‘Sangue negro’, álbum que bombeou o jazz de Amaro Freitas no mundo, é editado em LP com texto de Ed Motta
♪ Título fundamental da discografia do jazz brasileiro dos anos 2010, o álbum Sangue negro – disco de estreia do pianista pernambucano Amaro Feitas – ganha edição em LP neste mês de junho de 2020 com outra capa, texto inédito de Ed Motta e tiragem limitada de 300 cópias. Lançado em novembro de 2016 de forma independente, no formato de CD e em edição digital, o álbum Sangue negro abriu caminho para Amaro Freitas conquistar o circuito internacional de jazz com o magistral toque percussivo do piano com o qual o músico faz jazz com influências de ritmos nordestinos – como baião, ciranda, frevo e maracatu – em vez de tocar esse ritmos com a tal influência do jazz. Pianista e compositor de formação clássica, crescido na periferia do Recife (PE), Amaro embutiu na técnica o aprendizado intuitivo da música ouvida nos cultos das igrejas frequentadas na infância e adolescência com os pais evangélicos. Capa da edição em LP do álbum 'Sangue negro', de Amaro Freitas Reprodução Gravado nesse Recife (PE) musicalmente miscigenado, com produção musical de Rafael Vernet, o álbum Sangue negro apresentou composições autorais como Samba de César e o frevo-jazz Subindo o morro, tocadas por Amaro com o baterista Hugo Medeiros e o baixista Jean Elton, com eventuais intervenções do saxofonista Elíudo Souza e do trompetista Fabinho Costa. Com capa que expõe a arte inédita criada pelo Bloco Gráfico, a edição em LP do álbum Sangue negro – produzida através de parceria da 78 Rotações com o selo Assustado Discos – quando Amaro Freitas já está com o prestígio consolidado no exterior com um segundo álbum, Rasif (2018), lançado pelo selo inglês Far Out Recordings e igualmente incensado nos nichos estrangeiros de jazz. Aos ouvidos gringos, o toque do piano de Amaro Freitas assombra tanto por conta do virtuosismo do músico como pela singularidade de o artista fugir do universo do samba-jazz que carimba instrumentistas do Brasil no mapa-múndi do jazz.
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G1 Ouviu #95: ‘Funk consciente’ se reinventa com Deus, motos e superação
Podcast conta história de nova geração de MCs que ganha o coração de comunidades de SP com músicas emotivas sobre vida na favela, com toque religioso e moto como símbolo de superação. Você pode ouvir o G1 ouviu no G1, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o G1 Ouviu para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. O que são podcasts? Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia… Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça – e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado G1 ouviu, podcast de música do G1 G1/Divulgação
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Pixar lança novo trailer de ‘Soul’; assista
O teaser de um minuto mostra um dia típico na vida de Joe, o protagonista dublado por Jamie Foxx, que é professor de música do ensino médio. Imagem do novo filme de animação 'Soul' da Pixar Divulgação A Pixar lançou novo trailer do filme de animação "Soul". O teaser de um minuto mostra um dia típico na vida de Joe, o protagonista dublado por Jamie Foxx, que é professor de música do ensino médio. "Música é vida. Você só precisa saber onde procurar ”, diz Joe no trailer. “Gaste seu tempo precioso fazendo o que trará à tona o seu verdadeiro eu, brilhante e apaixonado que está pronto para contribuir com algo significativo neste mundo. Prepare-se, sua vida está prestes a começar". Joe sonha em ser um artista de jazz, mas antes que ele consiga, um acidente inesperado faz com que sua alma se separe do corpo. Ele então é transportado para o Great Before, um lugar fantástico onde novas almas obtêm suas personalidades, peculiaridades e interesses antes de ir para a Terra. Lá, ele se une a uma alma gêmea chamada 22 (dublada por Tina Fey). Os dois trabalham juntos para devolver a alma de Joe ao seu corpo na Terra antes que seja tarde demais. Os cineastas de “Soul”, incluindo o diretor Pete Docter, o co-diretor e roteirista Kemp Powers e a produtora Dana Murray, fizeram parceria com a antropóloga e educadora americana Johnnetta Cole e o renomado pianista de jazz Jon Batiste para oferecer essa prévia do filme. O trailer também apresenta a música "Parting Ways", que foi escrita, produzida e executada por Cody Chesnutt. Tanto Cole como Batiste, que emprestaram sua experiência aos arranjos e composições de jazz de "Soul", trabalharam como consultores culturais do filme. Após ter sua data de lançamento original em junho adiada pela pandemia de coronavírus, "Soul" será lançado em 20 de novembro. Veja o trailer do filme:
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Atores brancos deixarão de dublar personagens de outras etnias em ‘Os Simpsons’
Apu, o médico Dr. Hibbert e Carl Carlson, amigo do protagonista Homer Simpson devem ganhar novos dubladores. Decisão acompanha as manifestações após a morte de George Floyd. 'Os Simpsons' enfrenta acusações de racismo envolvendo personagem indiano Apu Divulgação Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (26) os produtores da animação "Os Simpsons" informaram que atores brancos deixarão de dublar personagens de outras etnias e que o elenco será reformulado. A decisão foi tomada após outras séries de animação como "Family Guy", "Central Park" e "Big Mounth" anunciarem mudanças no elenco, pressionadas pelas manifestações Black Lives Matter, após o assassinato de George Floyd em Minneapolis nos Estados Unidos. No comunicado os produtores afirmam que “dando um passo em frente, os Simpsons deixarão de ter atores brancos a dar voz a personagens de cor” Há cerca de 5 meses o personagem de Apu Nahasapeemapetilon — dono de um supermercado e de origem indiana, dublado pelo ator branco Hank Azaria desde o começo da série — um dos mais problemáticos da série por representar indianos de uma maneira estereotipada deixou de aparecer nos novos episódios da produção. O ator que dublava o personagem decidiu abandonar a animação após o lançamento do documentário "O problema com Abu" de 2017, no qual o ator e comediante de origem indiana Hari Kondabolu denuncia os estereótipos associados ao personagem, começando por seu sotaque carregado. Além do Apu, o médico Dr. Hibbert e Carl Carlson, amigo do protagonista Homer Simpson também devem ganhar novos dubladores.
