Discos para descobrir em casa – ‘Equilíbrio distante’, Renato Russo, 1995
Capa do álbum 'Equilíbrio distante', de Renato Russo Desenhos de Giuliano Manfredini ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Equilíbrio distante, Renato Russo, 1995 ♪ Renato Manfredini Junior (27 de março de 1960 – 11 de outubro de 1996) sentiu correr nas veias o sangue italiano dos antepassados do artista quando, em 1994, decidiu fazer um segundo álbum solo com canções italianas. Para se inspirar na gestação do disco que se chamaria Equilíbrio distante e que seria lançado pela gravadora EMI no último trimestre de 1995, Renato partiu para Sesto Cremonese, município italiano da região da Lombardia de onde se origina a família Manfredini. Quando viajou para essa região e também para as cidades de Roma e Milão, em busca de climas e de ideias para o repertório, Manfredini já se chamava há 16 anos Renato Russo, nome artístico que adotara em 1978. O sobrenome Russo fora escolhido como tripla homenagem ao pensador britânico Bertrand Russel (1872–1970), ao pintor francês Henri Rousseau (1844–1910) e ao pensador também francês Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) quando começou a concretizar a ideia de ser, também ele, um pensador, só que do universo pop brasileiro. Renato Manfredini Junior veio ao mundo na cidade do Rio de Janeiro (RJ) há 60 anos, em 1960, um mês antes da inauguração de Brasília (DF). Já Renato Russo nasceu 18 anos depois na ebulição punk dessa mesma Brasília (DF), cidade onde foi morar com a família em 1973 após alternar temporadas no Rio, em Curitiba (PR) e em Nova York (EUA) por conta do ofício itinerante do pai. Como Renato Russo, Manfredini entrou em cena em 1978, na capital federal, como vocalista e compositor da banda punk Aborto Elétrico (1978 – 1982). Após a dissolução do grupo, Russo encarnou O trovador solitário por breve período da carreira individual até se tornar a voz, o cérebro e a alma da Legião Urbana, banda brasiliense de rock que angariou fervorosos seguidores pelo Brasil, dando fama e glória ao cantor, compositor e músico. Com a Legião, Renato Russo deu voz e versos a cancioneiro singular – em grande parte composto com o guitarrista Dado Villa-Lobos e com o baterista Marcelo Bonfá, membros fundadores da banda – que foi da fúria punk ao lirismo existencialista em trajetória iniciada em 1982 e encerrada (com Russo à frente) em 1996, ano em que o poeta pensador saiu de cena aos breves 36 anos, em decorrência de complicações da infecção pelo vírus da Aids. Russo então se tornou imortal pela qualidade da obra autoral e pela emoção embutida no canto que evocava o timbre de Jerry Adriani (1947 – 2017), ídolo do movimento pop brasileiro dos anos 1960 intitulado Jovem Guarda. Se Jerry cantou músicas italianas no começo da carreira até começar a gravar em português, sem abandonar o idioma anterior (a ponto de lançar em 1999 um álbum, Forza sempre, com versões em italiano de sucessos da Legião Urbana), o trovador fez o caminho inverso na fase final da vida e da obra. Produzido e arranjado pelo tecladista Carlos Trilha com o próprio Renato Russo, o álbum Equilíbrio distante expôs na capa quatro desenhos feitos pelo filho do cantor, Giuliano Manfredini, então com seis anos em 1995. As imagens do estádio carioca Maracanã, do Coliseu de Roma, do Pão de Açúcar e da Torre de Pisa (ludicamente grafada como Torre de Pizza) simbolizaram a ponte Rio-Itália em que o disco foi concebido e formatado. A gravação em si aconteceu em estúdio da cidade do Rio de Janeiro (RJ), ao longo de 1995, com os toques de músicos como Arthur Maia (1962 – 2018) (baixo), Bruno Araújo (baixo), Claudio Jorge (violão), Eduardo Constant (bateria) e Ricardo Palmeira (violão), além de Carlos Trilha (teclados e programações) e do próprio Renato Russo (no violão, baixo e piano, entre outros instrumentos). Tal como o primeiro álbum solo de Renato Russo, The Stonewall celebration concert (1994), inventário da canções afetivas envolvidas em aura gay, o disco Equilíbrio distante apresentou recorte pessoal do cancioneiro italiano sob o viés emotivo do intérprete. Mesmo sem saber falar italiano, Russo deu voz extremamente fluente a 13 canções que versaram sobre amor e desamor, por vezes no tom triste que pautou parte do repertório autoral do artista. Sem se escorar nos clássicos da canção italiana dos anos 1960, como sempre fizeram intérpretes do Brasil ao gravarem songbooks do cancioneiro da Itália, o cantor montou painel da produção musical contemporânea daquele país com base na pesquisa de repertório feita na viagem à Itália em 1994. Das 13 músicas que compuseram o repertório