Discos para descobrir em casa – ‘Quando o canto é reza’, Roberta Sá & Trio Madeira Brasil, 2010
Capa do álbum 'Quando o canto é reza', de Roberta Sá & Trio Madeira Brasil Ilustração de Filipe Jardim ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Quando o canto é reza – Canções de Roque Ferreira, Roberta Sá & Trio Madeira Brasil, 2010 ♪ Em março de 2010, Roberta Sá ainda saboreava o sucesso do disco e show Que belo estranho para se ter alegria (2007) quando foi para o estúdio gravar Quando o canto é reza, o álbum mais audacioso de carreira que ganhara o primeiro impulso há sete anos com luminosa gravação do samba A vizinha do lado (Dorival Caymmi, 1946) para a trilha sonora da novela Celebridade (TV Globo, 2003 / 2004). Cantora de origem potiguar, Roberta Sá entrou em estúdio do Rio de Janeiro (RJ) – cidade para onde migrara aos nove anos com a família, vinda de Natal (RN), onde nasceu em dezembro de 1980 – com o Trio Madeira Brasil para corajosamente fazer disco somente com músicas de Roque Ferreira. Baiano nascido em março de 1947 na litorânea cidade de Nazaré das Farinhas (BA), de onde se mudou para Salvador (BA) aos dez anos, o compositor Roque Augusto Ferreira foi lançado em 1979 na voz de Clara Nunes (1942 – 1983) e teve músicas gravadas com sucesso por Zeca Pagodinho nos anos 1990. Contudo, o compositor precisou esperar até os anos 2000 para ser cultuado por lapidar obra autoral fincada no samba de matriz afro-brasileira, mas com extensão para ritmos nordestinos como chula, coco, ijexá e ciranda. Obra que identifica Roque Ferreira como único legítimo seguidor de Dorival Caymmi (1914 – 2008) no mar profundo da música brasileira. A partir de 2004, ano em que o artista lançou o álbum solo Tem samba no mar e ano também em que a cantora baiana Mariene de Castro pediu passagem com o disco Abre caminho, repleto de músicas do compositor, Roque Ferreira foi descoberto por vozes da MPB. Maria Bethânia passou a gravá-lo com regularidade e ampliou a visibilidade do artista. Já seduzida pela arquitetura do cancioneiro do compositor desde 2004, Roberta Sá incluiu um então inédito samba de Roque, Laranjeira, no repertório de Que belo estranho dia para se ter alegria, álbum que consolidou o sucesso obtido pela cantora com o primeiro álbum oficial da discografia, Braseiro, lançado em 2005. No mesmo ano de 2007 em que lançou o CD Que belo estranho dia para se ter alegria, Roberta gravou com o Trio Madeira Brasil outro samba de Roque, Afefé, para o disco coletivo Samba novo, editado naquele ano. Destaque de Samba novo, a gravação de Afefé deu a pista certeira do tom sofisticado de Quando o canto é reza – Canções de Roque Ferreira, álbum lançado em agosto de 2010 com ilustrações de Filipe Jardim na luva que cobria a embalagem de formato digipack, na capa interna, na contracapa e no encarte. Capa interna do álbum 'Quando o canto é reza – Canções de Roque Ferreira', de Roberta Sá & Trio Madeira Brasil Ilustração de Filipe Jardim Produzido por Pedro Luís, sob direção musical do violonista Marcello Gonçalves, o álbum Quando o canto é reza – Canções de Roque Ferreira se impôs como clássico instantâneo da discografia brasileira e evidenciou a ousadia de Roberta Sá, cantora que se permitiu correr riscos ao se afastar da linha do bem-sucedido disco anterior. Nas gravações das 13 músicas selecionadas para o repertório, sendo oito então inéditas, o canto de Roberta Sá soou límpido e com a leveza que conquistou seguidores fiéis desde o disco Braseiro. Contudo, o êxito de Quando o canto é reza deve ser repartido de igual para igual com os excepcionais músicos do Trio Madeira Brasil. Marcello Gonçalves (violão de sete cordas), Ronaldo do Bandolim (bandolim) e Zé Paulo Becker (violão e viola caipira) refinaram as harmonias do cancioneiro de Roque Ferreira, às vezes afastando os sambas da roda baiana na qual gravitavam, por exemplo, as gravações radiantes da cantora Mariene de Castro, intérprete mais identificada com a gênese desse samba do Recôncavo Baiano. Embora sem abrir mão das percussões, confiadas aos músicos convidados Paulino Dias e Zero Telles, Roberta e o Trio Madeira Brasil abordaram a obra de Roque Ferreira sem o caloroso baticum do samba de roda. As cordas virtuosas do trio teceram requintadas tramas de violões que deram ao disco singular sofisticação instrumental. Por ser purista, defensor arraigado das tradições musicais, Roque Ferreira