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Mulher de Zé Neto grava vídeo ao lado dos filhos após cantor testar positivo para Covid-19: ‘Nenhum de nós estamos’
Cantor foi diagnosticado com coronavírus depois de sentir sintomas e fazer exame no Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP). Músico continua em isolamento social. Natália Toscano gravou vídeo para dizer que família está bem Reprodução/Instagram Depois de o cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, testar positivo para Covid-19, a mulher dele, Natália Toscano, publicou um vídeo em uma rede social para falar da situação e tranquilizar os fãs. Segundo Natália, o marido está em isolamento social desde a última quarta-feira (24). Apesar de morarem na mesma casa, em São José do Rio Preto (SP), o sertanejo não está tendo contato com a família. “Por isso vocês não o viram nas redes sociais. Eu não falei nada antes, porque estávamos esperando o resultado. Nenhum de nós estamos. Nem a Angelina, nem o José, nem eu, nem minha sogra, nem minhas funcionárias”, disse. Além de Zé Neto, o pai do cantor também foi diagnosticado com o novo coronavírus. No entanto, ele não apresentou sintomas. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa do artista. Natália também afirmou que a família está tomando todos os cuidados possíveis e que o marido está bem. “Ele [Zé Neto] está isolado por precaução, para que não passe para frente. Estou cuidando super bem. Estamos sendo bem auxiliados. Infelizmente, faz parte da nossa vida atual. Estamos sujeitos a pegar ou não”, afirmou. Zé Neto decidiu fazer o teste de coronavírus no Hospital de Base após apresentar tosse, espirro e febre. No entanto, a assessora não soube informar exatamente quando o exame foi realizado. Cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, testa positivo para Covid-19 Reprodução/Instagram Zé Neto e Cristiano em live realizada em São José do Rio Preto (SP) Reprodução/Youtube Initial plugin text Veja mais notícias da região no G1 Rio Preto e Araçatuba
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‘Eu fiquei muito mal’, diz sertanejo Zé Neto após anunciar que testou positivo para Covid-19
Em vídeo, cantor que faz isolamento na casa dele, em Rio Preto (SP), reforça pedido para fãs se cuidarem. "Para não cometerem os mesmos erros que eu talvez tenha cometido, se cuidem. Fiquem em casa." Sertanejo Zé Neto, da dupla com Cristiano, revela que testou positivo para Covid-19 O sertanejo Zé Neto, da dupla com Cristiano, publicou na tarde deste domingo (28) um vídeo nas redes sociais agradecendo pelo apoio que está recebendo depois de ter testado positivo para Covid-19 e pedindo para as pessoas não cometerem erros. Além o cantor, o pai dele foi diagnosticado com o novo coronavírus. O artista permanece em isolamento social na casa onde mora com a família em São José do Rio Preto (SP). Sertanejo Zé Neto está em isolamento em casa, em Rio Preto (SP), após testar positivo para Covid-19 Arquivo Pessoal "Eu fiquei muito mal e, segundo o médico, não sofri um terço do que uma pessoa com Covid, no pior estágio, sofre", comentou no vídeo. "Meu pai foi assintomático. Queria até ter falado antes para vocês, mas meu estado de saúde não permitiu. Quero agradecer pelas palavras de conforto”, afirmou o cantor. De acordo com Zé Neto, algumas pessoas "meteram a boca" depois de ele ser diagnosticado com a doença. Zé Neto e Cristiano fizeram live na noite de domingo em Rio Preto Reprodução/Youtube “Alguns aí meteram a boca dizendo que a gente não respeita. A gente respeita, mas comete falhas em algum momento. Ninguém é 100% perfeito, todo mundo está sujeito a erro. Infelizmente, essa doença não permite erros”, disse. “Para vocês não cometerem os mesmos erros que eu talvez tenha cometido, se cuidem e fiquem em casa. Realmente é muito sério." Ao final do vídeo, o cantor sertanejo fez um comentário para as pessoas que "falaram mal". “Eu só lamento. Daqui alguns dias, estou zero bala de novo. Beijo no coração e Deus abençoe”, disse o sertanejo. Mulher e filhos testaram negativo Natália Toscano, mulher de Zé Neto, também publicou um vídeo em uma rede social para tranquilizar os fãs. Segundo Natália, apesar de morarem na mesma casa, o sertanejo não está tendo contato com a família. “Por isso vocês não o viram nas redes sociais. Eu não falei nada antes, porque estávamos esperando o resultado. Nenhum de nós estamos. Nem a Angelina, nem o José, nem eu, nem minha sogra, nem minhas funcionárias”, disse. Natália Toscano gravou vídeo para dizer que família está bem Reprodução/Instagram Natália também afirmou que a família está tomando todos os cuidados possíveis e que o marido está bem. “Ele [Zé Neto] está isolado por precaução, para que não passe para frente. Estou cuidando super bem. Estamos sendo bem auxiliados. Infelizmente, faz parte da nossa vida atual. Estamos sujeitos a pegar ou não”, afirmou. Zé Neto decidiu fazer o teste de coronavírus no Hospital de Base após apresentar tosse, espirro e febre. No entanto, a assessoria não soube informar exatamente quando o exame foi realizado. Cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, testa positivo para Covid-19 Reprodução/Instagram Veja mais notícias da região no G1 Rio Preto e Araçatuba Initial plugin text
