Carlinhos Brown ajuda Gloria Estefan a trazer ‘Magalenha’ para o ‘fogão’ latino do álbum ‘Brazil 305’
Cantora cubana lança disco em que também regrava samba lançado por Gonzaguinha em 1985. ♪ Uma das músicas mais calorosas de Carlinhos Brown, Magalenha foi apresentada ao universo pop pelo pianista fluminense Sergio Mendes em gravação feita para o álbum Brasileiro (1992) com a participação do ritmista e compositor baiano. Alvo de vários remixes originados desse registro feito por Mendes em disco direcionado ao mercado norte-americano, Magalenha se espalhou pelo mundo e chegou aos ouvidos de Gloria Estefan, cantora de origem cubana residente nos Estados Unidos. Decorridos 28 anos da gravação original de Magalenha, música também abordada por Elba Ramalho no álbum Devora-me (1993), a composição de Brown ganha a voz de Estefan em gravação feita para o álbum Brazil 305. Disco voltado para o samba, Brazil 305 traz Magalenha para o fogão latino com a chama incandescente da percussão afro-baiana, com tempero cubano – marca da obra da artista – e com a participação do próprio Brown. O tribalista também faz vocais na gravação em que Estefan canta Magalenha em português. Disponível no mercado fonográfico a partir desta quinta-feira, 13 de agosto, o álbum Brazil 305 também traz no repertório o samba-enredo O homem falou, composto por Gonzaguinha (1945 – 1991), lançado pelo autor há 35 anos no álbum Olho de lince – Trabalho de parto (1985) e regravado, com maior repercussão, por Maria Rita no álbum Samba meu (2007). No disco de Gloria Estefan, O homem falou aparece em versões em espanhol e em inglês, intituladas Um nuevo mundo e Only together, respectivamente.
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Gravadora Big Hit, da banda BTS, registra aumento nos lucros e se prepara para IPO
Com show online e vendas de produtos, grupo deu faturamento maior que o registrado em 2019. BTS chega ao Grammy 2020 AMY SUSSMAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP A Big Hit Entertainment, gravadora da popular banda de K-Pop BTS, registrou um salto de 27% nos lucros do semestre, com shows online e as vendas de mercadorias mais do que compensando os cancelamentos de eventos durante a pandemia de Covid-19. No início deste mês, a Big Hit recebeu aprovação preliminar para sua planejada oferta pública inicial (IPO) na bolsa de valores, com listagem esperada ainda este ano. Alguns analistas previram que o IPO poderia avaliar a empresa em 4 trilhões de won (US$ 3,4 bilhões) ou mais. A Big Hit anunciou na quinta (13) 49,7 bilhões de won em lucro operacional e 294 bilhões de won em receita no primeiro semestre de 2020. O valor supera os 39,1 bilhões de won em lucro operacional e 201 bilhões de won em receita durante o primeiro semestre de 2019. "A Big Hit respondeu bem diante de uma crise global inesperada", disse o CEO de negócios globais Lenzo Yoon em uma apresentação online. BTS, uma banda sul-coreana formada por sete membros com uma mensagem de autoconfiança, se tornou o primeiro grupo desde os Beatles a marcar três álbuns em primeiro lugar em um ano nas paradas da Billboard 200 em 2019. Vale tudo pelo BTS? Embora a turnê planejada com mais de 20 shows nos Estados Unidos, Europa e Ásia tenha sido cancelada, cerca de 756 mil pessoas globalmente pagaram para assistir ao show online em junho simultaneamente. O público foi equivalente a cerca de 15 shows em estádios, disse Yoon. Cerca de 746 mil artigos promocionais para o show online foram vendidos em uma semana.
