BP vende braço de petroquímicos por US$ 5 bi mirando transição energética
Plásticos e outros produtos petroquímicos devem guiar o crescimento da demanda global de petróleo até 2050, compensando o menor consumo de combustíveis. Logo da BP é visto em estação de petróleo em Kloten, na Suíça. Reuters A BP fechou acordo para vender seu negócio global de petroquímicos à Ineos, do bilionário Jim Ratcliffe, por US$ 5 bilhões, saindo de um setor amplamente visto como importante gerador de crescimento na demanda por petróleo nos próximos anos. O surpreendente movimento fará a BP cumprir sua meta de US$ 15 bilhões em vendas de ativos um ano antes do previsto. O CEO, Bernard Looney, prepara companhia para uma transição rumo à energia de baixo carbono. As ações da empresa, listada na bolsa de Londres, avançaram após a notícia, com alta de 2,3%. Looney reconheceu que a venda da unidade, que emprega 1,7 mil de pessoas e produziu 8,7 milhões de toneladas de petroquímicos no ano passado, "virá como uma surpresa". "Estrategicamente, a sobreposição com o restante da BP é limitada e seria necessário um capital considerável para que nós expandíssemos esses negócios (petroquímicos)", disse Looney em comunicado. "O acordo de hoje é mais um passo deliberado na construção de uma BP que possa competir e ter sucesso durante a transição energética." O negócio inclui participações em fábricas nos Estados Unidos, Trinidad e Tobago, Grã-Bretanha, Bélgica, China, Malásia e Indonésia. Uma planta petroquímica ligada às refinarias de petróleo da BP em Gelsenkirchen e Mulheim, na Alemanha, não foi incluída. Plásticos e outros produtos petroquímicos devem guiar o crescimento da demanda global de petróleo até 2050, compensando o menor consumo de combustíveis, disse a Agência Internacional de Energia (AIE) em um relatório de 2018. A BP vendeu a maior parte de seus negócios petroquímicos em 2005 para a Ineos, que possui uma rede de mais de 180 unidades em 26 países e cerca de 22.000 funcionários. Isso deixou o negócio de petroquímicos da BP focado em aromáticos, que são usados em polímeros para garrafas e embalagens de plástico, e acetils, que são usados em tintas, solventes e produtos farmacêuticos. O analista do Santander Jason Kenney disse que a decisão de vender os ativos agora é uma "mudança positiva" para a BP, devido à sobreposição limitada deles com suas operações. A transação também fortalece expectativas de que a BP não reduzirá seus dividendos, acrescentou ele. Pelo acordo, a Ineos fará um pagamento de US$ 400 milhões e quitará outros US$ 3,6 bilhões na conclusão do negócio, que é esperada para até o final do ano. Mais US$ 1 bilhão restantes serão pagos em parcelas em 2021.
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Educação Financeira #95: veja dicas para economizar na alimentação durante a pandemia
Gastos com alimentos e bebidas voltaram a ser o de maior peso no orçamento das famílias brasileiras. Além de planejamento e pesquisa, dá para economizar cortando cores no supermercado, segundo economista. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a pandemia do novo coronavírus fez com que os gastos com alimentação voltassem a ser o de maior peso no orçamento das famílias brasileiras, superando as despesas com transportes. Com o isolamento social, as pessoas passaram a se locomover menos. Ainda não se sabe se os brasileiros passaram a comer mais. Mas, com restaurantes fechados por todo o país e o confinamento no lar, as vendas nos supermercados dispararam. Em abril foi registrado recorde no volume de vendas de alimentos e bebidas para consumo no domicílio. Para economizar na hora da alimentação valem o mesmo princípio básico de toda economia financeira: planejamento. Mas há outras medidas que ajudam a reduzir o preço final das compras no mercado. Neste episódio do Podcast de Educação Financeira, além de entender o que levou os gastos dos brasileiros voltarem ao topo do orçamento familiar, há dicas sobre como economizar na hora de se alimentar. A economista Graziella Fortunato, que é professora da Escola de Negócios da PUC-Rio, dá uma dica curiosa que ajuda a reduzir gastos excessivos no supermercado. Já a nutricionista Isabella Barreto, da Rede Silvestre de Saúde, sugere como tornar a alimentação um hábito mais saudável para o corpo e os bolsos durante a quarentena. O que são podcasts? Podcasts são episódios de programas de áudio distribuídos pela internet e que podem ser apreciados em diversas plataformas – inclusive no G1, no GloboEsporte.com e no Gshow, de modo gratuito. Os conteúdos podem ser ouvidos sob demanda, ou seja, quando e como você quiser! Geralmente, os podcasts costumam abordar um tema específico e de aprofundamento na tentativa de construir um público fiel. Logo podcast Educação Financeira – matéria Comunicação/Globo
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14 empresas oferecem cerca de 500 vagas de emprego
Quatorze empresas estão com cerca de 500 vagas abertas para profissionais de diferentes áreas de atuação. Veja abaixo os destalhes dos processos seletivos.
Veja mais vagas de emprego pelo país
Sinqia
A Sinqia, empresa de tecnologia para o mercado financeiro, está em busca de 60 profissionais de diversas áreas de atuação, para contratação imediata nas cidades de São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR). As vagas disponíveis são nas áreas de Business Consulting, Contratos, IT Quality & Assurance e IT Software. As inscrições podem ser feitas pelo site https://jobs.kenoby.com/sinqia.
EF English Live
A EF English Live, escola online, está com mais de 30 vagas abertas para contratação na equipe de Vendas e Pós-Vendas. Todo o processo seletivo, incluindo testes, dinâmicas e processo seletivo, será realizado de forma remota. Por se tratar de uma escola online, a empresa já utilizava os recursos digitais durante suas seleções, mas o uso da tecnologia foi intensificado com a pandemia do coronavírus. Todo treinamento e integração inicial também será feito de forma digital. Para se candidatar, basta se inscrever pelo link: https://portaldevagas.connekt.com.br/englishlive.