chegou a expressar publicamente certo descontentamento com o resultado do álbum com o qual havia colaborado ao receber Roberta e os músicos na Bahia, em 2009, na fase de seleção do repertório. Pura birra do compositor! Disco irretocável, Quando o canto é reza pôs Roberta Sá no altar das grandes cantoras surgidas no Brasil no século XXI, não somente pelo canto em si, sempre claro e afinado, mas pela inteligência na concepção deste álbum arrojado. Antes de gravar efetivamente o disco, em março e abril de 2010, Roberta Sá e o Trio Madeira Brasil fizeram quatro apresentações em casa do Rio de Janeiro (RJ), em janeiro daquele ano, para testar o repertório em show então inédito. No roteiro deste show, a cantora e os músicos apresentaram medley com Mão de Ofá e Axé de Oxum que chegou a ser gravado para o disco, mas acabou excluído (juntamente com outra faixa supostamente intitulada Samba chula) da seleção final do álbum. O disco inicialmente se chamaria Chita fina, nome do samba de roda gravado em molde mais tradicional do gênero, com o devido toque interiorano (dado pela viola caipira de Zé Paulo Becker) e o prato e a faca percutidos por Zero. O título final, Quando o canto é reza, foi extraído da letra de Água doce, ijexá de toque tão santo quanto Menino, outro ijexá, este com violões que evocaram a batida dos afro-sambas ouvida no violão de Baden Powell (1937 – 2000) e que exibiram influência do ifá, ritmo do Candomblé. O elo da Bahia com a África foi evidenciado já na percussão introdutória do samba que abriu o disco, Mandingo, parceria de Roque com Pedro Luís, lançada por Pedro no álbum Ponto enredo (2008). Outra música também assinada por Roque com um parceiro, no caso o violonista Zé Paulo Becker, Zambiapungo evidenciou o bordado refinado das cordas do Trio Madeira Brasil, que soou latino ao abrir A mão do amor (2009), música originalmente intitulada Tricô até ter o título trocado por Maria Bethânia ao ser inserida como vinheta pela cantora no álbum Tua (2009). A alta costura do Trio Madeira Brasil fez com que a chula Xirê (2009) – lançada no ano anterior pela cantora Clécia Queiroz em disco também dedicado ao cancioneiro de Roque Ferreira – exemplificasse a habilidade do trio para tirar o samba do compositor da roda original sem prejuízo estético. As palmas em Xirê foram batidas em outra cadência, dialogando com o toque do violão. Festejo também reinventou a roda ao abrir mão da percussão, mas culminou com citação do Samba pra moças (Roque Ferreira e Grazielle, 1995), sucesso de Zeca Pagodinho, no arremate do disco. O samba Cocada também saiu da roda, sendo temperado com coco e maxixe. E por falar neste ritmo carioca, o samba Tô fora mostrou que Roque também sabia seguir a cadência bonita do samba do Rio de Janeiro (RJ). Tanto que Roberta convidou Moyseis Marques – voz emergente do samba da cidade – para dividir com a cantora a interpretação de Tô fora. As vivências cariocas da cantora e dos músicos se refletiram no ritmo de samba-choro que baixou em Orixá de frente em curioso contraponto com a temática afro-baiana da letra que versava sobre signos do Candomblé, com justificado orgulho negro. Roberta pôs um dengo próprio em Orixá de frente, evocando a manemolência dos sambas de Dorival Caymmi, uma das matrizes do cancioneiro de Roque Ferreira. Nessa ponte Rio-Bahia, o samba Água da minha sede (2000) – parceria de Roque com o carioca Dudu Nobre apresentada há então dez anos como faixa-título de álbum editado por Zeca Pagodinho – se banhou nas águas da ciranda e no baque do maracatu, em mais uma amostra de que Roberta Sá e o Trio Madeira Brasil se recusaram a rezar pela cartilha de Roque Ferreira com fé cega. Mas como não pôr toda a fé em disco no qual Roberta Sá sacralizou o lirismo de Marejada?? Lançado em CD em edição luxuosa pela gravadora MP,B Discos, com distribuição da Universal Music, o álbum Quando o canto é reza – Canções de Roque Ferreira completou dez anos em 2020 como o ponto mais luminoso da discografia de Roberta Sá, embora os dois primeiros álbuns oficiais da cantora também sejam perfeitos. Bem recebido por público e critica, mas sem a euforia a que fazia jus, sobretudo entre alguns admiradores do disco anterior Que belo estranho dia para se ter alegria, o álbum Quando o canto é reza se conservou brilhante, imune aos efeitos corrosivos do tempo, como fonte sagrada de obra que se banha nas águas limpas da música do Brasil.