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Fernanda Diamant deixa curadoria da Flip
Em nota, editora disse que Festa Literária Internacional de Paraty precisa se 'renovar'. Evento ainda não anunciou quem a substitui. Fernanda Diamant, curadora da Flip 2019 Walter Craveiro/Divulgação A editora Fernanda Diamant deixou a curadoria da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) nesta quarta-feira (12). Em nota divulgada para a imprensa, ela disse que o evento precisa se renovar. "A Flip agora precisa de uma curadora negra para reinventá-la nesse mundo pós pandemia. Uma mulher negra, na minha opinião, é a renovação que o evento mais importante da literatura do país precisa. Ao longo de 18 anos, a curadoria da Flip jamais foi ocupada por uma pessoa negra. Passou da hora disso mudar." A editora também mostrou descontentamento com a remarcação da data do evento, adiado por causa da pandemia de coronavírus. "À minha revelia, a Flip foi postergada para novembro. A pandemia se agravou. Cada vez mais me parecia que a celebração desenhada previamente pertencia a uma outra época e tinha perdido sentido. Não havia nada a ser comemorado. Ainda não há. Era preciso repensar a curadoria e até mesmo o próprio evento —virtual ou não— à luz dos acontecimentos." Diamant assumiu o posto de curadora do evento em setembro de 2018 e comandou a edição de 2019, que homenageou Euclides da Cunha. Quando assumiu a curadoria da Flip, declarou que queria "ampliar a diversidade da Festa Literária, trazendo autoras e autores de diferentes gêneros – na ficção e na não-ficção – e buscar novos formatos de mesas literárias". Formada em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), ela trabalhou como editora da Publifolha e da Editora 34. Atualmente, edita a revista literária "Quatro cinco um" ao lado de Paulo Werneck, que foi curador da Flip em 2014, 2015 e 2017. Como o medo do coronavírus está alterando rota do pop Flip 2020 A organização da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) adiou a 18ª edição do evento para novembro. Inicialmente, ele estava previsto para acontecer de 29 de julho a 2 de agosto. Não foram divulgados os dias exatos em que a festa deve acontecer. A escritora Elizabeth Bishop será a homenageada do evento de 2020. A americana será a primeira estrangeira homenageada desde a criação do evento, em 2003. Flip 2019: Conheça as cinco principais atrações da Festa Literária Internacional de Paraty
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Azymuth dá contorno jazzístico às ‘Curvas da estrada de Santos’ em single com demos inéditas do grupo
Registro da canção de Roberto Carlos e Erasmo Carlos foi feito entre 1973 e 1975 na casa do tecladista José Roberto Bertrami. ♪ Apresentada por Roberto Carlos há 51 anos em gravação turbinada com arranjo que evocava a pulsação da soul music, gênero então influente na discografia do cantor, a canção As curvas da estrada de Santos se tornou clássico instantâneo da parceria de Roberto com Erasmo assim que foi lançada no álbum Roberto Carlos (1969). Tanto que, no ano seguinte, até Elis Regina (1945 – 1982) – cantora inicialmente refratária àquelas canções do Roberto e à explosão pop da Jovem Guarda – gravou no álbum …Em pleno verão (1970) essa balada que trouxe embutido na letra um desespero pelo amor perdido, um sentimento típico do blues. Consta que a música e letra de As curvas da estrada de Santos vieram à mente de Roberto em alta velocidade enquanto o artista voltava de passeio no Guarujá (SP) pela estrada que liga o litoral de Santos (SP) à capital São Paulo (SP). Tão forte quanto a música, a letra de As curvas da estrada de Santos é abolida no inédito registro instrumental do trio Azymuth que será lançado oficialmente em disco em 18 de setembro, data da edição – pelo selo inglês Far Out Recordings – do single de vinil de sete polegadas Azymuth Demos (1973-75) As curvas da estrada de Santos / Zé e Paraná, direcionado a colecionadores de discos. Nessa gravação de seis minutos, já disponível no YouTube desde 31 de julho, o Azymuth dá contorno jazzy à canção As curvas da estrada de Santos com Alex Malheiros no contrabaixo acústico (em vez do mais frequente baixo elétrico), com Ivan Conti (o Mamão) na bateria e com José Roberto Bertrami (1946 – 2012) no órgão Hammond, no Fender Rhodes e no piano. As gravações de As curvas da estrada de Santos e de Zé e Paraná – tema que ocupa o lado B do single com take que juntou Bertrami (o Zé) com o guitarrista João Américo (o Paraná) – foram feitas na casa de Bertrami na cidade do Rio de Janeiro (RJ), no bairro de Laranjeiras, entre 1973 e 1975, sem intenções de gerar registros profissionais. O single inédito do trio é desdobramento do álbum Azymuth – Demos (1973-75) Volumes 1 & 2, lançado em 2019 pelo mesmo selo inglês Far Out Recordings.
