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Investidores europeus ameaçam desinvestir no Brasil devido a desmatamento

sexta-feira, 19 junho 2020 por Administrador

Desmatamento na Amazônia brasileira atingiu uma máxima de 11 anos em 2019. Sete grandes empresas de investimento europeias disseram à Reuters que desinvestirão em produtores de carne, operadoras de grãos e até em títulos do governo do Brasil se não virem progresso rumo a uma solução para a destruição crescente da Floresta Amazônica.
As ameaças cada vez maiores de investidores com mais de US$ 2 trilhões em ativos administrados, como o finlandês Nordea e a britânica Legal & General Investment Management (LGIM), mostram como o setor privado está adotando ações globais para proteger a maior floresta tropical do mundo.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, dá de ombros para a pressão diplomática a respeito da questão.
O desmatamento na Amazônia brasileira atingiu uma máxima de 11 anos em 2019, o primeiro ano de Bolsonaro no cargo, e aumentou outros 34% nos cinco primeiros meses de 2020, de acordo com dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O presidente afrouxou as proteções ambientais e pediu mais mineração e agricultura na região amazônica.
Desmatamento aumentou 34% na Amazônia em 2019
"As tendências que vemos no Brasil são muito preocupantes", disse Daniela da Costa-Bulthuis, gerente de portfólio para o Brasil da empresa de gerenciamento de ativos holandesa Robeco. "Você tem um desmantelamento dos mecanismos regulatórios de controle ambiental desde o ano passado".
A assessoria de imprensa de Bolsonaro não quis comentar as preocupações dos investidores. Ele defendeu o histórico ambiental do país de críticas de líderes mundiais no ano passado enquanto incêndios devastadores na Amazônia causavam revolta global. Até agora, a pressão corporativa se mostrou mais eficiente para fazer Brasília voltar as atenções ao meio ambiente.
Um projeto de lei proposto originalmente por Bolsonaro para conceder títulos de propriedade para terras públicas assentadas irregularmente, uma medida vista como um incentivo ao desmatamento, não passou em uma votação em maio e foi adiada por tempo indeterminado depois que mais de 40 empresas majoritariamente europeias ameaçaram boicotar exportações brasileiras.
Questionamentos
Em setembro, 230 investidores institucionais assinaram uma carta pedindo ações urgentes para combater os incêndios em crescimento na Floresta Amazônica, capturando a atenção mundial.
Mas as sete empresas de gerenciamento de ativos que conversaram com a Reuters – Storebrand, AP7, KLP, DNB Asset Management, Robeco, Nordea Asset Management e LGIM – foram mais longe ao delinear a ameaça do desinvestimento se não houver avanço. Elas detêm mais de US$ 5 bilhões em investimentos ligados ao Brasil, incluindo comerciantes de grãos com operações de vulto no país.
O KLP, o maior fundo de pensão da Noruega, disse que está interagindo com Archer Daniels Midland (ADM), Cargill e Bunge e analisando se suas políticas ambientais são adequadas.
"Se nossa conclusão for negativa, o desinvestimento pode ser o resultado provável, possivelmente ainda neste ano, e acreditamos que tal ação levaria outros investidores a seguir nosso exemplo", disse Jeanett Bergan, chefe de investimentos responsáveis da KLP, por email.
Em resposta a perguntas sobre o desinvestimento, Bunge e Cargill descreveram uma gama de esforços para acabar com o desmatamento em suas cadeias de suprimento, citando sua aderência à "Moratória de Soja da Amazônia".
Neste acordo voluntário, grandes empresas como Cargill, Bunge e ADM prometeram não comprar soja de partes da Amazônia desmatadas desde 2008. A ADM não respondeu a um pedido de comentário.
A empresa de seguros e pensões norueguesa Storebrand e o maior fundo nacional de pensões sueco, AP7, também disseram que podem desinvestir na ADM e na Bunge se estas não adotarem medidas apropriadas para combater o desmatamento.
Também norueguesa, a DNB Asset Management AS disse que os fundos de índices que administra, que inclui ativos da Bunge, podem excluir companhias que não cumpram seus padrões de sustentabilidade.
Outras firmas de investimento mencionaram preocupações relacionadas aos processadores de carne brasileiros, que já foram alvo de questionamentos por obter carne de áreas desmatadas da Amazônia.
A LGIM está pressionando empresas brasileiras, como a JBS, a maior processadora de carne do mundo, e as rivais menores Marfrig e Minerva a adotarem "metas climáticas robustas e políticas de uso de terras, e a inação pode levar à votação de sanções e a desinvestimentos direcionados", disse Yasmine Svan, analista sênior de sustentabilidade da LGIM, em um comunicado enviado por email.
JBS, Minerva e Marfrig disseram em comunicados separados que estão comprometidas a eliminar o desmatamento amazônico em suas cadeias de suprimento e detalharam suas iniciativas.
Depois da 'quarentena'
O braço de gerenciamento de ativos do Nordea, um dos maiores bancos dos países nórdicos, suspendeu a compra de títulos da dívida soberana brasileira no ano passado em reação aos incêndios florestais, colocando seus cerca de 100 milhões de euros investidos nestes papéis em "quarentena".
Thede Ruest, responsável por dívidas de mercados emergentes da Nordea Asset Management, disse que a empresa pode ir mais longe.
"O próximo nível da escalada em relação à quarentena é vender nossos títulos governamentais do Brasil, o que poderia levar outros fundos a seguir o exemplo", disse Ruest. "Estamos decepcionados com a falta de progresso da gestão atual, já que as taxas de desmatamento continuam a subir antes de outra grande temporada de incêndios".
Da Costa-Bulthuis, da Robeco, que administra ao menos 3 bilhões de euros em ações brasileiras e até 5 bilhões de euros quando incluídos títulos da dívida e outros, não quis comentar sobre ativos específicos, mas disse que a firma pode reduzir sua exposição ao Brasil se seu desempenho ambiental se deteriorar mais.
Da Costa-Bulthuis, assim como Svan, da LGIM, e Ruest, da Nordea, expressaram alarme com o vídeo recente de uma reunião de gabinete de Bolsonaro que uma investigação federal trouxe à tona.
Na gravação, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu a Bolsonaro e a outros ministros que o governo deveria acelerar a desregulamentação ambiental enquanto o público está distraído pela pandemia de coronavírus.
"Ele está trabalhando contra o meio ambiente. O que ele disse é inaceitável", opinou Da Costa-Bulthuis. "Sendo eles (o governo) sensíveis ou não a isso, acho que uma maneira de começar seria mudar o ministro do Meio Ambiente, porque este sujeito não tem credibilidade".
Salles e sua assessoria de imprensa não responderam a pedidos de comentário sobre sua declaração. À época, ele disse que só estava pedindo a redução da burocracia desnecessária que contém os investimentos.
No mês passado, Bolsonaro despachou militares para combater a destruição da Amazônia, mas o desmatamento voltou a crescer na comparação com o ano anterior pelo 13º mês seguido.
Da Costa-Bulthuis disse que a mobilização foi "o mínimo" que o governo poderia fazer e que não se trata de uma substituição adequada do fortalecimento de agências especializadas na vigilância ambiental.
"Não achamos que eles estão fazendo o suficiente".
Análise: ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é investigado