Bitfy
A Bitfy, carteira multiuso e sem custódia de bitcoins, está com 5 vagas abertas para as seguintes posições: Desenvolvedor React Native, Analista Sênior de Infraestrutura AWS, UX/UI Designer, Atendimento e Suporte. Para se candidatar basta enviar currículo com perfil do LinkedIn para vagas@bitfy.app.
Mycon
O Mycon, fintech de consórcios que funciona sem vendedores humanos, está mais de 60 vagas abertas para diversos setores, em áreas como: Customer Success, SDR / Inside Sales, Especialista em A.I., Full Stack Developer, Full Mobile Developer, Especialista em ChatBot, Assistente ADM e RH Pleno. Entrevistas e contratação estão sendo feitas de forma online e os interessados podem se inscrever no link: https://www.mycon.com.br/vagas
Grupo Nexxera
O Grupo Nexxera, gateway de transações financeiras, está com vaga aberta para DevOps Engineer SRE. Pessoas com Deficiência também podem enviar seu currículo para o banco de dados. As inscrições podem ser realizadas no site https://nexxera.gupy.io/
M2M
A Mark2Market (M2M), dona do M2M Monitor, software de gestão financeira e riscos SaaS , está com vaga aberta para a área de Analista de Controles Internos. Além disso, a fintech tem um banco de talentos para os interessados deixarem seu currículo. As vagas estão disponíveis no site http://m2m.trampos.co/.
Acordo Certo
A Acordo Certo, empresa de soluções financeiras focada no bem-estar do consumidor, está com 16 vagas abertas para a seguintes posições: Analista de Customer Experience, Marketing de Performance, Marketing de Conteúdo, Analista de Business Intelligence (BI) e Analista de CMI (Customer Marketing Insight – Pesquisas internas e externas) e Design, e cinco vagas para desenvolvedores Back-End, desenvolvedor Front-End, Data Scientist e Jurídico. Para se inscrever basta enviar um e-mail para talentos@acordocerto.com.br
Provi
A Provi, plataforma de acesso à educação e especialização em diversos mercados, está com vagas abertas para Community Manager Jr. ou pleno, Data Hacker, Designer Digital Pleno, Analista de QA e Analista Financeiro Jr. Para saber mais, acesse a página de vagas da Provi em: https://medium.com/provi/vagas/home
IOUU
A IOUU, fintech de solução baseada em economia colaborativa para propor alternativas financeiras à empresas que necessitam de crédito, está com 5 vagas abertas. As oportunidades são para trabalhar em esquema de home office nas seguintes funções: Engenheiro de Dados, Estagiário de operações, Design, Product Designer e Desenvolvedor Back-end. Os interessados devem se cadastrar no LinkedIn da IOUU pelo link: https://www.linkedin.com/company/iouu/jobs/.
Vitta
A Vitta, empresa de tecnologia em saúde, está com 9 vagas abertas para as seguintes áreas: Enfermagem, Estágio em Sales, Analista de Benefícios in Loco e Estágio em Relacionamento. As oportunidades são para trabalhar de forma remota em regime de contratação CLT. Os interessados devem se inscrever pelo link: https://vitta.gupy.io/.
Uffa.com.vc
O Uffa.com.vc, marketplace híbrido de negociação de dívidas, está em busca de profissionais, para contratação imediata, para o cargo de Growth Hacker, Desenvolvedor e Analista de Business Intelligence. Todos os interessados devem enviar o currículo para rh@uffa.com.vc e incluir “TBOGH” no assunto do e-mail.
Leoa
A Leoa, plataforma gratuita para assistência na declaração do Imposto de Renda, está com 15 vagas abertas para a área de Engenharia, Contabilidade, Marketing e CS. Os interessados devem enviar o LinkedIn junto do Currículo e realizar a inscrição no site da empresa.
Sanar
A Sanar, medtech com atuação 100% online, está com 14 vagas abertas nas áreas de marketing, TI, saúde, engenharia de software e design. Os interessados devem acessar: https://jobs.kenoby.com/sanar
Qintess
A Qintess, fornecedora de soluções de tecnologia, anuncia a abertura de 243 vagas para profissionais de diversos campos da Tecnologia da Informação. As oportunidades são para projetos digitais ao redor do país, sendo mais de 90% das posições, inicialmente, disponíveis para trabalho remoto. O processo seletivo é totalmente realizado de maneira online.
Entre as oportunidades abertas estão Desenvolvedores .Net, Mobile (iOS e Android), Fullstack, Angular e Java. A maioria das posições é para o atendimento de projetos de clientes do setor financeiro, em empresas de Alphaville (Barueri) e São Paulo – principalmente para as áreas da Zona Sul, Centro e região da Avenida Paulista. Há vagas, também, para iniciativas em andamento em Brasília e em estados do Nordeste.
Candidatos interessados em participar dos processos seletivos devem possuir conhecimentos específicos de suas áreas de atuação, além de habilidades em pontos como comunicação e relacionamento interpessoal.
Para a posição de Desenvolvedor .NET, por exemplo, a empresa busca profissionais com experiência nas linguagens .Net e C#, além de base em Oracle – conhecimentos em .Net Core, AWS, Entity Framework e MVC são diferenciais.
A companhia também busca profissionais de desenvolvimento Fullstack, com experiência em Angular 8, Java e Spring Boot para atuação em front-end (HTML5, CSS, JavaScript, Angular 8). Outros destaques da lista de vagas são os especialistas em linguagem Angular, com conhecimento em Jquery, Angular 7 e versionamento de código, e Java, com Desenvolvedores Sênior com experiência em Java 8, AWS, família Spring testes unitários e microserviços. Nesta posição, o grande diferencial é a experiência com Integration Bus.
As oportunidades são para contratos fixos, no regime CLT, elegíveis para pessoas com deficiência (PCD), sem distinção de gênero, e contam com benefícios como vale-refeição, assistência médica e odontológica, seguro de vida, auxílio-creche e convênio farmácia.
