Produtores colhem mandioquinha no Sul de Minas
Variedades desenvolvidas pela Embrapa aumentaram a produtividade, mas pequeno agricultor agora sente os impactos da pandemia. Produtores colhem mandioqunha no Sul de Minas
Agricultores de Minas Gerais já começaram a colheita da mandioquinha-salsa com a chegada dos meses mais frios do ano. Alguns deles têm apostado em duas novas variedades, que prometem ser mais resistentes e produtivas.
Desenvolvidas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), as mandioquinhas Catarina e Rúbia produzem até 80% mais raízes e praticamente não apresentam doenças em relação à espécie mais comum, a Senador. O visual e o paladar das três, porém, são bem parecidos.
Em Bueno Brandão, sul de Minas, o agricultor Célio Riciati passou a cultivar as duas variedades, mesmo ainda mantendo uma área com a Senador, e viu sua produção dobrar. "Desconfiei bastante, mas tentei, plantei e foi dando certo", disse Célio.
A família de Hellerson Rodrigues, de Munhoz, também no sul de Minas, cultiva três hectares de mandioquinha-salsa – agora todos ocupados por Catarina e Rúbia. "Até o ano passado tinha um pouco de Senador, mas eu parei", disse Hellerson.
Minas Gerais é o estado com maior produção do tubérculo, com 700 agricultores e 68 mil toneladas por ano.
Efeitos da pandemia
Com a chegada da pandemia do coronavírus, alguns desses agricultores têm sofrido com a queda na demanda e no preço da mandioquinha, correndo o risco de perderem toda a produção. Antes, a caixa saía por até R$ 150. Agora, caiu para cerca de R$ 60.
Para pequenos produtores, como é o caso de Célio Riciati, os efeitos são ainda maiores. "Vai diminuir pela metade, esse ano não da para plantar", disse.
Já os grandes produtores têm vantagens, como contratos com grandes supermercados. Carlos Henrique Silveira, diretor de uma empresa criada pelo tio, que processa 100 toneladas de mandioquinha por mês, prevê que as vendas do produto aumentarão certa de 15% este ano.
Entenda mais na reportagem completa no vídeo acima.
Créditos
Na reportagem, a equipe do Globo Rural utilizou imagens de duas publicações para ilustrar a reportagem:
“Barão de Nova Friburgo: impressões, feitos e encontros” (Luiz Fernando Folly, 2010 – Editora EBA Publicações – Escola de Belas Artes /UFRJ);
“Chácara do Chalet: pequena história de um sonho” (Luiz Fernando Folly, Luanda de Oliveira e Vanessa Melnixenco, 2010 – Editora EBA Publicações – Escola de Belas Artes /UFRJ).
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Venda de sêmen cresce mais de 20%, mesmo com a pandemia
Associação estima que 2020 pode terminar com alta de 19% na comparação com o ano passado. Venda de sêmen cresce mais de 20%, mesmo com a pandemia
Mesmo com a pandemia, a venda de sêmen têm crescido em 2020. Segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial, a Asbia, no primeiro trimestre desse ano, foram comercializadas 3,6 milhões de doses, 23% mais do que no mesmo período de 2019.
De acordo com a Asbia, no mercado brasileiro, a dose para a produção de gado de corte custa, em média, R$ 19. Se o gado for leiteiro, o valor sobe para R$ 25. Já o sêmen sexado, que atende ao interesse do produtor em relação ao sexo do animal, é comercializado por R$ 95.
Em uma central de sêmen bovino em Uberaba, no Triângulo Mineiro, a ocupação chega a 90%. Para isso, conta com os chamados animais recordistas, como um touro que produz até mil doses de sêmem por dia.
"Nós somos cobrados a produzir mais com menos, ou em menor área. E a genética é uma ferramenta, é uma das ferramentas que são fundamentais para isso", disse Adolfo Ferreira, gerente de produção do local, que está com lotação 20% maior do que no mesmo período de 2019.
Até o fim no ano, a previsão é que sejam vendidas 24 milhões de doses de sêmen, o que representa um aumento de 19% em relação ao ano passado.
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Dólar alto favorece venda de grãos, mas preocupa produtores que precisam comprar insumos
Embrapa diz que sementes, defensivos e fertilizantes representam 42% dos gastos dos agricultores em Mato Grosso do Sul. Dólar alto favorece venda de grãos, mas preoucupa produtores que precisam comprar insumos
O dólar mais alto tem favorecido produtores na hora de vender a safra. No entanto, muitos estão preocupados na hora de comprar defensivos e sementes, que estão mais caros por conta da desvalorização do real ante a moeda estrangeira.