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Naomie Harris e Brian Eno lançam curta sobre mudança climática
Atriz de 'Moonlight' e '007' se une a músico e produtor em filme que pede ações urgente contra as mudanças climáticas e apoio à desobediência civil do movimento Extintion Rebellion. Naomie Harris, atriz de 'Moonlight – Sob a Luz do Luar'. Divulgação A atriz britânica Naomie Harris e o músico Brian Eno se uniram para produzir um curta-metragem que faz um apelo a ações urgentes para desacelerar as mudanças climáticas, em apoio à campanha de desobediência civil do movimento Extinction Rebellion. Naomi Harris, indicada ao Oscar por "Moonlight", e que interpreta Eve Moneypenny nos filmes recentes de James Bond, dá voz à animação. O curta também explora a ameaça representada pela perda acelerada de espécies. "Estou orgulhosa de poder dar minha voz a este projeto, que espero que inspire os espectadores a apoiar as ambições do Extinction Rebellion com grande urgência", disse a atriz em um comunicado antes do lançamento do filme nesta quinta-feira. Chamado "Extinction Emergency, Why We Must Act Now", o filme é a primeira de duas animações apoiadas por estrelas de Hollywood para ajudar na causa do Extinction Rebellion, que se originou no Reino Unido e mobilizou milhares de voluntários. A diretora é a animadora israelense Miritte Ben Yitzchak. O segundo filme, chamado "Climate Crisis, and Why We Should Panic", é dublado pela atriz Keira Knightley e defende uma ação emergencial contra o aquecimento global. Centenas de cientistas e acadêmicos apoiam o Extinction Rebellion, dizendo que a desobediência civil é a única opção que resta para forçar os governos a adotar a escala de ação necessária para evitar milhões de mortes devido à mudança climática.
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Câmara aprova urgência de projeto que isenta órgãos públicos do pagamento de direitos autorais
Decisão acelera tramitação do projeto; não há data definida para votação. Artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento e Djavan encabeçam campanha contra proposta. A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (13), por 350 votos a 19, o requerimento de urgência do projeto que isenta órgãos públicos e entidades filantrópicas do pagamento de direitos autorais pelo uso de obras musicais em eventos.
Na prática, a aprovação acelera a tramitação do projeto. Ainda não há, contudo, uma data definida para a votação do texto.
Diversos músicos, entre os quais Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Djavan e Paula Fernandes, encabeçam uma campanha contrária à votação da proposta.
Em um vídeo divulgado, os artistas argumentam que os direitos autorais são direito intelectual privado do compositor e questionam a pressa do Poder Legislativo em debater o assunto em meio à pandemia do novo coronavírus.
Os direitos autorais são pagos ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), que faz o repasse aos autores e compositores.
A proposta chegou a ser incluída no relatório de duas medidas provisórias (MPs), votadas recentemente pela Câmara. No entanto, diante da polêmica sobre o tema, acabou retirada das MPs mediante um acordo para que um projeto de lei fosse votado.
O projeto
O projeto é de 1997, mas, desde então, 58 propostas semelhantes passaram a tramitar em conjunto e ampliam a isenção do pagamento para outros setores, como hotéis.
Caberá ao relator, ainda não designado formalmente, elaborar um texto final para ser votado no plenário da Câmara.
Autor do requerimento de urgência, o deputado Newton Cardoso Junior (MDB-MG) argumentou que o setor hoteleiro está “quebrado” em razão da pandemia e que “será o último a retomar patamares no mínimo aceitáveis”.
O deputado Giovani Cherini (PL-RS) foi na mesma linha e defendeu que igrejas também sejam isentas de pagamento. "Realmente, a pandemia pegou os artistas, mas pegou os hotéis também. (…) Sinceramente, é um absurdo uma igreja fazer uma reunião e ter que pagar o Ecad. Qualquer reunião com 10 pessoas tem que pagar Ecad”, criticou.
Partidos de oposição como PT, PSOL, PSB, PCdoB, Rede e PV, se posicionaram contrariamente à votação do projeto neste momento. Líder da minoria na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) disse que a isenção do pagamento iria atingir o setor cultural, bastante impactado pela crise.
