nas exportações, enquanto as importações recuaram 13,2%. “Essa alta nas exportações tem muito a ver com as commodities, produtos alimentícios e petróleo. Já as importações caíram em vários setores, de veículos, toda a parte de serviço, viagens, já que tudo parou devido à pandemia”, destacou a pesquisadora. Desempenho do PIB do Brasil no 2º tri fica em 22º em ranking de países Governo diz que tombo do PIB brasileiro foi menor do que em outros países e pede reformas Variação do PIB dos países Juliane Souza/G1 Recessão recorde e perspectivas A queda recorde em apenas um trimestre supera a perda acumulada em qualquer uma das últimas 9 recessões que o Brasil passou nos últimos 40 anos. Na recente crise de 2014-2016, o tombo foi de 8% no acumulado em 11 trimestres, segundo o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), que considera que o Brasil entrou em recessão já no 1º trimestre. Já na recessão de 1981-1983, a perda foi de 8,5% em 9 trimestres. Segundo a economista Luana Miranda, do Ibre/FGV, a perda acumulada nos 2 primeiros trimestres de 2020 é de 11,9%, o que já faz desta a recessão mais profunda desde a década de 80. Últimas recessões do Brasil Arte G1 Após despencar 3,5% em 2015 e 3,3% em 2016, o PIB brasileiro registrou taxa de crescimento de 1,3% em 2017 e em 2018, desacelerando para um ritmo de 1,1% em 2019. Se no começo do ano, a economia já mostrava perda de fôlego, agora, com o choque provocado pela pandemia, a retomada deverá demorar ainda mais para ser alcançada. A avaliação dos economistas é que a economia brasileira só deverá recuperar o patamar pré-pandemia em 2022. Mesmo com a reação já observada em setores como comércio e indústria, ainda há muitas dúvidas sobre o comportamento da economia nesta reta final do ano em meio ao encerramento ou enxugamento de medidas de alívio dos reflexos da pandemia no país, desemprego em alta, preocupações sobre o rumo das contas públicas, além de incertezas sobre a evolução da pandemia. Bolsonaro diz que auxílio emergencial será de R$ 300 por mais 4 meses Resultado do PIB 'é um registro do passado', afirma Paulo Guedes De qualquer forma, a avaliação no momento é que o PIB deverá voltar para o azul no 3º trimestre, tirando assim o país da recessão técnica. A estimativa atual do mercado é de um tombo de 5,28% do PIB em 2020, segundo a pesquisa Focus do Banco Central. Mesmo com a melhora das previsões nas últimas semanas e redução do pessimismo, ainda deverá ser de longe o pior desempenho anual já registrado no país. Pela série histórica do IBGE, iniciada em 1948, as maiores quedas foram registradas nos anos de 1981 e 1990, quando houve um tombo de 4,3% no PIB anual. Brasil tem mais de 121 mil mortes e mais de 3,9 milhões de casos de Covid Metodologia da pesquisa O IBGE esclareceu que, por conta da pandemia, foi aplicado um tratamento especial aos dados relativos à administração pública e educação. Foi considerando que instituições públicas voltadas ao atendimento ao público, como parques e museus, não funcionaram, assim como não houve aulas, tanto na rede pública quanto privada, para os alunos da educação infantil. “A gente não mudou a metodologia. Foram tratamentos específicos para esse período de pandemia seguindo recomendações internacionais. Todas as atividades que só tiveram mudança do trabalho presencial para o remoto, não houve alteração”, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. Segundo ela, sem o tratamento especial, “teríamos uma queda menor da administração pública” – a educação pública entra na conta do consumo do governo, enquanto a privada entra no cálculo do consumo das famílias. Initial plugin text
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Dólar opera em queda em dia de divulgação de PIB
Na segunda-feira, moeda dos EUA fechou em alta de 1,27%, acumulando alta de 5,06% em agosto. Notas de dólar Reuters/Dado Ruvic O dólar opera em queda acentuada nesta terça-feira (1), com os investidores analisando os números oficiais do tombo da economia brasileira no 2º trimestre e de olho na agenda fiscal do Brasil em meio às discussões sobre o Orçamento 2021. Às 11h20, a moeda norte-americana caía 1,90%, cotada a R$ 5,3768. Veja mais cotações. Na véspera, o dólar fechou em alta de 1,27%, a R$ 5,4811, acumulando alta de 5,06% em agosto. No ano, a valorização é e de 36,69%. Proposta de orçamento para 2021 tem previsão de déficit de mais de R$ 230 bilhões Cenário Lá fora, os mercados tinham viés positivo após dados positivos sobre o setor manufatureiro da China e da Europa. Na agenda doméstica, o destaque do dia é a divulgação dos números oficiais do PIB (produto Interno Bruto) do 2º trimestre, que mostraram uma queda recorde de 9,7% em relação ao trimestre anterior. Na véspera, o mercado financeiro reduziu a estimativa média para o recuo Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020, revisando a estimativa de uma redução de 5,46% para 5,28%. Essa foi a nona semana seguida de melhora do indicador. Já a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2020 subiu de R$ 5,20 para R$ 5,25. As atenções seguem voltadas também para as discussões em torno do Orçamento de 2021 e as preocupações sobre a agenda fiscal do país. As contas do governo deverão apresentar um rombo de R$ 233,6 bilhões em 2021, mesmo com o mecanismo do teto de gastos – que impede o crescimento das despesas acima da inflação do ano anterior, diz a proposta encaminhada pelo governo ao Congresso nesta segunda-feira (31). O governo federal estima um retorno do crescimento econômico em 2021. A expectativa de alta de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) está na proposta de orçamento para o ano que vem. A proposta de orçamento também revela um aumento das restrições para as chamadas despesas "discricionárias", ou seja, que não são obrigatórias. Variação do dólar em 2020 G1 Variação do dólar em 2020 g1
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Auxílio Emergencial ‘segurou’ queda ainda maior do PIB no 2º trimestre