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Imposto de Renda 2020: a 11 dias do fim do prazo, 11,2 milhões ainda não enviaram declaração

sexta-feira, 19 junho 2020 por Administrador

Órgão federal recebeu 20,77 milhões de um total de 32 milhões de declarações esperadas neste ano. selo IR 2020 Arte/G1 A 11 dias do fim do prazo, cerca de 11,22 milhões de contribuintes ainda não declararam o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) de 2020. Até as 11h dessa sexta-feira (19), 20.771.529 declarações foram recebidas pelos sistemas da Receita Federal – equivalente a 64,9% de um total de 32 milhões que o órgão espera receber neste ano. Em razão da pandemia de coronavírus, o prazo para a entrega da declaração foi prorrogado do dia 30 de abril para 30 de junho. A multa para o contribuinte que não fizer a declaração ou entregá-la fora do prazo será de, no mínimo, R$ 165,74. O valor máximo será correspondente a 20% do imposto devido. O vencimento das cotas também foi prorrogado. A primeira ou única cota vence no dia 30 de junho de 2020, enquanto as demais vencem no último dia útil dos meses subsequentes. SAIBA TUDO SOBRE O IR 2020 IR 2020: veja passo a passo de como fazer uma declaração simples IR 2020: veja passo a passo de como fazer uma declaração simples A Receita alerta para que o contribuinte não deixe a entrega da declaração para os últimos dias. “É importante que o declarante junte a documentação e comece o preenchimento para o envio, afim de se evitar atropelos de última hora, já que muitas dúvidas surgem nesse momento", diz o supervisor nacional do IR, Joaquim Adir, Vale lembrar ainda ainda que o quanto antes a declaração for regularmente enviada, mais rápido será o processamento e eventual restituição. Quem é obrigado a declarar Deve declarar o IR neste ano quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 em 2019. O valor é o mesmo da declaração do IR do ano passado. Também devem declarar: Contribuintes que receberam rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma tenha sido superior a R$ 40 mil no ano passado; Quem obteve, em qualquer mês de 2019, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas; Quem teve, em 2019, receita bruta em valor superior a R$ 142.798,50 em atividade rural; Quem tinha, até 31 de dezembro de 2019, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300 mil; Quem passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês do ano passado e nessa condição encontrava-se em 31 de dezembro de 2019; Quem optou pela isenção do imposto incidente em valor obtido na venda de imóveis residenciais cujo produto da venda seja aplicado na aquisição de imóveis residenciais localizados no país, no prazo de 180 dias, contado da celebração do contrato de venda. Prazo para entrega da declaração do IR 2020 termina em duas semanas