A deputada e líder da Rede na Câmara, Joenia Wapichana (Rede-RR), disse não ver urgência na votação do projeto. Segundo ela, a proposta pode prejudicar o setor cultural.
“Esses profissionais que vivem desse sistema de direitos autorais merecem ser ouvidos e ter os direitos garantidos. Não vejo urgência neste período de pandemia para discutir uma matéria tão complexa e importante também para o setor de cultura”, afirmou.
Reação de artistas
A articulação para colocar o projeto em pauta gerou repercussão negativa entre a classe artística. O vídeo com a participação de vários artistas criticando a votação começou a ser compartilhado nos últimos dias nas redes sociais.
"O projeto de lei 3.968 é de 1997. Por que ele seria urgente? Isso não faz o menor sentido", questionou o cantor Lenine no vídeo.
"O direito autoral não se paga com dinheiro público, não se trata de dinheiro público. É um direito privado, um direito do compositor", disse Caetano Veloso, que também participou da campanha.
Também houve reação dos artistas quando, na quarta-feira da semana passada (5), o deputado Ismael Bulhões Junior (MDB-AL), que presidia a sessão, anunciou que o requerimento de urgência seria o primeiro item a ser analisado na sessão seguinte.
O trecho do vídeo em que Bulhões prometia a votação começou a circular nas redes sociais, sendo compartilhado por diversos artistas, entre eles, a cantora Anitta.
"Conseguimos com nossa força tirar o assunto de pauta no início da pandemia. Pensaram que tivéssemos dormido e começaram novamente. Estamos atentos e vamos cobrar”, escreveu a artista no último dia 6. “Não é só sobre mim, dezenas de famílias vivem dessa forma de sustento. Nossos políticos não podem continuar fazendo manobras de próprio interesse que desvalorizam os artistas (famosos ou não) do nosso país", completou.
A manifestação da cantora fez com que o deputado se justificasse, também por meio das redes sociais, e negasse ser a favor do projeto.
“Não votarei favorável em nenhum momento do trâmite dessa matéria, nem no regime de urgência, nem muito menos na apreciação do mérito”, disse Bulhões em vídeo. “A classe artística tem sido uma das mais prejudicadas durante a pandemia”, afirmou.
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Disney+ chega ao Brasil em novembro
Plataforma de vídeos e conteúdo da Disney vai reunir filmes e séries da Disney, da Pixar, da Marvel, de Star Wars e da National Geographic. Preço não foi divulgado. Disney+ chega ao Brasil em novembro com conteúdo de Disney, Pixar, Marvel, Star Wars, National Geographic Divulgação/Disney A Disney anunciou nesta quinta-feira (13) que sua plataforma de vídeos, Disney+, vai ser lançada em novembro no Brasil e na América Latina. O preço da assinatura ainda não foi divulgado. O serviço vai reunir filmes e séries da Disney, da Pixar, da Marvel, de Star Wars e da National Geographic, além de conteúdos originais. Lançado em 12 de novembro de 2019 nos Estados Unidos e outros países, o DIsney+ já conta com 60,5 milhões de assinantes.