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Fãs de Mia Khalifa fazem petição para que seus vídeos adultos antigos sejam retirados da internet
Petição conta com mais de 800 mil assinaturas. Ex-atriz pornô Mia Khalifa Reprodução/Mia Khalifa/Instagram Fãs da ex-atriz pornô Mia Khalifa, agora influencer e comentarista esportivo, criaram uma petição online pedindo a remoção de todos os seus vídeos adultos da internet e a recuperação de seu domínio de sites adultos. O abaixo-assinado ultrapassou mais de 800 mil assinaturas neste domingo (28). Segundo a petição, Mia e sua equipe já fizeram ofertas aos proprietários dos sites para a remoção do conteúdo, no entanto, não teve retorno. A iniciativa ganhou força depois que a influencer fez um apelo para que suas seguidoras nas redes sociais não entrem na indústria de filmes eróticos. "Meninas, não façam isso. Não vale a pena", disse ela. Khalifa tem usado Twitter, TikTok e Instagram para conversar com seus fãs sobre comentários e ataques que recebe diariamente. Khalifa, de 27 anos, não atua em filmes adultos há seis anos. Ela participou de 11 filmes quando tinha 21 anos. A ex-atriz agradeceu o apoio dos fãs por meio de uma rede social e afirmou que a petição está ajudando ela a recuperar sua dignidade. "A geração Z nunca dorme? Eu estou realmente preocupada. Vocês viram isso há 30 minutos no tiktok e tinham 500 assinaturas. Eu amo tanto vocês que assinaram este convite para minha festa de aniversário. É uma lista de convidados, não uma petição". Initial plugin text
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A frustrada tentativa de Monteiro Lobato em ganhar mercado nos EUA com livro considerado racista
Monteiro Lobato (1882-1948) já tinha vários livros publicados quando vislumbrou fazer sucesso no mercado editorial anglófono. Na bagagem carregava sua esperança: o romance 'O Presidente Negro'. Lobato bateu à porta de pelo menos cinco editoras nos Estados Unidos — e colecionou nãos. Monteiro Lobato Wikimedia Commons/BBC Monteiro Lobato (1882-1948) já tinha vários livros publicados — entre os quais Cidades Mortas, Urupês e O Saci e contos que depois seriam incluídos no famoso Reinações de Narizinho, de 1931 — quando vislumbrou fazer sucesso no mercado editorial anglófono. Sonhando se tornar um novo H. G. Wells (1866-1946), cultuado pelo A Guerra dos Mundos, de 1898, passou cerca de quatro anos nos Estados Unidos, na segunda metade da década de 1920. Na bagagem carregava sua esperança: o romance O Presidente Negro — originalmente O Choque das Raças ou O Presidente Negro. Com um enredo fortemente racista, a obra não teve aceitação entre os editores americanos. De acordo com o livro Um País se Faz com Tradutores e Traduções: A Importância da Tradução e da Adaptação na Obra de Monteiro Lobato, do escritor e tradutor britânico John Milton, Lobato bateu à porta de pelo menos cinco editoras nos Estados Unidos — e colecionou nãos. "Lobato se via como um novo H. G. Wells, mas os temas centrais (a segregação completa entre brancos e negros, a tentativa dos brancos de esterilizarem os negros e a influência da eugenia, sugerindo que os brancos fossem superiores aos negros) eram sensíveis demais para qualquer editora norte-americana se arriscar", escreve Milton. No segundo semestre de 1927, uma carta escrita a ele pelo editor da agência literária Palmer, de Hollywood, sacramentou sua frustração, alegando que "o enredo central se baseia em uma questão particularmente difícil de ser abordada neste país, porque certamente resultará no tipo mais amargo de sectarismo". "E, por esse motivo, os editores são invariavelmente avessos à ideia de apresentá-lo ao público leitor", prossegue a carta. "Nem mesmo o fato de estar ambientado 300 anos no futuro mitigaria esse fato na mente dos leitores negros." A avaliação do editor ainda alerta a Lobato que "os negros são cidadãos americanos, parte integrante da vida nacional" e promover "seu extermínio por meio da sabedoria e habilidade da raça branca" seria endossar uma "divisão violenta". O escritor brasileiro não parece ter se convencido a mudar suas ideias. Em carta enviada ao escritor Godofredo Rangel (1884-1951), seu amigo e correspondente ao