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Usuários do iFood afirmam visualizar pedidos que não fizeram e endereços de outras pessoas

sexta-feira, 19 junho 2020 por Administrador

Empresa diz que houve problema de atualização e que dados de pagamento não foram disponibilizados. Usuários do iFood afirmaram, nas redes sociais nesta sexta-feira (18), estar com problemas na lista de pedidos e de endereços do aplicativo. Segundo os relatos, os usuários estariam com acesso a pedidos, inclusive alguns em andamento, que não fizeram e a endereços que não são os seus. O site Down Detector, que agrega reclamações de usuários de diferentes tipos de serviços on-line, apontou um pico de queixas sobre o iFood nesta sexta: a maioria das pessoas afirma estar com acesso a informações que não reconhecem. Site aponta problemas no iFood, com alto índice de reclamações de usuários. Reprodução O caso gerou preocupação entre os usuários sobre informações financeiras salvas no aplicativo, principalmente os dados de cartão de crédito. Em nota, a empresa afirmou que "passou por um problema de atualização", que durou "cerca de 30 minutos" e que não houve ataque à plataforma. "Durante esse breve período, o sistema exibiu dados pessoais dos usuários de maneira aleatória. A empresa reforça que, ainda assim, não foi possível que clientes fizessem pedidos por outras pessoas ou acessassem contas de terceiros", disse o iFood. Ainda segundo o iFood, "os meios de pagamento ficam gravados apenas nos dispositivos dos próprios usuários, e não são armazenados nos bancos de dados da plataforma". O iFood diz ter feito o logout dos usuários impactados pela falha. Essas pessoas ficaram impossibilitadas de realizar pedidos nesta manhã. A empresa disse que a situação foi normalizada, que está comunicando os usuários do ocorrido e se colocou à disposição das autoridades. Usuários de iFood relatam cobranças indevidas e app culpa senhas vazadas de outros serviços Usuários do iFood já relataram prejuízos e incômodos decorrentes de invasões de contas e cobranças não autorizadas na plataforma – inclusive em cartões virtuais criados para uso exclusivo no aplicativo. O iFood explicou, na ocasião, que não armazena dados dos cartões usados em pagamentos e que as invasões ocorreram devido ao uso de senhas repetidas, vazadas de outros serviços. A plataforma também impôs restrições ao uso de maquininhas para pagamentos na entrega após consumidores denunciarem golpes de milhares de reais em equipamentos adulterados. Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text

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Carta de Van Gogh e Gauguin sobre visitas a bordéis é vendida por R$ 1,2 milhão

