‘kidding’: uma série fofa, absurda, original e imperdível
Jim Carrey em cena de 'Kidding' Divulgação A chegada de "Kidding" por aqui é uma das coisas mais legais deste ano bosta de 2020. A série, criada por Dave Holstein, estreou em 2018, é verdade – mas aí o Globoplay já trouxe logo a primeira e a segunda temporadas juntas, então a gente total perdoa a demora. Porque "Kidding" é uma série fofa, querida, que dá um quentinho no coração, mas também é sarcástica, esperta, engraçada, inesperada. E um pouco triste. É meio absurda (alguns personagens são fantoches, por exemplo, e tem um episódio que é basicamente um musical infantil). E é, sem dúvida, uma das séries mais originais que eu vejo nos últimos anos. O protagonista, vivido por Jim Carey (que está excelente com seu cabelinho chanel, é preciso dizer), é basicamente o homem mais bonzinho do mundo. Ele é Jeff – ou Mr. Pickles, como é conhecido -, um apresentador infantil amado por crianças de várias gerações que encara esse trabalho como uma missão de vida. Seu programa tem franquias em dezenas de países, centenas de produtos licenciados, e ainda assim ele vive uma vida sem luxos, sem nenhum comportamento de estrela, e parece amar sinceramente todas as crianças do mundo. Às vezes parece um idiota, quase sempre é um gênio. Parks and Recreation, Homecoming, Ozark, Upload e mais séries boas pra ver agora Mais séries otimas? Tem aqui Quando a série começa, Jeff está enfrentando o luto pela morte do filho, um ano atrás, lidando (mal) com o fim de seu casamento e a revolta adolescente de seu outro filho (que é gêmeo idêntico do irmão que morreu). Está tentando convencer seu pai, diretor de sua atração e CEO das organizações Pickles e, portanto, seu chefe, de que é preciso falar sobre morte para as crianças no programa, do qual participa ainda sua irmã, Didi (Catherine Keener), criadora dos fantoches e mãe de uma família bem disfuncional. A série trata de luto, perda, dramas familiares e faz tudo isso com delicadeza e ironia, às vezes beirando a maluquice total – especialmente na segunda temporada, que começa esquisita, fica hilária e termina com a gente abraçando a TV em lágrimas. Que também são de alegria. Porque (e desculpe se aqui eu fico piegas como o Mr. Pickles) encontrar uma série assim é um privilégio e uma sensação boa demais. Então: não deixe de ver. A vida já está muito difícil pra gente deixar passar uma joia como “Kidding”. * Ah, mesmo que você esteja fazendo uma maratona, nunca aperte a opção "pular a abertura": a abertura dessa série dura tipo 10 segundos, é diferente a cada episódio e sempre genial. * Ah2: vários episódios da série são dirigidos por Michel Gondry, de “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”.
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Leonardo Villar, ator de ‘O pagador de promessas’ e ‘Passione’, morre aos 96 anos
Com extensa carreira no teatro, na televisão e no cinema, Villar foi protagonista do filme dirigido por Anselmo Duarte que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Aracy Balabanian e Leonardo Villar em 'Passione', de 2010 TV Globo/Renato Rocha Miranda Leonardo Villar, ator de 96 anos, morreu na manhã desta sexta-feira (3) em São Paulo, vítima de uma parada cardíaca. A informação foi confirmada ao G1 por familiares dele. Morre o ator Leonardo Villar, protagonista de ‘O pagador de promessas’ Ele foi internado na UTI na quinta-feira (2), depois de não se sentir bem na noite anterior. O corpo do ator será cremado, conforme desejo dele, e não haverá velório, por conta da pandemia da Covid-19. FOTOS: A carreira de Leonardo Villar Nascido em Piracicaba, no interior de São Paulo, em 1923, ele ganhou notoriedade ao interpretar o personagem Zé do Burro, protagonista do filme "O Pagador de Promessas" (1962). Dirigido por Anselmo