"Tanto fertilizante, quanto insumos agrícolas, a gente tem experimentado já um preço em torno de 20% superior ao que foi pago na safra passada", diz o agricultor Cláudio Guerra, de Dourados (MS).
Ele se beneficiou do dólar alto para comercializar 65% da soja que tem estocada, mas está preocupado com os valores que irá encontrar para comprar os insumos para a próxima safra.
Os defensivos – inseticidas, fungicidas e herbicidas – estão 15% mais caros. Ainda assim, a venda cresceu 7,3% no primeiro trimestre aqui no Brasil.
Os agricultores ainda temem pagar mais pelas sementes. "Tivemos um ano complicado no Rio Grande do Sul. Uma seca histórica lá, uma problema muito sério com produção de grãos, e isso impactou negativamente na produção, na produtividade de semente", diz Andre Dobashi, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja).
Segundo a Embrapa, fertilizantes, sementes e defensivos são os insumos que mais pesam no custo da produção, com 42% em Mato Grosso do Sul.
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Mesmo sem festas juninas, milho deve ser figura certa nas mesas dos alagoanos
Estado tem cerca de 5.000 hectares plantados, que devem ser suficientes para o consumo da população local. Mesmo sem festas juninas, milho deve ser figura certa nas mesas dos alagoanos
Esse ano, o São João será diferente em todo o Brasil. Com a pandemia do coronavírus, as tradicionais festas e show foram cancelados. Mas, pelo menos em Alagoas, uma coisa não vai mudar: o milho na mesa dos consumidores.
Em Igaci, o produtor rural Cícelo Melo está ansioso para a colheita dos 165 hectares de milho. "Esse ano está sendo um inverno maravilhoso. Nós sabemos que está aí esse problema, essa doença. Mas o pessoal está esperando o milho chegar na cidade", disse.
De acordo com a Secretaria de Agricultura de Alagoas, em 2020, a área total plantada é de cerca de 5.000 hectares, divididos em 50 cidades. A expectativa é não precisar comprar milhos do vizinho Sergipe, como já aconteceu em outros anos.
Ainda que os milharais ainda estejam crescendo nessas propriedades, em alguns pontos de Alagoas, já é possível encontrar o milho à venda… assado, cozido, em forma de bolo ou canjica. É o caso de um trecho da rodovia BR-116.
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Pequenos produtores utilizam alta tecnologia para garantir qualidade da maçã
Seleção de plantas em laboratórios, técnicas de enxerto e controle da temperatura ajudam a manter a fruta disponível no supermercado o ano todo. Pequenos produtores utilizam alta tecnologia para garantir qualidade da maçã
Para garantir a produção de maçã de qualidade, pequenos produtores brasileiros utilizam alta tecnologia no cultivo da fruta. Seleção de plantas em laboratórios, técnicas de enxerto e controle da temperatura ajudam a garantir a disponibilidade do produto o ano todo.
Assista a todos os vídeos do Globo Rural
O Brasil tem atualmente 4,5 mil produtores de maçã, que colhem, por ano, mais de um milhão de toneladas da fruta. Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os estados que dividem a liderança na produção.
"Nós temos que investir muito em tecnologia para poder produzir da melhor maneira possível. Ter o retorno o mais cedo possível, após o primeiro plantio", explica Pierre Pomagri, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM).
O município que mais produz maçãs no Brasil é São Joaquim (SC), na serra catarinense – lugar com clima ideal para os pomares. A colheita da maçã também exige muita mão de obra. Todo ano, 5 mil trabalhadores rurais se deslocam até a cidade para trabalhar.
'Berçário' da macieira
O usa de tecnologia está presente desde o "berço" da macieira. O agricultor Renato Flaith tem um pomar onde produz mudas e vende para agricultores catarinenses, e até para outros estados.
"Hoje eu tenho 61 anos e praticamente tudo que eu tenho eu devo à maçã", afirma Flaith. Essa é uma plantação de porta-enxertos, que são as plantas que vão receber as variedades de maçãs por meio da enxertia.
"Na verdade, aqui se trata de um matrizeiro do porta-enxerto Marubakaido", explica o agricultor.
Esse tipo de planta tem rápido desenvolvimento de raízes e a precocidade. Antes, uma macieira demorava até oito anos para produzir, mas agora é possível que tenha frutos aos três anos com esse processo.
No porta-enxerto Marubakaido é encaixado um ramo da variedade que se deseja cultivar. As mais comuns são: Gala e Fuji. "Fatores que vão ser importantes para você determinar qual é o tipo de pomar que você pretende produzir e qual é o tipo de fruta", explica Flaith.