quinta-feira, 18 junho 2020 por Administrador

Artistas escreveram carta ao pintor francês Emile Bernard no final de 1888. Fundação Vincent Van Gogh comprou item por 210 mil euros. Carta escrita por Van Gogh e Gauguin é vendida por cerca de R$ 1,2 milhão DrouotEstimations/Handout via Reuters Uma carta escrita pelos pintores Vincent van Gogh e Paul Gauguin descrevendo visitas a bordéis e discutindo o futuro da arte foi vendida em leilão por 210,6 mil euros, cerca de R$ 1,2 milhão. A carta foi comprada em Paris na terça-feira (16) pela Fundação Vincent van Gogh, que a exibirá em seu museu em Amsterdã. Os artistas escreveram a carta ao pintor francês Emile Bernard no final de 1888, durante estadia deles na cidade francesa de Arles, onde a fundação também tem um museu. Escrita uma semana após o francês Gauguin se juntar a Van Gogh na França, a carta conta a Bernard sobre suas discussões a respeito de arte e trabalho. "Agora, algo que vai lhe interessar – fizemos algumas excursões nos bordéis, e é provável que eventualmente iremos lá para trabalhar", escreveram. "No momento, Gauguin tem uma tela em andamento do mesmo café noturno que eu também pintei, mas com figuras vistas nos bordéis. Promete tornar-se algo bonito." A Fundação Vincent van Gogh disse que a carta era o documento mais importante de van Gogh que não estava em nenhum museu, uma vez que é a única carta que ele escreveu com Gauguin. "O diálogo artístico deles era imparável naqueles dias e até continuou em bordéis e nesta carta", afirmou, acrescentando que "fornece uma imagem visionária de sua cooperação artística e do futuro da arte moderna". Pintor Van Gogh foi tema de exposição em museu de Londres em 2019

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Kristen Stewart vai interpretar princesa Diana no filme ‘Spencer’

quinta-feira, 18 junho 2020 por Administrador

Pablo Larraín, de 'Jackie', vai dirigir filme cujo título faz referência ao sobrenome de solteira de Diana, que morreu em 1997. Atriz Kristen Stewart chega ao Festival de Cannes em 2018 Joel C Ryan/Invision/AP Kristen Stewart, atriz de "As Panteras" (2019), vai interpretar a princesa Diana (1961-1997) no filme "Spencer". Dirigido por Pablo Larraín ("Jackie"), a produção cujo título faz referência ao sobrenome de solteira de Diana vai contar a história do fim de semana no começo dos anos 1990 em que ela percebeu que seu casamento com o príncipe Charles não estava mais funcionando. "Normalmente, o príncipe encontra a princesa, a convida a ser sua mulher e eventualmente ela se torna rainha. Esse é o conto de fadas. Quando alguém decide não ser rainha e diz "eu prefiro ir e ser eu mesma" é uma decisão muito grande. Um conto de fadas às avessas", afirmou Larraín ao site Deadline. "Sempre fiquei muito surpreso com isso e pensei que deve ter sido muito difícil de fazer. Esse é o coração do filme." O roteiro de "Spencer", que começa a ser produzido no começo de 2021, foi escrito por Steven Knight ("Senhores do crime").

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Danny Masterson, ator de ‘That ’70s Show’, é processado por estupro de três mulheres

quinta-feira, 18 junho 2020 por Administrador

Ator foi formalmente acusado nesta quarta-feira (17) e vai responder a ação na justiça de Los Angeles, nos EUA, e pode pegar até 45 anos de prisão. Ele já havia sido demitido da série 'The Ranch'. Danny Masterson participa de evento em 2014 Annie I. Bang/Invision/AP O ator Danny Masterson, que ficou conhecido pela série de TV "That '70s Show", foi acusado formalmente nesta quarta-feira (17) pelo estupro de três mulheres. Os promotores de Los Angeles que apresentaram a denúncia pedem a condenação do ator a até 45 anos de prisão. A Netflix demitiu no final de 2017 o ator da série "The Ranch", após os relatos de estupro por três mulheres serem divulgados na imprensa. "Como resultado das discussões que estão sendo feitas atualmente, a Netflix e os produtores decidiram demitir Danny de 'The Ranch'", afirmou a companhia em comunicado na época. As autoridades dizem que três mulheres denunciaram ter sido agredidas sexualmente por Masterson no início de 2000. O artista negou as acusações e as relacionou com uma polêmica série documental – "Scientology and the Aftermath" – da atriz Leah Remini contra seu culto. Masterson disse em comunicado se sentir "decepcionado" com a decisão da Netflix. Danny Masterson e Ashton Kutcher dublam Sérgio Reis para divulgar série 'The ranch' Divulgação / Netflix "As autoridades investigam estas acusações há mais de 15 anos e determinaram que não tinham fundamento. Nunca fui acusado de nenhum crime e muito menos condenado por isso", afirmou o ator. "Neste país, você é inocente até que demonstrem o contrário. No entanto, no atual clima, parece que você é considerado culpado no momento em que é acusado", acrescentou.