sentimental do álbum Equilíbrio distante, nada menos do que quatro vinham da discografia da cantora italiana Laura Pausini, então em grande evidência no universo pop. Gente (Angelo Valsiglio, Cheope e Marco Marati, 1994), Strani amori (Angelo Valsiglio, Roberto Buti, Cheope, Marco Marati e Francesco Tanini, 1994) – balada sobre fim de um amor que sobressaiu no disco pelo registro melancólico de Russo – e Lettera (Angelo Valsiglio, Giovanni Salvatori, Cheope e Marco Marati, 1994) tinham sido apresentadas no ano anterior por Pausini no segundo álbum da artista, Laura (1994). La solitudine (Angelo Valsiglio, Pietro Cremonesi e Federico Cavalli, 1993) tinha sido o single blockbuster do álbum de estreia da cantora, Laura Pausini (1993). Já I venti del cuore (Piero Fabrizi e Massimo Bubola, 1992) – canção sobre nostalgia amorosa que evocou a sonoridade da Legião Urbana no arranjo – vinha do repertório da cantora Fiorella Mannoia. Sucesso do repertório autoral do cantor e compositor Nino Buonocore, Scrivimi (1990) mostrou que, em italiano ou em qualquer idioma, a língua do amor e da saudade é a mesma em todo o universo pop. Cantada em tons serenos por Russo, em arranjo de clima folk que ganhou intensidade (sem perder a ternura) na longa passagem instrumental da faixa de quase oito minutos, Dolcissima Maria (Mauro Pagani, Flavio Premoli e Franco Mussida, 1974) soou como oração cheia de esperança, colhida no repertório da Premiata Forneria Marconi, banda de rock progressivo dos anos 1970. Balada então recente, Passerà (Aleandro Baldi, Giancarlo Bigazzi e Marco Falagiani, 1994) evidenciou a sintonia do sentimento da canção italiana com a alma musical de Renato Russo. Destaque do disco ao lado de Strani amori, Passerà era sucesso do quarto álbum do cantor e compositor italiano Aleandro Baldi, Te chiedo onestà (1994). Deste disco de Baldi, Russo também regravou Il mondo degli altri (Aleandro Baldi e Francesco Palmieri, 1994) e a música-título Ti chiedo onestà (Aleandro Baldi, Giancarlo Bigazzi e Marco Falagiani, 1994), faixas limadas da seleção final do álbum Equilíbrio distante, mas apresentadas, dois anos depois, no álbum póstumo O último solo (1997), composto por sobras da discografia individual de Renato Russo. Versão em italiano (de Massimiliano de Tomassi), do brasileiríssimo bolero de clima havaiano Como uma onda (Lulu Santos e Nelson Motta, 1983), Come fa un'onda emergiu no álbum Equilíbrio distante em clima de bossa nova, em faixa entremeada com passagens instrumentais de Wave (Antonio Carlos Jobim, 1967). Sucesso do cantor italiano Paolo Vallesi, La forza della vitta (1992) era parceria de Vallesi com Beppe Dati que, em 1993, ganhara versão em português intitulada O preço de uma vida e gravada de forma mais arrebatada pela cantora Selma Reis (1960 – 2015). Sucesso do cantor Raf em 1993, a canção Due (Raffaele Riefoli e Alfredo Rapetti) – faixa de pegada pop e de arranjo evocativo da sonoridade da Legião Urbana – reiterou a intenção de Russo de abordar cancioneiro recente da Itália, a maioria lançado na primeira metade daquela década de 1990. Hit dos anos 1980, a balada Piú o meno (Renato Zero, 1987) foi envolvida em aura mais clássica, com cordas arranjadas por Jota Moraes, sem diluir a contemporaneidade do álbum Equilíbrio distante. No arremate do disco, La vita è adesso (1985) – de Claudio Baglioni, cantor e compositor de cujo repertório Renato Russo também gravou (mas não incluiu no disco) E tu come stai? (1978), faixa que seria lançada no já mencionado disco póstumo O último solo – culminou com citação de Vá, pensiero (Giuseppe Verdi, 1842), tema do coro da ópera Nabuco (1842). Foi como se, no fim de Equilíbrio distante, o trovador ítalo-carioca voltasse ao século XIX, mais especificamente para Sesto Cremonese, de onde os bisavós do artista partiram em 1878, cem anos antes de Renato Manfredini Junior virar Renato Russo e se transformar, de 1982 a 1996, em grande pensador do pop brasileiro.
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Lives de hoje: Titãs, Jefferson Moraes e Thiago Brava, Luiza Lian e mais shows para ver em casa
Nesta quinta (6), Teresa Cristina também faz transmissão. Veja horários. Titãs, Luiza Lian e Teresa Cristina fazem lives nesta quinta (6).
Thiago Brava, Jefferson Moraes, Clayton e Romario, Hugo e Guilherme fazem a Resenha dos Brabo a partir das 20h.
Veja a lista completa com horários das lives abaixo.
O G1 já fez um intensivão no começo da onda de lives, constatou o renascimento do pagode nas transmissões on-line, mostrou também a queda de audiência do fenômeno e a polêmica na cobrança de direito autoral nas lives.