Os profissionais interessados nas vagas devem enviar dados pessoais e currículo atualizado para o e-mail recrutamentoeselecao@qintess.com. Para mais informações, a lista completa de vagas e os requisitos técnicos para cada posição estão disponíveis online, nos links https://resourceit.com/carreira e https://www.linkedin.com/company/qintess/jobs/
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Recuperação do sentimento econômico da zona do euro ganha força em junho
O aumento em junho foi visto em todos os setores, sendo os mais fortes no varejo e em serviços. A recuperação da confiança econômica na zona do euro se intensificou em junho após retomada modesta em maio, com melhora em todos os setores, mostraram dados da Comissão Europeia nesta segunda-feira (29).
A confiança geral subiu a 75,7 pontos em junho de 67,5 em maio, ainda aquém das expectativas do mercado de 80,0 e bem abaixo da média de 100 desde 2000.
O índice despencou em abril para o menor nível desde o início da série histórica em 1985 depois do fechamento de vários setores da economia,
A retomada em maio se deveu a ganhos na confiança da indústria e entre os consumidores. O aumento em junho foi visto em todos os setores, sendo os mais fortes no varejo e em serviços.
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Plano de saúde será obrigado a cobrir teste que detecta anticorpos contra a Covid
ANS determinou que cobertura vale para paciente que apresentar sintomas de gripe ou quadro de síndrome respiratória. Enfermeira coleta material para teste de anticorpos para o novo coronavírus, também chamado de teste sorológico Vitória McNamee / Getty Images / AFP A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu nesta segunda-feira (29) o teste sorológico para o novo coronavírus na lista de coberturas obrigatórias dos planos de saúde. A medida foi publicada hoje no Diário Oficial da União e passa a valer imediatamente. A inclusão do teste sorológico no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde atende à decisão judicial dada em Ação Civil Pública movida pela Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), de Pernambuco. Assim, o exame pode ser feito sem custo extra, contando que haja requisição feita por um médico. A mudança era ensaiada desde março pelo Ministério da Saúde. Naquela ocasião, o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, disse que os planos poderiam cobrar pelo teste pois o procedimento não estava no rol de cobertura obrigatória, mas que as empresas seriam obrigadas a bancar os testes. Brasileira que coordena testes com vacina para Covid-19 na Inglaterra explica dilema da prova de eficácia Desde de março, os planos de saúde eram obrigados a cobrir o exame RT-PCR, que identifica a presença do material genético do vírus, com coleta de amostras da garganta e do nariz. Mas o teste não consegue detectar infecções em estágio inicial ou depois da cura da doença. Com a medida anunciada hoje, a gama de testes se complementa com os sorológicos, que detectam a presença dos anticorpos IgA, IgG ou IgM no sangue do paciente, produzidos pelo organismo após exposição ao vírus. Como a produção de anticorpos no organismo leva alguns dias para ser detectada pelo exame, o teste sorológico só é indicado após o oitavo dia de início dos sintomas. Planos de saúde dificultam acesso a testes da Covid-19 na região de Ribeirão Preto, dizem pacientes Teste PCR tem resultado mais confiável do que o teste sorológico Outros seis tipos de exame que ajudam no acompanhamento dos pacientes estão previstos legalmente, mas reportagem do G1 relata dificuldade de pacientes a terem acesso aos exames. Segundo a ANS, o procedimento de cobertura obrigatória atinge planos da categoria ambulatorial, hospitalar e referência, contanto que o paciente tenha apresentado sintomas de quadro gripal, como febre, tosse, dor de garganta, coriza ou dificuldade respiratória, ou de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que inclui oxigenação baixa do sangue e coloração azulada em lábios e rosto. A agência também alerta que o "teste sorológico é de uso profissional e sua execução requer o cumprimento de protocolos e diretrizes técnicas de controle, rastreabilidade e registros das autoridades de saúde". Quem pode fazer o teste Clientes de planos de saúde ambulatoriais, hospitalares e referência. É necessária uma requisição de um médico para realização do exame. Pacientes com sintomas de quadro gripal, como febre ou estado febril, tosse, dor de garganta, coriza e dificuldade respiratória. Pacientes com sintomas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), como desconforto respiratório ou dificuldade para respirar, pressão persistente no tórax, saturação de oxigênio menor do que 95% em ar ambiente ou coloração azulada dos lábios ou rosto.
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Contas do governo têm pior maio da história, e rombo atinge R$ 126,6 bilhões
Receitas caíram 41,6% na comparação com o mesmo mês de 2019, e os gastos aumentaram 68%. Déficit do mês superou todo o rombo do ano passado, que somou R$ 95 bilhões.
Em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus, as contas do governo central registraram em maio um déficit recorde de R$ 126,6 bilhões. No mesmo período do ano passado, o rombo havia sido quase dez vezes menor, de R$ 14,7 bilhões. O resultado é explicado pela queda significativa na arrecadação, combinada com o forte aumento nas despesas devido ao combate à covid-19.
As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (29) pela Secretaria do Tesouro Nacional.
Foi o pior resultado mensal da série histórica da instituição, iniciada em 1997 (que até então era dezembro de 2015, com um rombo de R$ 72,7 bilhões, em valores corrigidos pela inflação). O conceito de déficit primário quer dizer que as despesas superaram as receitas, mas não inclui os gastos com juros da dívida pública.
Em um mês, o rombo fiscal superou o déficit registrado em todo o ano passado: R$ 95 bilhões.
Segundo a área econômica, o déficit de maio foi influenciado pela queda real (acima da inflação) de 41,6% na receita do governo central e pelo crescimento real de 68% na despesa. O recuo na arrecadação deve-se, principalmente, ao adiamento no pagamento de impostos por parte de pessoas físicas e empresas. Já a alta nas despesas é explicada pelas medidas de combate ao novo coronavírus, bem como pela antecipação do pagamento do 13º de aposentados e pensionistas.
De acordo com o Tesouro Nacional, a pandemia aumentou os gastos públicos em R$ 53,4 bilhões apenas no mês passado, com destaque para o auxílio emergencial (que somou R$ 41,1 bilhões) e para o Benefício Especial de Manutenção do Emprego e Renda (que custou R$ 6,5 bilhões).
No acumulado de janeiro a maio deste ano, ainda segundo informações do Ministério da Economia, o rombo nas contas do governo somou R$ 222,5 bilhões, em comparação ao rombo de R$ 17,5 bilhões no mesmo período do ano passado.