Produção adensada
Também em Santa Catarina fica mais um polo de pesquisa de ponta da maçã, comandado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri)
Uma das pesquisas tenta provar que é possível produzir mais em áreas cada vez menores. Antes, a média era de 700 macieiras por hectare, mas os estudos conseguiram elevar esse número para 3.000.
A pesquisadora Mariucia Schlichting explica quais são os custos do pequeno produtor para um sistema adensado.
"Você vai ter um investimento inicial muito maior com aquisição de mudas, mas ele também vai ter um retorno financeiro muito maior né, principalmente nos primeiros anos porque ele já vai garantir uma produtividade inicial muito maior em relação aos pomares que são menos adensados", explica a pesquisadora.
Em um de seus pomares de estudo, a Epagri mantém 500 pés infectados com fungos que prejudicam as plantas de ondem saem as soluções para combater as doenças.
Outro trabalho essencial é o melhoramento genético para desenvolver variedades mais resistentes a doenças. O pesquisador Marcus Kvitschal já ajudou a criar mais de dez variedades de macieiras.
A pesquisa funciona com a seleção de plantas em laboratórios e em pomares experimentais. Leva em média 20 anos até que uma nova variedade seja aprovada.
"É um volume bem grande. Eu preciso avaliar planta por planta pra identificar quais realmente são interessantes pra resolver os problemas do setor produtivo e quais não são, que serão descartados", explica Kvitschal.
Maçã o ano todo
Toda a produção dos pequenos produtores vai para a maior cooperativa macieira do Brasil, a Sanjo, fundada por imigrantes japoneses e seus filhos há 37 anos. Por safra processa 45 mil toneladas da fruta.
Entre o final do verão e o começo do outono caminhões carregados de maçãs abastecem a cooperativa. "Eles querem uma maçã mais vermelha e doce", relata Sérgio Mochizuki, diretor de produção
A colheita da maçã dura apenas três meses: fevereiro, março e abril, mas é possível encontrá-las no supermercado o ano inteiro.
Isso aconteça graças à tecnologia de câmaras frias gigantes, que mantém a maçã numa temperatura próxima de 0 grau. Assim o amadurecimento é bem lento. Os frutos podem ficar armazenados nessa situação por até onze meses sem estragar.
Das câmaras Frias, as maçãs passam por tanques e aí são selecionadas por funcionários. A maioria das máquinas utilizadas no processo é importada da França. Uma das mais caras pode custar R$ 20 milhões.
A máquina tira de cada maçã e um computador, em questão de segundos, avalia a imagem e faz a seleção por cor e tamanho. Do outro lado as maçãs já saem separadas em diferentes esteiras.
As maçãs vão para o mercado interno ou para países como Inglaterra, Portugal e Índia; as frutas fora do padrão são aproveitadas pra fabricação de cidra e suco.
Toda essa estrutura está nas mãos de 101 pequenos produtores de maçã de São Joaquim, juntos eles mantêm a cooperativa.
"Se cada um estivesse fazendo sua comercialização, vendendo tua fruta, assistência técnica cada um indo atrás, era só mais um produtor, mas juntos somos a maior cooperativa do país", afirma Makoto Umemiya, diretor financeiro da Sanjo.
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Atividade industrial da China esfria em março após demanda fraca conter produção
Atividade industrial cresceu a um ritmo mais lento em maio, mas a força dos setores de serviços e construção acelerou, indicando recuperação desigual na segunda maior economia do mundo após reabertura das empresas. Indústria chinesa Reuters A atividade industrial da China cresceu a um ritmo mais lento em maio mas a força dos setores de serviços e construção acelerou, indicando recuperação desigual na segunda maior economia do mundo após reabertura das empresas. A indústria desacelerou pelo segundo mês seguido embora a atividade tenha melhorado em relação às mínimas recordes de fevereiro, quando o governo impôs duras restrições para conter a disseminação do coronavírus. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial de indústria caiu a 50,6 em maio de 50,8 em abril, informou neste domingo (31) a Agência Nacional de Estatísticas, mas permaneceu acima da marca de 50 que separa crescimento de contração. Analistas esperavam uma leitura de 51. As encomendas de exportação registraram o quinto mês seguido de contração, com o subíndice ficando em 35,3 em maio já que a pandemia de coronavírus continua a prejudicar a demanda. O PMI oficial de serviços, por sua vez, subiu a 53,6 em maio, de 53,2 em abril, sugerindo que as confianças do consumidor e das empresas do setor pode estar lentamente melhorando. Economia da China encolhe pela primeira vez desde 1976