Economistas ouvidos pelo G1 afirmam que benefício recompôs a renda perdida durante a crise e incentivou o consumo. Com aumento do desemprego e queda de renda por conta da pandemia do novo coronavírus, o brasileiro foi obrigado a cortar gastos. A família de Hilderlania Alves, contudo, faz parte de um grupo que sentiu efeitos contrários: sua renda dobrou e permitiu a compra de roupas, calçados, produtos de limpeza e até adquirir pacote de dados de internet no celular. Hilderlania Alves e sua mãe, Luciana Nunes, já receberam quatro parcelas do Auxílio Arquivo pessoal O fenômeno tem nome e sobrenome: Auxílio Emergencial. Foi ele o principal responsável por recompor a renda perdida de 60 milhões de pequenos empresários, liberais e profissionais informais, e por dar gás para o consumo, principal motor da economia brasileira. Até agora, o programa tem aprovadas 5 parcelas de R$ 600 para cada beneficiário (mães chefes de família recebem parcelas de R$ 1,2 mil). Outras 4 parcelas de R$ 300 foram anunciadas nesta terça-feira (1º) pelo presidente Jair Bolsonaro, e devem ser oficializadas por Medida Provisória. Auxílios fizeram PIB do Brasil ter queda similar a de países desenvolvidos, dizem economistas PIB tem queda recorde de 9,7% no 2º trimestre e Brasil entra de novo em recessão Veja o calendário completo do Auxílio Emergencial SAIBA TUDO SOBRE O AUXÍLIO EMERGENCIAL Para economistas ouvidos pelo G1, ainda que o benefício não tenha sido suficiente para reverter a queda de 9,7% do PIB neste segundo trimestre de 2020, o tombo seria bem maior se não houvesse a transferência de renda. Cálculo feito pela MB Associados a pedido do G1 mostra que a queda do PIB neste trimestre sem o Auxílio Emergencial poderia chegar a 18,2%. Em suas previsões, a consultoria esperava uma queda de 11,7% no período – uma diferença, portanto, de 6,5 pontos percentuais. Segundo economistas, os auxílios do governo (que incluem também programas de estímulo como o Pronampe) fizeram o PIB brasileiro ter queda similar à de países desenvolvidos. "Os programas de auxílio de renda ajudaram a manter certo padrão de consumo, especialmente das classes mais baixas de renda", diz o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. "Se, em 2008, houve discussão sobre um uso mais agressivo de política monetária, dessa vez não havia alternativa a não ser o uso também agressivo da política fiscal", afirma. O caminho da recessão: como o Brasil chegou à queda histórica do PIB Ainda que tenha amortecido a queda, o auxílio teve ação limitada no período pelo fechamento da economia. Abril ficou marcado como mês mais difícil da crise não só pela redução de renda, mas pelo impedimento da produção pelas medidas de isolamento social para combater a disseminação da Covid-19. Mesmo em maio e junho, quando fábricas e lojas começaram uma lenta reabertura, os ganhos setoriais foram desbalanceados. Ganhos do varejo foram mais consistentes que indústria e serviços. Principalmente no primeiro mês, mas também nos demais, a renda extra foi encaminhada para bens essenciais, como alimentos e farmácias, e parte extrapolou para pequenos reparos da casa, em materiais de construção, e renovação do ambiente doméstico, como eletrônicos e eletrodomésticos. Sem uma ingerência maior do isolamento, a expectativa é de que os efeitos das injeções de recursos sobre o consumo fiquem mais claras no terceiro trimestre. Valco Cruz: 'Auxílio emergencial pode ser prorrogado até 2021" Ganho real Como mostrou reportagem do G1 em agosto, o auxílio aumentou a massa agregada de rendimentos do brasileiro em 2,1%, segundo cálculos da FGV, e evitou que mais de 30 milhões de pessoas caíssem para baixo da linha de pobreza e diminuiu índices de desigualdade. Na prática, os efeitos se mostram no exemplo de Hilderlania Alves: a estudante de 27 anos viu sua qualidade de vida melhorar desde abril, quando os rendimentos da casa subiram de R$ 1,3 mil para R$ 2,5 mil por mês. Bolsista de um curso pré-vestibular, Hilderlania mora com a mãe, Luciana, e o pai, Arcádio, em Iguatu, interior do Ceará. Luciana Nunes tem 50 anos, é dona de casa e agricultora. A família deixou de receber o Bolsa Família quando tiveram acesso à aposentadoria por invalidez do pai, Arcádio Bezerra, de 55 anos, há mais de quatro anos. Auxílio emergencial pode ser prorrogado até o início de 2021 se Renda Brasil não for aprovado antes Cada uma recebe R$ 600 do auxílio e já tiveram depositadas quatro parcelas do benefício. “Melhorou bastante a nossa vida em vários aspectos. Estamos pagando as contas em dia, como luz e gás, que antes era bem difícil de conseguir. E estamos conseguindo comprar produtos que antes seriam inviáveis, além de melhorar a variedade de alimentos”, diz Hilderlania. A estudante conta que sua família deixou de depender da disponibilidade dos medicamentos em postos de saúde e colocou na cesta de compras produtos de beleza, como cremes e maquiagens. O dinheiro também foi usado para manter os estudos, com novos materiais escolares e o novo plano de internet móvel no celular. “Nossa alimentação tinha basicamente carboidratos e proteínas de valor mais acessível como frango, ovos e carne moída. Agora, temos uma alimentação mais saudável, com carne de primeira, fígado, queijo, costela bovina, linguiças, peixes e vegetais”, afirma. Ainda que o futuro do programa esteja incerto, a família de Hilderlania tem consciência de que o auxílio, no modelo atual, vai acabar. Em um esforço extra, fazem o possível para guardar ao menos 10% da renda repassada pelo governo. “Sabíamos que não seria por muito tempo. Pode ser que a vida fique pior, por conta das fragilidades econômicas geradas pela pandemia. Mas minha mãe está esperando que um novo programa social de renda seja implantado”, diz. Ana Flor: veto de Bolsonaro ao Renda Brasil gera dúvida sobe compromisso com ajuste fiscal Futuro complicado Mesmo com renda mais alta, sobra de dinheiro é privilégio. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) mostra que o Auxílio Emergencial chega a representar 97% da renda de camadas mais pobres da população. "Mesmo assumindo um relevante aumento do orçamento do Bolsa Família, o fim do auxílio gerará grandes perdas para as camadas mais vulneráveis da população, que dependerá mais da recuperação do mercado de trabalho", afirma o economista Daniel Duque, pesquisador responsável pelo levantamento. Os agricultores Antonia Raimunda Vieira de Paula e Antonio Vieira de Paula, ambos de 50 anos, estão neste grupo. Antonia Raimunda Vieira de Paula e Antonio Vieira de Paula viram a renda dobrar com o pagamento do Auxílio Arquivo pessoal Antonia é beneficiária do Bolsa Família e recebia R$ 247 antes da pandemia. Antonio tirava, em média, R$ 400 por mês com a venda de polpas de frutas também em Iguatu, interior do Ceará. Com a pandemia, as vendas ficaram inviáveis, mas, desde abril, a renda subiu para R$ 1,2 mil. Com os ganhos em dobro, o casal deixou os crediários e partiu para pagamentos à vista. Conseguiram também quitar dívidas antigas. “Era impossível fazer uma compra grande que desse para o mês. Agora, dá”, diz Antonio. O agricultor conta que não passa mais aperto para pagar as contas de água, luz e gás, mas confessa que tem medo de o auxílio acabar. Além de um mercado de trabalho que não voltou a funcionar, teme que ele, a mulher e a filha de 21 anos, que têm doenças