Rombo fiscal acima de R$ 700 bilhões em 2020
A Secretaria do Tesouro Nacional estima que o rombo nas contas do setor público consolidado (governo, estados, municípios e empresas estatais) deverá somar 708,7 bilhões em 2020, ou 9,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
Se confirmado, esse será o maior valor da série histórica do BC, iniciada em 2001.
O déficit primário acontece quando as despesas do governo superam as receitas com impostos e contribuições. Quando acontece o contrário, há superávit. Esse valor não considera os gastos do governo com o pagamento dos juros da dívida pública.
Em todo ano passado, as contas do setor público consolidado registraram um déficit primário de R$ 61,872 bilhões (0,85% do PIB).
Para este ano, somente o governo tinha de atingir uma meta de déficit primário até R$ 124,1 bilhões. Entretanto, com o decreto de calamidade pública, proposto pelo governo e aprovado pelo Congresso Nacional por conta da pandemia do coronavírus, não será mais necessário atingir esse valor.
De acordo com o governo, esse rombo nas contas públicas acontecerá por conta das despesas autorizadas para combater a crise do coronavírus, seja as anunciadas na área de saúde, ou para evitar o aumento do desemprego e compensar a perda de arrecadação.
O Tesouro Nacional fez, ainda, um "alerta" de que essa previsão de R$ 708,7 bilhões de rombo fiscal para este ano pode ficar maior ainda.
"A renovação de qualquer um dos programas já aprovados poderá aumentar o valor desse déficit primário do setor público para além de R$ 708,7 bilhões, ou seja, para um valor acima de 10% do PIB, o que levaria a um déficit nominal ou Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP) para um valor acima de 15% do PIB, com forte impacto no crescimento das dívidas líquida e bruta", informou.
Dívida perto de 100% do PIB
De acordo com o Tesouro Nacional, o forte crescimento do rombo das contas públicas neste ano deve pressionar a dívida bruta – que deve passar 75,8% do PIB, no final de 2019, para mais de 95% do PIB com as medidas já anunciadas para o combate ao coronavíorus – um crescimento de quase 20 pontos percentuais do PIB.
Esse patamar para a dívida bruta brasileira já estava, no fim do ano passado, bem acima da média dos países emergentes – de pouco mais de 50% do PIB.
"É fundamental o retorno do equilíbrio fiscal no médio prazo para colocar a dívida pública em uma trajetória de queda, objetivando, dentre outros benefícios, recuperar a capacidade de investimento do Estado brasileiro e alcançar maior liberdade fiscal para aumentar a oferta de serviços públicos essenciais de forma sustentável", avaliou o Tesouro Nacional
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Contas do governo têm em maio pior resultado da história com rombo de R$ 126,6 bilhões
Receitas caíram 41,6% na comparação com o mesmo mês de 2019, enquanto que os gastos saltaram 68%; déficit do mês superou todo o rombo do ano passado, que somou R$ 95 bilhões. Em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus, as contas do governo federal registraram em maio um déficit recorde de R$ 126,6 bilhões. O valor inclui os resultados do Tesouro Nacional, da Previdência Social e do Banco Central (BC). Maio do ano passado registrou rombo quase dez vezes menor, de R$ 14,7 bilhões.
O resultado é explicado pela queda significativa na arrecadação, combinada com o forte aumento nas despesas devido ao combate à Covid-19. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (29) pela Secretaria do Tesouro Nacional.
Foi o pior resultado mensal da série histórica da instituição, iniciada em 1997. Até então, o maior rombo nas contas públicas tinha sido o registrado em dezembro de 2015, de R$ 72,7 bilhões (em valores corrigidos pela inflação).
O conceito de déficit primário quer dizer que as despesas superaram as receitas, mas não inclui os gastos com juros da dívida pública.
Para se ter ideia da dimensão do resultado, o rombo fiscal de maio foi superior ao déficit registrado em todo o ano de 2019: R$ 95 bilhões.
Segundo a área econômica, o número do mês passado foi influenciado pela queda real (acima da inflação) de 41,6% na receita líquida do governo federal e pelo crescimento real de 68% na despesa total.
O recuo na arrecadação deve-se, principalmente, ao adiamento no pagamento de impostos por parte de pessoas físicas e empresas.
Já a alta nas despesas é explicada pelas medidas de combate ao novo coronavírus, bem como pela antecipação do pagamento do 13º de aposentados e pensionistas.
De acordo com o Tesouro Nacional, a pandemia aumentou os gastos públicos em R$ 53,4 bilhões apenas no mês passado, com destaque para o auxílio emergencial (que somou R$ 41,1 bilhões) e para o Benefício Especial de Manutenção do Emprego e Renda (que custou R$ 6,5 bilhões).
No acumulado de janeiro a maio deste ano, ainda segundo informações do Ministério da Economia, o rombo nas contas do governo somou R$ 222,5 bilhões, em comparação ao rombo de R$ 17,5 bilhões no mesmo período do ano passado.
Rombo fiscal acima de R$ 700 bi
A Secretaria do Tesouro Nacional estima que o rombo nas contas do setor público consolidado (governo, estados, municípios e empresas estatais) deverá somar R$ 708,7 bilhões em 2020, ou 9,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
Se confirmado, esse será o maior valor da série histórica do BC, iniciada em 2001.
O déficit primário acontece quando as despesas do governo superam as receitas com impostos e contribuições. Quando acontece o contrário, há superávit. Esse valor não considera os gastos do governo com o pagamento dos juros da dívida pública.
Em todo ano passado, as contas do setor público consolidado registraram um déficit primário de R$ 61,872 bilhões (0,85% do PIB).
Para este ano, somente o governo tinha de atingir uma meta de déficit primário de até R$ 124,1 bilhões. Entretanto, com o decreto de calamidade pública por conta da pandemia, proposto pelo governo e aprovado pelo Congresso Nacional, não será mais necessário atingir esse valor.
De acordo com o governo, esse rombo nas contas públicas acontecerá por conta das despesas autorizadas para combater a crise do coronavírus, seja as anunciadas na área de saúde, ou para evitar o aumento do desemprego e compensar a perda de arrecadação.