Duarte e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1963, o filme foi também vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes. Antes de ir para o cinema, o texto de Dias Gomes foi interpretado no teatro e Villar já era o Zé do Burro. Leonardo Villar e Glória Menezes no filme 'O pagador de promessas', de 1962 Reprodução Com o nome de batismo de Leonildo Motta, Leonardo Villar foi aluno da Escola de Arte Dramática (EAD) da USP, onde se formou na turma de 1948. Villar trabalhou no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) durante oito anos e estreou como ator profissional sendo dirigido por Bibi Ferreira na Companhia Dramática Nacional (CDN) com a peça "A Raposa e as Uvas". Logo no começo da carreira continuou trabalhando com grandes nomes do teatro como o diretor Sérgio Cardoso em "Canção Dentro do Pão". Ele também participou de "A Falecida”, de Nelson Rodrigues. Leonardo Villar e Lima Duarte em 'Os Ossos do Barão', de 1973 Acervo/TV Globo Na televisão, Leonardo Villar fez mais de trinta novelas, como "Estúpido Cupido" (1976), "Barriga de Aluguel" (1990) , "Amazônia" (1991), "Laços de Família" (2000). O último trabalho na TV Globo foi na novela "Passione" (2010). Ao longo da carreira, Villar também participou de filmes marcantes como "Lampião e o Rei do Cangaço" (1964), "A hora e a vez de Augusto Matraga" (1965), "Ação entre Amigos" (1988), "Brava Gente Brasileira" (2000) e "Chega de Saudade" (2008). Leonardo Villar e Tônia Carrero no filme 'Chega de Saudade', de 2007 Reprodução
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Leonardo Villar: FOTOS da carreira
Ator de novelas e filmes como 'O Pagador de Promessas' morreu aos 96 anos. Leonardo Villar e Glória Menezes no filme 'O pagador de promessas', de 1962 Reprodução Leonardo Villar e Aracy Balabanian em 'Passione', de 2010 Divulgação/TV Globo Leonardo Villar e Lima Duarte em 'Os Ossos do Barão', de 1973 Acervo/TV Globo Leonardo Villar e Lidia Brondi em 'O grito', de 1975 Acervo/TV Globo Vanda Lacerda e Leonardo Villar em 'Uma Rosa Com Amor' (1972) Divulgação Leonardo Villar no filme 'O pagador de promessas', de 1962 Reprodução Rosana Garcia, Rosamaria Murtinho e Leonardo Villar em 'O Primeiro Amor', de 1972 Acervo/TV Globo Leonardo Villar e Maria Della Costa na novela 'Estúpido Cupido', de 1976 Acervo/TV Globo Leonardo Villar em 'A hora e a vez de Augusto Matraga', de 1965 Reprodução Elenco e o diretor Luiz Henrique Rios reunidos para cumprimentar Brígida (Cleyde Yáconis) TV Globo / Alex Carvalho O ator Leonardo Villar recebe o Troféu Saci das mãos de Araçari de Oliveira pelo seu papel no filme 'O Pagador de Promessas'. Foto de junho de 1963 Estadão Conteúdo/Arquivo O ator Leonardo Villar é visto durante ensaio da peça 'O Pagador de Promessas', do autor Dias Gomes, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Foto de julho de 1960 Estadão Conteúdo/Arquivo Leonardo Villar durante ensaios no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Foto de março de 1962 Estadão Conteúdo/Arquivo Leonardo Villar e Tônia Carrero no filme 'Chega de Saudade', de 2007 Reprodução Elias Gleizer, Cleyde Yáconis e Leonardo Villar em 'Passione', de 2010 Divulgação/TV Globo Aracy Balabanian e Leonardo Villar em 'Passione', de 2010 TV Globo/Renato Rocha Miranda
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Lives de hoje: Maiara e Maraisa, Péricles, Lexa, festival com Bruno e Marrone e mais shows