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‘Fortnite’ é excluído da loja da Apple e Epic Games vai à Justiça em briga por pagamento
Apple diz que a Epic Games burlou as regras do iOS ao criar um sistema de pagamento próprio dentro do jogo. Jogo também foi excluído da Play Store, do Google. 'Fortnite' é sucesso do gênero 'battle royale' Divulgação A versão para dispositivos móveis do game "Fortnite" foi excluída das lojas de aplicativos da Apple e da Google nesta quinta-feira (13). As empresas dizem que o jogo violou suas regras. Em resposta, a desenvolvedora Epic Games entrou com uma ação contra a fabricante do iPhone. As medidas foram tomadas após a Epic criar um sistema interno de pagamento no jogo, um dos mais populares do mundo. Os sistemas das lojas direcionam 30% das transações para as empresas, e a medida foi vista como uma tentativa de driblar essa divisão. O documento da ação movida pela Epic foi divulgado publicamente, e cita práticas "anti-competitivas" e "monopolistas" da Apple. A desenvolvedora ainda não se pronunciou sobre a Play Store. Mesmo fora da loja do Google, o jogo ainda pode ser baixado para aparelhos Android através do aplicativo da Epic. Initial plugin text A empresa de games também divulgou uma paródia de um clássico anúncio da Apple, ironizando a exclusão de "Fortnite". Semana Pop: Com games online, artistas fazem apresentações para driblar o isolamento
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Discos para descobrir em casa – ‘Prato e faca’, Cristina Buarque, 1976
Capa do álbum 'Prato e faca', de Cristina Buarque Reprodução ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Prato e faca, Cristina Buarque, 1976 ♪ Ao explicar o título do segundo álbum de Cristina Buarque, Prato e faca, Fernando Faro (1927 – 2016) discorreu poeticamente sobre esses dois instrumentos recorrentes desde o século XIX no universo do samba – em especial nas rodas armadas no Recôncavo Baiano – em texto publicado na contracapa do LP lançado em 1976 pela gravadora RCA-Victor. “Nenhum outro dos nossos instrumentos, ao que sabemos, tem nome tão significativo. Ele vincula a cozinha, a fome, o comer ao cantar, ao dançar e tocar. Ele arredonda o mundo. Ele aproxima as coisas da sua realidade. Assim, não pode ter mesmo outro nome este LP que não Prato e faca. Era essa a ideia”, resumiu Faro, produtor deste grande disco de Cristina. Sim, antes de incorporar o sobrenome famoso à identidade artística a partir do álbum gravado com Henrique Cazes e lançado em 1995 com músicas do compositor Noel Rosa (1910 – 1937), Maria Christina Buarque de Hollanda se apresentava somente como Cristina. Foi assim que essa cantora carioca – nascida em 23 de dezembro de 1950 – lançara em 1974 o primeiro álbum, intitulado justamente Cristina e apresentado sete anos após a artista ter debutado no mercado fonográfico como convidada do compositor paulista Paulo Vanzolini (1924 – 2013) no álbum Onze sambas e uma capoeira (1967), do qual participou como intérprete do samba Chorava no meio da rua, de Vanzolini. No rastro dessa estreia, Cristina dividiu com Chico Buarque a interpretação do samba-canção Sem fantasia (1968), apresentado pelo cantor e compositor no terceiro álbum. Irmã mais nova de Chico, Cristina Buarque jamais se escorou no prestígio do mano famoso. Até porque, logo na década de 1970, Cristina cavou o próprio prestígio nas raízes do samba por ser, além de cantora, dedicada pesquisadora que se fez respeitar por ter sido fundamental para a difusão de obras então obscuras de compositores egressos dos quintais e terreiros mais nobres do samba carioca. Foi na voz – tão pequena quanto devotada e inteligente – de Cristina que, em 1974, o público realmente conheceu o samba Quantas lágrimas (1970), obra-prima do cancioneiro do compositor Manacéa (1921 – 1995). Talvez por conectar o álbum Prato e faca ao maior sucesso do disco de estreia, Cristina abriu o LP de 1976 com outro samba de Manacéa, Sempre teu amor (1963), composição com o DNA aristocrático do bamba da Portela. No registro de Sempre teu amor feito por Cristina com as participações de Manacéa e Monarco (nos breques), o prato e a faca percutidos pelo ritmista Luna se fizeram ouvir com clareza no arranjo, justificando de cara o título do álbum gravado no estúdio A da gravadora RCA, na cidade de São Paulo (SP), com arranjos do pianista José Briamonte. A propósito, o piano de Briamonte sobressaiu na gravação de Resignação (Geraldo Pereira e Arnô Provenzano, 1943), samba então já