crônicas, sejam obrigadas a se arriscar em meio à pandemia. “O jeito vai ser se virar, voltar a comprar menos. Seria ótimo que o auxílio fosse prorrogado por mais tempo”, afirma. Agenda fiscal Para o economista Paulo Feldmann, professor da FEA USP, casos como o de Antonio e Antonia são justificativa suficiente para que o Auxílio Emergencial se prolongasse até o fim da crise. O alto custo fiscal do programa, diz ele, é reflexo de um erro de focalização, em que beneficiários que não estão no grupo mais essencial de assistência tiveram acesso aos repasses. "É um erro grave 'achar' 20 milhões de invisíveis. Isso provocou um rombo fiscal que não deveria existir. O governo precisaria consertar isso logo e o auxílio deveria ser direcionado para quem realmente necessita", afirma o economista. Presidente pede a Paulo Guedes novos cálculos para o Renda Brasil até sexta (28) O futuro do programa e a dificuldade de manter programas de incentivo são motivos de um braço de ferro entre Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente, que experimentou um aumento de popularidade ao resgatar os rendimentos dos mais vulneráveis, pressiona para que o novo Renda Brasil, programa que substitui o Bolsa Família, tenha valor de parcelas mais alto que o proposto pela equipe econômica. Enquanto as discussões não terminam, o Auxílio Emergencial vai sendo empurrado até o fim de 2020, gerando mais impacto no déficit primário. O programa tem custo de R$ 50 bilhões por mês. "O auxílio atendeu a sua finalidade principal, mas talvez fosse interessante ter um mecanismo de saída gradual mais desenhado. O ideal seria já ter começado para que pudesse ser feito sem um custo fiscal maior", diz Thais Zara, economista-sênior da LCA Consultores. Bolsonaro pressiona por mais gastos pois conquistou potenciais eleitores de regiões em que tinha poucos simpatizantes. Um estudo recente, desenvolvido pelos economistas Ecio Costa e Marcelo Freire, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mostra que o impacto econômico do Auxílio Emergencial beneficiou especialmente estados do Norte e Nordeste. No Nordeste, onde Bolsonaro teve os menores índices de votação em 2018, o impacto é, em média, de 6,5% do PIB de 2019, mais que o dobro do peso nacional, de 2,5%. O estado mais beneficiado é o Maranhão, com 8,6%. No ranking do impacto por estados, os seis primeiros colocados são do Nordeste. Por outro lado, apesar de o estado de São Paulo ser o maior recebedor, em termos nominais, quando comparado com o tamanho da sua economia, ele fica em 25º lugar. “Em alguns municípios das regiões menos desenvolvidas, o Auxílio Emergencial trouxe a sensação de que a crise econômica da Covid-19 não impôs consequências negativas. As injeções de recursos livres na economia fazem com que o consumo aconteça, o comércio não demita, a indústria continue produzindo e serviços sejam demandados”, explica Costa. Dos 60 milhões de beneficiários, contudo, o novo Renda Brasil deve atender apenas 20 milhões. E o valor deve ficar abaixo dos R$ 600. Sobram 40 milhões de pessoas em uma economia que ainda patina. Initial plugin text
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Tombo recorde do PIB: veja setores mais e menos afetados na pandemia
Setor de serviços, sobretudo os prestados às famílias, foi um dos mais abalados e continua com demanda limitada por restrições sanitárias ou medo de contágio do coronavírus. Mesas interditadas para manter distanciamento em lanchonete na cidade de São Paulo; setor de serviços foi um dos mais afetados pela pandemia. Marcelo Brandt/G1 A pandemia de coronavírus provocou um tombo recorde da economia no 2º trimestre e colocou o Brasil de novo em recessão – segundo dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (1º), a queda foi de 9,7% frente aos três meses anteriores. Algumas atividades, no entanto, foram mais abaladas do que outras e tendem a ter uma recuperação mais lenta. PIB tem queda recorde de 9,7% no 2º trimestre e Brasil entra de novo em recessão As quedas mais acentuadas e com maior impacto no resultado do PIB (Produto Interno Bruto) foram observadas no setor de serviços e na indústria. Já pelo lado da demanda, houve retração drástica no consumo das famílias e nos investimentos. Mesmo que diversos segmentos já mostrem uma reação, analistas ouvidos pelo G1 alertam para o risco de perda da atividade econômica na reta final do ano, em meio ao encerramento ou enxugamento de medidas de alívio dos reflexos da pandemia e desemprego em alta, e avaliam que o PIB (Produto Interno Bruto) só deverá recuperar o patamar pré-pandemia em 2022. Os principais destaques do resultado do PIB no 2º trimestre foram: Serviços: -9,7% (queda recorde) Indústria: -12,3% (queda recorde) Agropecuária: +0,4% Indústria da transformação: -17,5% Indústria extrativa: -1,1% Construção civil: -5,7% Consumo das famílias: -12,5% (queda recorde) Consumo do governo: -8,8% Investimentos: -15,4% Exportação: +1,8% Importação: -13,2% O caminho da recessão: como o Brasil chegou à queda histórica do PIB Confira a seguir os segmentos mais e menos impactados pela pandemia dentro de cada um dos principais componentes do PIB: Setor de serviços sofre mais com restrições O setor de serviços, que possui representa cerca de 75% no PIB, segue como o mais afetados pela pandemia, uma vez que diversas atividades permanecem com restrições ou até mesmo proibidas de reabrir por precauções sanitárias para evitar o contágio do coronavírus. O tombo de 9,7% no 2º trimestre foi recorde. Segundo a série mensal do IBGE, o setor voltou a crescer em junho, após 4 quedas seguidas, mas terminou o 2º trimestre com um tombo recorde, com um volume ainda 14,5% abaixo do patamar pré-pandemia. Entre as atividades mais prejudicadas estão as direcionadas às famílias ou relacionadas a lazer e turismo, que demandam atendimento presencial ou maior mobilidade, como escolas, hotéis, transporte aéreo, bares e restaurantes, cinemas, salões de beleza, serviços domésticos, atividades artísticas, etc. "O segmento de serviços deve ter recuperação mais lenta em relação a outros setores, em especialmente em categorias como serviços a famílias, que incluem, por exemplo, alojamento e alimentação fora do domicílio. Esse segmento além de ter sido fortemente afetado pelas necessárias medidas de isolamento e fechamento de atividades, ainda sofre com a pandemia, pela demanda mais restrita e pelo fechamento definitivo dos negócios", afirma a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências. Entre as poucas exceções, os serviços de tecnologia da informação e os de armazenagem e correios conseguiram registrar uma leve alta no 1º semestre, em meio a maior