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Como se manter informado sobre a pandemia sem sofrer ‘overdose’ de notícias
Psicoterapeutas dão dicas àqueles que são ansiosos ou se sentem mentalmente esgotados com a avalanche de informações sobre a covid-19 e seus efeitos no mundo. Avalanche de informações sobre a Covid-19 e seus efeitos no mundo tem deixado muitas pessoas mentalmente esgotadas Getty Images via BBC Notificações de "notícias urgentes" saltando na tela do telefone. Na TV, no lugar do futebol, debates ou especiais para discutir os impactos da pandemia. Os grupos de WhatsApp inundados de artigos sobre Covid-19 que aquele seu parente "tinha que compartilhar". Isso soa familiar? Se nosso consumo de notícias fosse medido em calorias, muitos de nós teriam engordado ainda mais nas últimas semanas (sim, a quarentena não tem sido muito amiga da balança). Portais de notícias e emissoras de TV em todo o mundo viram um aumento expressivo da audiência em março — inclusive de jovens que evitavam o noticiário —, quando o surto de Covid-19 se transformou em pandemia. À medida que a crise se arrasta, contudo, alguns estão começando a mudar a "dieta". "É tão fácil se perder na internet entre um clique e outro… Aquilo passou a me controlar em determinado momento, eu tinha que parar", diz Parul Ghosh, empresária de 32 anos. Ela conta que passou a acompanhar o noticiário por muito mais tempo que de costume, tentando entender as mudanças instituídas de cada país. Na Índia, parte de sua família vive uma quarentena bastante restritiva, enquanto na Suécia, onde hoje ela vive, existe maior liberdade para circular. "Comecei a ficar muito estressada porque ficava constantemente comparando as coisas com o que via acontecendo na Índia", afirma. "Estava sempre preocupada com meus pais, que são idosos, e em como eu teria de fazer para viajar se algo acontecesse e precisasse vê-los." "Isso acaba nos esgotando mentalmente", concorda Kris Clancy, de 33 anos, natural de Victoria, na Austrália. Ele se considerava um "viciado em notícias" antes da pandemia — assistia diariamente ao noticiário na televisão e seguia jornalistas no Twitter. Mas isso mudou. "Com a Covid-19, definitivamente tive que diminuir o ritmo. Ao que eu menos assisto são as coletivas de imprensa, que sempre parecem a mesma coisa, um dia após o outro." Ghosh e Clancy não são os únicos. Ainda que os níveis de audiência sigam mais elevados que a média para muitas TVs e portais, elas já estão começando a diminuir em alguns países. No Reino Unido, programas jornalísticos de televisão registraram recentemente a menor audiência desde o início da quarentena. Na Austrália, os de entretenimento têm ensaiado uma volta ao topo do ranking dos mais assistidos. O Nieman Journalism Lab, ligado à Universidade Harvard, informou recentemente que o "tráfego em portais noticiosos tanto nos Estados Unidos como no mundo como um todo havia praticamente voltado a níveis pré-coronavírus." Um estudo publicado em abril pelo Pew Research, por sua vez, apontou que sete em cada dez americanos afirmam ter que se desligar de vez em quando do noticiário sobre coronavírus, e quatro em cada dez afirmam sentirem-se mentalmente pior após consumir notícias. "Em períodos de crise, as pessoas entendem a importância do bom jornalismo… mas tem sido cansativo porque basicamente não se fala de nada além do coronavírus", pondera Ulrik Haagerup, jornalista dinamarquês fundador do The Constructive Institute, organização que promove melhores práticas dentro do jornalismo. "É um tema importante, claro, mas que também tem impacto psicológico – e sabemos que, quando as pessoas se sentem mentalmente sobrecarregadas, elas ligam o Netflix ou vão brincar com o gato ou o cachorro." Como nos afeta? Mesmo quem se considerava 'viciado' em notícias tem relatado esgotamento mental diante do ciclo diário de informações sobre a pandemia Getty Images via BBC Psicólogos apontam a ocorrência de dois fenômenos atualmente. O primeiro seria um sentimento de cansaço em relação às notícias relacionadas à pandemia, já que muitos de nós estamos sentindo na pele os efeitos causados por ela, direta ou indiretamente. Apesar da avalanche de informação que sai diariamente sobre a doença, há ainda uma série de perguntas importantes sem resposta, como qual será de fato a duração das quarentenas e como será nossa vida quando tudo isto acabar. Segundo John-Paul Davies, psicoterapeuta e porta-voz do Conselho Britânico de Psicoterapia, a situação atual tem tido impacto negativo mesmo sobre aqueles que "geralmente dizem que estão bem". "Eu diria para as pessoas que é importante que elas tenham empatia também com elas mesmas, para entender