longo de 40 anos, Lobato reclamou que O Presidente Negro não havia sido aceito porque "acham-no ofensivo à dignidade americana". "Errei vindo cá tão tarde", escreve. "Devia ter vindo no tempo em que linchavam os negros." "Tinha lido há muito tempo [esse livro] e reli, mais recentemente. Tenho duas considerações, na verdade duas impressões fortes que me ficaram da obra. Primeiro, do ponto de vista de uma análise externa, fiquei impressionada com a certeza, seguida da decepção, de Lobato de que a obra seria bem recepcionada, um grande sucesso nos Estados Unidos. Lobato fica perplexo porque seu livro não encontra editor, não entende por que os americanos o acharam ofensivo", comenta à BBC News Brasil a historiadora Lucilene Reginaldo, professora de Estudos Africanos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Do ponto de vista da construção da obra, é surpreendente como Lobato se instrumentaliza das ideias eugenistas, das quais ele era um entusiasta confesso. Mas ele tinha plena clareza que a literatura era uma forma sutil, indireta e eficiente de promover a eugenia." Ilustração de 'A chave do tamanho', um dos livros mais populares de Lobato Divulgação/BBC Enredo O Presidente Negro começa no Brasil dos anos 1920. Ayrton sofre um acidente e acaba resgatado por um cientista excêntrico que lhe apresenta sua grande invenção: o porviroscópio, uma máquina que mostra o futuro. Assim, os personagens acompanham a vida nos Estados Unidos de 2228, em plena campanha eleitoral. A sociedade futurista americana é descrita como uma utopia modelo. Mas, segundo a história criada por Lobato, esse sucesso era devido a algumas medidas que haviam sido tomadas: o fim da imigração, a execução de todos os recém-nascidos com malformações e a esterilização dos "doentes mentais" — balaio no qual o autor inclui prostitutas, ladrões, preguiçosos e desocupados. Outra medida implementada por esse governo futurista era a intervenção estatal na reprodução. Para poder ter filhos, o casal precisava se submeter a uma análise oficial de suas características. A ideia era garantir que apenas os melhores passassem seus genes adiante. É nessa sociedade que Lobato insere uma campanha eleitoral norte-americana. E vence um candidato negro, Jim Roy. Trata-se do gatilho para que Lobato apresente os negros como "o único erro inicial contido naquela feliz composição". O livro aponta que a sorte dos Estados Unidos era que ali, devido ao ódio racial, ao contrário do Brasil não ocorreu a miscigenação — que para o autor causaria uma "degeneração" racial irreversível —, mantendo os negros segregados. Por outro lado, segundo o livro, os negros teriam uma propensão maior a se reproduzir. O que fazia com que sua população aumentasse em um ritmo superior a dos brancos. Algumas "soluções" são apresentadas para esta questão. Os negros pedem a divisão do país em dois. Os brancos sugerem extraditar todos os negros para o Amazonas. Mas a Suprema Convenção Branca cria um plano, chamado de "solução final" para o "problema negro". Eles desenvolvem uma tecnologia para alisar os cabelos dos negros — mas instalam no aparelho um componente que esteriliza quem usa. "É um livro claramente racista na ideia, na proposta, no desenlace. É um livro que ficou datado, por demais preconceituoso. Não vejo motivo para ser estudado em universidades nem escolas, muito diferente do universo infantil de Monteiro Lobato", afirma à BBC News Brasil a historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, professora da Universidade de São Paulo (USP) e coautora do livro Reinações de Monteiro Lobato, uma biografia do escritor. "É um livro que serve apenas para teses e dissertações que analisam o racismo do Brasil. Não é um livro para ser adotado com alunos." Com a eleição de Barack Obama, o livro O Presidente Negro voltou a ter uma edição no Brasil Pete Souza/BBC Autora do artigo Você Já Pensou no Impacto da Obra de Lobato na Construção da Estima Negra?, a psicopedagoga Clarissa Brito, especialista em Educação Infantil, enfatiza à BBC News Brasil que considera O Presidente Negro a "expressão explícita de seu posicionamento político, defensor da eugenia e seu desejo de extermínio do povo negro". Quando Barack Obama disputava a Presidência dos Estados Unidos, em 2008, a editora Globo Livros relançou o romance. À BBC News Brasil o editor Mauro Palermo enfatiza que Lobato precisa ser lido considerando que ele "escreveu suas obras entre 1920 e o fim da década de 1940". "Creio que leitores atuais encontrarão nessas histórias, além do entretenimento, uma oportunidade rica de entender e discutir como se comportava a sociedade brasileira há um século e, a partir daí, refletir sobre o quanto já caminhamos na luta contra o racismo e o tanto