demanda por serviços pela internet e por entregas. Variação trimestral do PIB desde 2015 Juliane Souza/G1 Supermercados sustentam varejo O comércio varejista, que também integra o setor de serviços, tem mostrado uma recuperação mais rápida. Mesmo assim, também sofreu um tombo recorde no 2º trimestre. A recuperação tem sido sustentada basicamente pelas vendas de supermercados, que avançaram 5,4% no acumulado no ano até junho. O segmento representa mais da metade (50,8%) de todo o volume de vendas do varejo brasileiro e, por ser considerado um serviço essencial, tem funcionado praticamente sem restrições, absorvendo inclusive parte do consumo que antes era direcionado para bares e restaurantes. Além dos supermercados, os segmentos de artigos farmacêuticos, móveis e eletrodomésticos também já recuperaram o nível pré-coronavírus, com os lojistas conseguindo adaptar seus negócios para a venda online. Já os maiores tombos no acumulado no ano até junho, segundo o IBGE, foram observado nas vendas de vestuário e calçados (-38,9%), livros, jornais, revistas e papelaria (-28,7%) e em veículos, motos, partes e peças (-21,8%). Segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mais de 135 mil lojas, ou cerca de 10% do total do país, foram fechadas e 500 mil empregos perdidos no Brasil entre abril e junho. Vendas do varejo recuam 8,8% na semana do Dia dos Pais, mas resultado foi visto como recuperação Na indústria, tombo foi maior entre bens duráveis A produção industrial registrou tombo recorde no 2º trimestre, refletindo os intensos efeitos da pandemia e o fechamento de diversas fábricas. No acumulado no 1º semestre, as maiores quedas foram registradas na produção de bens de consumo duráveis (-36,8%) e bens de capital (-21,2%), pressionadas principalmente pela redução na fabricação de automóveis (-51,4%) e eletrodomésticos (-13,5%). Também houve recuo acentuado em artigos de vestuário e acessórios (-36,6%) e em couro, artigos de viagem e calçados (-33,7%). Já a indústria extrativa e a construção civil tiveram quedas mais suaves. Mesmo assim, as vendas de novos imóveis caíram 16,6% frente ao primeiro trimestre. A surpresa positiva veio do crédito imobiliário, que registrou uma alta de 29% nos financiamentos com recursos da poupança, impulsionado pelos cortes na taxa básica de juros, atualmente em 2% ao ano – mínima histórica. Apesar da ociosidade elevada e confiança ainda baixa dos empresários, o setor industrial foi o setor que mais criou vagas com carteira assinada no país em julho, após 4 meses de demissões em alta no país, enquanto o setor de serviços continuou perdendo postos de trabalho. Juros baixos estimulam brasileiros a procurar crédito imobiliário Agronegócio passa incólume à pandemia O agronegócio foi a exceção de desempenho positivo no 2º trimestre entre os grandes setores da economia, contribuindo para amenizar a intensidade de tombo da economia entre os meses de abril e junho. O crescimento foi sustentado tanto pela perspectiva de safra recorde, como também pelo maior interesse chinês pela soja brasileira e pelo câmbio favorável para os exportadores. Por que produtores já estão vendendo a soja que só vai ser colhida em 2022 "O agronegócio passou realmente incólume. A pandemia não atrapalhou nem a colheita nem o transporte de carga. E mesmo o setor agroindustrial, sobretudo o relacionados a alimentos, sofreu muito pouco, tanto porque a exportação continua firme e forte como porque a demanda interna para produtos essenciais segue sem queda", afirma Silvia Matos, economista do Ibre/FGV. Mesmo com pouco peso no cálculo do PIB, com participação da ordem de 5%, os analistas destacam que o agronegócio representa um segmento com grande protagonismo na economia brasileira, principalmente quando se leva em conta também a participação das agroindústrias (como frigoríficos) e o setor de serviços da atividade (como transporte de cargas). O economista Sergio Vale, da MB Associados, explica que o agronegócio está passando por um "momento recorde de produção e renda", que tem ajudado a dinamizar a economia das regiões com forte presença desse setor como o Centro-Oeste. Agronegócio representou mais da metade das exportações brasileiras em julho Consumo tem forte retração mesmo com auxílio emergencial Do lado da demanda, o consumo das famílias – principal motor do PIB brasileiro há anos –teve retração recorde de 12,5% no 2º trimestre. E a queda só não foi ainda maior porque as medidas de ajuda governamental, sobretudo o Auxílio Emergencial, ajudaram a amenizar os impactos da pandemia. Com futuro ainda incerto, o Auxílio Emergencial evitou que mais de 30 milhões de pessoas caíssem para baixo da linha de pobreza, e garantiu até mesmo um aumento real da massa de rendimentos do brasileiro, permitindo alguma continuidade do consumo, em especial de bens não-duráveis, como alimentos. Por outro lado, pesquisa Datafolha mostrou que 46% dos brasileiros constataram uma redução na renda familiar provocada pela pandemia do coronavírus. E mesmo a população de maior poder aquisitivo tem preferido poupar a consumir, segundo levantamento da FGV. A avaliação dos analistas é que a renovação do auxílio governamental para a população mais pobre, ainda que em valor menor, será essencial para evitar uma contração abrupta da renda na reta final do ano e até mesmo o risco de uma nova queda do PIB no 4º trimestre. "O desafio nos próximos meses, portanto, é garantir a renovação dos estímulos em volume suficiente para evitar uma recaída recessiva sem sinalizar um esvaziamento das regras fiscais vigentes – o que poderia provocar um desgaste significativo e duradouro das perspectivas fiscais do país e da credibilidade da dívida pública", avaliou em relatório a LCA Consultores. Agências da Caixa registraram filas em todo o país para saque do auxílio emergencial. Bruno Veiga Arquivo Pessoal Investimentos desabam As preocupações sobre a dinâmica e duração da pandemia e o baque no caixa das companhias provocado pela crise sanitária fizeram desabar o ímpeto por investimentos no país, que caíram impressionantes 15,4% no 2º trimestre. Segundo o Ibre/FGV o tombo no 2º trimestre é o pior desempenho em pelo menos 25 anos da chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), taxa que apura tudo o que se investe em máquinas, bens duráveis e construção civil. A perspectiva é que a recuperação dos investimentos será mais lenta do que a de outros componentes do PIB, em razão da ociosidade ainda maior nas fábricas e do atraso, restrições orçamentárias para as despesas públicas e atrasos no cronograma de concessões de projetos de infraestrutura e de privatização. Com tantas incertezas e dúvidas sobre o ritmo de recuperação da economia brasileira e mundial, ficou mais difícil para companhias e empresários se sentirem confiantes sobre a viabilidade de novos investimentos. "A volta do investimento é a grande chave para uma sustentabilidade da retomada. A pergunta que fica é: se antes da pandemia a economia já estava com queda da produtividade, investimento lento e muita informalidade, por que agora vai ser diferente? Por isso que que a discussão sobre os nossos problemas estruturais continua sendo premente", afirma Matos. Governo vai remanejar recursos para fazer investimentos sem 'furar' teto, diz Guedes Initial plugin text