seus conflitos e que não há problema em se sentir cansado de tudo ou frustrado de vez em quando", ele diz. O segundo fenômeno é que o ciclo intenso e quase ininterrupto de notícias pode estar exacerbando a ansiedade ou a depressão daqueles que já têm histórico de distúrbios mentais e problemas emocionais. "A ansiedade olha o que é possível de acontecer, foca nisso e o amplifica, em vez de focar no provável", acrescenta. Isso acontece, por exemplo, quando alguém se depara com uma notícia sobre a queda de determinados indicadores econômicos e se perde nos seus pensamentos imaginando o pior cenário possível para si e suas finanças pessoais. "Elas dizem: 'Bom, meu emprego está em risco… se eu perder o emprego não terei dinheiro para me sustentar e vou acabar perdendo minha casa'", exemplifica o psicoterapeuta. Pessoas que sofrem de ansiedade também podem ser mais suscetíveis a sentir a dor daqueles que adoeceram ou que perderam entes queridos. "Nossa imaginação e nossa memória começam a construir cenários hipotéticos na nossa cabeça e ficamos pensando no que as pessoas sentiram, no quão horrível deve ter sido, todo tipo de pensamento aflitivo." Desligar-se das notícias, entretanto, não é algo fácil para essas pessoas, porque "a ansiedade nos impele a continuar checando as informações, como um mecanismo para tentar aliviar a própria ansiedade." O oposto vale para quem tem depressão. Davies afirma que algumas pessoas simplesmente "desligam e se tornam apáticas" depois de serem expostas a muita informação sobre coronavírus – e acabam recorrendo a fontes alternativas e perigosas de estímulo, como álcool e drogas. Quando não é possível desligar "A ansiedade olha o que é possível de acontecer, foca nisso e o amplifica, em vez de focar no provável, diz John-Paul Davies John-Paul Davies via BBC Há ainda uma minoria considerável que se sente esgotada diante do ciclo de notícias por motivos profissionais. Jornalistas, gestores públicos, profissionais da saúde e cientistas estão entre os grupos que muitas vezes têm que acompanhar de perto o noticiário e a evolução dos números em uma escala sem precedentes. Para muitos, isto acontece enquanto trabalham de casa e tentam equilibrar limites – que agora nem sempre estão claros — entre o trabalho e a vida pessoal. "Estou em casa com um filho pequeno, um adolescente e um cachorro filhote… está sendo difícil dormir por causa da avalanche de notícias, da qual não consigo escapar porque trabalho como jornalista", afirma Lorraine Allen Derosa, que atua como freelancer na Espanha e tem coberto a pandemia no país para meios de comunicação nos Estados Unidos. Por causa da diferença de fuso, seus horários de trabalho agora incluem um turno da noite. "Acaba sendo o único período em que consigo trabalhar, porque tenho uma folga das crianças", afirma. O psicoterapeuta John-Paul Davies afirma que uma parte de seus pacientes (com os quais agora faz sessões virtuais) estão entre aqueles "que precisam estar por dentro de todos os últimos acontecimentos" ou que têm contato próximo com os mais afetados pelos efeitos negativos da pandemia. "Ao ouvir as histórias você acaba estando exposto, sentido-se de alguma forma afetado por elas, especialmente se você se importa com as outras pessoas — e para muitos jornalistas esta é a razão que os mantém trabalhando, para contar essas histórias." Encontrar o equilíbrio Para muitos profissionais, não existe a opção de deixar de acompanhar o ciclo noticioso Getty Images via BBC Como equilibrar o cansaço diante do noticiário e a ansiedade com a necessidade de se manter informado sobre as regras locais de isolamento social e as recomendações de saúde essenciais? Davies pontua que, para a maioria de nós, olhar as manchetes uma vez por dia é um objetivo realista – seja na internet ou pela televisão, acompanhando um noticiário ou um anúncio oficial do governo. Esse ritmo poderia ser reduzido a uma vez por semana entre aqueles com nível elevado de ansiedade. Ele também diz que é importante selecionar "uma fonte confiável de informação", com "foco nos fatos em vez de conjecturas". "Nem todo jornalismo é bom jornalismo. Mas isso não significa que o jornalismo seja ruim", ressalta Ulrik Haagerup, do The Constructive Institute. "Você deveria dar preferência aos meios de comunicação que se dedicam a veicular informações de interesse público. Seja crítico em relação a quem você está pedindo para filtrar o mundo para você, porque isso é importante." A terapeuta Liz Martin, baseada em Londres, que tem trabalho com detentos que não podem receber visitas neste momento e com pacientes que estão tentando controlar a ansiedade durante a pandemia de covid-19, aconselha