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Biquini Cavadão estende tributo a Herbert Vianna com gravação do show ‘Ilustre guerreiro’
Disco ao vivo sai em 12 de junho e incorpora três faixas feitas em estúdio pela banda, com outras músicas do compositor do grupo Paralamas do Sucesso. ♪ Em 2018, a banda carioca Biquini Cavadão homenageou o cantor, compositor e guitarrista Herbert Vianna no álbum Ilustre guerreiro, lançado em 30 de novembro daquele ano, com repertório dedicado ao cancioneiro autoral do vocalista da banda Paralamas do Sucesso. Foi um tributo ao padrinho artístico e principal incentivador do grupo, ao responsável inclusive pela escolha do nome Biquini Cavadão para a banda formada atualmente por Álvaro Birita, Bruno Gouveia, Carlos Coelho e Miguel Flores da Cunha. No dia seguinte ao lançamento do disco, em 1º de novembro de 2018, a banda subiu ao palco do Teatro Bradesco, na cidade de São Paulo (SP), para estrear o show baseado no disco em que o Biquini Cavadão reciclou as músicas Aonde quer que eu vá (Herbert Vianna e Paulo Sérgio Valle, 2000), Cuide bem do seu amor (2002), Mensagem de amor (1984), O amor não sabe esperar (1998), Se eu não te amasse tanto assim (Herbert Vianna e Paulo Sérgio Valle, 1999), Ska (1984), Só pra te mostrar (1992) e Vital e sua moto (1983). Feito já na estreia nacional do espetáculo Ilustre guerreiro, cuja turnê correria o Brasil a partir de 2019 até ter a rota interrompida pela pandemia do coronavírus em março deste ano de 2020, o registro ao vivo do show gera o 18º álbum da discografia do Biquini Cavadão. Capa do álbum 'Ilustre guerreiro – Ao vivo', da banda Biquini Cavadão Divulgação O álbum Ilustre guerreiro – Ao vivo está programado para ser lançado na próxima sexta-feira, 12 de junho, com capa que reproduz, em outras cores, a arte do disco original de 2018. O roteiro do show intercala as músicas de Herbert Vianna com sucessos do cancioneiro autoral do próprio Biquini Cavadão. Contudo, o álbum Ilustre guerreiro – Ao vivo vai além do roteiro do show e incorpora outras três músicas de Herbert Vianna, além das oito do repertório original do tributo. Músicas já apresentadas pela banda na temporada de 2019 do programa Versões, do canal Bis, o rock Fui eu (1984), a canção Caleidoscópio (1987) e a balada Quase um segundo (1988) aparecem no disco ao vivo em gravações feitas pelo Biquini Cavadão em estúdio, no fim de 2019. Essas gravações foram finalizadas em casa pelo grupo, já neste ano de 2020, para encorpar o repertório do álbum Ilustre guerreiro – Ao vivo, estendendo a homenagem do Biquini Cavadão a Herbert Vianna.
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Tiago Iorc dá passo atrás com canção adolescente
De romantismo pueril, single 'Você pra sempre em mim' vai na contramão da evolução mostrada pelo artista no álbum 'Reconstrução'. Capa do single 'Você pra sempre em mim', de Tiago Iorc Gabriel Frank Resenha de single Título: Você pra sempre em mim Artista: Tiago Iorc Compositor: Tiago Iorc Gravadora: Sony Music Cotação: * * 1/2 ♪ Tiago Iorc reapareceu esta semana. E a reaparição não se resumiu à live feita pelo cantor na noite de quarta-feira, 3 de junho, em transmissão ao vivo de formato acústico na qual, a sós com o próprio violão, o artista apresentou a inédita canção autoral Você pra sempre em mim entre sucessos da carreira fonográfica iniciada em 2007. Lançada em single na quinta-feira, 4 de junho, a canção Você pra sempre em mim está sendo promovida com clipe filmado, sob direção do próprio Tiago Iorc, em plano sequência no qual o cantor se acompanha ao violão na interpretação da música. Single – editado com capa que expôs expressiva imagem captada pelo fotógrafo cearense Gabriel Frank e escolhida através de enquete online – e clipe marcam a estreia do cantor na gravadora Sony Music, além de representarem, enfim, o término de período de reclusão do artista. Tanto que, geralmente arredio, Iorc deu entrevistas aos principais veículos de imprensa para divulgar a live e o single Você pra sempre em mim. Mesmo sem descartar novo sumiço do universo pop, como contou em entrevista a Braulio Lorenz do G1, o cantor parece momentaneamente decidido a retomar a carreira em moldes tradicionais e a seguir em frente. Nessa caminhada, a edição do single Você pra sempre em mim representa passo atrás na discografia do artista. Você pra sempre em mim é canção composta por Iorc aos 17 anos, no verão de 2003, ao fim da adolescência. Inspirada por amor de verão vivido em praia do Rio Grande do Sul, Você pra sempre em mim integra a primeira safra de canções do artista e não é por acaso que demorou tanto a aparecer na discografia do cantor. Trata-se de canção de letra compreensivelmente adolescente, de romantismo pueril, justificado pelas circunstâncias da época em que foi composta, mas inadequado para marcar a retomada da carreira do artista. Mesmo bem produzida e mixada por Roberto Pollo, a gravação de voz e violão de Você pra sempre em mim vai na contramão da evolução de Iorc como compositor, evidenciada em maio do ano passado, na volta-surpresa do artista com álbum intitulado justamente Reconstrução (2019). O single Você pra sempre em mim pode ter valor documental como registro tardio de flash da adolescência musical do artista, mas mostra bem menos do que Tiago Iorc já provou que pode oferecer aos seguidores. Dias e discos melhores virão…