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Discos para descobrir em casa – ‘Burguesia’, Cazuza, 1989

quinta-feira, 18 junho 2020 por Administrador

Capa do álbum 'Burguesia', de Cazuza Marcos Bonisson ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Burguesia, Cazuza, 1989 ♪ Com valentia inédita na história da música brasileira, Agenor de Miranda Araújo Neto (4 de abril de 1958 – 7 de julho de 1990), o Cazuza, afrontou a cara da morte ao longo de 1989 para gravar e lançar Burguesia, último álbum de carreira fulgurante iniciada no alvorecer da década de 1980. Já bastante debilitado por doenças oportunistas decorrentes da infecção do vírus da Aids, detectado em teste feito pelo artista em 1987, o cantor e compositor carioca passou meses internado em clínica abastada da cidade natal do Rio de Janeiro (RJ) naquele ano de 1989. De lá, Cazuza saiu entre março e junho de 1989 – muitas vezes de maca – para ir aos estúdios cariocas da gravadora Polygram dar forma ao álbum Burguesia. Em “esforço sobrenatural”, como caracterizaria posteriormente Lucinha Araújo, a ativista mãe de Cazuza, o artista gerou álbum urgente, orquestrado pelo próprio Cazuza – com produção musical do pianista João Rebouças – e lançado em 21 de agosto de 1989 no formato de LP duplo. Nada menos do que 20 músicas foram distribuídas pelos quatro lados dos dois vinis embalados em capa dupla. Em repertório majoritariamente autoral, nada menos do que 16 dessas 20 músicas traziam a assinatura de Cazuza com parceiros habituais – Frejat, George Israel, Leoni e Lobão – e com parceiros ocasionais, compositores que musicaram algumas das muitas letras distribuídas por Cazuza entre as recorrentes internações em hospitais. Pelas condições em que foi produzido de forma heroica por Cazuza, o álbum Burguesia resultou digno e, em muitas faixas, interessante sem evidentemente fazer frente no todo ao antecessor álbum de estúdio Ideologia (1988), obra-prima da discografia solo de Cazuza, marco da maturidade do artista que, neste disco de 1988, soube dialogar com a MPB sem perder a atitude contestatória do rock. Cazuza tinha uma ideologia para viver e a expôs de forma tão pueril quanto sincera no jorro verborrágico da letra da música-título Burguesia, parceria com George Israel e com o irmão de fé Ezequiel Neves (1935 – 2010), que, em prova de sintonia transcendental com Cazuza, também saiu de cena em um 7 de julho, exatamente vinte anos após o amigo ter partido em um trem para as estrelas. Infelizmente atual no Brasil de 2020, a letra de Burguesia foi cantada por Cazuza como cuspe atirado na cara da elite nacional com a ambiência roqueira que pautou todo o lado A do LP 1, amplificada pelo toque incisivo das guitarras de Paulo Ricardo Rodrigues Alves, o músico fluminense conhecido como Paulinho Guitarra. A pegada roqueira das gravações de Nabucodonosor (George Israel e Cazuza), Tudo é amor (Laura Finocchiaro e Cazuza) e Garota de Bauru (João Rebouças e Cazuza) lembraram que Cazuza tinha vindo ao mundo artístico em 1981 como vocalista de banda, Barão Vermelho, hábil na feitura de rock stoniano, com incursões pelo blues. Mantendo a pressão dos arranjos, o lado B do LP 1 encadeou batidas funkeadas nos registros das músicas Eu agradeço (George Israel, Nilo Romero e Cazuza) e Eu quero alguém (Renato Rocketh e Cazuza), enérgica composição de letra exagerada, prova de que a fragilidade física de Cazuza jamais atenuou a força do verbo deste poeta dos bares e banheiros sujos, mas limpos da hipocrisia humana. Essa poesia urbana, intensa, já se manisfestara no primeiro vigoroso álbum solo do artista, Cazuza, lançado em 1985, no rastro da ruidosa saída do cantor da banda Barão Vermelho. Só que o rock do Barão nem sempre saiu de Cazuza. Parceria de Cazuza com Leducha e com Lobão, cúmplice do amigo nos prazeres da vida louca vida, Babylonest sobressaiu na oscilante safra autoral do álbum Burguesia por ter sido apresentada com a virulência desse tal de rock'n'roll. Lobão também figurou no disco como parceiro de Cazuza na canção Azul e amarelo, em cuja letra Cazuza parafraseou verso de Cartola (1908 – 1980) pelo puro prazer de se tornar parceiro póstumo do compositor de O mundo é um moinho (1976), música que cantara em programa de TV, em 1986, quando ainda havia muro separando o rock da MPB. Única música do disco que reviveu a parceria de Cazuza com Roberto Frejat, coautor de sucessos como Blues da piedade (1988) e Ideologia (1988), Como já dizia Djavan escancarou com certo lirismo uma estória romântica de Cazuza que poderia ter feito parte do repertório do segundo álbum solo do artista, Só se for a dois (1987), calcado em romantismo pop. Uma das boas músicas do repertório de Burguesia, a canção folk Perto do fogo acendeu a parceria de Cazuza com Rita Lee, companheira ideológica do artista e representante icônica da geração do rock brasileiro dos anos 1970. Não por acaso, Cazuza escolheu o blues-rock Cartão postal (Rita Lee e Paulo Coelho, 1975) para o lote de incursões feitas por repertórios alheios ao longo das 20 faixas do álbum Burguesia. Fora do trilho autoral, Cazuza também deu voz à apaixonada balada paralâmica Quase um segundo (Herbert Vianna, 1988) e – já publicamente fora do armário – reviveu o samba-canção Preconceito (Antonio Maria e Fernando Lobo, 1953), em clima de tango, antes de cantar o amor sensual de Esse cara (Caetano Veloso, 1972). Pela inevitável vulnerabilidade vocal do cantor naquele difícil ano de 1989, muitas excelentes músicas lançadas no álbum Burguesia ganhariam mais brilho em registros posteriores de outros intérpretes. Mulher sem razão era inspirada sobra da safra composta por Cazuza em 1986 com Bebel Gilberto e Dé Palmeira, mas a canção ficou esquecida em Burguesia até ser lembrada por Adriana Calcanhotto no álbum Maré (2008), sendo regravada por Ney Matogrosso já no ano seguinte ao registro da cantora. Já Cobaias de Deus – a música mais impactante da safra autoral do álbum Burguesia por relatar na letra as sensações delirantes de um Cazuza vulnerável na cama de hospital “maquiavélico” – surgiu em delicada aura folk que contrastou com a força dos versos, musicados por grande inspiração por Angela Ro Ro. Foi preciso esperar quatro anos para que a parceira de Cazuza na composição evidenciasse toda a força de Cobaias de Deus em gravação ao vivo de álbum lançado por Ro Ro em 1993. Filho único (João Rebouças e Cazuza), Manhatã (Leoni e Cazuza) – relato irônico das impressões do artista turista em Manhattan, epicentro de Nova York (EUA) – e a melancólica balada Bruma (Arnaldo Brandão e Cazuza) também integraram o repertório de Burguesia, álbum encerrado lindamente com a canção Quando eu estiver cantando, parceria de Cazuza com o pianista e compositor João Rebouças, produtor musical do disco. “…O meu canto é o que me mantém vivo”, sentenciou Cazuza nesta canção supostamente feita para Maria Bethânia. Há 30 anos fora de cena, Cazuza se manteve vivo como um dos artistas mais emblemáticos da história da música do Brasil pela urgência de poesia virulenta que pulsou nos sulcos deste heroico Burguesia, álbum vital, cheio de encantos que, se tivesse sido lançado como LP simples, com 12 das 20 faixas, teria resultado mais coeso e, sem piedade, talvez fosse percebido como o grande disco que poderia ter sido.