Elza Soares, Skank, Xande de Pilares, Pixote e festival com Ludmilla e Pocah também estão na programação deste sábado (4). Veja horários. Maiara e Maraisa, Péricles, Lexa, festival com Bruno e Marrone estão entre as lives deste sábado (4) Divulgação Maiara e Maraisa, Péricles, Elza Soares e Pixote fazem lives neste sábado (4). Já Bruno e Marrone, Leonardo, Os Parazim e Edson e Hudson participam do festival BBQ Mix em casa a partir das 16h. Veja a lista completa com horários das lives abaixo. O G1 já fez um intensivão no começo da onda de lives, constatou o renascimento do pagode nas transmissões on-line, mostrou também a queda de audiência do fenômeno e a polêmica na cobrança de direito autoral nas lives. Grupo Clareou – 15h – Link Leonardo, Bruno e Marrone, Os Parazim, Edson e Hudson – BBQ Mix em Casa – 16h – Link Dubdogz – 16h – Link Skank – 16h30 – Link Make U Sweat – 17h30 – Link Lexa – 18h – Link Ludmilla, Pocah, Ava Max, Jessy & Joy e outros artistas (Warner Pride) – 18h – Link Péricles – 18h – Link Xande de Pilares – 18h – Link Elza Soares com participação de Flávio Renegado (Em Casa com Sesc) – 19h – Link Avine Vinny – 20h – Link Pixote – 20h – Link Maiara e Maraisa – 21h30 – Link Teresa Cristina – 22h – Link As cenas de 'lives' da quarentena que já estão na história do entretenimento brasileiro
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Discos para descobrir em casa – ‘Avenida das desilusões’, Leo Jaime, 1989
Capa do álbum 'Avenida das desilusões', de Leo Jaime Reprodução ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Avenida das desilusões, Leo Jaime, 1989 ♪ O título do quinto álbum de Leo Jaime, Avenida das desilusões, já traduziu o desencanto que começava a abater o rock brasileiro projetado no Brasil ao longo dos anos 1980. Após a euforia juvenil dos dias de lutas e glórias, as vendas de discos já começavam a minguar, assim como os hits radiofônicos, em crise que seria aprofundada na primeira metade dos anos 1990, década em que houve uma troca de guarda na geração pop nacional. Goiano nascido em 23 de abril de 1960 na interiorana cidade de Anápolis (GO), Leonardo Jaime fez desde o início parte da história do rock brasileiro dos anos 1980 e poderia ter mudado o curso dessa história se tivesse aceitado o convite para ser o vocalista do banda Barão Vermelho, posto que, por indicação de Leo, acabou sendo de Cazuza (1958 – 1990), de quem se tornara amigo nas andanças pela cidade do Rio de Janeiro (RJ). Artista multimídia, hábil na conciliação de trabalhos musicais com aparições na TV e no teatro, Leo Jaime entrou em cena no elenco do musical Os saltimbancos (1977 / 1978), mas somente encontrou a própria turma no alvorecer dos anos 1980 como integrante de João Penca e seus Miquinhos Amestrados, grupo carioca que combinava humor e rockabilly. Seduzido em 1983 por contrato com a gravadora CBS para iniciar carreira solo, Leo preferiu deixar de ser um miquinho e saiu do grupo sem rusgas com amigos como Avellar Love e Leandro Verdeal. Tanto que João Penca participou da gravação da música Vinte garotas num fim de semana (Leo Jaime e Guto Barros), lado A do single duplo de 1983 que marcou a estreia de Leo Jaime em disco (o lado B era a canção O bolha, de autoria do cantor e compositor). O compacto simples – nome dado aos singles duplos no mercado fonográfico do Brasil dos anos 1980 – foi o prenúncio do primeiro álbum de Leo, Phodas “C”, lançado no fim de 1983 com estética tecnopop e repertório com moderado poder de sedução. Leo Jaime precisou esperar dois anos para fazer real sucesso – e este veio avassalador com os sucessivos hits do segundo álbum do artista, Sessão da tarde (1985), delicioso tratado juvenil sobre o amor e a desilusão sob a ótica dos loosers ou, em bom português, dos garotos pobres apaixonados por meninas de melhor condição social. Leo Jaime encontrou a fórmula do sucesso na forma de canções de perfeita arquitetura pop e de um rock sem firulas. Mas pagou preço pelo sucesso. Álbum seguinte, Vida difícil (1986) refletiu a crise existencial do artista diante das encruzilhadas do sucesso. De absorção facilitada pela inspirada balada Nada mudou, Vida difícil foi disco de ressaca que