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Mano Walter abre temporada de ‘lives juninas’ do isolamento: ‘Povo não vai ficar sem São João’
'A gente ia ter que inventar alguma coisa', ele diz ao G1. Alagoano faz primeiro grande 'live arraiá' de junho no Brasil e vai cantar forró, baião, xote e clássicos das festas nesta sexta-feira (5). As festas juninas não vão acontecer por conta da pandemia, mas ao longo de junho artistas vão fazer lives temáticas para tentar preencher o vazio das comemorações. Quem abre a "programação virtual" é Mano Walter que faz o "Arraiá do Mano" nesta sexta-feira (5), às 20h, com direito a fogueira, milho assado, e claro, muito forró. "Nós, forrozeiros, temos um papel a cumprir de levar alegria através da nossa música, então é nosso dever fazer com que mesmo nesse período de pandemia tenha São João", diz, por telefone, ao G1. "Vou fazer São João sim, o povo não vai ficar sem São João. Estou divulgando que pode arrastar o sofá, arrastar mesa, cadeiras e dançar com seu par, mas não vamos ficar sem São João", continua. Mano diz que o gênero vai ser predominante no repertório com forró pé de serra, baião e xote. Mas também vai ter música romântica. AGENDA DE LIVES: Fernando & Sorocaba, Jota Quest e Leonardo tocam no final de semana Mano Walter durante live em maio em seu rancho em Alagoas; foram 4 horas de transmissão, mas o cantor queria mais Reprodução Clássicos também não vão faltar e o cantor cita cantando versos de "Olha pro Céu" e " Pagode Russo", de Luiz Gonzaga, durante a entrevista. "Essa live tem o intuito de levar alegria, arrecadar alimentos para quem mais está precisando e também manter viva nossas tradições, nossa cultura", explica. E completa: "Não tinha como ficar em branco, a gente ia ter que inventar alguma coisa". Relação forte com São João Mano lembra que as festas juninas também foram importantes na sua infância em Quebrangulo, município do agreste de Alagoas. "Como eu sou do interior, eu já me criei ali dançando quadrilha, fogueira, milho assado na tradição mesmo", diz. Quando começou a cantar forró, a relação com as festas só se intensificou. Para o cantor, dois grandes momentos da carreira aconteceram quando ele cantou nas festas de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), cidades em que a tradição da festa se mantêm muito forte. "É a mesma coisa do atleta participar das Olimpíadas, participar de uma Copa do Mundo. É uma coisa nesse naipe, como se fosse uma provação. Você tocou, chegou até aqui: aprovado!", diz. "São muitos grupos, bandas, então é muito concorrido tocar nessas festas principalmente nos dias principais: São João, São Pedro, Santo Antônio". O dia em que cantou pela primeira vez no clube da sua cidade também foi emocionante. "Passou um filme na minha mente de antes eu estava ali como espectador curtindo e no outro momento eu estava ali naquele palco cantando", diz. Quarentena cheia de atividades O isolamento em casa permitiu ao cantor retomar um hábito antigo: pintar. Ele diz que estava enferrujado, mas pediu dicas para um professor e tem preenchido o tempo fazendo quadros. Mano Walter tem pintado e desenhado durante quarentena Reprodução/Instagram/ManoWalter Ele compartilhou uma foto do começo da tela que fez com um desenho de cavalo. Mano também está conseguindo acompanhar a gravidez de Débora Silva de perto. O primeiro filho do casal chega em agosto. "É uma sensação arretada poder sentir todo dia o José dar um chutinho. Se eu tivesse tocando em um período normal, não teria como acompanhar assim todos os momentos da gestação tão perto", afirma. Initial plugin text Mas o cantor não deixou de lado as composições, ao contrário está produzindo músicas a distância. "Estou gravando um EP novo, galera produzindo em São Paulo e Fortaleza e eu estou colocando voz aqui em casa. Para quando voltar tudo ao normal a gente já chegar com todo vapor", diz. "Estou tentando sempre ocupar a mente, produzir, descansar um pouco também, arrumar o guarda roupa. Passar pano na casa e lavar prato é o que eu mais estou fazendo", afirma e ri. Mano Walter canta 'Não deixo não'
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Banda Ira! fica à frente da tropa do rock brasileiro com primeiro álbum de músicas inéditas em 13 anos