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Lives de hoje: Festival com Gilberto Gil, Anitta, Emicida, Jota Quest e mais shows para ver em casa

quinta-feira, 18 junho 2020 por Administrador

Quinta (18) também tem shows de Daniela Mercury, Zé Neto, Teresa Cristina e Bruna Caram. Veja horários. Gilberto Gil na estreia carioca do show 'OK OK OK' em junho de 2019 Ricardo Nunes / Vivo Rio Festival #JuntosADistância da MTV vai reunir Anitta, Anavitória, Manu Gavassi, Duda Beat e outros artistas nesta quinta (18). Daniela Mercury se apresenta pelo projeto "Em Casa com o Sesc" e Teresa Cristina segue na programação de lives diárias. Veja a lista completa com horários das lives abaixo. Na onda das lives, o bastidor virou o show. Casas de músicos são os palcos possíveis no isolamento para conter o coronavírus. O G1 fez um intensivão de lives e avaliou os desafios deste formato; leia. Bruna Caram – 18h – Link Daniela Mercury (Em Casa com Sesc) – 19h – Link João Neto e Frederico – 19h – Link Lucas Mamede – 20h – Link Ana Clara – 20h – Link Zé Felipe – 20h – Link MTV Especial #JuntosADistância com Gilberto Gil, Anitta, Anavitória, Manu Gavassi, Duda Beat, Tati Zaqui, Jota Quest, Vitor Kley, Paulo Miklos, Emicida, Melim, MC Rebecca e Sofi Tukker – 21h – Link Teresa Cristina – 22h – Link As cenas de 'lives' da quarentena que já estão na história do entretenimento brasileiro