O Tesouro Nacional fez, ainda, um "alerta" de que essa previsão de R$ 708,7 bilhões de rombo fiscal para este ano pode ficar maior ainda.
"A renovação de qualquer um dos programas já aprovados poderá aumentar o valor desse déficit primário do setor público para além de R$ 708,7 bilhões, ou seja, para um valor acima de 10% do PIB, o que levaria a um déficit nominal ou Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP) para um valor acima de 15% do PIB, com forte impacto no crescimento das dívidas líquida e bruta", informou.
Auxílio emergencial
Durante coletiva de imprensa nesta segunda, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou que a prorrogação do Auxílio Emergencial vai significar uma despesa extra de R$ 100 bilhões, o que deve levar o déficit primário para cerca R$ 850 bilhões (11,5% do PIB).
Segundo o secretário, o governo ainda está discutindo a forma de pagamento dessa prorrogação. Os dois cenários estudados preveem um valor de R$ 1.200, que pode ser pago em duas parcelas de R$ 600 ou em parcelas retroativas de R$ 500, R$ 400 e R$ 300, como proposta na semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Parte do recurso para pagar a prorrogação do benefício, segundo o secretário do Tesouro Nacional, deve vir de verbas destinadas ao Programa Bolsa Família e que não estão sendo usadas. Isso porque grande parte dos beneficiários do programa migrou para o auxílio emergencial, que paga um valor maior ao beneficiário.
O Ministério da Cidadania, responsável pelo pagamento do Bolsa Família, tem o maior empoçamento de recursos, com R$ 5,6 bilhões em despesas previstas e não executadas.
De janeiro a maio, o orçamento do governo registra um empoçamento recorde de R$ 28,3 bilhões.
Auxílio permanente
Mansueto Almeida afirmou que o governo não tem liberdade para criar um programa permanente, mesmo que seja um programa social, sem indicar a fonte do recurso que será usado no programa e sem respeitar a regra do teto de gastos.
O secretário lembrou que o teto de gastos ainda está valendo e que o governo ganhou autorização para direcionar recursos extraordinários para o combate à pandemia em programas que começam e terminam em 2020.
Dívida perto de 100% do PIB
De acordo com o Tesouro Nacional, o forte crescimento do rombo das contas públicas neste ano deve pressionar a dívida bruta. O valor deve passar de 75,8% do PIB, no final de 2019, para mais de 95% do PIB diante das medidas já anunciadas para o combate ao coronavírus, um crescimento de quase 20 pontos percentuais.
O patamar da dívida bruta brasileira já estava, no fim do ano passado, bem acima da média dos países emergentes – de pouco mais de 50% do PIB.
"É fundamental o retorno do equilíbrio fiscal no médio prazo para colocar a dívida pública em uma trajetória de queda, objetivando, dentre outros benefícios, recuperar a capacidade de investimento do Estado brasileiro e alcançar maior liberdade fiscal para aumentar a oferta de serviços públicos essenciais de forma sustentável", avaliou o Tesouro Nacional.
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Comitê da FGV que estuda ciclos econômicos diz que Brasil entrou em recessão no 1º trimestre
Codace indentificou o fim de uma expansão econômica que durou 12 trimestres — entre o primeiro trimestre de 2017 e o quarto de 2019. O Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getulio Vargas (FGV), identificou, na sua última reunião, na sexta-feira (26), a ocorrência de um pico no ciclo de negócios brasileiro no quarto trimestre de 2019 e afirmou que isso indica que o país entrou em recessão já no 1º trimestre. "O pico representa o fim de uma expansão econômica que durou 12 trimestres — entre o primeiro trimestre de 2017 e o quarto de 2019 — e sinaliza a entrada do país em uma recessão a partir do primeiro trimestre de 2020", informou, em comunicado, o grupo, ligado ao Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV. Há diferentes maneiras de definir uma recessão. A chamada recessão técnica é registrada quando o Produto Interno Bruto (PIB) de um país cai por dois trimestres consecutivos. Já o conceito usado pelo Codace considera que há recessão quando é observada uma queda generalizada no nível de atividade econômica, independentemente de haver dois trimestres seguidos de PIB negativo. São analisados indicadores como consumo, investimento, nível de emprego, desempenho da construção civil, importações e exportações, por exemplo. O Codace também realizou a datação mensal da recessão de 2014-2016 ao identificar um pico em março de 2014 e um vale em dezembro de 2016. Isso significa que a recessão teria durado 33 meses, entre abril de 2014 e dezembro de 2016, a mais longa já registrada no país, superando a recessão de 1989-1992, que durou 30 meses. Última recessão começou em 2014 e acabou no fim de 2016, diz comitê da FGV Com coronavírus, Brasil deve colher sua primeira década de recessão Os economistas do mercado financeiro voltaram a piorar as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, segundo o boletim "Focus" do Banco Central divulgado nesta segunda-feira. A projeção passou de uma retração de 6,50% para 6,54%. No 1º trimestre, o PIB do Brasil encolheu 1,5%. O Ibre projeta retração de 9,8% no 2º trimestre, com recuperação muito gradual no 2º semestre. Variação do PIB trimestre a trimestre desde 2015 Rodrigo Sanches/G1 O Codace foi criado pela FGV em 2004 com a finalidade de determinar uma cronologia de referência para os ciclos econômicos brasileiros, estabelecida pela alternância entre datas de picos e vales no nível da atividade econômica. A fase cíclica marcada pelo declínio na atividade econômica de forma disseminada entre diferentes setores econômicos é denominada recessão. A fase entre um vale e um pico do ciclo é chamada expansão. O Codace é formado por oito membros com conhecimento em ciclos econômicos. Embora tenha sido criado e receba apoio operacional da FGV, a FGV destaca que as decisões do Comitê são independentes. No comunicado desta segunda-feira, o comitê também informou a entrada de dois novos membros: os professores Fernando Veloso, em substituição a Regis Bonelli, e Vagner Ardeo, na condição de membro secretário sem direito a voto. Além deles, estiveram presentes na reunião os especialistas: Affonso Celso Pastore, diretor da AC Pastore & Associados, como coordenador; Edmar Bacha, diretor do Iepe-Casa das Garças; João Victor Issler, professor da FGV/EPGE; Marcelle Chauvet; professora da Universidade da Califórnia; Marco Bonomo, pofessor do Insper; e Paulo Picchetti, professor da FGV/EESP e pesquisador do FGV/IBRE.