Coesão do repertório e cumplicidade entre o vocalista Nasi e o guitarrista Edgard Scandurra valorizam o disco produzido por Apollo 9. Capa do álbum 'Ira', da banda Ira! Arte de Mayla Goerish e Guilherme Pacola Resenha de álbum Título: Ira Artista: Ira! Gravadora: Ditto Music Cotação: * * * * ♪ Lançado nesta sexta-feira, 5 de junho, Ira é o primeiro álbum de músicas inéditas da banda Ira! em 13 anos. É também o primeiro álbum que traz no título o nome do grupo formado em 1981 na cidade de São Paulo (SP), musa da seminal Pobre paulista (1983), música que plantou os alicerces da obra fincada pela banda, com evocações do universo mod, ao longo dos anos 1980, década em que o rock brasileiro saiu dos escombros e chegou ao topo das playlists. Mesmo que exclua do título o ponto de exclamação do nome da banda, o álbum Ira expõe impetuosidade que parecia já ter sumido da voz de Nasi e do toque da guitarra de Edgard Scandurra em discos anteriores do grupo. O último álbum, Invisível DJ (2007), se dissolveu em aura modernosa que contribuiu para que brigas entre integrantes (com desentendimentos que se estenderam para o empresário da banda, Airton Valadão, irmão de Nasi) provocassem o fim do Ira! ainda em 2007. Mas toda desavença também tem um fim. Com as pazes feitas entre todos os envolvidos, o consequente retorno da banda Ira! à cena – concretizado a partir de 2014 – parece ter reacendido a velha chama neste disco cuja capa expõe arte criada por Mayla Goerish e Guilherme Pacola. Edgard Scandurra e Nasi mostram cumplicidade nas gravações de rocks como 'O homem cordial morreu' e 'Respostas' Ana Karina Zaratin / Divulgação Arquitetado desde 2018 e produzido por Apollo 9, o álbum Ira recoloca o quarteto – atualmente formado pelos fundadores Nasi e Scandurra com o baterista Evaristo Pádua e o baixista Johnny Boy – em lugar de honra na galeria do rock nacional. O vigor do disco soa sem surpresa para quem ouviu os singles O amor também faz errar (power balada de Scandurra que figura entre as melhores músicas da história do Ira!), Mulheres à frente da tropa (música composta e cantada por Scandurra com tomada de posição feminista bem-vinda no exército ainda predominantemente masculino e não raro machista do rock) e Chuto pedras e assobio (balada-rock de Scandurra com Bárbara Eugenia, cantada por Nasi). Outras sete músicas compõem o inédito repertório autoral do álbum Ira, mantendo a coesão sem a reinvenção da roda, mas também sem mofo ou ranço nostálgico. “Faz parte de tudo / Faz parte do que é / Do jeito que somos / Das coisas como são”, resume Nasi ao dar voz à letra de Respostas, rock amplificado por solo de guitarra de Scandurra, parceiro de Silvia Tape na composição da música. Como ratificam faixas como Eu desconfio de mim (Edgard Scandurra), rock dedicado à memória do guitarrista britânico Andy Gill (1956 – 2020), o álbum Ira soa fiel à ideologia musical roqueira da banda. Talvez por isso até possa soar anacrônico em 2020 ao mesmo tempo em que se também se impõe relevante e coerente com a história do Ira! ao apresentar, por exemplo, balada resignada como Efeito dominó, envolvida em aura de folk-rock e cantada por Nasi com o reforço vocal, em francês, de Virginie Boutaud (vocalista da banda Metrô nos anos 1980, para quem não liga o nome à pessoa), parceira de Scandurra na criação da composição. Banda Ira! é atualmente um quarteto que, além de Nasi e Scandurra, inclui o baterista Evaristo Pádua e o baixista Johnny Boy Ana Karina Zaratin / Divulgação Um dos maiores destaques da parcela até então desconhecida do repertório do álbum Ira, Efeito dominó dura quase oito minutos – com direito à longa passagem instrumental na segunda metade da gravação – e faz parte de tudo o que sempre foi o Ira! desde 1981. Como não identificar o velho e bom Ira! na pegada de A torre (Edgard Scandurra) ou no endiabrado solo de guitarra feito por Scandurra no rock Você me toca, outra parceria do artista com a cantora e compositora Silvia Tape, com quem o guitarrista já fez projetos em duo. O repertório do álbum Ira é de alta qualidade. Mas talvez tivesse a força diluída no disco se Scandurra e Nasi não reeditassem a afinidade evidente nas dez faixas do álbum. Quando Nasi fala de “cumplicidade especial” ao cantar a balada A nossa amizade, parece que a letra da canção de Scandurra versa sobre a relação peculiar entre vocalista e guitarrista. “Sim, eu resolvi mudar / Aprendi a respirar / Olhar com outros olhos e reconsiderar / Que além de envelhecer difícil é aprender / Com o que já se viveu / E se eu me entrincheirar / Contra o opressor que seja ao seu lado / Lado a lado por favor”, pondera Nasi, aos 58 anos (a mesma idade do amigo e ex-rival Scandurra), ao dar voz ao rock O homem cordial morreu (Edgard Scandurra), outra excelente música de álbum revigorante que põe o Ira! à frente da desfalcada tropa do rock do Brasil.
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Belo prepara nova live e comenta vida na quarentena: ‘Tô vivendo de pijama todo dia’
Ele diz que transmissões on-line devem continuar mesmo após fim da pandemia: 'Não é daqui a 3, 4 meses que vou botar um show de R$ 40, R$ 50, R$ 100 e o cara vai sair pagando'. Belo não era um artista muito engajado nas redes sociais. Mas mudou totalmente seu conceito após o sucesso das lives de quarentena. O cantor fez sua primeira live no dia 22 de abril e, hoje, o vídeo conta com mais de 8 milhões de visualizações. "Eu vi quanto que meu canal cresceu, vi quantos números eu atingi. Graças a Deus, a gente conseguiu ajudar muita gente, muitas famílias, a gente teve muita doação. E comercialmente também foi muito bom", afirma o cantor ao G1. Ele lançará quatro das canções apresentadas na live. O sucesso de Belo é um dos exemplos do bom desempenho das lives de pagode na quarentena. Saiba mais abaixo no podcast G1 Ouviu: Neste mês, o cantor se prepara para a segunda edição, programada