àqueles que se sentem estressados acompanhando o noticiário que conversem com amigos que não se sintam tão mal durante o processo de "digerir" as notícias – contato que eles as acompanhem por meio de fontes jornalísticas confiáveis. "As pessoas são diferentes, então talvez um amigo possa atualizá-lo sobre o que for relevante", ela diz. Os especialistas admitem que, para aqueles cuja profissão significa lidar de alguma forma com as informações sobre a pandemia, reduzir o consumo de notícias é uma tarefa mais difícil. Davies destaca, contudo, que ainda assim é importante tentar fazer um esforço para colocar limites sobre o que se lê ou assiste e encontrar tempo para descansar. Liz Martin recomenda ainda que as pessoas façam com alguma frequência uma "ronda" entre os colegas em situação semelhante, para verificar como eles estão. "Um pode servir de apoio para o outro", ela completa. Parul Ghosh diz que conseguiu administrar a "fadiga de corona" ao passar a acompanhar apenas alertas de notícias. É o companheiro quem a atualiza sobre os detalhes dos fatos importantes do dia. "Me sinto mais focada e produtiva", diz ela, que agora tem mais tempo para se dedicar a outras atividades e aos seus hobbies. "Estou lendo bastante, tentando normalizar as coisas na minha cabeça um pouco." Além de viver o presente, acrescenta Davies, também é importante encontrar motivações para pensar no futuro. "Perceber que tudo isso eventualmente vai acabar — apesar de não parecer em alguns momentos." Initial plugin text
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País tem ao menos 91 concursos públicos abertos para 8.612 vagas
Há vagas para todos os níveis de escolaridade. Pelo menos 91 órgãos estão com inscrições abertas para vagas em concursos públicos. Ao todo, são mais de 8 mil oportunidades em disputa em todo o país. Há vagas para todos os níveis de escolaridade. Concurso público adiado Divulgação CONFIRA AQUI A LISTA COMPLETA DE CONCURSOS E OPORTUNIDADES Nesta segunda-feira (01), ao menos quatro órgãos abrem inscrições. São quase 469 vagas. Prefeitura de Campo Belo (MG) Inscrições: até 02/07/2020 456 vagas Salários: até R$ 8.850,00 Cargos de nível fundamental, médio, técnico e superior Veja o edital Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Inscrições: até 25/05/2020 7 vagas Salários: até R$ 1.567,5 Nível de escolaridade não informado Veja o edital Prefeitura de Quitandinha (PR) Inscrições: até 19/06/2020 5 vagas Salários: até R$ 15.756,98 Cargos de nível superior Veja o edital Hemocentro de Ribeirão Preto (SP) Inscrições: até 04/06/2020 1 vaga Salários: até R$ 5.601,00 Cargos de nível superior Veja o edital Desemprego sobe para 12,6% e atinge 12,8 milhões de brasileiros
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Auxílio Emergencial: Caixa libera saques e transferências da 2ª parcela para nascidos em fevereiro
Nesta segunda, poderão sacar 2,4 milhões de trabalhadores. Veja o calendário do Auxílio Emergencial. A Caixa Econômica Federal (CEF) libera nesta segunda-feira (1º) as transferências e os saques em dinheiro da segunda parcela do Auxílio Emergencial depositada em poupanças sociais digitais do banco para os 2,4 milhões de beneficiários nascidos em fevereiro. As liberações começaram no sábado e seguem um cronograma ligado ao mês de nascimento do trabalhador. Até a data de liberação, os recursos já depositados nas poupanças podem ser usados apenas para pagamento de contas, de boletos e compras por meio do cartão de débito virtual. Para os trabalhadores que receberam a primeira parcela do benefício em outra conta, os recursos depositados na poupança digital serão transferidos automaticamente também na data de liberação dos saques e transferências. Com isso, esses beneficiários terão que procurar os bancos em que têm conta caso queiram sacar o dinheiro. Veja o calendário para liberação de saques e transferências da poupança social digital: Auxílio Emergencial segunda parcela – saque e transferência da poupança social Economia G1 Pagamentos A Caixa concluiu na semana passada os pagamentos da segunda parcela do Auxílio Emergencial para os beneficiários que receberam a primeira até 30 de abril. O calendário da terceira parcela, que estava prevista para maio, continua sem definição. Um segundo grupo de aprovados recebeu a primeira parcela também na última semana – para estes, a data de pagamento da segunda não está confirmada mas, segundo o presidente da Caixa, o benefício deve ser liberado em um mês. Até sexta-feira (29), ainda havia 10,6 milhões de pedidos de Auxílio Emergencial aguardando análise, segundo a Caixa. Não há previsão de quando essas pessoas irão receber o benefício. Os