Veja lista e horários das lives:
Luiza Lian (Em Casa com Sesc) – 19h – Link
Titãs – 19h30 – Link
Jefferson Moraes, Thiago Brava, Clayton e Romario, Hugo e Guilherme (Resenha dos Brabo)- 20h – Link
Alex Albino – 22h – Link
Teresa Cristina – 22h – Link
Semana Pop mostra os momentos em lives que saíram do controle
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‘Quero que a elite entenda a favela antes de julgar’, diz MC Cabelinho, o Farula de ‘Amor de mãe’
Ator e MC lança disco sobre a vida na favela, feito na pausa da novela. Ele fala ao G1 de funk consciente, amizade com Humberto Carrão e influência de MC Orelha a Amy Winehouse. Victor Hugo, o MC Cabelinho, é aposta do funk para 2020 e atua em 'Amor de mãe' Divulgação Na pausa de "Amor de mãe", dentro de casa durante a quarentena, o MC Cabelinho não parou. Desde março, o cantor e ator que interpreta o Farula na novela prepara o álbum "Ainda". Na contramão do som acelerado e sensual do Rio, Cabelinho lança funks mais lentos sobre as cenas reais que assiste há 24 anos na PPG, o complexo do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo. Conheça a trajetória do MC Cabelinho "Quem é favelado vai se identificar. Quem não é vai entender o que é a favela. Eu canto a realidade, o que vejo de perto, da minha janela", diz Cabelinho ao G1. 'Eu quero que a elite entenda como é a favela antes de julgar", diz. Antes de ser ator, ele já fazia sucesso no "funk consciente", com letras sobre a realidade social e influências de rap. Ele canta "Liberdade" na voz de um pai preso que chora de saudade do filho. A letra é inspirada em um amigo que acabou caindo no mundo do crime. "Quem pode julgar é Deus", diz Cabelinho. Já "Reflexo", com o rapper BK, tem um verso marcante: "O governo brasileiro na visão do favelado é uma piada". Ele cita as operações policiais nos morros durante a pandemia como um dos motivos do verso. Cabelinho também falou ao G1 sobre a amizade nos bastidores com Humberto Carrão, as influências de MC Orelha a Amy Winehouse, e a nova geração do funk consciente em SP. Leia abaixo: Initial plugin text G1 – Como foi fazer um disco nesse momento de pandemia? Cabelinho – Eu já tinha um álbum, "Minha raiz", mas esse só tinha catado músicas que lancei antes. Agora foi tudo do zero. Começou quando o DJ Juninho, que me acompanha, fez o beat da música "Maré". Ouvi e falei que queria fazer um álbum só nesse ritmo de funk mais lento. Como "Maré" falava do jovem que entrou para o crime por falta de oportunidade, eu quis que as outras faixas abordassem, cada uma, um tema da favela. A gente aproveitou que eu fiz um estúdio agora em casa. E na pandemia, sem fazer show, focamos tudo no disco, desde março. G1 – Você já fazia funk consciente antes no Rio. E nos últimos meses esse estilo está crescendo muito em São Paulo também. Você acompanha? Cabelinho – É, o funk consciente nesse tempo de pandemia cresceu muito. Eu fico feliz de estar crescendo. Os MCs de São Paulo estão tirando onda nisso. Meu álbum também tem umas referências de lá. Acho bom, quanto mais consciente, melhor. É bom para a criançada e o jovem pegar a visão de como é mesmo a favela. Como funciona tudo, aprender, tirar o melhor da música e levar aquilo para a vida. MC Cabelinho, cantor de funk e ator que interpreta o personagem Farula, de 'Amor de mãe' Divulgação G1 – E por que acha que justo agora ele cresceu de novo? Cabelinho – O funk é de fases. Anos atrás tinha Cidinho e Doca, os sucessos eram conscientes. Aí caiu, teve o funk melody, pop, ostentação, putaria, e agora o consciente está voltando. Daqui a pouco vem outro, está sempre atualizando. O funk é imortal, mas tem vários tipos. G1 – Você canta consciente, mas também passa pelos outros estilos. Na música "Ainda", você fala de baile, mas também cita o vendedor da barraquinha da comunidade. Como é essa mistura? Cabelinho – Essa música relata o que a gente vê no baile. A gíria que vem da pista, as pessoas que caem para a favela para curtir. É isso, cada faixa tem um lance que rola na comunidade. G1 – Em "Liberdade" você canta na voz de um cara preso falando com o filho. Qual foi a inspiração? Cabelinho – Tenho um amigo que estudou comigo e sempre teve tudo na vida. Tudo que você pode imaginar. Tanto que quando eu comecei a fazer show, eu falava: "Me arruma vinte reais para eu cortar o cabelo?" Porque eu não tinha na época. Ele me fortalecia. Eu fui crescendo no funk. E conforme fui conquistando a minha parada, ele se perdeu. Teve um dia que ele se revoltou, brigou com a família dele. Aí ele foi para a pista, assaltou e foi preso. Está lá há três anos. Ele me inspirou muito nesse som. E não me envergonho disso. Quem pode julgar é Deus. Não importa o erro dele, eu não posso julgar. Todo mundo erra. O que eles mais precisam nessas horas é um amigo, a família, trocando uma ideia, dando conselhos. Tanto que ele falou: "Nunca mais quero essa vida, aqui é horrível. Não volto para cá". Isso que eu quero escutar dele. E o que eu puder fazer para ajudar quando ele sair de lá, vou fazer. É isso. Cada faixa teve um sentimento. Cabelinho e BK, parceiros na música 'Reflexo' Divulgação G1 – Os funks de SP estão cheios dessas histórias . Acha que isso ajuda a dar outra visão da favela? Cabelinho – É essa a inteção. É chato ter que provar toda hora que na favela só tem traficante. Quem é favelado vai se identificar. Quem não é vai entender o que é a favela. Canto a realidade, o que eu vejo de perto, da minha janela. De um amigo que desceu para procurar emprego e não foi aceito pela cor ou pela origem. Aí vê um cara no morro com um cordão de ouro, bem