para 20 de junho, no clima das festas de São João. A transmissão deve contar com um animado arraiá em família. "Vou seguir o isolamento, mas tenho um monte de gente aqui em casa", afirma Belo. Ele mora com a mulher, Gracyanne Barbosa, a mãe, a sogra, a cunhada, a neta e dois filhos. É com esse time também que o cantor se mantém em quarentena desde o dia 10 de março. Belo realizou seu último show um dia antes, em Belém, e seguiu direto para casa, de onde não saiu mais. "Não saio nem no portão de casa". "Tô vivendo de pijama todo dia. Ontem, ainda coloquei uma roupinha pra disfarçar. Até minha filha brincou: vai pra onde? Só passear na sala". Mesmo de pijama, Belo segue trabalhando e acaba de lançar a primeira parte do repertório do EP "Belo in Concert", projeto intimista com o qual rodou o Brasil em 2019. Ele canta mais seu lado B e interpreta canções de outros artistas. Belo apresenta live Reprodução/YouTube G1: Os lançamentos na quarentena estão sendo feitos com cautela. Enquanto alguns dizem 'que não é momento', outros dizem 'que essa é a hora de levar alegria para as pessoas'. O que te fez decidir pelo lançamento? Belo: A única forma de a gente levar nossa música para as pessoas é através das mídias digitais. Fiz meu último show no dia 9 de março. Estava lotado de show para fazer esse ano de 2020. Aí parou tudo. Nós somos a indústria que vai demorar mais pra voltar, não só por essa coisa da aglomeração, da saúde, que é mais importante. Mas a gente fala também do quesito economia. "Estamos passando por um momento extremamente delicado e não é daqui a 3, 4 meses que vou botar um show de R$ 40, R$ 50, R$ 100 e o cara vai sair pagando." Então a única forma de levarmos nossa música e dar continuidade ao nosso trabalho é usar as plataformas digitais. É a forma de você levar sua arte, de poder ajudar as pessoas e também poder movimentar o mercado de trabalho. Quando você fala de artista, você não fala só de Belo. Tenho lá na minha equipe mais 28 pessoas, que são mais 28 famílias e que o pessoal precisa trabalhar. G1: Alguns artistas já deixaram de pagar funcionários e temem a quebra… como está esse momento pra você? Está preparado financeiramente para esta crise? Belo: Eu tenho uma empresa, e a gente continua dando uma ajuda de custo esses três meses que estamos parados. Continuamos dando respaldo, dando uma estrutura. Lógico que não é o que o cara ganhava por mês. A gente fazia de 10 a 15 shows por mês, então não é e isso que o cara ganhava. Cada músico tem sua família e nós temos responsabilidade, sim, com essas pessoas. "E tenho uma esposa que trabalha muito, que me ajuda muito também na renda familiar. Aqui em casa tenho minha mãe, minha sogra, tenho cunhada, neta, filhos… e já estou em casa há mais de 70 dias sem poder trabalhar." Então a live conseguiu ajudar bastante as pessoas com arrecadação de doação, de alimentos, levar para os menos favorecidos, mas também comercialmente funciona de uma forma pra gente, porque nós temos também patrocinadores. É uma forma de você levar entretenimento para as pessoas e de receber por isso, que é seu trabalho. Nada mais justo. G1: O pagode tem sido uma surpresa nas lives, contando com grande audiência. Por que você acha que o pagode está se destacando tanto, quase empatando com o sertanejo e à frente de funk, pop, bem diferente dos resultados do streaming? Belo: Se você der uma analisada pra falar das lives do pagode, você vai falar de Raça Negra, que existe uma história espetacular, você vai falar do Péricles, que tem uma história dentro do Exaltasamba espetacular, você vai falar do Belo, que tem uma história do Soweto até os dias de hoje, vai falar de Sorriso Maroto… está falando de todos os artistas que têm uma história muito grande, de 20 anos. Então, a história está prevalecendo muito nesse momento, porque aquele cara que de repente nem iria no meu show, não quer ficar no meio da galera, que é um cara mais contido, tem sua família, é pai, tem até neta, ele quer mais descansar. Então ele consegue pegar ali seu tablet, seu aparelho de televisão e 'vou ver a live do Belo'. Acho que por isso as lives do pagode, do samba, têm dado tão certo. A audiência está dobrando, a gente está conseguindo de uma forma até equiparar com o sertanejo. Isso é muito bom, não é só para o movimento do pagode. É para o movimento inteiro da música. Porque é uma forma de levar alegria, romantismo, levar amor ao coração das pessoas através de música. A pandemia, com certeza, vai vir uma vacina, e vai acabar. Mas acho que a live continua. É muito mais fácil o cara chamar a esposa, o primo, e ficar curtindo duas horas de show ali dentro da casa dele. Às vezes não precisa nem se preocupar em colocar uma roupa legal, sair pra rua. É uma forma também de entretenimento. G1: Então a live é uma coisa que vocês planejam manter na agenda mesmo quando a vida voltar ao normal? Belo: Sim. Eu acho que tem que ser. Eu não era um cara tão engajado nessa coisa do digital. Aí depois dessa live que eu fiz, eu vi quanto que meu canal cresceu, quantos números eu atingi, meu pós foi muito importante, foi maravilhoso. Conseguimos ajudar muita gente, muitas famílias, a gente teve muita doação. E