trabalhadores podem consultar a situação do benefício pelo aplicativo do auxílio emergencial ou pelo site auxilio.caixa.gov.br. Veja calendário da 2ª parcela SAIBA TUDO SOBRE O AUXÍLIO EMERGENCIAL Balanço Até a sexta-feira, a Caixa Econômica Federal (CEF) já havia pagado R$ 76,6 bilhões em Auxílio Emergencial, para 58,6 milhões de beneficiários. Ao todo, foram 108,5 milhões de pagamentos, uma vez que muitos beneficiários já começaram a receber a segunda parcela de R$ 600. Ainda segundo a Caixa, foram processados pela Dataprev 101,2 milhões de cadastros, dos quais 59 milhões foram considerados elegíveis – destes, 19,2 milhões de beneficiários do Bolsa Família, 10,5 milhões do Cadastro Único e 29,3 milhões de trabalhadores que se inscreveram por meio do site e do aplicativo do programa. Outros 5,2 milhões de cadastros feitos pelo app e site estão em reanálise, e 5,4 milhões ainda passam pela primeira análise. Falta do auxílio emergencial diiculta vida em ocupações Initial plugin text
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‘Imagem do país está muito ruim e isso vai cobrar um preço alto’, diz Zeina Latif
Economista diz que condução das relações exteriores e falta de agenda fiscal podem afugentar investimento direto no país em momento de economia global mais tímida. A reunião ministerial do último dia 22 de abril coroa a falta de planejamento para sair da crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. A avaliação é da economista Zeina Latif em entrevista ao G1. Na ocasião, não foram discutidas medidas prioritárias de crédito para empresas, de assistência para a população ou de ajuste das contas após a intensificação dos gastos públicos. Como prêmio, ainda houve desaforos à China, principal parceiro comercial do Brasil. O G1 entrevistou economistas para saber o que esperar depois da pandemia. Leia as demais entrevistas: Ana Carla Abrão: ‘Não temos um plano para vencer a crise’ Eduardo Giannetti: ‘Estado brasileiro concentra renda e terá de ser repensado’ Nelson Marconi: ‘Não será o setor privado que vai tirar a economia do buraco’ Zeina Latif: "Precisamos fazer a lição de casa: ter um plano muito claro de reformas do ano fiscal e a questão diplomática" Marcelo Brandt/G1 Para Zeina, não há saída fácil sem uma agenda clara de contenção dos gastos no pós-crise e um trato mais fino com importadores de produtos brasileiros. Veja abaixo os principais trechos da entrevista. Qual a avaliação para a economia com os efeitos da pandemia? O que achava dela antes desse choque? O resultado do PIB do segundo trimestre será mais impactado que o primeiro porque terá um efeito no período todo. Os resultados desta sexta-feira servem mais para que os analistas possam calibrar suas projeções. Temos que lembrar que o ano começou com quadro de uma atividade econômica muito morna. A perspectiva era de um primeiro trimestre que não seria exatamente de aceleração. Não seria negativo, mas sem uma atividade econômica aquecida. O ministro Paulo Guedes falava que estávamos com tudo pronto para uma aceleração importante da economia e isso foi abortado pelo vírus. Isso é uma meia verdade. A gente está falando de um crescimento que seria melhor do que 2019, mas também não era nada brilhante. Por que os primeiros meses de 2020 não foram tão bons? Havia uma clara estagnação da indústria. Mesmo com o efeito do corte de juros, a indústria não conseguiu se beneficiar porque continuou sendo um setor em que a maior parte das empresas têm baixa produtividade – e não é a Selic menor que vai permitir uma recuperação. Sem produtividade, a indústria não dá conta da demanda e, mesmo com a cotação do dólar no alto, o produto importado continua fazendo parte da nossa cesta. Então, o Banco Central corta juros, a demanda ensaia uma recuperação, mas é preciso seguir importando. A nossa estrutura produtiva industrial está tecnicamente muito defasada, então não adianta a demanda aumentar e setor não conseguir competir com produto estrangeiro. Fora isso, o endividamento das famílias estava muito próximo do seu pico histórico, mesmo antes da crise. O consumo podia aumentar, mas também não teria espaço para ser um grande puxador de crescimento porque, nesses níveis, é uma questão de tempo até surgir inadimplência. Se você tem um país em que o mercado de trabalho ainda está muito engessado, que a massa salarial tem um desempenho modesto, não tem jeito: uma hora o crédito simplesmente não dá conta. E quando o crescimento é modesto, qualquer choque tem impacto muito maior. Quais os efeitos para os próximos meses? Muitas das questões, a gente ainda não tem clareza. Em especial sobre a transição até o fim das restrições e o que vai