antecipou em três anos o tom de Avenida das desilusões, álbum antecedido por Direto do meu coração pro seu (1988), disco de repertório pautado pelo romantismo e pelo rock'n'roll com direito à regravação de Gatinha manhosa (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1965), reforçando a conexão de Leo com o antecessor Erasmo Carlos. Em Avenida das desilusões, esse romantismo direto saltou aos ouvidos na balada Eu perco o rumo sem você, parceria de Leo com Dalto e Paulo Lima. Gravado com produção musical de Johnny Galvão, músico português que colaborara com Leo desde o princípio da obra fonográfica do cantor, o álbum Avenida das desilusões jamais encontrou o endereço do sucesso. Talvez por oferecer o que nunca se esperava do artista naquele ano de 1989. Alocada na abertura do LP, a música-título Avenida das desilusões (Leo Jaime) ostentou batida funkeada até então dissociada da discografia do artista. Nessa mesma linha funky, a faixa Sucesso sexual – parceria de Leo com o miquinho Leandro Verdeal – evocou no sopro dos metais o suingue da Vitória Régia, banda de Tim Maia (1942 – 1998), em gravação que se diferenciou do registro original da composição, feita por Angela Ro Ro no álbum A vida é mesmo assim (1984). Na sequência de Avenida das desilusões, a faixa Frio manteve a quentura do funk com direito à voz adicional da futura garota carioca suingue sangue bom Fernanda Abreu – então já gestando o primeiro álbum solo que lançaria em 1990 – nessa música assinada somente por Leo Jaime. Parceria do artista com Paulinho Lima, Agora corroborou o fato de o álbum Avenida das desilusões ter ficado calcado mais no groove do que na força das canções, ao menos no lado A do LP de capa dupla. Mas, sim, houve canções no disco, caso de Bobagem, balada de acento soul composta por Leo com Paulinho Lima e gravada com citações da canção-soul Primavera (Cassiano e Silvio Roachel, 1970) e do samba-soul Gostava tanto de você (Edson Trindade, 1973), dois sucessos do recorrente Tim Maia na década de 1970. Dentro dessa seara de canções, a serena abordagem de Índios (Renato Russo, 1986) – então lançada pela banda Legião Urbana há meros três anos – ostentou a afinação do canto de Leo Jaime em um dos melhores desempenhos vocais do artista. Na regravação de Índios, Leo esboçou maturidade que tornou destoante a manha juvenil e machista da balada Eterno enquanto duro, parceria do artista com o miquinho Leandro Verdeal que soou deslocada na voz de um cantor então à beira dos 30 anos. Nesse sentido, a balada Você e eu pareceu mais condizente com a postura que Leo Jaime vinha adotando desde o coeso álbum Vida difícil para se livrar da imagem de roqueiro irreverente. Fora da CBS, gravadora que dispensou o cantor após o insucesso de Avenida das desilusões, a vida fonográfica de Leo Jaime se tornou difícil com a ida do artista para a Warner Music. A estreia nessa gravadora com álbum tardiamente adolescente, Sexo, drops & rock'n'roll (1990), surtiu efeito abaixo do esperado, o que gerou insatisfações do artista e da companhia fonográfica. Posto na geladeira, Leo Jaime somente conseguiu lançar em 1995 o disco seguinte, Todo amor, ao qual se seguiu – longos 13 anos depois – Interlúdio, álbum que refletiu a maturidade esboçada pelo artista neste titubeante (mas nem por isso desinteressante) Avenida das desilusões.
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Titãs recriam, e também destroem, a produção áurea da banda no molde de trio acústico