comercialmente também foi muito bom. Eu vou continuar. E eu tenho certeza que muitos artistas, amigos que tenho falado, vão continuar. Belo no projeto In Concert Divulgação G1: Tem acompanhado as lives de outros artistas? O que mais te chamou a atenção e o que pega de ideia pra você? Belo: Sim, vejo de todos os segmentos. Tenho visto bastante coisa. Tô vendo o entretenimento que está virando agora. Hoje você tem um canal, o seu veículo de comunicação com seu público. Tem artista até que não estava muito bem, não estava fazendo muito show e com as lives deu um salto muito grande, está lá na frente. Quando voltar após a coisa da pandemia, o cara vai conseguir fazer muito mais shows, conseguir voltar para o mercado, trabalhar. G1: Como está sendo seu período de isolamento, aliás? Você comentou que tem um monte de gente que mora com você, não está tão isolado assim… Belo: Eu sempre fui um cara muito caseiro, sempre gostei de estar em casa. Eu saia dos meus shows e vinha pra minha casa e fico em casa até o dia de ir trabalhar. Tenho uma academia dentro da minha casa, então faço minhas aulas aqui. Faço aulas de música, de piano, de inglês, espanhol, tudo online. Gosto de curtir aqui, então minha rotina não mudo muito. Mudou porque a gente acorda e não sabe que dia é hoje. Tenho trocado o dia pela noite também. A Gracy continua fazendo as aulas dela o dia inteiro, porque ela faz ioga, pole dance, academia… e a gente vai vivendo dessa forma que tem que ser. A gente precisa desse isolamento social, precisa respeitar as normas. Estou desde o dia 10 de março dentro de casa. G1: Não sai pra nada? Belo: Não saí nem no portão de casa. Meu filho mora comigo, então qualquer coisa que tem pra receber, fazer compra no mercado, e tudo mais, ele vai. Tô vivendo de pijama todo dia. Ontem ainda coloquei uma roupinha pra disfarçar. Botei uma calça, uma camiseta e um tênis. Até minha filha brincou: vai pra onde? Só passear na sala. G1: Este mês, você vai fazer um arraiá dentro de casa. Como vai ser isso? Vai seguir as regras do distanciamento? Belo: Vou seguir o isolamento, mas tenho um monte de gente aqui em casa. Tenho mais de dez pessoas em casa. Então esse arraiá vai ser maravilhoso. Vou tentar trazer pelo menos a metade da minha banda. E vão todos fazer o teste [de Covid-19] antes, tudo como foi feito da última vez. Mas vou fazer um arraiá como ele é, típico, com certeza vestido de caipira. A gente quer entrar dentro das casas das pessoas e levar um pouco de alegria, de consolo, mesmo que a pessoa esteja vivendo esse momento ruim, de pandemia. Semana Pop conta quais famosos têm ações concretas para combater coronavírus
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Estúdios da Abbey Road reabrem após pausa por pandemia de coronavírus
Espaço recebeu sessão da cantora de jazz norte-americana Melody Gardot — mantendo o distanciamento social. 'Parece que estamos tocando a história', diz artista. Integrante da Orquestra Filarmômica Real entra nos estúdios reabertos de Abbey Road REUTERS/Hannah McKay Mundialmente famosos, os estúdios da Abbey Road de Londres, que fecharam as portas pela primeira vez em sua história de 90 anos durante o isolamento do coronavírus, reabriram nesta quinta-feira (4). Celebradas por gravar nomes como Edward Elgar, os Beatles e Lady Gaga, as mesas de mixagem dos estúdios foram ligadas para uma sessão da aclamada cantora de jazz norte-americana Melody Gardot — mantendo o distanciamento social. "Não paramos nem por uma Guerra Mundial, então parece um momento verdadeiro para voltar", disse Isabel Garvey, gerente-diretora dos Estúdios Abbey Road, à Reuters. A indústria musical foi uma das mais afetadas pelo isolamento do coronavírus, adotado no Reino Unido no dia 23 de março. Muitos de seus trabalhadores foram privados de programas de apoio estatal durante a paralisação por causa da natureza irregular da atividade musical. Garvey disse que cerca de metade da equipe de Abbey Road não foi capaz de trabalhar fora do edifício durante o isolamento. "Acho que a música segurou as pessoas nas 10, 11 últimas semanas de isolamento", disse ela. "Por isso, ver os artistas de volta gravando, fazendo música novamente, possivelmente até se identificando com a experiência que tiveram, é uma sensação muito boa. Precisamos disso como humanos, acho." A sessão de gravação de Gardot ofereceu um possível vislumbre do futuro da produção musical em um mundo pós-Covid. A jazzista participou remotamente de Paris, e seu produtor, Larry Klein, de Los Angeles. Ambos apareceram em telões enquanto a Orquestra Filarmônica Real se reunia em Abbey Road pela primeira vez desde o isolamento. "Estamos usando o melhor da tecnologia e dos músicos no local para fazer a coisa toda funcionar", explicou Garvey. Gardot disse ser uma honra se tornar a primeira artista a gravar em Abbey Road desde sua reabertura. "Parece que estamos tocando a história", disse. Inaugurados por Elgar em 1931, os estúdios têm uma lista robusta de agendamentos, mas as medidas de distanciamento social implicam em certas limitações –particularmente para grandes orquestras presentes com frequência para a gravação de trilhas sonoras de filmes importantes.