vestido, cheiroso. O que ele vai fazer? Vai para o crime. Eu quero mais oportunidade para os favelados, para as crianças. Meu álbum é nessa intenção. Eu quero que a elite entenda como é a favela antes de julgar. Ficar rotulando todo mundo que mora lá como traficante? Não é assim. G1 – A música "Reflexo" tem um verso forte, "o governo brasileiro na visão do favelado é uma piada". O que te levou a escrever isso? Cabelinho – Em plena pandemia e o governo autorizando a polícia a fazer operação dentro de favela? Todo mundo dentro de casa, aí sobe e faz operação no morro. Favelado não tá trabalhando, vários precisando de oportunidade de emprego. Muitas são faxineiras e o patrão falando que não precisa. Por que o governo não sobe pra distribuir cesta básica, álcool gel? Teve uma época que tava faltando água. Por isso eles são uma piada e todo mundo sabe disso. Cabelinho com Vera Holtz e Regina Casé nos bastidores de 'Amor de mãe' Divulgação G1 – Sobre esse som mais lento do disco, por que você fez assim, e o que você tem ouvido? Cabelinho – Sempre escutei as mesmas coisas. MC Orelha, Amy Winehouse. Estou escutando também muito Filipe Ret, Djonga, Orochi. Eu peguei umas referências de São Paulo para por no meu disco. Esse "rasteirinho" é de SP. Eu ouço isso tudo e vou pro estúdio, faço o que faço. G1 – E o que o pessoal do PPG fala sobre você estar na novela? Cabelinho – Eles falam que me assistem, acham maneiro. "Meus filhos estão te vendo, querem ser iguais a você." Não me acho assim não, tenho meus defeitos. Mas eu corri atrás para estar aqui hoje. Tenho orgulho de estar na Globo, bato no peito e falo que estou mesmo, tiro minha onda. Eles falam que eu estou mudando a cabeça de muita gente aqui. Agradeço a Deus por essa oportunidade. G1 – E como é a relação com o elenco nos bastidores. A Regina Casé é uma pessoa que fez muito essa ponte com a música sobre a favela. Cabelinho – A Regina é muito engraçada, eu me amarro nela, a gente troca ideia direto, se zoa. O Douglas Silva. Mas o que eu tenho mais amizade é o Humberto Carrão. Ele é meu irmãozão.Vem, troca ideia, pergunta do álbum. Antes do lançamento já tava pedindo. Depois elogiou bastante. A Adriana Esteves também ouviu o álbum, fiquei muito feliz. Estou feliz de ter contato com essas pessoas. MC Cabelinho, de 'Amor de mãe' TV Globo/Divulgação 'Favela' – MC Cabelinho e Felipe Ret – G1 Ouviu
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FBI realiza busca na casa do youtuber Jake Paul
Porta-voz do FBI declarou à AFP que agentes investigam 'acusações de atos criminosos' no centro comercial de Arizona. Advogado de Paul afirma estar reunindo informações, mas que colabora com a investigação. Jake Paul, youtuber e ator Reprodução/Instagram Agentes do FBI fortemente armados fizeram uma busca e apreensão nesta quarta-feira (5) na casa do youtuber Jake Paul, na Califórnia, como parte de uma investigação, informou o advogado do influenciador. Imagens transmitidas pela imprensa local mostraram armas de fogo sendo apreendidas na mansão de Paul em Calabasas, perto de Los Angeles, após uma busca que durou horas e envolveu uma equipe do batalhão de choque da polícia, a SWAT. "Entendemos que um mandato de busca foi executado na casa de Jake em Calabasas esta manhã, enquanto Jake estava fora do estado", declarou o advogado Richard Schonfeld em declaração à AFP. Paul, que tem mais de 20 milhões de inscritos no YouTube e já explorou carreiras no cinema, na música e até no boxe profissional, foi recentemente flagrado em vídeo saqueando comércios no Arizona durante um protesto antiracismo, em maio. O influenciador foi acusado de invasão de propriedade privada e de participar de assembleia ilegal. Ele se declarou inocente. As acusações iniciais foram retiradas para permitir uma investigação penal federal. Um porta-voz do FBI declarou nesta quarta-feira à AFP que os agentes investigam "as acusações de atos criminosos" no centro comercial de Arizona e que "executaram mandatos de busca federais na Califórnia e em Las Vegas, Nevada, relacionados a esta investigação". O advogado de Paul afirmou estar reunindo informações, mas que colabora com a investigação. Paul, de 22 anos, também se viu em meio a polêmicas devido às barulhentas festas na mansão de Calabasas, uma comunidade exclusiva nos arredores de Los Angeles onde moram diversas celebridades. No YouTube, Paul promete um conteúdo "de comédia, atuação, esportes extremos e aventuras loucas". Seu irmão mais velho, Logan Paul, também é uma estrela do YouTube, plataforma na qual tem 22 milhões de inscritos. Leia também: Youtuber Jake Paul é criticado após dizer que 'ansiedade é criada por você' FBI realiza busca na casa do youtuber Jake Paul, na Califórnia
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‘Nunca abusei de ninguém’, diz Plácido Domingo, um ano após acusações de assédio sexual