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Campanha de boicote à publicidade no Facebook será global, dizem organizadores
Ação que pressiona por medidas contra discursos de ódio tem a adesão de Unilever, Coca-Cola, Starbucks e outras empresas. Logomarca do Facebook Dado Ruvic/Reuters/Arquivo Os organizadores de uma campanha de boicote à publicidade no Facebook, que vem conseguindo apoio de um número crescente de grandes empresas, agora estão se preparando para expandir a ação globalmente de forma a aumentar a pressão sobre a empresa de mídia social para que remova discursos de ódio. A campanha "Stop Hate for Profit" começará a pedir às grandes empresas da Europa que se juntem ao boicote, disse Jim Steyer, executivo-chefe da Common Sense Media, em entrevista à Reuters no último sábado (27). Por que gigantes suspenderam publicidade nas redes sociais Desde que a campanha foi lançada neste mês, mais de 160 empresas, incluindo a Verizon e a Unilever, firmaram compromisso para parar de comprar anúncios na maior plataforma de mídia social do mundo em julho. Respondendo às demandas por mais ação, o Facebook reconheceu neste domingo que tem muito a fazer e está se unindo a grupos de direitos civis e especialistas para desenvolver mais ferramentas para combater o discurso de ódio. A empresa afirmou que seus investimentos em inteligência artificial já o permitem encontrar 90% do discurso de ódio antes que os usuários denunciem. Próximos passos A Free Press e a Common Sense, juntamente com os grupos de direitos civis dos EUA Color of Change e a Liga Antidifamação, lançaram a campanha após a morte de George Floyd, o homem negro desarmado que foi assassinado pela polícia de Minneapolis. "A próxima fronteira é a pressão global", disse Steyer, acrescentando que a campanha espera encorajar os reguladores da Europa a adotar uma postura mais rígida diante do Facebook. A Comissão Europeia anunciou neste mês novas diretrizes para as empresas de tecnologia, incluindo o Facebook, para que enviem relatórios mensais sobre como estão lidando com o fluxo de desinformação a respeito do coronavírus. A campanha global continuará à medida que os organizadores seguirem pedindo que mais empresas dos EUA participem. Jessica Gonzalez, co-diretora executiva da Free Press, disse que entrou em contato com as principais empresas de telecomunicações e mídia dos EUA para pedir adesão.
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O homem que previu o fim do capitalismo e que ajuda a entender a economia de hoje
Para Joseph Schumpeter, o que levaria ao fim do capitalismo seria seu próprio sucesso. Joseph Schumpeter nasceu em 1883 e morreu em 1950 Getty Images "O capitalismo pode sobreviver?", se perguntou Joseph Schumpeter. "Não, acho que não", foi a resposta dele. Sua reflexão foi feita em uma de suas principais obras: Capitalismo, Socialismo e Democracia, de 1942. Mas o grande economista austríaco não acreditava na ditadura do proletariado nem na revolução de Karl Marx. De fato, ele rejeitou o que entendia como os elementos ideológicos da análise marxista. Para ele, o que levaria ao fim do capitalismo seria seu próprio sucesso. "Considero Schumpeter o analista mais penetrante do capitalismo que já existiu. Ele viu coisas que outras pessoas não viram", disse Thomas K. McCraw, professor emérito da Escola de Negócios da Universidade de Harvard, ao Working Knowledge, o site da universidade. Schumpeter "está para o capitalismo assim como Freud está para a psicologia: alguém cujas idéias se tornaram tão onipresentes e arraigadas que não podemos separar seus pensamentos fundamentais dos nossos", disse o acadêmico. Para Steven Pearlstein, professor da Universidade George Mason, nos Estados Unidos, Schumpeter "era para a economia o que Charles Darwin é para a biologia". Ele foi chamado de um dos melhores economistas do século 20, um gênio, um profeta. De fato, para vários economistas, o século 21 será o "século de Schumpeter". A tragédia Schumpeter nasceu em 1883 em uma cidade da República Tcheca, que na época fazia parte do império austro-húngaro. Schumpeter falava diversos idiomas Getty Images Ele era filho único e perdeu o pai aos 4 anos de idade. Sua educação foi deixada para sua mãe e seu novo parceiro, que tinham vínculos com a aristocracia. Embora ele estudasse direito, o tema que o atraiu foi a economia — ele se tornaria um dos alunos com mais destaque da Escola Austríaca de Economia. "Schumpeter era um excelente aluno, leitor infatigável, mente viva e curiosa, mestre em várias línguas", escreveu Gabriel Tortella, professor emérito de História e Instituições Econômicas da Universidade de Alcalá, no artigo Um profeta da social-democracia, publicado na revista Book. Ele tinha uma personalidade carismática, era mulherengo e amava cavalos. Viveu por um tempo na Inglaterra, onde teve um relacionamento com uma mulher 12 anos mais velha que ele. Sylvia Nasar, em seu livro "Grande Busca: A história do Gênio Econômico, conta que se casou com o economista, mas que, com o tempo, ambos reconheceram que o casamento havia sido um erro. Em 1913 eles se separaram e anos depois se divorciaram oficialmente. Schumpeter se casou novamente em 1925, desta vez com uma mulher muitos anos mais nova. Mas um ano depois, uma tragédia abalaria sua vida: sua esposa morreu enquanto dava à luz seu filho, que morreu pouco tempo depois. Nesse mesmo ano, sua mãe também morreria. Entre luxo e academia Schumpeter viveu em Viena após a Primeira Guerra Mundial e a queda do império austro-húngaro. Schumpeter viveu a Primeira Guerra Mundial, que causou grandes estragos na Europa Getty Images Schumpeter foi ministro da economia do governo socialista que governou a Áustria em 1919. Depois morou em sete países, em alguns dos quais ele foi professor e trabalhou como banqueiro de investimentos, o que lhe permitiu fazer uma fortuna — que depois desapareceria. Antes de seu segundo casamento, houve um tempo em que Schumpeter levou uma vida de muitos luxos e parecia não se importar de ser visto em público com prostitutas, diz Nasar. "Schumpeter era um acadêmico brilhante que falhou