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Falta de controle do coronavírus e incerteza com as contas públicas podem limitar retomada
Quadro mais controlado da pandemia e uma clareza sobre o rumo das finanças do governo poderiam resultar numa expansão da atividade mais acelerada. A falta de controle do coronavírus e o rumo das contas públicas no Brasil podem se tornar um risco e limitar uma retomada mais consistente da atividade econômica do país – muito necessária depois que o PIB do país registrou um tombo recorde de 9,7% no segundo trimestre, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira (1º) pelo IBGE. PIB tem tombo recorde de 9,7% no 2º trimestre e Brasil entra de novo em recessão O caminho da recessão: como o Brasil chegou à queda histórica do PIB A expectativa é que o país tenha retomado o crescimento neste terceiro trimestre. Mas o que os analistas dizem é que um quadro mais controlado da pandemia e uma clareza sobre o rumo das contas públicas poderiam resultar numa expansão da atividade mais acelerada. Na prática, a combinação de crise sanitária com uma eventual piora permanente da parte fiscal trazem uma grande incerteza para a economia brasileira, o que faz com que com os que consumidores gastem menos e as empresas segurem os investimentos. Em agosto, a medição mensal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) mostrou um nível de incerteza bastante elevado no Brasil. O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) marcou 160,3 pontos. Embora tenha recuado nas quatro últimas medições, ele segue em um patamar elevado. Em setembro de 2015, quando a economia brasileira perdeu o grau de investimento, o indicador marcou 136,8 pontos. Incerteza segue elevada no Brasil Economia G1 "O nível de incerteza chegou a bater em 200 pontos, agora está baixando, mas segue muito alto. A gente trabalha com uma queda bem gradual dessa incerteza e ela entra como um limitador (para o crescimento)", diz economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro. Neste ano, ela avalia que toda essa incerteza vai colaborar para o Produto Interno Bruto (PIB) recuar cerca de 6%. O Brasil tem enfrentado uma dificuldade para conseguir superar a fase mais dura da pandemia de coronavírus. A média móvel de óbitos chegou a recuar nas últimas semanas, mas ainda está próxima de 1 mil casos por dia. Mesmo com números ainda tão elevados, estados e municípios têm avançado na retomada das atividades. Mas a flexibilização ainda não é ampla e muitos serviços seguem afetados. "Embora a gente tenha saído do olho do furacão, ainda existem algumas limitações. O comércio não abre o tempo todo, as áreas de entretenimento estão fechadas", diz o sócio e economista da Kairós Capital, André Loes. "Muitas atividades ainda estão sofrendo de forma parcial ou totalmente." Há também uma postura mais conservadoras das famílias nesse momento de incerteza, com o aumento da chamada poupança precaucional, sem saber se a economia sofrerá um novo baque por causa da doença. "Todo mundo trabalha no conservadorismo, dado o nível de incerteza alto. E o nível de incerteza está ligado a quando a gente vai voltar para a verdadeira normalidade e quanto tempo o governo vai ser capaz de suportar todos os estímulos", diz André. A preocupação com a doença não é apenas local. Na Europa, por exemplo, alguns países voltaram a apresentar um crescimento na quantidade de casos de coronavírus e estudam casos de reinfecção por coronavírus. Casos de Covid-19 avançam na Europa Preocupação fiscal As medidas adotadas pelo governo para mitigar os impactos da pandemia de coronavírus levaram a outro tipo de preocupação: com o futuro das contas públicas do Brasil. O Brasil já entrou na crise sanitária com um endividamento bastante elevado para uma economia de porte emergente. Uma eventual piora fiscal que se arraste para o próximo ano pode levar a um aumento da percepção de risco dos investidores sobre o país. Se esse cenário se materializar, há o risco de uma fuga de capitais com desdobramentos no aumento da inflação e juros, inviabilizando uma melhora da atividade. O Auxílio Emergencial de R$ 600, por exemplo, ajudou a mitigar o impacto da crise econômica provocada pela pandemia no orçamento das famílias, mas é um programa que custa caro. O governo já indicou que deve manter o pagamento do auxílio até o fim do ano, mas por um valor menor. "A gente colocou na economia um volume muito grande de recursos. O custo do Auxílio Emergencial é quase de 1% do PIB por mês. É muito dinheiro”, afirma o economista-chefe BNP Paribas no Brasil, Gustavo Arruda. “Foi necessário por um tempo, mas é impossível mantê-lo porque é muito caro.” Em 2020, de acordo com dados do banco BNP Paribas, a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) deve superar o patamar de 95% neste ano. Em 2019, o endividamento do Brasil foi de 75,8%. Um dos pontos mais observados pelos investidores é se o governo vai conseguir cumprir o teto de gastos – que determina que os gastos públicos só podem aumentar de acordo com a inflação do ano anterior. Segundo os analistas, o teto tem funcionado como um âncora fiscal para o país, o que ajuda a trazer uma previsibilidade para as constas públicas “Pode parecer que não é lógico, mas a recuperação mais forte virá de um cenário em que gasto fiscal fique concentrado neste ano”, diz Arruda. "Se houver uma dúvida se o governo vai ter capacidade de estabilizar a dívida no ano que vem, a pergunta seguinte é quem vai pagar essa conta: vai ser aumento de imposto ou deixar a inflação subir para pagar esta dívida." Na leitura do mercado, o governo tem dado sinais dúbios sobre a questão fiscal. O presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que havia uma discussão para furar o teto de gastos. Bolsonaro: ‘Debate sobre furar o teto de gastos existe no governo, qual o problema?’ Bolsonaro também rejeitou a proposta da equipe econômica para a criação do programa Renda Brasil, que deve substituir o Bolsa Família. O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendia um benefício de R$ 250, mas Bolsonaro indicou que quer um valor maior. A sinalização provocou turbulência no mercado financeiro. Na quarta-feira (26), o dólar subiu 1,62%, a R$ 5,6164. Foi o maior patamar de fechamento desde 20 de maio (R$ 5,6875). "O Renda Brasil veio para ficar, mas a questão é que o coberto é muito curto", diz Alessandra. "Se o governo afrouxar o fiscal, o cenário fica muito adverso." Bolsonaro diz que a proposta atual do Renda Brasil está suspensa Initial plugin text