'Quando descobri que tinha o coronavírus, prometi a mim mesmo que se saísse vivo lutaria para limpar meu nome', disse tenor em entrevista a jornal italiano. Plácido Domingo participa de evento em NovaYork, em 2018 Reuters/Shannon Stapleton O tenor espanhol Plácido Domingo, que foi contaminado com coronavírus e já está recuperado, garantiu em uma entrevista à imprensa italiana que nunca abusou de ninguém, apesar de ter sido acusado de assédio nos Estados Unidos em 2019. "Eu mudei, não tenho mais medo. Quando descobri que tinha o coronavírus, prometi a mim mesmo que se saísse vivo lutaria para limpar meu nome", disse ele em entrevista publicada na quinta-feira (5) pelo jornal italiano "La Repubblica". "Eu nunca abusei de ninguém, vou repetir enquanto viver", frisou ele. Plácido Domingo, de 79 anos, anunciou em março, de Acapulco (México), que testou positivo para o novo coronavírus e depois foi hospitalizado. "Recuperar minha voz foi um milagre (…) Há dois ou três meses, eu não tinha certeza se poderia cantar novamente", contou ele. "A única coisa que me preocupa agora é deixar meu refúgio em Acapulco, de onde não saio há meses. Nunca passei tanto tempo em casa com minha mulher, meu filho, minha nora e meus dois netos", afirmou ele. "Agora é a hora de voltar ao normal", segundo Domingo, embora ele acredite que "nossas vidas mudaram e, como você sabe, ainda é difícil para mim por causa das acusações contra mim" na mídia. Essas acusações "desestabilizaram minha família e a mim" e "me causaram mais danos do que o vírus. Resta apenas observar que não poderei cantar em certas partes do mundo, como Estados Unidos ou Espanha, meu país. E não exatamente por causa de uma escolha do público, que constantemente me envia mensagens de solidariedade (…) Mas o que posso fazer? É a vida!". Em 2019, Plácido Domingo foi acusado pela imprensa americana de assediar sexualmente cerca de 20 mulheres nos Estados Unidos. Essas acusações obrigaram-no a abandonar seu cargo de diretor da Ópera de Los Angeles e a cancelar todas as suas representações no país. Na prática, isso encerrou sua carreira na América do Norte. Acostumado a ser ovacionado no mundo inteiro, Placido Domingo sofre as consequências do movimento #MeToo, que começou com as acusações contra o produtor de cinema Harvey Weinstein em outubro de 2017. Inicialmente, rejeitou essas acusações e, depois, acabou pedindo "perdão" pelo "sofrimento causado" após uma investigação da AGMA, o principal sindicato de cantores líricos dos Estados Unidos. A instituição concluiu que ele teve um "comportamento inadequado". Ele então recuou, pedindo desculpas, e fez uma doação de US$ 500 mil para obras de caridade da AGMA, que encerrou às acusações contra ele. O tenor fará em breve sua primeira aparição pública desde o caso em Salzburgo (Áustria), onde receberá um prêmio por sua carreira. Depois disso, fará uma série de recitais na Itália na segunda quinzena de agosto. 'Viver com serenidade' "Quando olho para trás, não vejo nenhuma situação em que meu comportamento possa ter deixado feridas abertas (…) Nunca pressionei, ou fiz chantagem. Todos que me conhecem sabem que a palavra 'abuso' não faz parte do meu vocabulário", insistiu, denunciando um "julgamento midiático fora de controle" contra ele. Ao ser questionado sobre o motivo pelo qual se manteve em silêncio diante das alegações, o tenor disse que foi "por respeito e por espírito de cooperação com as duas investigações em andamento" – a da AGMA e da Ópera de Los Angeles. "Tentei dissipar o mal-entendido com uma declaração dois dias depois, mas minhas palavras caíram no vazio", queixou-se. "Sempre declarei que não tenho nada a ver com tudo isso, às vezes com breves declarações que foram mal-interpretadas e consideradas confissões de culpa. É uma situação terrível", acrescentou, afirmando que está "com raiva" e "deprimido". Agora, seu objetivo é viver "com serenidade", ainda mais no contexto da pandemia de coronavírus. "Sei que chegará um momento em que terei que renunciar ao canto, porque a ópera exige esforços, dedicação, estudo. Mas não vou abandonar a música", concluiu. Tenor espanhol Plácido Domingo pede perdão a mulheres por assédio sexual
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Famosos compartilham meme com montagem para resumir o ano de 2020 e a quarentena
Reese Witherspoon, Viola Davis, Leonardo e Deborah Secco foram alguns dos que entraram na brincadeira sobre o sentimento mensal ao longo do ano. Leonardo e outros famosos compartilhar meme com montagem para resumir o ano de 2020 e a quarentena Reprodução/Instagram Famosos entraram na brincadeira de mais um meme e compartilharam uma montagem de imagens que resume o ano de 2020, quase todo em quarentena por causa da pandemia de coronavírus. Reese Witherspoon, Viola Davis, Cara Delevingne, Leonardo, Deborah Secco e a dupla Jorge e Mateus foram alguns dos que compartilharam publicações nas redes sociais. Na brincadeira, eles demonstram o humor mensal durante o ano com imagens de si mesmos. Os cliques trazem fotos de momentos alegres, sorrisos, festa e viagens nos meses de janeiro e fevereiro, mas a partir de março, o humor se altera completamente. Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text Fãs de alguns artistas, como Joelma e Simone, também entraram na onda do meme e usaram fotos de seus ídolos na montagem. Initial plugin text Initial plugin text
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Paulo Sérgio Valle, letrista de ‘Evidências’ e ‘Samba de verão’, chega aos 80 anos com obra eclética