obscuro, lançado há 33 pela cantora fluminense Odete Amaral (1917 – 1984) e revivido por Cristina com dose exata de melancolia. A mesma melancolia foi entranhada com igual precisão no canto de Dei-te liberdade (1976), samba dolente e então inédito de autoria de Dona Ivone Lara (1922 – 2016) que permaneceu esquecido no álbum Prato e faca sem nunca ter merecido outro registro fonográfico, nem mesmo da compositora. A rigor, o prato e a faca realçados no título do disco apareceram somente em duas das 12 faixas do álbum, marcando o ritmo no já mencionado samba Sempre teu amor que abriu o LP e no samba que fechou o disco, Esta melodia (Bubu da Portela e Jamelão, 1959) – e aqui cabe lembrar que foi deste álbum de Cristina Buarque que Marisa Monte pescou a pérola lançada em disco pelo cantor Jamelão (1913 – 2008) para o Verde, anil, amarelo e cor-de-rosa e carvão (1994). Na maior parte das faixas do disco, o ritmo foi ditado pelos percussionistas Elizeu Félix, Jorginho do Pandeiro (1930 – 2017), Mestre Marçal 1930 – 1994) e pelo baterista Milton Banana (1935 – 1999). Ainda assim, o título Prato e faca fez todo sentido porque estes instrumentos também estão enraizados no samba carioca, cultuado nos terreiros do centro do Rio de Janeiro (RJ) no início do século XX por bambas pioneiros como João Machado Guedes (1887 – 1974), o João da Baiana, a quem Cristina dedicou a gravação de Esta melodia. Com músicos do naipe do cavaquinista Bernardo Cascarelli Jr. (o Xixa), do violonista Horondino José da Silva (1918 – 2006) – o Dino Sete Cordas – e de Abel Ferreira (1915 – 1980), cujo clarinete realçou o tom buliçoso de Amar é um prazer (Zé da Zilda e Antônio Almeida, 1938), samba dos tempos do cantor e compositor Almirante (1908 –1980), o álbum Prato e faca se assentou no terreiro do samba carioca. Foi nesse terreiro que passou Carro de boi (1976) – samba do recorrente Manacéa, regravado no ano seguinte por Beth Carvalho (1946 – 2019) para o álbum Nos botequins da vida (1977) – e que ecoou a decisão de Chega de padecer (1970), samba de outro glorioso bamba portelense, Bonifácio José de Andrade (1918 – 1980), o Mijinha. Reforçando o elo com os compositores da Portela neste disco de 1976, Cristina também deu voz melancólica ao samba Não pode ser verdade (1972) – de autoria de Alberto Lonato (1909 – 1998) – com o mesmo tom dolente imprimido à interpretação de Tua beleza (Raul Marques e Waldemar Silva, 1976). Na abertura do lado B do LP Prato e faca, Cristina Buarque apresentou Abra seus olhos, samba de Paulinho da Viola, gravado pelo autor no mesmo ano no álbum Memórias cantando (1976). Reiterando o dom de pesquisadora, a cantora recuperou Sorrir, samba de 1937, da lavra dos pioneiros Alcebíades Barcelos (1902 – 1975) – o Bide – e Armando Vieira Marçal (1902 – 1947), o Marçal da dupla com Bide. Outra pérola do baú, Sou eu que dou as ordens (1946), samba de Heitor dos Prazeres (1898 – 1966), vinha do repertório de Aracy de Almeida (1914 – 1988). Dona de discografia referencial, pautada pela coerência evidenciada em álbuns posteriores como Arrebém (1978), Vejo amanhecer (1980), Cristina (1981) e Resgate (1994), Maria Christina Buarque de Hollanda completa 70 anos em 2020 com a devida reverência, merecida porque a artista soube se fazer respeitar como grande nome do samba. Os verdadeiros bambas sabem que a voz da cantora irradia ricas tradições que englobam o prato e a faca.
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Lives de hoje: Di Ferrero, Jads & Jadson, Teresa Cristina e mais shows para ver em casa
Veja as lives programadas para esta sexta-feira (14). Di Ferrero Bruno Trindade Ruiz/Divulgação Di Ferrero, Jads & Jadson e Teresa Cristina estão entre os artistas que fazem lives nesta sexta-feira (14). Veja a lista completa com horários das lives abaixo. O G1 já fez um intensivão no começo da onda de lives, constatou o renascimento do pagode nas transmissões on-line, mostrou também a queda de audiência do fenômeno e a polêmica na cobrança de direito autoral nas lives. Sexta (14) Péricles Cavalcanti (Em Casa com Sesc) – 19h – Link Júnior e Cézar – 20h – Link Gustavito e Laura Catarina – 20h20 – Link Jads e Jadson – 21h – Link Teresa Cristina – 22h – Link Di Ferrero – 22h – Link Best Coast com participações de Hayley Williams (Paramore), Mark Hoppus (blink-182) e Lauren Mayberry (CHVRCHES) – Live paga – Link – 22h Sarah Stenzel – 23h59 – Link Semana Pop mostra os momentos em lives que saíram do controle
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