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Projeções para PIB do 3º trimestre são positivas, mas crise está longe de acabar
De acordo com economistas ouvidos pelo G1, números da próxima divulgação escondem efeitos estruturais na economia que devem se prolongar por bastante tempo. Funcionário de restaurante na Zona Sul, em São Paulo, usa máscara e protetor facial na reabertura para o público Marcelo Brandt/G1 Depois de um tombo histórico de 9,7% no segundo trimestre de 2020, o repique positivo previsto para a economia no terceiro trimestre não é motivo para comemoração, dizem economistas consultados pelo G1. O alento é que dados de atividade divulgados nesta terça-feira (1º) dão direções mais certeiras para entender e encaminhar a recuperação da economia à frente. PIB tem tombo recorde de 9,7% no 2º trimestre e Brasil entra de novo em recessão As pesquisas mensais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) davam conta de um curso de recuperação acentuada entre abril e junho, trazendo para mais perto dos patamares pré-pandemia do novo coronavírus. E parte do problema é esse: o Brasil continuará 'abaixo' de uma economia que já não vinha em momento de crescimento expressivo. De acordo com cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o PIB do terceiro trimestre deve avançar 5,8% em relação ao anterior, mas vir 5,5% abaixo do mesmo período de 2019. "A notícia boa é que a situação não deve piorar mais. Vínhamos revisando as projeções sempre para baixo e as surpresas foram positivas. Tiramos do horizonte cenários muito ruins", diz Luana Miranda, economista do Ibre/FGV. Três fatores estão no radar dos economistas para o trimestre que se fecha em setembro: a manutenção da economia em funcionamento – sem novos chacoalhões causados pela pandemia –, os efeitos das transferências de renda no consumo e a sustentabilidade de um ambiente econômico favorável, com juros baixos e gastos responsáveis. O caminho da recessão: como o Brasil chegou à queda histórica do PIB Avanço da reabertura Como mostra reportagem do G1, os programas de composição de renda e manutenção de emprego foram fundamentais para amortecer a queda no segundo trimestre, em especial o Auxílio Emergencial. A dúvida agora é o potencial que os auxílios terão para incentivar a economia que vem reabrindo lentamente. Com bares, restaurantes e comércio totalmente fechados em abril, não havia para onde o consumo extrapolar além do básico, como supermercados e farmácias. Nos meses de maio e junho, começou a se desenhar um avanço, ainda que longe da mesma força do pré-crise. No terceiro trimestre, além do reforço de renda dos auxílios para quem tem renda mais baixa, os economistas apostam que o aumento de poupança em classes mais altas pode compensar o consumo represado no trimestre anterior. Segundo estimativa do Itaú Unibanco, a renda guardada pelo brasileiro oscilava em um patamar de 10% da renda antes da crise. Os economistas do banco observaram um salto para 18% durante a pandemia. Com dinheiro na mão, os indicadores de acompanhamento diário de atividade do banco passaram a mostrar que o setor de serviços prestados às famílias – justamente os bares, restaurantes, viagens, entre outros – teve em agosto seu primeiro momento de melhora. De abril a julho, o segmento amargou uma queda à metade do que se consumia antes do início da crise. "O agronegócio nem sofreu com a crise; a indústria caiu forte em abril, mas está se recuperando rápido; e os demais serviços, como transportes e comércio, estão em melhor momento. Essa evolução já traz um carrego positivo para o terceiro trimestre", diz Luka Barbosa, economista-sênior do Itaú Unibanco. Para que esse cenário se mantenha e haja uma retomada vigorosa, o país depende de um controle pleno do coronavírus. No meio do terceiro trimestre, que termina neste mês de setembro, o Brasil ainda enfrenta média móvel de cerca de 900 mortes por dia pela Covid-19. A esperança dos economistas é de que não se dê passos para trás causados por novas ondas de contágio e medidas de isolamento. "O mercado, como um todo, espera que a economia vai estar mais aberta amanhã do que hoje. E mais aberta no mês que vem do que neste", afirma Barbosa. Indústria tomba quase 20% no segundo trimestre em relação ao mesmo período em 2019 Contas públicas Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, o momento de calmaria, em que o brasileiro tem acesso à renda, poderia ser usado para discutir mudanças estruturais para a entrada de 2021. O economista acredita que os riscos às contas públicas não estão tendo a devida atenção. É um momento em que a relação dívida/PIB do país se aproxima de 100% e o economista lembra que o governo envia sinais trocados sobre seu compromisso com a responsabilidade fiscal. "Se essa agenda fiscal for comprometida, seja pelo próprio governo, seja com apoio do Congresso, o mercado fica mais nervoso e atrasa uma evolução do quadro", afirma Ramos. Rombo nas contas do governo supera a marca dos R$ 500 bi até julho, pior resultado da história Com déficit de R$ 800 bilhões previstos para o ano, Ramos destaca que o investimento fiscal "extraordinariamente elevado" foi necessário. Mas, depois de um longo período de fragilidade nas contas públicas, só com boas garantias de previsibilidade de gastos seria possível manter o interesse do investidor no país, que proporcionaria retomada do investimento e emprego. "Brasil continua sendo uma economia com produtividade baixa, crescimento baixo. Você não melhorou nesse sentido, e sabemos que eventualmente até piorou em potencial quando as coisas se normalizarem", diz. Uma mudança de direção, diz, seria grave o suficiente para que os economistas voltassem a fazer contas. Initial plugin text
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Veja como conquistar novos clientes e fechar mais negócios com o Cadastro Positivo