Compositor carioca escreve, com fluência, versos para melodias de parceiros de universos musicais distintos. Paulo Sérgio Valle é o letrista de canções popularizadas por Alcione, Fafá de Belém, Ivete Sangalo, José Augusto e Maria Bethânia Tarso Ghelli / Divulgação ♪ MEMÓRIA – Nascido em 6 de agosto de 1940, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), Paulo Sérgio Kostenbader Valle chega aos 80 anos como um dos compositores mais bem-sucedidos da história da música brasileira. Contudo, desde os anos 1960, o público costuma cantar as músicas que têm versos deste letrista e escritor carioca sem associar o nome e o rosto do artista à obra. Irmão de Marcos Valle, o carioca Paulo Sérgio é o típico caso de compositor letrista que, por criar nos bastidores sem ir ao microfone apresentar as próprias criações, corre o risco de passar despercebido na multidão. Quem é do meio musical jamais cometeria essa injustiça. Afinal, são cerca de 900 músicas letradas por Paulo Sérgio. Bastaria o compositor ter escrito os versos de Samba de verão (1964) – sucesso planetário da parceria com o irmão Marcos Valle que se tornou uma das mais perfeitas traduções do clima sal, céu, sol, sul da bossa nova – para ter posto o nome em lugar de honra na história da música popular do Brasil. Só que Paulo Sérgio também surfou em outras ondas. Com o irmão Marcos Valle, fez o sofrido samba-canção Preciso aprender a ser só (1965), seguiu a toada do engajamento político com a canção de festival Viola enluarada (1968), propagou a filosofia hippie no samba Com mais de 30 (1970), sentenciou que negro é lindo no soul Black is beautiful (1971) e, em outra fase da parceria, poetizou a sofrência em Paixão antiga (1988), sucesso da fase mais melosa da discografia de Tim Maia (1942 – 1998). Sim, a partir da década de 1980, Paulo Sérgio Valle soube se adequar ao tom radiofônico das canções sentimentais produzidas em escala industrial para atender demanda das gravadoras para abastecer os repertórios dos artistas mais rentáveis dos elencos das companhias. Nessa seara mais populista, Evidências (1989) – parceria com José Augusto – virou hit blockbuster quando foi gravada pela dupla Chitãozinho & Xororó em 1990 e, ao longo dos últimos 30 anos, se tornou standard da canção brasileira, indo parar nas vozes de intérpretes dissociados do universo sertanejo. Maria Bethânia, por exemplo, incluiu Evidências no roteiro do show Claros breus (2019), quarenta anos após a cantora ter transformado jingle de motel feito pelo compositor, Cheiro de amor (Jota Moraes, Ribeiro, Duda Mendonça e Paulo Sérgio Valle, 1979) em um dos sucessos do álbum Mel (1979). Sem pré-conceitos musicais, Paulo Sérgio Valle fez versos para músicas de Michael Sullivan (Abandonada, sucesso de Fafá de Belém em 1996), Herbert Vianna (Se eu não te amasse tanto assim e A lua Q eu te dei, baladas lançadas por Ivete Sangalo em 1999 e em 2000, respectivamente) e Chico Roque, com quem assinou Essa tal liberdade – sucesso lançado em 1994 pelo grupo de pagode Só pra Contrariar – e Você me vira a cabeça (você me tira do sério), hit de Alcione a partir 2001. A lista de parceiros também inclui Ed Wilson (1945 – 2010) com Prêntice (1956 – 2005) – parceiros de Paulo Sérgio em Aguenta coração (1990), um dos maiores sucessos de José Augusto, parceiro do letrista em hits como Sábado (1987) e a já mencionada canção Evidências – e Mauro Motta (Escancarando de vez, 1991), sucesso de Elymar Santos quando o cantor seguia a linha pop erótica do repertório de Wando (1945 – 2012). Enfim, poucos compositores letristas conseguiram transitar com a fluência de Paulo Sérgio Valle por universos musicais tão distintos, com parceiros nem sempre capacitados para criar melodias com o requinte da obra construída pelo artista com o irmão Marcos Valle. E hoje, 6 de agosto de 2020, dia do 80º aniversário do poeta popular, Paulo Sérgio Kostenbader Valle pode comemorar o feito obtido por time seleto de compositores brasileiros: ter dezenas de músicas na boca do povo, mesmo que esse povo nem sempre ligue o nome à obra.
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Contratação de crédito agrícola tem recorde de R$ 24 bilhões no 1º mês do Plano Safra
Todas modalidades cresceram, com destaque para os empréstimos para investimento, que avançou 110%, a R$ 5,2 bilhões. Plantação de soja Divulgação As contratações de crédito rural no primeiro mês de vigência do Plano Safra 2020/21 atingiram um recorde de R$ 24,15 bilhões, alta de 50% em relação a igual período do ano passado, disse o Ministério da Agricultura nesta quarta-feira (5). O desempenho nos primeiros 30 dias do plano ficou acima das expectativas, segundo o ministério, que avalia que o agronegócio demonstra um descolamento da crise econômica decorrente da pandemia de coronavírus. O governo afirmou que todas as modalidades de financiamento tiveram alta no período, destacando um avanço de 110% no crédito para investimento, que somou R$ 5,2 bilhões. "Este valor significa que o produtor rural está acreditando no agronegócio, está investindo, por exemplo, em armazenagem, em correção de solo, em aquisição de maquinários e de equipamentos para melhorar a tecnologia no campo", disse em nota o secretário de Política Agrícola da pasta, Cesar Halum. Ainda segundo o ministério, houve crescimento de 39% nas contratações para custeio, que atingiram R$ 15 bilhões, enquanto os financiamentos de industrialização somaram R$ 2 bilhões, alta de 69% na comparação anual. Linha de crédito para agricultores pode incentivar a produção agrícola no ES Além disso, foram movimentados R$ 1,8 bilhão em crédito para comercialização, avanço de 17% no ano a ano. Para o ministério, isso mostra que os produtores estão sendo bem remunerados e preferem vender a safra, em vez de estocá-la –o mercado agrícola, em geral, tem sido favorecido por firme demanda externa e pela desvalorização do real frente ao dólar. "Os produtores de milho, de soja, de arroz, enfim, todos estão satisfeitos com a remuneração que o mercado está dando aos seus produtos. Isso nos dá confiança de que teremos uma safra de grãos muito maior do que a deste ano, que já foi recorde", disse Harum, sem fornecer mais detalhes. Anunciado em meados de junho, o Plano Safra 2020/21 destina um montante recorde de R$ 236,3 bilhões em recursos para financiamento agrícola, alta de 6% ante o programa anterior.