miseravelmente como ministro das Finanças da Áustria", escreveu Pearlstein, vencedor do prêmio Pulitzer, em uma resenha do livro de Nasar publicada no jornal americano The Washington Post. O economista se estabeleceu nos Estados Unidos em 1932, onde lecionou na Universidade de Harvard pelo resto da vida.Em sua nova casa, diz Tortella, Schumpeter se apaixonou e se casou com uma historiadora de economia chamada Elizabeth Boody, que era 15 anos mais nova que ele. Foi ela quem compilou e editou os textos dele sobre a história do pensamento econômico, publicados postumamente (ambos morreram antes da publicação do livro em 1954: ele em 1950 e ela em 1953) no monumental History of Economic Analysis (História da Análise Econômica, em inglês). Schumpeter analisou a Grande Depressão dos anos 1930 Getty Images Destruição criativa Durante a Grande Depressão da década de 1930, disse Thomas K. McCraw, "muitas pessoas inteligentes da época acreditavam que a tecnologia havia atingido seu limite e que o capitalismo atingiu seu auge ". "Schumpeter acreditava exatamente no oposto e, é claro, ele estava certo", afirmou McCraw, foi o autor do livro Profeta da Inovação: Joseph Schumpeter e Destruição Criativa. O conceito de destruição criativa foi um dos que Schumpeter ajudou a popularizar. E, segundo Fernando López, professor de Pensamento Econômico da Universidade de Granada, essa ideia é uma espécie de darwinismo social. "É a ideia de que o capitalismo destrói empresas não criativas e não competitivas", diz o professor à BBC Mundo. "O processo de acumulação de capital continuamente os leva a competir entre si e a inovar e apenas os mais poderosos sobrevivem". Uma ansiedade constante Essa dinâmica ideal do capitalismo significa que os empreendedores nunca podem relaxar. "Esta é uma lição extremamente difícil de aceitar, principalmente para pessoas de sucesso. Mas os negócios são um processo darwiniano e Schumpeter frequentemente o vincula à evolução", afirmou McCraw. Novos produtos aparecem constantemente para substituir os antigos, que se tornam obsoletos. "É um processo contínuo de aprimoramento e essa é a característica número um do capitalismo", disse à BBC Mundo Pep Ignasi Aguiló, professor de economia aplicada na Universidade das Ilhas Baleares, na Espanha. A dinâmica dos negócios leva a "a única maneira de sair da competição, que é muito dura, é através de tentativas de redução de custos, o que exige processos de inovação na produção ou através do design de novos produtos preferidos pelos consumidores em relação aos anteriores ", diz o doutor em Economia. No entanto, as tentativas de redução de custos também podem levar a superexploração de trabalhadores, lobby para resgulamentação e práticas predatórias em relação ao ambiente — temas que muitas vezes são "esquecidos" quando se fala do assunto. O fim do capitalismo e das meias femininas Ele disse que tinha dois exemplos que Schumpeter usou para explicar suas teorias foi o das meias femininas. Schumpeter explicava suas teorias dando como exemplos produtos como meias femininas Getty Images No início do século 20, apenas as mulheres da classe alta podiam comprá-las. Mas, após a Segunda Guerra Mundial, eles se tornaram mais acessíveis aos consumidores de diferentes grupos sociais. "Tornar algo acessível a todos leva a mentalidade socialista a entrar gradualmente nos poros do sistema capitalista e desacelerar sua característica essencial, que é a competição entre produtores", diz o professor. O raciocínio do austríaco era que, ao "apaziguar a concorrência e acaber gerando igualdade no acesso aos produtos", o capitalismo chegaria ao fim. Schumpeter definia uma data para isso – o final do século 20. "Ele estava errado sobre isso. Ele acreditava que até então as condições de divulgação da produção em massa e produtos entre toda a população fariam todas a pessoas viverem melhor do que o rei da França do século 18 e, portanto, o clamor por o socialismo seria grande". Vítima de seu próprio sucesso "A ideia era a de que o capitalismo leva à produção em massa, a produção em massa leva a uma riqueza extraordinária que se espalha por uma parte muito importante da população e que aumenta o desejo de igualdade", explica Aguiló. O automóvel, por exemplo, deixou de ser um produto que apenas uma elite poderia adquirir e estar disponível para milhões de pessoas. "O preço cai, as quantidades aumentam, e isso acontece repetidas vezes com todos os produtos", diz o professor. Essa circulação massiva de produtos significa que os padrões de vida dos consumidores aumentam, que há uma "demanda por mais igualdade" e que isso acabaria dificultando a essência do sistema: a concorrência", explica Aguiló. Questões como os problemas ambientais se tornaram mais proeminentes desde a época de Schumpeter Getty Images "Esse grande sucesso da abundância compartilhada,ao alcance de todos, é o que levaria ao fim do capitalismo". No entanto, embora a riqueza seja mais bem distribuída em alguns países, o que se viu no mundo desde então foi o contrário: apesar de muitos produtos estarem acessíveis para grande parte da população, o que se vê é uma concentração cada vez maior da riqueza produzida. Virtude e perigo Seguindo a lógica de Schumpeter, a concorrência se tornaria uma virtude e um problema para as empresas. Segundo López, Schumpeter acreditava que "o processo de acumulação incessante de capital levaria, em algum momento, ao que Marx chamava de tendência decrescente da taxa de lucro". "O capitalismo é um sistema incomparável em termos produtivos, é um sistema que, no nível produtivo – eu uso Marx novamente – é o mais progressista da história, mas tem o problema de que a acumulação incessante de capital o leva a competir também incessantemente. " "Essa competição força as empresas a ter uma guerra constante para inovar, obter novos mercados, novos produtos. E aí está o perigo". Harry Landreth e David C. Colander, em seu livro História do Pensamento Econômico, explicam que "onde Marx havia previsto que o declínio do capitalismo derivaria de suas contradições, Schumpeter especulou que seu fim seria o produto de seu