que ainda precisamos nos desenvolver e aprimorar", diz. "Infelizmente nos entristece perceber que essa longa caminhada está longe de chegar ao fim." "Não me julgo competente para opinar, de formar mais circunstanciada, sobre a tipificação do crime de racismo na produção artística em geral e literária em particular. É evidente que minha postura de cidadã diante de um texto ou autor contemporâneo que propaga ideias racistas, xenófobas, homofóbicas, machistas é de firme repúdio, denúncia e execração", avalia Reginaldo. "Creio que é diferente tratar de textos e autores contemporâneos e de textos e autores do passado, embora para mim o racismo seja execrável, um cancro maligno, no século 19, no século 20 e nos dias atuais." Ela ressalta, contudo, que como historiadora, lê obras que formularam e propagaram ideias racistas. "São fontes de pesquisa. Por exemplo, como dever de ofício e também por interesse, li mais de uma vez o livro Africanos do Brasil, de Raimundo Nina Rodrigues. Este e outros livros deste autor são fundamentais para a compreensão do ideário racista que está na base do pensamento social brasileiro do século XIX e início do XX. Mas a obra de Rodrigues informa muito mais, por exemplo, para os estudiosos das religiões afro-brasileiras e dos africanos no Brasil. Um olhar crítico sobre estas produções me permite analisar texto e contexto; singularidades, diálogos intelectuais, sub-textos. Poderia dizer o mesmo sobre clássicos da literatura ocidental e brasileira. Aí também se inscreve parte da polêmica e resistência sobre o reconhecimento do racismo na obra de Monteiro Lobato. Querem lhe preservar uma aura insustentável e, quero crer, desnecessária." Até janeiro do ano passado, quando Monteiro Lobato entrou em domínio público, a Globo detinha a exclusividade da publicação de suas obras — de acordo com Palermo, foram 7 milhões de livros vendidos, considerando todo o catálogo do escritor, nos últimos 12 anos. As insinuações preconceituosas de Lobato não se restringem ao romance O Presidente Negro. Estão presentes em toda a sua obra, inclusive nos clássicos infantis que compõem a coleção Sítio do Picapau Amarelo. Obras infantis "Metaforicamente, podemos dizer que Narizinho e Pedrinho tinham duas avós. A de sangue, que incessantemente buscava repassar seu conhecimento formal para seus netos. E a tia Nastácia que era a responsável pelos ensinamentos advindos de sua experiência de vida. As duas avós eram igualmente importantes na criação e na formação de seus 'netos'. As referências à tia Nastácia na obra refletem o pensamento da época e isso nos choca tremendamente hoje", analisa Palermo, sobre o universo infantil de Lobato. A Companhia das Letras, outra editora que tem publicado obras de Lobato, afirma à reportagem que opta por notas de rodapé para que os mediadores da leitura — sejam eles professores, sejam eles pais — contextualizem a questão às crianças. "Ficou estabelecido que todos os livros viriam com notas que pudessem contribuir às discussões das questões problemáticas da obra dele", afirma a assessoria de comunicação da editora. Sobre O Presidente Negro, a editora afirma que a polêmica obra "não está e não estará em catálogo". O racismo na obra infantil de Monteiro Lobato chegou até o Supremo Tribunal Federal. A história começou em 2010, quando o Conselho Nacional de Educação (CNE) determinou que o livro Caçadas de Pedrinho não fosse mais disponibilizado às escolas do sistema público, por conta do conteúdo racista. "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão" e "Não vai escapar ninguém — nem Tia Nastácia, que tem carne preta" foram trechos utilizados para justificar a medida. Diante de recurso do Ministério da Educação, o caso chegou ao Supremo. Os debates foram encerrados apenas no mês passado. "Tratava-se de mandado de segurança do STF com o qual se pretendia obter indiretamente a anulação de pareceres do Conselho Nacional de Educação. Referidos pareceres trataram da aquisição de obras literárias pelo Ministério da Educação destinados ao Programa Nacional Biblioteca na Escola. Alegavam os impetrantes que o Ministério da Educação, ao autorizar a aquisição de livros que contenham expressões reforçadores de estereótipos raciais, viola frontalmente as normas gerais da Administração Pública e a legislação internacional sobre o racismo", contextualiza à BBC News Brasil o jurista Carlos Ari Sundfeld, professor da FGV-Direito. "A tentativa de proibir os livros de Lobato parece estar baseada na ideia de que a ficção literária não poderia, sob pena de praticar crime, tratar do racismo sem fazer sua crítica explícita. É uma visão que reclama que toda literatura, para ser lícita, seja militante. A visão é compreensível em função de nosso