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Brasil importa cerca de 1 milhão de toneladas de nitrato de amônio por ano; controle é feito pelo Exército
Produto apontado como possível responsável pela explosão no Líbano é usado há décadas por agricultores brasileiros como fertilizante. País já teve acidentes com o produto em Cubatão (SP) e São Francisco do Sul (SC). Nitrato de amônio: produto é matéria-prima de fertilizantes e tem potencial explosivo Abisolo/Divulgação O nitrato de amônio, produto apontado como possível responsável pela explosão ocorrida em um terminal portuário do Líbano, é matéria-prima de um fertilizante comum na agricultura brasileira, utilizado há pelo menos 50 anos, especialmente na produção da cana-de-açúcar, frutas e hortaliças. Apesar disso, ele está longe de ser o adubo mais usado pelo produtor rural. Explosão no Líbano pode ter relação com fertilizante que já causou estragos nos EUA, na China e na França No Brasil, o Exército fiscaliza a produção e a importação de nitrato de amônio O Brasil é um dos líderes na produção mundial de alimentos, e a demanda dos agricultores é muito maior do que o país consegue produzir de nitrato (cerca de 500 mil toneladas por ano) e outros adubos químicos. Com isso, a maior parte dos fertilizantes precisa ser importada. Segundo levantamento feito a pedido do G1 pela consultoria especializada em agronegócio StoneX, o Brasil importou cerca de 1,2 milhão de toneladas de nitrato de amônio em 2019, cerca de 3% do que o país utiliza de fertilizantes. Nos 10 últimos anos, o volume variou acima do 1 milhão de toneladas, e o principal fornecedor tem sido a Rússia. Apesar do número parecer expressivo, o nitrato de amônio não é o tipo de fertilizante mais usado pelo agricultor brasileiro. Também de acordo com a consultoria, a liderança neste segmento é da ureia, com quase 5,6 milhões de toneladas importadas em 2019, cerca de 5 vezes mais que o nitrato. O Brasil teve em 2019 uma demanda 36,2 milhões de toneladas de fertilizantes, segundo a StoneX. Desse total, 81,5% (29,5 milhões de toneladas) veio do exterior. Veja a região portuária de Beirute, no Líbano, antes e depois da explosão de terça-feira (4) Guilherme Pinheiro/ G1 Hideraldo José Coelho, coordenador de fertilizantes do Ministério da Agricultura, diz ao G1 que, normalmente, o nitrato de amônio que é misturado na produção de fertilizantes tem uma concentração pequena, de 10% a 15%, o que diminui o risco de explosão no campo. Se a concentração de nitrato for maior que 70%, aí a responsabilidade passa a ser do Ministério da Defesa. "Tem algumas culturas que utilizam o nitrato puro, mas são aquelas de grande valor agregado, como hortaliças e frutas, mas ele é vendido em pequenas quantidades, em embalagens de cerca de 25 kg. Neste caso, todo o controle é feito pelo Ministério da Defesa", explica. Por causa de seu potencial explosivo, o controle da chegada do nitrato de amônio no Brasil é feito pelo Exército, que define as condições de transporte, manipulação e armazenamento do produto. Já ao Ministério da Agricultura cabe a fiscalização da venda de fertilizantes e da checagem de critérios de qualidade e padronização do insumo. Algumas das regras do Exército para transportar explosivos no Brasil são ter uma segurança contra roubos e furtos nos pontos de parada e de apoio, e acompanhamento de escolta armada. Além disso, o veículo precisa ser de carroceria fechada tipo baú ou em equipamento tipo container; ter comunicação eficaz com a empresa responsável pelo transporte; sistema de rastreamento em tempo real e um botão de pânico, com ligação direta com a empresa responsável pelo transporte. Rigor na fiscalização Reuters sobre explosão no Líbano: investigações iniciais apontam negligência Especialistas afirmam que o Brasil é muito rígido na fiscalização do nitrato de amônio e que aumentou ainda mais o rigor após a explosão de um terminal portuário em Tianjin (China), em 2015, e em uma fábrica em Cubatão (SP), em 2017. Em 2013, houve também uma explosão em um terminal do porto de São Francisco do Sul (SC). “O critério de quem pode manusear, quem pode importar, aqui no Brasil, é muito controlado. Existem avaliações periódicas, tem documentação… a fiscalização é rigorosa”, explica o especialista em gerenciamento de risco Gustavo Cunha Mello, em entrevista à GloboNews. Em nota à imprensa, o Exército afirmou que a fiscalização é feita por meio do Comando Logístico (COLOG) e da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC), que realizam operações em conjunto com órgãos de segurança pública e outras agências, nos níveis federal, estadual e municipal. Equipes buscam por sobreviventes de explosão que deixou mais de 100 mortos no Líbano Segundo Mello, diferentemente do Brasil, o Líbano não tinha protocolos de segurança tão rígidos para armazenar uma quantidade tão grande de nitrato de amônio (cerca de 2,7 mil toneladas). “Os estoques (no Brasil) funcionam no esquema 'just in time', ou seja, entra e sai. Ele não fica, não acumula, é muito cara a armazenagem dele (nitrato de amônio). O que aconteceu no Líbano dificilmente acontecerá em um país desenvolvido ou no Brasil.” Onde o nitrato é manipulado Segundo especialistas, apenas uma fábrica no país, localizada em Cubatão (SP), compra e utiliza o nitrato de amônio na produção de fertilizantes. Essa unidade, inclusive, foi