Grupo revive 'Homem primata' em ritmo de ska no segundo EP com registros de estúdio de músicas de show revisionista. Capa do EP 'Trio acústico 02', dos Titãs Divulgação Resenha de EP Título: Titãs – Trio acústico EP 02 Artista: Titãs Gravadora: Warner Music Cotação: * * 1/2 ♪ “Enquanto houver sol, ainda haverá”, canta Sergio Britto, sugerindo a palavra esperança para completar o verso do refrão da melodiosa balada de 2003 que Britto compôs para os Titãs no molde da canção Epitáfio, o hit que impulsionou o álbum lançado pela banda em 2001. Enquanto houver sol abre o segundo EP do projeto Trio acústico, show sem eletricidade que os Titãs montaram em 2019 com roteiro retrospectivo, rebobinado em estúdio por Branco Mello (voz, baixo e violão), Sergio Britto (voz, piano e baixo) e Tony Bellotto (violão e guitarra acústica) para gerar álbum neste ano de 2020. Disponibilizado na sexta-feira, 3 de julho, Trio acústico EP 02 apresenta mais oito músicas das 24 regravações feitas em estúdio e chega a mercado exatos três meses após a edição, em 3 de abril, do primeiro EP com registros de outras oito músicas do show Trio acústico. Por mais que esse projeto seja a rigor um meio de sobrevivência para os Titãs na selva do mercado, a força do repertório da banda paulistana é inegável e o molde acústico ajuda eventualmente a iluminar melodias envolventes como a de Enquanto houver sol. Despida da vestimenta new wave típica dos anos 80 com que foi apresentada na gravação original de 1984, a canção Toda cor (Marcelo Fromer e Ciro Pessoa) também é favorecida no formato acústico e ganha tom elegante com arranjo de violoncelo e violão. Reggae do mesmo álbum, Titãs (1984), que apresentou a canção Toda cor, Go back (Sergio Britto a partir de poema de Torquato Neto) soa meramente curioso no EP por ser cantado em espanhol com a citação do reggae Stir it up (Bob Marley, 1972) que já existia no disco acústico de 1997. Música-título do segundo álbum da banda, lançado em 1985, Televisão é sintonizada em frequência quase similar à do registro original e, por isso mesmo, perde peso no confronto com gravações anteriores, inclusive a feita pelo grupo no álbum Acústico MTV de 1997. Desse mesmo disco acústico, responsável por revigorar os Titãs no mercado fonográfico após álbuns de menor receptividade popular, a canção Nem 5 minutos guardados (Sergio Britto e Marcelo Fromer, 1997) tem a arquitetura preservada pelo arranjo calcado no toque de piano, com violoncelos dando tom lírico à gravação sem cair em registro meloso. Por fim, Bichos escrotos (Arnaldo Antunes, Nando Reis e Sergio Britto, 1986), Homem primata (Sergio Britto, Marcelo Fromer, Nando Reis e Ciro Pessoa, 1986) e Polícia (Tony Bellotto, 1986) – três músicas do furioso terceiro álbum dos Titãs, Cabeça dinossauro (1986) – têm plastificadas a aura punk original dessas composições, inadequadas para os tons plácidos de projetos acústicos. Ouvir Homem primata em ritmo de ska pode soar curioso, mas apenas corrobora que – sendo a vida cruel e o capitalismo, selvagem – os Titãs sobrevivem na selva de pedra criando e recriando, mas também destruindo, tudo o que produziram desde os primórdios. Mas resta uma esperança, enquanto houver sol…
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Cenas deletadas e trocas de atores e nomes: como o Black Lives Matter está mudando cultura pop
Entenda os reflexos dos movimentos antirracistas em Hollywood no Semana Pop deste sábado (4). Semana pop explica como o Black Lives Matter está mudando a cultura pop
Desde a nova onda de protestos antirracistas nos Estados Unidos, Hollywood têm passado por uma série de mudanças, pressionada por movimentos como o Black Lives Matter e por artistas negros.
O Semana Pop deste sábado (4) mostra algumas dessas transformações, que vão desde troca de dubladores e nomes de grupos a cenas ou episódios de séries deletados. Assista ao vídeo acima.
Veja todas as edições
Ouça em podcast
O Semana Pop vai ao ar toda semana, com o resumo do tema está bombando no mundo do entretenimento. Pode ser sobre música, cinema, games, internet ou só a treta da semana mesmo. Está disponível em vídeo e podcast.