ser a economia pós-isolamento. Podemos ter uma alta judicialização de contratos rompidos, inadimplência de pessoas e empresas, fornecedores ficando sem receber. Fora, obviamente, esse entorno político. Vai ser uma recuperação muito lenta e que vai impactar estruturalmente o país, no PIB potencial. Ainda que tenha muito trabalho sendo feito pelo Banco Central, são apenas atenuantes. O país sai mais fraco. Além do impacto no setor produtivo, a questão fiscal surge muito pior e sem garantia de que o dinheiro foi bem usado. Corremos o risco de ter uma dívida pública que vai caminhar para 100% do PIB, e que a regra do teto não vai conseguir conter esse crescimento. Isso significa risco país maior, dólar pressionado e pode limitar a capacidade do Banco Central de cortar juros – ou até ter que subir precocemente. A preocupação é tanta que a gente vai estar também discutindo a nossa capacidade de ter um PIB positivo em 2021. Qual a herança da crise para o governo? No governo Dilma Rousseff, tínhamos um quadro fiscal grave e, ao mesmo tempo, uma ausência de perspectiva de conserto. Não é uma visão unânime entre os economistas, mas eu acredito que caminhávamos para um quadro de dominância fiscal. No governo Michel Temer, os rombos continuaram, mas se colocou ali uma perspectiva de ajuste, uma agenda fiscal entrava no radar. Resultado disso é que a inflação começou a cair. O governo atual precisa colocar, de novo, a agenda fiscal no horizonte. Firmar um compromisso de que os gastos de emergência são temporários e colocar como prioridade a reforma administrativa. Vai depender muito da musculatura do Paulo Guedes, e da compreensão da classe política – começando pelo próprio presidente – de que esse plano precisa ser retomado urgentemente. Se amanhã o governo esquecer a reforma estrutural – porque não tem clima, porque tem eleição – pode esperar que inflação vai dar dor de cabeça, e o dólar vai subir mais. Dos fatores de incerteza política, o que mais preocupa? É um governo com dificuldade diálogo e articulação, sem base, e com pautas perigosas no Congresso. Tem muita proposta bem intencionada, que pretende reduzir pobreza, mas pode matar o mercado de crédito. Além disso, a questão política está extravasando para questões internacionais. Temos errado muito na relação com os países, a imagem do país está muito ruim e isso vai cobrar um preço alto. Não vai ser fácil atrair investimentos com a piora na questão ambiental e comercial. As redes de auxílio foram muito importantes para resgatar a renda do brasileiro no momento de crise. O Estado precisará ser mais assistencialista? A gente precisa de um Estado forte, não de Estado grande. Temos pouquíssimas experiências de política pública eficaz. O Bolsa Família é das raras exceções, e mesmo assim precisamos fazer ajustes. Não temos uma tradição de gasto público de boa qualidade. A atuação do Estado deve ser no sentido de regular o setor privado e não atrapalhá-lo. A resposta do Brasil à crise foi para o lado do Estado grande ou do Estado forte? As medidas emergenciais eram necessárias. As prioridades foram estabelecidas de forma correta, como proteger os grupos vulneráveis e tentar preservar, na medida do possível, os empregos. Agora, o vídeo da reunião ministerial reforça que é um país sem planejamento. Qual foi a discussão de economia ali? Então, não tem coordenação, não tem plano de ação e, na saúde, a gente é citado como exemplo de fracasso. Não foi por falta de aviso, e não tem como economia ficar blindada. Como fica a economia mundial? E o Brasil neste contexto? Antes da pandemia, o investidor global já estava bem seletivo. A gente vê há algum tempo a saída de recursos da bolsa de emergentes. A nossa bolsa descolava do padrão por causa do fluxo do investidor doméstico. Lá fora, ninguém está animado. Ainda hoje, há um risco de guerra comercial, que faz um mundo mais protecionista. O mundo desacelerando, comércio mundial encolhendo e um clima de protecionismo do mundo fazem o investidor ficar mais conservador. A escolha foi manter uma boa parcela dos ativos com liquidez, em lugares seguros. Mesmo passada a pandemia, o PIB potencial de crescimento no mundo será menor. Quem faz aumentar produtividade e inovação, que estimula fluxos de investimento direto entre os países, é o comércio. Então, obviamente, não teremos essa ajuda do quadro externo. Isso reforça a necessidade de fazermos a lição de casa para tentar compensar que os ventos lá fora não serão favoráveis: ter um plano muito claro de reformas do ano fiscal e a questão diplomática. Com crise do coronavírus, Brasil terá retomada lenta, dizem economistas
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