a que sofreu um grande incêndio em 2017, quando ainda era propriedade da Vale Fertilizantes. Segundo o Corpo de Bombeiros à época, houve vazamento de nitrato de amônio e ácido sulfúrico na atmosfera. O G1 procurou a Yara, atual proprietária da fábrica, que afirma que faz todos os testes necessários para garantir a segurança do produto e que tem um canal de comunicação aberto para que os agricultores possam procurar a empresa. “A Yara possui todas as licenças, de acordo com as regulamentações das autoridades nacionais, entre elas o Exército, e adota uma série de medidas adicionais que cobrem e suplantam os requerimentos legais previstos na legislação brasileira.” “Geralmente, (o nitrato de amônio) não fica mais que duas semanas no porto, vai depender das condições. A empresa de Cubatão trata o produto e comercializa algo mais acabado, fazendo o transporte dele por trem ou caminhão no país inteiro”, explica Fábio Rezende, da StoneX. Especialista sobre o nitrato de amônio: ‘No Brasil, é controlado pelo Exército' No Brasil, o insumo chega por navios, que podem levar até 30 mil toneladas, e viaja pelo país em caminhões que podem carregar até 40 toneladas do produto. Tudo isso passa por fiscalização. Segundo o Ministério da Agricultura, mais de 300 empresas fazem a mistura do nitrato para produzir fertilizantes, mas, neste caso, a concentração do produto é menor, com baixo risco de explosão. O nitrato de amônio na agricultura O nitrato de amônio é usado como fertilizante na agricultura desde meados da década de 1960, na chamada “revolução verde”, período em que a agropecuária se modernizou e aumentou sua produtividade. O nitrato tem como característica uma rápida absorção de nitrogênio por parte da planta, o que ajuda na expansão das raízes, tornando-a mais forte contra fatores climáticos, como a estiagem, por exemplo. E isso ajuda na produtividade da lavoura. Porém, o analista de mercado da StoneX Fábio Rezende explica que o aumento de custo de fertilizantes à base de nitrato de amônio, especialmente por ter um armazenamento difícil, tem feito o produtor rural evitar seu uso. “Ele oferece ganho de produtividade, mas tem também uma decisão econômica, vemos que o nitrato tem perdido espaço. Nos últimos anos, o uso dele caiu muito. Exatamente por conta de ser um produto explosivo, o custo da logística dele é muito grande”, afirma Rezende. Uma das atividades agrícolas que mais utilizam o nitrato de amônio são de hortaliças, frutas e a cana-de-açúcar, segundo especialistas. Por característica das plantas, esse insumo atua melhor no desempenho delas. Já na soja, principal produto do agronegócio brasileiro, não é comum o uso desse fertilizante. Professor sobre explosão em Beirute: ‘Parece uma grande detonação provocada por incêndio’ As empresas fornecedoras de insumos vendem o produto em embalagens não inflamáveis, justamente para evitar qualquer risco de explosão. Também cabe ao produtor rural guardar o produto em local adequado, longe de combustíveis ou de locais que possam gerar faíscas. “Corretamente armazenado, ele permanece estável por muito tempo. Em compensação, em grandes quantidades, se torna muito perigoso”, afirma Luiz Fernando Figueira Silva, coordenador do Laboratório de Combustão de Engenharia Mecânica da PUC-Rio, em entrevista à GloboNews. “O nitrato aquecido começa a se decompor, e isso gera uma transformação química extremamente rápida, como se fosse um explosivo de verdade.”
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TikTok toma medidas para conter desinformação antes de eleições nos Estados Unidos
Aplicativo de origem chinesa tem sido criticado pelo presidente Donald Trump. Logo do aplicativo TikTok Dado Ruvic/Reuters O TikTok atualizou suas políticas de conteúdo para conter a desinformação em sua plataforma antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, informou a empresa nesta quarta-feira (5). O aplicativo, criticado por parlamentares dos EUA e pelo governo Trump por questões de segurança nacional por ser de propriedade chinesa, disse que está trabalhando com especialistas do Departamento de Segurança Interna dos EUA para se "proteger contra influências estrangeiras". Microsoft negocia compra do TikTok nos Estados Unidos TikTok proibido? O que está por trás do anúncio de Trump O TikTok disse que ampliaria as parcerias com o PolitiFact e a Lead Stories para verificar possíveis informações falsas sobre a eleição, além de permitir que usuários denunciem informações incorretas, informou a empresa em seu blog. A empresa afirmou que está adicionando uma política específica para proibir conteúdo artificial ou manipulado que engana os usuários com o objetivo de causar danos. Nos últimos dias, um vídeo alterado da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, se espalhou pelas plataformas de mídia social, incluindo o TikTok. As medidas são o mais recente movimento do TikTok para combater a desinformação, problema que empresas de mídia social como Facebook e Twitter há muito enfrentam. A dona do TikTok, ByteDance, é a primeira empresa chinesa a obter sucesso global com um aplicativo focado no consumidor. VÍDEO: Trump libera Tiktok nos EUA, desde que seja vendida para empresa americana Trump libera operação de rede social nos EUA desde que seja vendida para empresa americana
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