Com ele, pequenas e médias empresas ganham mais informações para ajudar na decisão sobre uma negociação, o que significa mais vendas com menos risco de inadimplência. O momento econômico atual levou as empresas a buscarem a resposta a uma pergunta com ainda mais insistência: como garantir uma rentabilidade maior e com mais segurança? A novidade é que elas têm um valioso aliado: o Cadastro Positivo, que reúne o histórico de pagamentos de milhões de consumidores e empresas. Com ele, qualquer empresa – desde o supermercado recém-aberto até a multinacional gigante – pode ter acesso a serviços que consideram mais informações para ajudar na decisão de uma negociação, aumentando a chance de oferecer linhas de crédito mais adequadas ao perfil de cada cliente ou de fechar negócios com pessoas e empreendimentos que antes tinham dificuldade em comprovar renda, por exemplo. Isso significa mais vendas com menos risco de inadimplência. Veja, a seguir, as 3 novas oportunidades que o Cadastro Positivo trouxe para o mercado: 1. Mais negócios com a mesma carteira À primeira vista, pode parecer estranho: como um empresário pode gerar novos negócios com os mesmos clientes? A resposta começa a se tornar evidente quando ele se dá conta do principal ganho com o Cadastro Positivo: o acesso a serviços com uma infinidade de novas informações. Com esses serviços na mão, a empresa poderá revisar suas políticas de crédito a partir de uma nova perspectiva. As informações extras que são consideradas nesses serviços dão a possibilidade de criar novas ofertas de crédito, com condições customizadas e vantajosas para cada novo perfil de risco. Isso porque o perfil de cada cliente pode mudar, uma vez que o empresário passa a ter mais informações do cliente e tem condições de tomar decisões de crédito com mais segurança. E como abrir espaço para um relacionamento de crédito mais inteligente, estratégico e vantajoso? A Serasa Experian ajuda nessa resposta ao oferecer uma série de serviços complementares desenvolvidas com base nos dados do Cadastro Positivo. Um deles é o novo Serasa Score. A partir de informações do histórico de pagamentos do cliente, seja ele um consumidor ou uma empresa, apresentados pelo Cadastro Positivo, e dos dados de inadimplência, cadastrais e comportamentais, captados pela própria Serasa Experian, é calculada uma nota que vai de 0 a 1.000. Quanto mais alto o score, menor a probabilidade de inadimplência num horizonte de seis meses a 12 meses. O Serasa Score ainda classifica o risco em cinco faixas (que vão de altíssimo até baixíssimo risco) e apresenta indicações das práticas de mercado para facilitar o uso da ferramenta. Se essa pontuação já traz uma importante contribuição na tomada de uma decisão de crédito, imagine contar com outras informações? A análise com certeza ganhará ainda mais acurácia. Por isso, a Serasa Experian oferece um conjunto de soluções inovadoras chamado de Serasa Atributos, que nada mais é do que uma série de informações complementares que ampliam o conhecimento sobre o cliente. Combinados à pontuação do Score eles ajudam a aprimorar a avaliação inicial aumentando a taxa de aprovação e reduzindo o risco de calote. Por exemplo: como saber qual o tamanho da dívida que o cliente pode assumir tendo em vista os compromissos que ele já tem? A partir da estimativa dos gastos recorrentes do cliente, como água, luz, gás e telefonia, a Serasa Experian conta com soluções que estimam qual o comprometimento da renda e a capacidade de pagamento, podendo dessa forma recomendar limites de crédito. Ao adotar esses Atributos, a empresa terá a chance de fazer novos negócios e melhorar as negociações com os clientes atuais. 2. Crédito para mais clientes Numa época desafiadora como a atual, as empresas buscam novos consumidores como forma de aumentar os negócios e, por consequência, o faturamento. O Cadastro Positivo se transforma em um valioso aliado nessa tarefa. Ao reunir um vasto conjunto de informações sobre os hábitos financeiros de milhões de pessoas físicas e jurídicas, ele permite a conquista de novos clientes com a oferta de mais crédito sem que isso signifique mais riscos. Os dados positivos incluem grupos de pessoas e microempresas que antes não tinham acesso a crédito, porque não geravam operações financeiras em volume suficiente para uma análise de crédito segura. São consumidores com baixa movimentação bancária, profissionais liberais ou empresas de menor porte que, com o aumento de volume de informações disponíveis com o Cadastro Positivo, agora podem comprovar que são bons pagadores. Um estudo da Serasa mostra que essa novidade representará a inclusão de cerca de 25 milhões de brasileiros e 2,5 milhões de empresas no mercado de crédito. Esses potenciais clientes podem aumentar a carteira de crédito desde que a empresa adote uma política que dê o peso adequado às informações positivas. Com as informações do Cadastro Positivo trabalhadas pela Serasa Experian, a empresa terá condições de acessar a renda estimada do consumidor ou o faturamento presumido da empresa e terá a chance de avaliar com mais precisão se a renda ou faturamento disponíveis são suficientes para quitar um novo compromisso financeiro. Essa ampliação da visão sobre o cliente permite estabelecer o crédito mais adequado, com margens de risco seguras e ofertas customizadas de acordo com cada perfil. 3. Mais insights para criar novas oportunidades de negócio O uso inteligente e adequado da vasta gama de dados do Cadastro Positivo permite que a empresa, não importando seu tamanho ou segmento, tenha insights para conquistar mais negócios e ainda por cima melhorá-los. Ao conhecer melhor o cliente, o empresário conta com a oportunidade de lançar campanhas mais assertivas para um determinado perfil de público ou aperfeiçoar a política de crédito que incentivará novos negócios sem que isso represente novos riscos. Por exemplo: o empresário pode ter em mãos uma estimativa do percentual de contas que o cliente paga em dia. Com a informação mais ampla dos hábitos de pagamentos, não seria a hora de oferecer uma política de crédito ainda mais refinada e alinhada ao perfil dele? O empresário pode ter insight semelhante usando informações de capacidade de pagamentos e comprometimento de renda ou, ainda, as informações de faturamento, gasto e comprometimento com o mercado quando estiver avaliando uma empresa. O conhecimento das condições financeiras do consumidor ou empresa possibilita conceder o produto e o crédito certos, que caibam dentro do orçamento deles, reduzindo o risco de inadimplência. É por todas essas razões cada vez mais empreendimentos apostam no Cadastro Positivo como uma das ferramentas para enfrentar a crise. O arsenal de informações protege as pessoas jurídicas de eventuais prejuízos e ainda dá chance de buscar novas oportunidades. Sua empresa vai ficar fora desta? Então, clique aqui para conhecer todos as soluções da Serasa Experian e descobrir aqueles mais adequados ao seu negócio.