grave problema, não superado, com o racismo. Mas não há fundamento jurídico para a proibição de livros em casos assim, o que seria incompatível com a liberdade, um valor fundamental, cuja prevalência justifica uma orientação muito restritiva quanto ao poder de o Estado intervir no mundo das palavras", afirma Sundfeld. "Para que se proíba a circulação de um livro não basta que ele incorpore, nos personagens, nas situações, nas frases ou nas palavras, algum tipo de elemento que, sem condená-lo, remeta ao racismo. É preciso que se trate de um caso extremo, difícil, aliás, de ocorrer em obras apenas literárias, de apologia e incitação inequívoca e grave ao racismo." "As referências à tia Nastácia em 'Reinações de Narizinho' refletem o pensamento da época e isso nos choca tremendamente hoje", analisa o editor Mauro Palermo Divulgação/BBC O assunto foi encerrado no Supremo em 22 de maio, mas sem julgar o mérito. "O STF entendeu que não lhe cabia analisar o assunto, pois o que se estava impugnando era o ato de homologação, pelo Ministro da Educação, desses pareceres. Mas o STF não tem competência originária para julgar mandados de segurança contra atos de ministros de Estado", explica o jurista. Especialistas e educadores acreditam que a obra infantil de Lobato deve ser lida e debatida em escolas. "Não se trata de retirar suas obras do mercado. Muito melhor do que isso é que a obra venha acompanhada por notas que problematizem a questão do racismo", defende Schwarcz. "Sempre acho que em história precisamos problematizar esses termos para que eles não passem 'em branco', com muitas aspas. É preciso fazer com que fique evidente o racismo presente nessa obra, isso é fazer muito mais do que censurar o autor." Ela defende a necessidade de, no ambiente escolar, formar e informar os professores, para que eles saibam como tratar livros assim. "Que o professor alerte o aluno a todo momento em que houver personagens ou situações ou contextos racistas. Chamar a atenção, perguntar por que a Tia Nastácia tinha apenas saberes localizados enquanto os personagens brancos conheciam história, ciência, civilização. Por que personagens negros foram descritos a partir de seus beiços alargados e sua cor, enquanto os brancos, não, como se brancura fosse uma não cor. Minha atitude como professora nunca é de censura, e sim de interpelar essas narrativas com outras questões, que são as questões do nosso momento", afirma. "Os livros de Lobato devem estar em catálogo, com notas de rodapé", prossegue. "E essas notas precisam servir de gatilho para que a classe discuta a questão do racismo no Brasil. Isso é fundamental em um país que vive um racismo estrutural e institucional." "Sou favorável às edições críticas", complementa Reginaldo. "Parece que há algumas iniciativas nesse sentido neste momento, o que mostra a importância e ressonância do debate iniciado em 2010. Há tempos, circula uma nota crítica nas Caçadas de Pedrinho sobre a proibição da caça das onças. Num artigo publicado em 2010, Ana Maria Gonçalves chama a atenção para a a mea culpa de Lobato reconhecendo seu preconceito contra os camponeses representados pelo personagem Jeca Tatu, que foi incorporado na quarta edição de Urupês. Mas como já confessei em outra ocasião, ao ler Caçadas de Pedrinho e outros para meu filho com então 6 anos, me vi na obrigação de mãe de protegê-lo. Editei e omiti termos que me soavam impronunciáveis. Mas sei que isso também foi praxe nas versões televisivas do Sítio do Picapau Amarelo." Importância de Lobato para crianças "Não tenho nenhuma ressalva — na verdade acho fundamental — que se publique a obra de Lobato na íntegra. Lobato deve ser lido", comenta Reginaldo. "Como historiadora, vejo aí uma fonte preciosa para os estudiosos e para reflexão crítica sobre o Brasil. Com outras preocupações e recursos analíticos, em razão do seu valor literário — que aliás, aqui não se discute, também é fonte para os estudiosos da literatura e de outras áreas. No ambiente escolar, especialmente para jovens e adolescentes, acompanhado de boas edições críticas, pode ser lido. Mas nas mãos do público infantil, no qual a literatura é sobretudo expressão do lúdico, mas que ao mesmo tempo introjeta valores, creio que não se pode ignorar o debate que vem sendo feito desde 2010, pelo menos. Ouvi muita gente dizendo que leu Lobato na infância e não se tornou racista. Mas acho que, por meio de processos indiretos sem ódio, sem truculência, podem ter aprendido a naturalizar as hierarquias raciais, se colocarem como personagens centrais e protagonistas da história, tornado-se, por conseguinte, insensíveis às dores e humilhações alheias. Defender ardorosamente a aura de Lobato é um lugar de privilégio!" Série do Sítio do