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Lady Gaga cede conta no Instagram para organizações pela comunidade negra: ‘Para ampliar suas vozes’
Cantora ainda se comprometeu a, posteriormente, seguir com publicações regulares sobre os grupos em suas redes sociais. Selena Gomez informou que também abrirá conta para líderes influentes. Lady Gaga, indicada a melhor atriz por 'Nasce uma Estrela', no tapete vermelho do Oscar 2019 Mario Anzuoni/Reuters Lady Gaga cedeu, a partir desta sexta-feira (5), sua conta no Instagram para organizações pela comunidade negra para as quais fez doações recentes durante as campanhas e protestos gerados após a morte do ex-segurança George Floyd. "A partir de amanhã, entregarei minha conta do Instagram a cada uma das organizações para as quais fiz doações recentemente, em um esforço para ampliar suas importantes vozes", escreveu Gaga em seu Instagram. A cantora não informou por quanto tempo vai emprestar sua conta em prol do movimento Black Lives Matter, mas se comprometeu a dar continuidade ao projeto posteriormente, fazendo publicações frequentes sobre os grupos. "E depois, eu me comprometo a, regularmente, perpetuamente, postar conteúdos em todas as minhas plataformas de mídia social, e dessa forma erguer as vozes dos inúmeros membros e grupos inspiradores da comunidade negra". Initial plugin text Selena Gomez repetirá a ação de Gaga e também vai abrir sua rede sociais para o movimento Black Lives Matters. "Depois de pensar na melhor maneira de usar minhas mídias sociais, decidi que todos nós precisamos ouvir mais das vozes negras. Nos próximos dias, estarei destacando líderes influentes e darei a eles a chance de assumir meu Instagram para que eles possam falar diretamente com todos nós. Todos temos a obrigação de fazer melhor e podemos começar ouvindo com o coração e a mente abertos", escreveu a cantora em sua rede social. ⠀ Initial plugin text A morte do ex-segurança George Floyd, que teve o pescoço prensado pelo joelho de um policial branco, gerou uma onda de protestos contra o racismo no país, que entrou nesta quinta-feira (4) em seu 10º dia. O movimento se espalhou para outros lugares do mundo, com o apoio de várias vozes do entretenimento. Leia também: Djamila Ribeiro vai falar sobre questões raciais por um mês no perfil de Paulo Gustavo no Instagram Veja imagens dos nove dias de protestos nos EUA por causa da morte de George Floyd
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‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’ é relançado nos Estados Unidos e livros esgotam em um dia
Clássico de Machado de Assis teve todos as cópias vendidos na Amazon e na tradicional livraria Barnes and Noble. 'Memórias Póstumas de Brás Cubas' é relançado nos Estados Unidos Divulgação/Penguin "Memórias Póstumas de Brás Cubas", uma das obras-primas de Machado de Assis, teve sua nova tradução para o inglês esgotada em um dia nos Estados Unidos em duas das maiores cadeias de livros no país: a Amazon e a livraria Barnes and Noble. O clássico romance do autor brasileiro foi relançado pelo selo Penguin Classics na terça-feira (2). A versão física do livro segue esgotada nas duas redes até esta sexta (5), mas está disponível em livrarias menores e independentes, segundo a tradutora Flora Thomson-DeVeaux, responsável pelo lançamento. A nova tradução foi recebida com elogios pela crítica norte-americana. A revista "New Yorker" classificou a obra de Machado como "uma das mais espirituosas, divertidas e, portanto, mais vivas e sem idade de todos os tempos", em crítica publicada na terça. Nos últimos anos, campanhas que se destacaram na internet resgataram a origem negra de Machado de Assis Reprodução/ TV Globo O livro, que narra os amores e fracassos do protagonista, se tornou o mais vendido entre os autores latino-americanos e caribenhos na Amazon, desbancando Gabriel García Márquez e seu clássico "Cem anos de solidão". O livro, que traz discussões raciais e sociais, é relançado no país em um momento de protestos antirrascistas efervescentes desde o final de maio, após a morte de George Floyd por um policial branco. Os cinco livros mais vendidos na Amazon e na Barnes and Noble falam sobre raça. Na lista do jornal "New York Times", três dos cinco mais vendidos de não-ficção têm temáticas de raça também.
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Parlamento da Holanda aprova moção contra acordo Mercosul-UE por preocupação com Amazônia e concorrência agrícola
Partido que propôs moção alega que acordo não tem mecanismo para proteger floresta e que ele pode aumentar concorrência agrícola desleal. Deputados holandeses aprovaram nesta quarta-feira (3) uma moção contra a ratificação do acordo de livre comércio da União Europeia com o Mercosul, anunciado há quase um ano, por causa da preocupação com a situação da Amazônia, entre outros aspectos.
“Pela primeira vez, a Câmara dos representantes tomou uma posição contra um acordo comercial ao qual o nosso governo era muito favorável. A Câmara chama a atenção do primeiro-ministro. É verdadeiramente uma vitória para a Amazônia e para a agricultura sustentável”, afirmou Esther Ouwehand, líder do Partido dos Animais, que propôs a moção.
O partido alega que:
não há acordos no tratado UE-Mercosul que protejam a Amazônia ou previnam o desmatamento ilegal;
os padrões agrícolas nos países do Mercosul são inferiores aos europeus e que o bloco europeu não tem meios de fazer cumprir esses padrões
o tratado pode conduzir a um aumento significativo da concorrência desleal dos agricultores europeus;
teriam ocorrido numerosas fraudes envolvendo carne brasileira destinada à exportação para a Europa;
De acordo com análise do jornal francês “Les Echos”, ainda resta saber o que o governo holandês fará daqui em diante. Como o processo europeu não deve ser finalizado antes do final de 2020, é possível que o processo de ratificação se arraste até as próximas eleições no país, que estão previstas para 2021.
Na União Europeia, a parte econômica do acordo ainda terá de ser aprovada pelo Parlamento Europeu. Os demais itens do tratado – que envolvam questões fora da área econômica – terão de ser apreciadas pelo poder legislativo de cada país.
A parte econômica do tratado pode entrar em vigor quando for aprovada pelo Parlamento Europeu e pelos países do Mercosul, mesmo que as questões políticas não tenham sido referendadas por todos os países europeus.
Em outubro do ano passado, a ministra francesa do Meio Ambiente, Elisabeth Borne afirmou que seu país não assinará o acordo na condições atuais.
"Não podemos assinar um tratado comercial com um país que não respeita a floresta amazônica, que não respeita o tratado de Paris (do clima). A França não assinará o acordo do Mercosul nessas condições", disse a ministra, referindo-se ao Brasil.
Polícias do Amazonas realizam operação contra o desmatamento e a venda ilegal de madeira
Mundo perdeu quase 12 milhões de hectares de florestas primárias em 2019, segundo pesquisa
PF realiza operação para combater desmatamento e garimpo ilegal em terra indígena no MT
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