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Péricles lança álbum ‘Pericão retrô’ e comenta pausa: ‘Chance de cuidar de perto da minha filha’
Ao G1, cantor fala de aniversário dele na quarentena, das lives e comenta gravação de álbum com músicas antigas. 'Intenção é fazer um carinho no coração do público.' Péricles com os filhos Lucas Morato e Maria Helena Reprodução/Instagram A quarentena de Péricles está bem agitada. Ao longo dos três meses em casa, o cantor: Fez duas lives – e se prepara para a terceira no dia 4 de julho; Lançou músicas nas plataformas digitais (as canções foram gravadas durante uma das apresentações online); Ficou uma semana internado no hospital para tratar uma infecção urinária; E celebrou seu aniversário de 51 anos com uma festa virtual. Além disso, o cantor tem aproveitado o período integral em casa para curtir a filha, Maria Helena, que acaba de completar de 5 meses. "Se existe um lado bom nisso tudo é a chance que eu tive de poder cuidar dela de perto, efetivamente. Com meu filho [o também cantor Lucas Morato, de 27 anos] eu tive, pelo menos até um ano de idade. Durante um ano eu consegui." "Mas esse período de pandemia faz com que a gente viva o tempo todo. Eu não saio de casa pra nada, só quando tenho que levá-la ao pediatra, isso uma vez por mês. Pra mim está sendo um período maravilhoso poder estar mais perto dela todo esse tempo", diz Péricles em entrevista ao G1. A conversa aconteceu um dia após ao aniversário do cantor, celebrado em sua casa. O momento de cantar o "Parabéns a Você" foi virtual. Péricles Divulgação "A gente vive um novo normal, né? Mas eu creio que em breve isso tudo vai passar e acho que a gente vai dar mais amor aos encontros, aos abraços, a ficar mais com nossos familiares e amigos." "Esse ano, passei aqui em casa com minha família, uma parte da família. Minha mãe passou na casa dela e na hora do parabéns a gente ligou pra um, pra outro, e fizemos um grande parabéns virtual, mas que valeu a pena, com a mesma dose de carinho. Foi diferente esse ano, mas quem sabe ano que vem a gente possa rir desse momento." Pericão Retrô Durante a quarentena, Péricles alterou, mas não adiou planos de um novo álbum para este período. Assim como outros artistas, o cantor utilizou o material gerado em suas lives para colocar um novo disco no mercado. Isso enquanto prepara um novo disco de inéditas previsto para lançar ainda em 2020. "Surgiu a ideia de a gente lançar essas canções, que são sete ao todo. São canções que alegram muito e, principalmente, alegram nossos fãs, que pedem muito nos shows, nas lives. A intenção é fazer um carinho no coração do nosso público." O álbum "Pericão retrô" está disponível nas plataformas digitais. E é por esses canais que o cantor acredita que estão surgindo os novos ídolos do samba e pagode, e não mais nas rodas de samba. "A modalidade mudou. Esse novo normal fez com que esses ídolos aparecessem de outra forma." "Vejo muita gente boa, que a gente não conhecia e não conheceria se não fossem as plataformas digitais. E eu vejo com bons olhos. Posso citar o Vou pro Sereno, Vitinho, Billy SP, o Galocantô, que já vem fazendo um bom trabalho nas rodas de samba aí. Tem muita gente boa fazendo um bom trabalho, mas que aparece mais nas plataformas digitais." Boas mensagens O cantor também tem marcado presença nas redes sociais. No Twitter, Péricles compartilha com seus fãs letras de música, mensagens de bom dia todas as manhãs e algumas brincadeiras. Ele evita se envolver ou dar opiniões polêmicas. "Tudo parte do respeito, né? Eu respeio todo mundo pra ser respeitado e creio muito que isso funciona. Não posso combater fogo com fogo. Tento passar boas mensagens, porque é disso que a gente precisa." "Não que eu me coloque alheio a tudo o que acontece, mas se eu passar boas mensagens, voltam boas mensagens, boas energias e isso circula." Péricles dança 'Havana' em DVD 'Mensageiro do Amor'
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Elza Soares tem relançado o álbum mais raro da discografia da cantora