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Benito Di Paula verte ‘Lágrimas no meu sorriso’ no disco do filho Rodrigo Vellozo

quinta-feira, 18 junho 2020 por Administrador

Romulo Fróes assina a direção artística de 'O mestre sala da minha saudade', álbum autoral anunciado com o single 'Hiato' e pautado pelo luto com a morte do irmão do cantor. ♪ Em setembro de 2019, a vida de Rodrigo Vellozo sofreu abalo com a morte do irmão do artista, André. A tragédia da vida pessoal se refletiu na trajetória profissional porque o luto está entranhado no vindouro quarto álbum desse ator, cantor, compositor e pianista, O mestre sala da minha saudade, caracterizado por Rodrigo como “disco-desabafo” e “disco-sobrevivência”. Segundo single do álbum, Lágrimas no meu sorriso será apresentado na sexta-feira, 19 de junho, em dueto de Rodrigo com o pai, Benito Di Paula, cantor e compositor fluminense que fez nome na música brasileira dos anos 1970 com samba sincopado de cadência conduzida pelo toque do piano. Pai e filho expiam a saudade de André Vellozo com o canto de Lágrimas no meu sorriso, música composta por Rodrigo em parceria com Romulo Fróes, diretor artístico do álbum O mestre sala da minha saudade. Tecnicamente, trata-se do segundo dueto de Benito e Rodrigo, feito décadas após registro beneficente da Oração de São Francisco, gravada por pai e filho para campanha fraterna. Na época, Rodrigo Vellozo tinha quatro anos de idade. Anos depois, o cantor prestou tributo ao pai no terceiro álbum, Como é bonito Benito (2013), e o compositor participou da regravação de Ah, como eu amei! (Jota Vellozo e Nei Vellozo, 1981), mas não se tratou de dueto porque um dos autores da música, Nei Vellozo, também participou da faixa. Capa do single 'Lágrimas no meu sorriso', de Rodrigo Vellozo com Benito Di Paula Murilo Alvesso com arte de Julio Dui Decorridos sete anos, pai e filho se reencontraram no estúdio na gravação do primeiro álbum autoral de músicas inéditas da discografia de Rodrigo Vellozo. No primeiro álbum, Samba de câmara (2013), o artista chegou a incluir duas músicas de lavra própria entre composições alheias. Anunciado em maio pelo single Hiato, música feita por Rodrigo a partir de letra enviada por Alice Coutinho com o título “E nós?”, o álbum O mestre sala da minha saudade vem ao mundo neste ano de 2020 dois anos após o disco Cada lugar na sua coisa (2018), trabalho de intérprete. O quarto álbum de Rodrigo Vellozo – pianista de formação clássica – foi formatado com músicos sobressalentes na atual cena musical paulistana, casos de Allen Alencar (guitarra), Rodrigo Campos (cavaquinho e guitarra) e Marcelo Cabral (synth bass e arranjos de cordas).

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‘The last of us part 2’ questiona moralidade em distopia: ‘Herói é questão de perspectiva’, diz diretor