Picapau Amarelo, remake feito pela TV Globo dos anos 2001 a 2007 Divulgação/BBC Para a especialista em Educação Infantil Clarissa Brito, é preciso atentar para o fato de que expressões da obra de Lobato — como "negra cor de lodo", "carne preta" ou próprio uso do termo "negra" no vocativo — sejam compreendidas como ferramenta de reprodução do racismo. Ela defende que as obras do autor sejam utilizadas em escolas, mas não na Educação Infantil, tampouco nas séries iniciais do Ensino Fundamental. É para alunos mais maduros, opina. "Monteiro Lobato pode atravessar salas de aula no momento em que são estudadas as marcas da opressão colonial e os recursos políticos, sociais e econômicos para a perpetuação da segregação racial", defende ela. "Acredito que as crianças não precisam entrar em diálogo com uma obra que por anos vem estigmatizando figuras negras, reproduzindo um imaginário social que agride a estima de tantos homens e mulheres negras", completa. "Vejo a iniciativa de comentário e notas, como uma questão forte que assola nossa sociedade, que são os recursos que tratam de minimizar o racismo e buscar caminhos de não legitimar o crime de injúria racial." Editor da Globo Livros, Palermo acredita que livros de Lobato, sejam os infantis, seja o polêmico O Presidente Negro, "podem ser usados como subsídio à discussão do racismo em escolas". "Proibir me parece a negação da existência", comenta ele. "Entender o passado é o melhor atalho para mudarmos o presente e melhorarmos o futuro."
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Discos para descobrir em casa – ‘Bandeira branca’, Dalva de Oliveira, 1970
Capa do álbum 'Bandeira branca', de Dalva de Oliveira Reprodução ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Bandeira branca, Dalva de Oliveira, 1970 ♪ Lâmina afiada que rasgou corações com canto melodramático que ecoou forte pelo Brasil ao longo dos áureos anos 1950, a voz de Vicentina Paula de Oliveira (5 de maio de 1917 – 30 de agosto de 1972) já soou menos incisiva no derradeiro álbum da cantora, Bandeira branca, lançado pela gravadora Odeon em 1970, dois anos antes do apagar definitivo dessa estrela da era do rádio. Ainda assim, a marcha-rancho que deu nome ao disco, Bandeira branca (Max Nunes e Laércio Alves), fez sucesso nos salões do Carnaval de 1970, atravessou gerações de foliões e permaneceu na memória popular, inclusive como o canto de cisne da estrela Dalva de Oliveira, nome artístico dessa luminosa artista paulista de Rio Claro (SP). Gravado sob direção musical do maestro paulista Lyrio Panicalli (1906 – 1984), com orquestrações e regências de Lindolpho Gaya (1921 – 1987) e Nelson Martins dos Santos (1927 – 1996), o maestro Nelsinho, o álbum Bandeira branca soou fora de sintonia com o efervescente tempo musical de 1970. A tristeza da música-título, última marca-rancho a reverberar nos salões carnavalescos, se alinhou com a nostalgia propagada na regravação de recente pérola do gênero, Estão voltando as flores (Paulo Soledade, 1961), sucesso de Helena de Lima há então nove anos. O apego ao gênero também se mostrou presente na cadência de Chuva de verão (Itaquiara e Dora Lopes, 1969), música que encerrou o álbum Bandeira branca com gravação já previamente lançada em coletânea foliã do ano anterior para fazer a música emplacar nos salões de 1970. Esse apego fez sentido porque, há três anos, no Carnaval de 1967, a voz de Dalva voltara a brilhar com a gravação da marcha-rancho Máscara negra (Zé Kétti e Pereira Matos, 1966), apresentada pela estrela em single de 1966. Aberto com a valsa Oh! meu imenso amor (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969), lançada no ano anterior por Roberto Carlos em gravação ofuscada por outras músicas (bem) mais fortes do LP de 1969 do cantor, o álbum Bandeira branca hasteou estandartes de era radiofônica em que a cristalina voz de soprano de Dalva irradiava melodramas musicais para todo o Brasil em escalada iniciada pela cantora na segunda metade dos anos 1930, como integrante do Trio de Ouro, com quem fez história em gravações como a de Ave Maria no morro (Herivelto Martins, 1942). Essa trajetória ganhou relevo quando, em 1947, Dalva fez a primeira gravação descolada do trio, projetando o samba-canção Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto, 1947) nas paradas nacionais. Foi o prenúncio da explosão da carreira solo iniciada efetivamente em 1950, ano em que a estrela reluziu com cinco grandes sucessos sequenciais – Olhos verdes (Vicente Paiva), Tudo acabado (Osvaldo Martins e J. Piedade), Que será? (Marino Pinto e Mário Rossi), Errei, sim (Ataulfo Alves) e Ave Maria (Jayme Redondo e Vicente Paiva) – que provaram que Dalva de Oliveira poderia seguir em cena sem a benção de