próprio sucesso". Sua ideia de uma sociedade socialista Em seu trabalho Capitalismo, Socialismo e Democracia, Schumpeter projetou um tipo de sociedade socialista que surgiria depois que o capitalismo perecesse. Guillermo Rocafort, professor da Faculdade de Ciências Sociais e Comunicação da Universidade Europeia, coloca o pensador austríaco dentro de um grupo de economistas pessimistas ou fatalistas que estavam desencantados com o capitalismo de sua época. Enquanto Marx via uma luta de classes entre a burguesia e a classe trabalhadora, Schumpeter percebia uma grande tensão entre um grupo de empreendedores, aqueles que provocam "vendavais capitalistas que levam a um grande crescimento econômico" e outro composto de empreendedores "que implementam um capitalismo não tão pioneiro, mas calculista, mais conservador ", diz Rocafort à BBC Mundo. A sociedade que Schumpeter imaginava uma em que a distribuição da riqueza seria mais justa e na qual ainda existia mercado. Seria uma sociedade na qual a igualdade estaria acima de tudo – diz Aguiló – "na qual é alcançado um status quo em que a inovação para e, portanto, o peso do mercada na distribuição dos recursos é menor e o peso do Estado aumenta." Landreth e Colander citam Schumpeter: "Os verdadeiros promotores do socialismo não foram os intelectuais ou agitadores que o pregaram, mas os Vanderbilts, Carnegies e Rockefellers (famílias ricas do início do sécvulo 20)". Ciclos econômicos Rocafort explica que Schumpeter reforçou a teoria dos ciclos econômicos como sendo a forma pela qual o capitalismo evolui. "Como se fosse uma montanha-russa, subindo e descendo, (…) Schumpeter refere-se a ciclos econômicos que têm sua origem em inovações tecnológicas e financeiras. Elas causam momentos de grande boom, depois estabilização e depois uma depressão ou recessão", diz o professor. O especialista cita como exemplo a quebra da bolsa de 1929 e a crise financeira de 2008. Schumpeter nos faz ver o capitalismo como "um processo histórico e econômico que não tem crescimento contínuo, o que seria desejável, mas um crescimento bastante volátil, e que, em última análise, tem consequências para a sociedade em termos de, por exemplo, desemprego". No século 21 Schumpeter e John Maynard Keynes (na foto) são considerados os principais economistas do século 20 Getty Images "Vários economistas, incluindo Larry Summers e Brad DeLong, disseram que o século 21 será 'o século Schumpeter' e eu concordo", disse McCraw. "A razão é que a inovação e o empreendedorismo estão florescendo em todo o mundo de uma maneira sem precedentes, não apenas nos casos bem conhecidos da China e da Índia, mas em todos os lugares, exceto em áreas que tolamente continuam a rejeitar o capitalismo". "A destruição criativa pode acontecer em uma grande empresa inovadora (Toyota, GE, Microsoft), mas é muito mais provável que isso aconteça nas start-ups, especialmente agora que elas têm muito acesso ao capital de risco", afirmou McCraw. De fato, segundo o autor, Schumpeter foi um dos primeiros economistas a usar esse termo: ele o fez em um artigo que escreveu em 1943, no qual falava de capital de risco. Os inovadores Schumpeter, suas idéias e, acima de tudo, o conceito de destruição criativa ganharam importância especial nas últimas duas décadas. "É essencial para entender nossa economia", diz Aguiló. Essa competição de negócios nem sempre é sobre "dominar o mercado com um produto, mas com uma idéia, com um tipo ou modelo de negócios." Rocafort destaca que nessa destruição criativa, inovadores e empreendedores são os principais protagonistas. Um exemplo é como a indústria de tecnologia e seus gigantes como Google e Microsoft ocuparam um espaço de um setor que nas décadas de 20, 30, 40 e 50 era um dos principais: a indústria automotiva. "Se você observar o preço das ações, as empresas de tecnologia são as mais importantes e são todas americanas", diz ele. Hoje, muitos setores da sociedade pedem uma mudança no sistema economômico Getty Images Um alerta Especialistas como López pedem cautela ao usar as idéias de Schumpeter para tentar explicar a economia atual. "Não é conveniente usar categorias históricas porque são sociedades diferentes. As velhas teorias não funcionariam para nós ", diz ele à BBC Mundo. Schumpeter é o produto de uma época e "seu capitalismo não é o capitalismo de hoje", alerta. A acumulação de capital era diferente e não tinha nem o alcance global nem o impacto ecológico de hoje. Segundo o professor, o sistema está atravessando barreiras que antes pareciam impensáveis: se um país se industrializa, o emprego aumenta, mas o ambiente se deteriora. "Isso não estava na mente de Schumpeter, nem John Maynard Keynes. (Na época) a industrialização era o elemento fundamental do desenvolvimento." Mas López reconhece que "aspectos parciais do trabalho de Schumpeter (como destruição criativa) podem nos ajudar a entender o sistema". Em transição? Rocafort também concorda que o trabalho de Schumpeter é sua visão pessoal da realidade em que ele viveu. "Agora temos um contexto macroeconômico que não existia na época: paraísos fiscais, fundos de investimento especulativos, endividamento excessivo das nações", explica ele. No entanto, ele esclarece, dada a situação de incerteza que estamos enfrentando diante da economia mundial, faz sentido procurar explicações nos grandes clássicos da economia. "Você precisa tentar ver o que se aplica de cada teórico, porque não pode haver ortodoxia ou dogmatismo na economia. Nós idolatramos Keynes e no final, como vimos nos últimos 15 anos, ele está sendo um fracasso", diz Rocafort. O economista acredita que Schumpeter e suas ideias como "ciclos econômicos e destruição criativa" podem ajudar a esclarecer alguns pontos do momento em que vivemos. "Talvez o modelo econômico atual esteja esgotado e estejamos precisando de novas inovações tecnológicas e financeiras". "Ele fala de destruição criativa como aquele novo ciclo causado por um grande desenvolvimento tecnológico. Talvez um ciclo esteja colidindo com outro, como placas tectônicas", ele reflete.
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