quinta-feira, 18 junho 2020 por Administrador

'Também há muito sobre perspectiva e empatia, e lidar com trauma e luto', diz Neil Druckmann. Continuação do sucesso de 2013 é lançado como exclusivo do PlayStation 4 nesta sexta-feira (19). Nada é simples e direto no mundo de "The last of us part 2", um dos games mais aguardados do ano, que vai ser lançado com exclusividade no PlayStation 4 nesta sexta-feira (19). A continuação expande a história de seu antecessor, que é considerado o melhor de 2013 e que vendeu mais de 17 milhões de cópias entre suas versões para o PlayStation 3 e o 4. Com isso, reforça também seus questionamentos sobre moralidade em uma sociedade distópica. "Tem relação com o que 'The last of us' é, que é lidar com personagens com defeitos, que acreditam estar certos, acreditam ser justos, pois é como as pessoas são. Ninguém acha que é o vilão. O herói é questão de perspectiva", afirma o diretor da sequência, Neil Druckmann. Assista ao trailer de 'The last of us part 2' Olho por olho "Part 2" começa cinco anos após o fim do primeiro jogo. Nele, os protagonistas Joel e Ellie vivem uma vida pacífica (até onde isso é possível) em uma comunidade que se une para sobreviver. Apesar da tranquilidade, este ainda é um mundo pós-pandêmico, destruído por uma doença que transformou a maior parte das pessoas em criaturas parecidas com zumbis. Dessa vez, os jogadores assumem o controle da jovem, agora com 19 anos. Após mais um episódio violento que acaba com a paz da região, ela parte em sua própria jornada. "Ellie acredita estar certa ao encontrar essas pessoas que a prejudicaram, e fazer o que for necessário para levá-los à justiça, em um contexto meio 'olho por olho'", diz o desenvolvedor. "Mas há algo especial nesse jogo além de falar sobre a busca por justiça e o custo que isso pode ter nos personagens ao seu redor. Também há muito sobre perspectiva e empatia, e lidar com trauma e luto." Ellie em 'The last of us part 2' Divulgação Rivalidade com o mundo real Os reflexos na pandemia do mundo real vai além da similaridade dos temas. Com o isolamento social, a última fase do desenvolvimento teve de ser feita no esquema de home office, e o lançamento chegou a ser adiado mais de uma vez — assim como outras grandes produções. Nesse tempo, o estúdio Naughty Dog ainda teve de enfrentar mais um problema. No final de abril, o vazamento de diversos vídeos revelou pontos cruciais da trama. Para a realização da entrevista da qual o G1 participou com outros dois veículos, a orientação foi de que Druckmann não falaria sobre os dois assuntos. Na época, a empresa lamentou o episódio. "Sabemos que os últimos dias foram incrivelmente difíceis para vocês. Nós nos sentimos da mesma forma. É desapontante ver o lançamento e compartilhamento de cenas do desenvolvimento do jogo. Façam o melhor para evitar spoilers e pedimos para que não espalhem para os outros." Initial plugin text História para jogar Com um foco tão grande na história e em seus temas, o estúdio abraçou a missão de abrir o game a todos os tipos de jogadores, ao mesmo tempo em que mantinha o desafio e a tensão. "Um dos nossos mantras na Naughty Dog é que queremos que nossos jogos sejam o mais acessível o possível para o maior número de pessoas", diz o diretor. Com isso, o jogo disponibiliza um sistema com mais de 60 diferentes configurações que podem ser ajustadas a qualquer momento, com contraste mais alto para pessoas com deficiências visuais ou pistas em áudio para aqueles com deficiências auditivas. "Acreditamos na história que queremos contar, então pensamos em como fazer para que o maior número de pessoas possam vivê-la. É importante jogar, não apenas assistir." Ellie em 'The last of us part 2' Divulgação Filosofia sem pregar Para ajudá-lo a desenvolver a trama, Druckmann convocou uma roteirista da televisão. Mesmo sem ter trabalhado em um jogo antes, Halley Gross tinha experiência em lidar com distopias depois de escrever episódios de "Westworld", série da HBO que lida com uma outra forma de jogos e futuro. Com ela, o diretor/roteirista buscou manter os personagens fiéis a sua natureza, ao mesmo tempo em que explorava a complexidade dessa realidade destruída, equilibrando os temas com um jogo que ainda fosse divertido. "Esse mundo nos permite construir um cenário no qual podemos pensar todas essas mecânicas, o tamanho dos cenários, e construir uma cidade realista como Seattle, na qual há algo familiar e ao mesmo tempo algo meio errado. Porque mesmo que seja linda, a natureza crescida, ela representa a morte", diz ele. "Então há essa dualidade legal entre beleza e escuridão que existe nesse mundo, assim como há nas pessoas que sobreviveram. E todas essas coisas são feitas em serviço da imersão em um mundo e levá-lo a uma jornada emocional, que, com esperança, vai te obrigar a fazer perguntas interessantes", afirma o desenvolvedor. "Sempre foi importante para gente, nos dois jogos, não pregar. O jogo apresenta questões filosóficas. Mesmo que os personagens tenham opiniões fortes a respeito, o game não o faz. Ele quer te desafiar, como jogador, a pensar como agiria nessa situação, como se sentiria." Ellie em 'The last of us part 2' Divulgação

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