Herivelto Martins (1912 – 1992), o marido compositor de quem se separara em 1949 de forma ruidosa, em litígio que gerou manchetes de jornais e alfinetadas em forma de sambas-canção. Cantora referencial para divas do porte de Gal Costa, Maria Bethânia e Marisa Monte (não por acaso, as três ecoaram, em discos e shows, músicas lançadas na voz da antecessora), Dalva de Oliveira reinou nos anos 1950 – em soberania dividida com Angela Maria (1929 – 2018) – e, como todas as rainhas do rádio, Dalva viu a coroa ir parar em outras cabeças com o surgimento da bossa nova em 1958 e da MPB a partir de 1965. Aos ouvidos do público jovem formado nos inflamados festivais dos anos 1960, Bandeira branca soou justificadamente como álbum ultrapassado, mas o fato é que o disco se mostrou fiel à alma musical de Dalva. Foi para hipotético público dos auditórios de tempos idos que Dalva pareceu regravar no álbum Bandeira branca a marcha Primavera no Rio (João de Barro) e a tristonha canção Meu último luar (Waldemar Henrique), ambas músicas curiosamente lançadas em disco em 1934 e ambas até então inéditas na voz dessa estrela que, em 1970, já começava lentamente a se apagar por problemas de saúde. Ode ao Rio de Janeiro do samba e do Carnaval, o samba Onde o Rio é mais carioca (Zé Kétti e Elton Medeiros, 1969) já tinha sido lançado por Dalva no ano anterior em compacto duplo que também antecipou outra faixa do álbum Bandeira branca, Bahia da primeira missa (Armando Cavalcanti e David Nasser, 1951), lembrança do repertório de outra rainha do rádio, Dircinha Batista (1922 – 1999). Cantora hábil a propagar cartões postais do Brasil, pela naturalidade com que ia dos graves aos agudos, Dalva de Oliveira deu voz no disco tanto a um tema de aura cívica – Cisne branco (Canção do marinheiro) (Antonio Manoel do Espírito Santo e Benedito Xavier de Macedo, 1918) – quanto a folhetins musicais como Mentira de amor (Lourival Faissal e Gustavo Carvalho, 1950), samba-canção apresentado pela própria Dalva há então 20 anos. Sem fazer concessões para tentar pegar novamente o bonde da história da música brasileira (como a contemporânea Angela Maria vinha sendo induzida a fazer, em movimento fracassado), Dalva de Oliveira cantou no álbum Bandeira branca repertório alinhado com o tom dos programas de auditório da era do rádio. Os arranjos grandiloquentes dos maestros Gaya e Nelsinho para músicas como Pequena marcha para um grande amor (Juca Chaves, 1963) e o samba-canção Um homem e uma mulher (Silvio Silva e Fernando César, 1969) contribuíram para deixar o disco dolente, com a cara de Dalva de Oliveira, cantora que expiou dores de amores na cortante voz laminada, símbolo perene do Brasil folhetinesco da era do rádio.
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Humberto Barros ‘parte para cima’ com a experiência do quinto álbum solo
♪ Um dos produtores do recém-lançado quarto álbum solo de Roberto Frejat, Ao redor do precipício, o tecladista, cantor e compositor Humberto Barros se prepara para lançar o próprio disco solo. O título Experiência 05 – grafado estilisticamente na capa do álbum como 5xperiência 05 – já sinaliza que se trata do quinto trabalho autoral do artista carioca. Com 13 músicas, o álbum Experiência 05 chegará ao mercado fonográfico, somente em edição digital, cinco anos após o antecessor Longe. Longe (2015). Uma dessas 13 músicas, O estranho acontece, gravada por Barros com o guitarrista Gustavo Corsi, já foi apresentada em 30 de março. Outra, Partir pra cima, será lançada com clipe programado para entrar em rotação a partir das 19h de quarta-feira, 1º de julho. Composição da lavra solitária de Barros, Partir pra cima foi gravada pelo artista com Katia Jorgensen, cantora da banda Ave Máquina. “Partir pra cima é uma aventura bastante mais próxima do universo da MPB do que do pop rock'n'roll com o qual sempre fui mais identificado”, conceitua Humberto Barros. Na faixa, Marcelo Vig, da banda Vulgue Tostoi, toca bateria. Os demais instrumentos do fonograma – piano, acordeom, violão de nylon, guitarra, baixo e órgão – foram tocados pelo próprio Humberto Barros. Marcelo Vig, a propósito, é nome recorrente na ficha técnica do álbum Experiência 05. “Como o Marcelo Vig toca em muitas baterias, posso dizer que formamos uma pequena banda de dois”, ressalta Barros. Filha de Humberto, Clara Barros – já presente no álbum anterior Longe. Longe – participa de Experiência 05 na música É a cidade quem me avisa calma. Já Cris Brown faz vocalizes em vinheta e canta espécie de rap na faixa Se eu fosse você. Atravessei o sol e Os dias da gente são outras músicas inéditas de Humberto Barros que compõem o repertório autoral do álbum Experiência 05.
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