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Indústria tem tombo recorde, mas recupera fôlego ao longo do trimestre
Especialistas ouvidos pelo G1 observam possibilidade de defasagem ainda maior do setor industrial em meio à pandemia do novo coronavírus, reduzindo sua competitividade mundo afora. Produção de veículos na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) Divulgação/Volkswagen Apesar de números amargos, o setor industrial recebe o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) para o segundo trimestre com um discreto sabor de alívio. Em linha com os demais setores pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estes foram os piores números da história da indústria no país. A queda foi de 12,3% na comparação com os três meses anteriores, conforme os dados divulgados nesta terça-feira (1º), que apontaram um tombo de 9,7% no PIB do país no segundo trimestre. Mas o respiro, contudo, vem das sondagens mensais que mostram alguma recuperação do setor depois do tombo de abril. Naquele mês, a produção industrial medida pelo IBGE caiu mais 19,2%, após uma queda de 9,1% em março. Mas nos meses seguintes, houve alta de 8,2% e 8,9% para maio e junho. Ainda que o crescimento tenha reaparecido, é cedo para falar em recuperação. Para a economista Renata de Mello Franco, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o resultado deste trimestre para a indústria mostra o efeito específico do fechamento de fábricas por conta das políticas de isolamento social para combate à pandemia do novo coronavírus. r Os crescimentos vistos em maio e junho, assim, são apenas reflexos de uma retomada lenta dos trabalhos, em que empresários industriais reabriram suas plantas com capacidade reduzida, turnos menores, poucos funcionários e alta ociosidade. "O principal é não ter uma segunda onda de contágio. Um novo lockdown pode nos mostrar um novo fundo do poço", diz a economista. O PIB do segundo trimestre não deve ter captado ainda os efeitos da contração da renda do brasileiro durante o período de crise. Será uma medição a ser feita no terceiro trimestre, se forem mantidas as medidas de relaxamento da economia, e novamente no quarto trimestre, quando será reduzida a série de benefícios sociais disponibilizados pelo governo, como o Auxílio Emergencial e saques do FGTS, que seguraram o poder de consumir de camadas mais vulneráveis. E esse será um fator determinante para sentir a temperatura da retomada: o setor industrial ainda é bastante dependente do consumo das famílias, o que deixará no radar de empresários o ritmo de reação do mercado de trabalho nos próximos meses. "O consumo das famílias foi o que segurou a indústria nos últimos anos e, por isso, percebe-se que o setor não conseguiu se recuperar bem da crise de 2015 e 2016", diz Renata. Crise na indústria calçadista Problemas estruturais Dos termômetros positivos, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que junho, último mês do trimestre, o índice subia em 29 dos 30 setores pesquisados e tinha avanço substantivo em relação a maio (41,2 contra 34,7, de 100 pontos possíveis). Na última edição, de agosto, o Icei chegou a 57 pontos. Acima dos 50, a perspectiva dos empresários é positiva para o setor. A nova pontuação é a que mais se aproxima do mesmo momento do ano anterior. Em 2019, o Icei era de 59,4. Confiança da indústria sobe pelo 4º mês seguido e mantém tendência de recuperação Voltar aos patamares pré-crise, contudo, está distante de ser bom sinal, pois os problemas da indústria são antigos: o setor ainda sofre para se descolar da demanda interna, já que falta competitividade com concorrência estrangeira. Além de um parque industrial defasado, os últimos anos tiveram taxas de investimento baixíssimas, que levaram junto a produtividade para o chão. Não bastasse, a cadeia produtiva continua sendo estritamente primária, o que dificulta uma presença marcante nos mercados internacionais e deixa o país dependente do preço de commodities. "O Brasil tem empresas de nível internacional, mas a maioria está muito longe da indústria 4.0, sem linha de produção organizada e produtividade baixa", diz Renato da Fonseca, gerente executivo de economia da CNI. Reforma tributária A CNI colocou em campo uma força-tarefa para dar incentivo às reformas estruturais no Congresso Nacional. O foco principal é a reforma tributária. O setor acredita que a simplificação de impostos pode atenuar os pagamentos da indústria e gerar competitividade com a redução de custos. A indústria opera atualmente em um regime não cumulativo, que pode ir deduzindo o imposto pago ao longo da etapa de produção via crédito com o objetivo de pagar menos imposto nas etapas seguintes. A alíquota atual do setor é de 9,25%. A proposta do governo, que deve ser apensada às demais em curso no Congresso, uniformiza a alíquota para indústria e serviços, e permite que todos os setores façam as deduções via crédito ao longo de toda a cadeia de produção. A alíquota proposta pelo governo é de 12%, mas a indústria tem uma porção de etapas para deduzir, o que torna o regime mais simples e vantajoso. Juliana: ‘Em junho, recuperação foi mais rápida do que o previsto em indústria e comércio’ O economista da CNI, Renato Fonseca, entende ainda que, enquanto a mudança não sai, o país está encurralado entre exportar mais em mercado competitivo versus fornecer um produto que sai mais caro porque paga "tributo demais" e tem uma "logística mais cara". "Se o óleo de soja paga mais tributo que soja em grão, vai deixar o preço muito mais alto e não vai exportar", diz ele. "A carga tributária é elevada, mas se mantiver o patamar acabando com burocracia e dúvidas, sem legislações diferentes para cada Estado, isso reduz tantos os custos quanto a quantidade de tributo", afirma Fonseca. Atividade da indústria da construção melhora e impulsiona confiança dos empresários O caminho da recessão: como o Brasil chegou à queda histórica do PIB A CNI defende ainda que programas de crédito, como o Pronampe, sejam prorrogados, pois a crise fragilizou o caixa das empresas. Para Fonseca, o governo não tem capacidade de injetar recursos como nas crises anteriores e deveria apoiar mudanças também no mercado de capitais, incentivando a possibilidade de emissão de dívida (debêntures), e apostar em mais melhorias do ambiente regulatório. O Marco do Saneamento e a nova Lei do Gás, diz ele, são bons exemplos. "Não basta trazer investimento privado. Não pode errar. Governos anteriores possibilitaram investimento em obras de infraestrutura que não terminaram e só geraram despesa sem aumento de produtividade", afirma o economista. "Não pode jogar o pouco dinheiro que tem em medidas sem planejamento". Retomada do setor de serviços é mais lenta que comércio e indústria Exportar para quem? Enquanto o ambiente interno não se resolve, as mudanças começam a acontecer no mercado externo. A balança comercial do Brasil teve resultado positivo durante a crise, mas pelo motivo errado: houve redução de importações por retração de investimentos. Na outra ponta, a China ampliou o apetite na Argentina enquanto as exportações brasileiras se tornaram mais dependentes do país asiático (40% do total em junho). Os Estados Unidos negociam novos contratos mais protecionistas, como a redução de importação de aço brasileiro. Confiança empresarial sobe em agosto e mantém tendência de recuperação, aponta FGV Exceção, novamente, foi o agronegócio, que aumentou sua fatia para 32% da cesta de exportações em abril contra os demais produtos. Havia 10 anos que a agricultura não chegava em tal patamar. Trata-se de um setor de produção essencial e que nunca parou enquanto o coronavírus se espalhava. "Com mercado interno mais fraco, o risco é de uma proliferação de medidas protecionistas nesse anseio dos parceiros de recuperar a economia e com o receio de invasão de produtos. É o pior cenário de recuperação global e para o Brasil", diz Verônica Prates, gerente de relações institucionais da consultoria BMJ. Para ela, ainda é cedo para falar em crise de demanda, mas é relevante estar atento aos estágios de recuperação ao redor do mundo, que são muito diferentes. "A Ásia vai na frente, mas não é fácil prever a resposta do comércio exterior no mundo inteiro", afirma. Initial plugin text
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