Editado em 1979, 'Senhora da terra' chega às plataformas de áudio para festejar os 90 anos da artista. ♪ Dos 34 álbuns lançados por Elza Soares entre 1960 e 2019, um nunca foi editado no formato de CD e, por isso mesmo, tinha se tornado título especialmente raro da discografia da cantora carioca, desconhecido até por seguidores da artista. Trata-se de Senhora da terra, álbum de 1979 que marcou a estreia de Elza na CBS, gravadora com a qual a cantora assinou contrato após fazer quatro LPs pela pequena gravadora Tapecar, editados entre 1974 e 1978. Para celebrar os 90 anos de Elza, festejados neste mês de julho de 2020, a gravadora Sony Music relança o álbum Senhora da terra em edição digital com a capa e com as 12 faixas originais que compuseram repertório então quase inteiramente inédito. Aberto com o samba Põe pimenta (Beto Sem Braço e Jorginho Saberás), apresentado em single editado em 1979 e também disponibilizado nas plataformas de áudio, o álbum Senhora da terra flagrou Elza Soares no auge da forma vocal, como mostram os bebops com que a cantora acelerou a batida de Coração vadio (Edil Pacheco e Paulinho Diniz). Única parceria de Ivone Lara (1922 – 2018) com Mauro Duarte (1930 – 1989), o dolente O morro foi uma das joias raras de repertório em que Elza exaltou o samba em Alegria do povo (Ari do Cavaco e Luiz Luz). Capa do álbum 'Senhora da terra', de Elza Soares Divulgação Samba-enredo com que a Unidos dos Passos, escola de samba de Juiz de Fora (MG), desfilara no carnaval de 1977, Exaltação ao Rio São Francisco (Waltinho, Zezé do Pandeiro e João Leonel) foi uma das duas regravações do repertório desse disco em que Elza entrou na cadência do ijexá para recriar Afoxé (Heraldo Farias e João Belém) – samba-enredo descritivo das origens da dança baiana, com o qual a escola de samba Acadêmicos do Cubango se sagrara campeã no Carnaval da cidade de Niterói (RJ) naquele ano de 1979 – e apresentou Paródia do compositor (Wilson Moreira e Nei Lopes). Com muitos sambas alusivos ao Carnaval, caso de Maria Pequena (Guaracy de Castro e Roberto Nepomuceno), perfil da porta-estandarte homônima da música, o álbum Senhora da terra incluiu Abertura, samba de autoria de Elza, compositora bissexta. O título aludia à abertura política “lenta, gradual e segura” que traria de volta ao Brasil, naquele ano de 1979, os exilados pelo regime militar instaurado em 1964 e endurecido em 1968. No fim do disco, o samba Barraquinho reconectou Elza Soares com João Roberto Kelly, compositor de Barraquinho e de Boato (1961), um dos primeiros sucessos da trajetória vitoriosa da cantora. E cabe notar que, na gravação, a intérprete imita a cantora Isaura Garcia (1923 – 1993) com a bossa negra que sempre diferenciou Elza no universo das cantoras do Brasil. Mesmo quando atravessou fases de menor visibilidade, como a vivida na CBS, Elza Soares sempre foi a tal e, até por isso, seria oportuno que, além da edição digital, a gravadora Sony Music lançasse o álbum Senhora da terra em CD para que a discografia da artista ficasse inteiramente disponível em formato físico para os colecionares dos álbuns dessa senhora cantora de incríveis 90 anos.
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Jota Quest reforça onda de discos de lives com EP em que toca ‘lados B’ da banda
♪ Assim como as lives viraram tradição no calendário cultural do Brasil, desde que as casas de shows foram fechadas em março por causa da pandemia do covid-19, os discos derivados de lives já são tendência seguida por vários artistas brasileiros, inclusive para gerar renda. Reforçando essa onda, mesmo tendo discografia já povoada por discos ao vivo que por vezes soaram redundantes, o grupo mineiro Jota Quest lança EP com o primeiro volume de áudios extraídos de lives. Disponível desde sexta-feira, 3 de julho, o EP Live sessions vol. 1 perpetua os registros de quatro músicas captadas na live A voz do coração, feita em 6 de junho por Rogério Flausino (voz), Marco Túlio Lara (guitarra), Marcio Buzelin (teclados), PJ (baixo) e Paulinho Fonseca (bateria). Capa do EP 'Live sessions vol. 1', do Jota Quest Arte de Cris Noronha Com capa que expõe arte de Cris Noronha, o EP Live sessions vol. 1 perpetua as versões ao vivo de músicas como A tarde (Marcio Buzelin, 1996), Oxigênio (2000) – parceria inusitada de Rogério Flausino com Zé Ramalho que deu título ao controvertido álbum lançado pelo grupo há 20 anos em gravação feita com a participação de Ramalho – e Tele-fome (2000), outra música do álbum Oxigênio, composta por Flausino em parceria com Paulinho Pedra Azul. Completa o lote de composições do EP Live sessions vol. 1 a balada Palavras de um futuro bom (2005), lado B do álbum Até onde vai (2005). Embora esteja na onda de discos derivados de lives, o Jota Quest tem álbum de músicas inéditas já pronto para ser lançado. Dois singles desse álbum produzido por Paul Ralphes – A voz do coração (Rogério Flausino, PJ e Rael) e Guerra e paz (Rogério Flausino, PJ, Marco Túlio Lara, Marcio Buzelin, Paulinho Fonseca, Dany Vellocet, Guga Machado, Renato Galozzi e Saulo Roston) – inclusive já foram lançados em 17 de abril e em 19 de junho, respectivamente.
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