Grupo de teatro oferece experiência inédita e ao ar livre em São Paulo
Peça 'O Protocolo Volpone' é a primeira a ser apresentada ao vivo e com público desde março. Pessoas assistem ao espetáculo dentro de cabines de plástico em estacionamento de teatro. 'O Protocolo Volpone' é apresentada no estacionamento do teatro Arthur Azevedo, em São Paulo; espectadores ficam isolados em cabines de plástico Amanda Perobelli/Reuters Um teatro de São Paulo inaugurou um novo espaço externo em meio à pandemia de coronavírus, oferecendo aos espectadores assentos localizados dentro de pequenas cabines de plástico individuais e com distanciamento social. Os espectadores puderam assistir à peça "O Protocolo Volpone", da companhia Bendita Trupe, em um cenário montado ao ar livre no estacionamento do teatro Arthur Azevedo, na zona leste, de São Paulo. Na montagem, os atores usam máscaras e não têm contato entre si, interrompendo seus movimentos no ar pouco antes de tocar os outros intérpretes. Daniel Alvim, Helena Ranaldi, Joca Andreazza e outros sete atores estão no elenco. "O Protocolo Volpone – Um Clássico em Tempos Pandêmicos" é a primeira obra ao vivo e com público realizada em São Paulo desde que a pandemia forçou o fechamento dos teatros e outros espaços de cultura. O espetáculo fica em cartaz até 8 de novembro. Apesar do governo local ter autorizado a reabertura dos teatros no início do mês, menos de dez espaços da cidade o fizeram. Talvez por isso, a companhia de teatro adotou medidas de proteção ainda mais rígidas do que as recomendadas pelas autoridades. "Estamos aqui não para provar alguma coisa, mas para mostrar um protótipo, um exemplo de que é possível fazer teatro antes de chegar a vacina, com todos os protocolos de segurança para que o público se sinta seguro e possa ir ao teatro", disse à Reuters Johana Albuquerque, diretora do espetáculo. LEIA MAIS: Teatro on-line: companhias se reinventam em peças no Zoom com atores em casa durante quarentena VÍDEOS: Semana Pop explica temas do entretenimento
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Após documentário sobre Covid, Ai Weiwei prepara lançamento de mais 2 filmes feitos na pandemia
Artista lançou há 2 meses filme com imagens do isolamento em Wuhan, marco zero do coronavírus. Próximas obras tratam de refugiados e influência chinesa em Hong Kong. O artista chinês Ai Weiwei France Presse Um dos artistas mais ativos do mundo, o chinês Ai Weiwei não diminuiu o ritmo durante a pandemia. Depois de um documentário com imagens do isolamento na cidade chinesa de Wuhan, primeiro epicentro do coronavírus, ele prepara o lançamento de mais dois filmes produzidos durante a crise. As próximas obras tratam dos protestos recentes em Hong Kong contra a influência chinesa e da crise de refugiados rohingya em Mianmar e Bangladesh. A questão dos refugiados, uma das mais presentes na obra do artista e ativista social, também é tema de uma exibição que estrela a Bienal de Arte de Bangkok, na Tailândia, neste mês. Trailer de 'Coronation', documentário do artista chinês Ai Weiwei 'Coronation' O documentário "Coronation", lançado há dois meses, ilustra as tentativas chinesas para conter a Covid-19 após a explosão das infecções em Wuhan. Em uma entrevista à agência France Presse, Weiwei disse que a ideia do filme, como uma 'gravação para a história", parecia óbvia naquele período. "Este trágico vírus se espalhou pelo mundo e continua afetando nossas vidas. Provavelmente teve o maior impacto no planeta desde a Segunda Guerra Mundial. Não há dúvidas sobre a urgência e a necessidade desse filme." O artista contou com a ajuda de uma enorme rede de voluntários, que filmaram as cenas de isolamento dentro e fora das casas em Wuhan. De Roma, ele dava diariamente instruções à equipe. "Todas as noites baixávamos o que eles nos mandavam. Graças ao fuso horário, trabalhamos 24 horas por dia", contou. Documentário 'Coronation', de Ai Weiwei Reprodução/ Mostra Internacional de Cinema de São Paulo O resultado, na visão de Weiwei, revela que a China teve eficiência implacável ao combater o vírus, com enorme implantação de recursos e regulamentos ultrarrigorosos. Ao mesmo tempo, segundo ele, indivíduos foram desumanizados nesse processo. "A China é uma sociedade pouco transparente, autoritária, de estilo militar, sob o controle da vontade de uma só pessoa. Não há democracia, todas as ações carecem de oposição", afirma o artista. "Não temos informações de como ocorreu a pandemia, o número real de vítimas ou de pessoas presas por terem feito queixas", acrescenta. Ele diz esperar que seu filme, "mesmo em 100 minutos, forneça esclarecimentos reais" ao resto do mundo "sobre o que é a China". VÍDEOS: Semana Pop explica temas do entretenimento
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SPFW institui cota racial obrigatória de 50% nos desfiles
Pelo menos 50% dos modelos deverão ser 'negros, afrodescendentes ou indígenas'. Edição de 25 anos da São Paulo Fashion Week vai acontecer de forma virtual na próxima semana. Desfile da grife LAB, dos artistas Emicida e seu irmão Evandro Fiotti, na Arena de Eventos do Parque do Ibirapuera na 42a. edição do São Paulo Fashion Week (SPFW) em 2016 Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo A São Paulo Fashion Week, principal semana de moda do país, vai ter cota obrigatória de modelos para "negros, afrodescendentes ou indígenas" em todos os desfiles. A decisão foi anunciada às marcas participantes através de um comunicado e já passa a valer para a próxima SPFW, que celebra os 25 anos do evento e começa na semana que vem. "É obrigatório que a grife mantenha mínimo de 50% de modelos entre negros, afrodescendentes e/ou indígenas, do total dos modelos participantes em seu desfile", diz o comunicado obtido pelo G1. "Serão considerados modelos afrodescendentes aqueles com ascendente por consanguinidade até o 2º grau. Os nomes destes modelos devem ser destacados na lista de casting". Antes, o evento fazia uma recomendação de que parte dos modelos selecionados fossem negros, afrodescendentes ou indígenas, mas não era obrigatório como agora. O documento diz ainda que, quem descumprir a regra, estará fora do line-up da próxima temporada. Temporada virtual A SPFW N50 vai ser virtual e acontece entre 4 a 8 de novembro. A edição N49 prevista para o final de abril foi cancelada por conta da pandemia. Além dos desfiles, peças e filmes serão exibidos no canal do YouTube e haverá intervenções com projeções espalhadas pela cidade. VÍDEOS: Semana Pop explica temas do entretenimento
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Liniker tenta abrir caminho com ‘Psiu’, single solo que marca ‘novo momento’ da artista
Gravação produzida por Gustavo Ruiz e Júlio Feijuca atrai mais pelo suingue suave e sinuoso do que pela música em si. Capa do single 'Psiu', de Liniker Caroline Lima Resenha de single Título: Psiu Artista: Liniker Compositora: Liniker Edição: Boogie Naipe / Altafonte (distribuição) Cotação: * * 1/2 ♪ Descontada a regravação de Barato total (Gilberto Gil, 1974), feita por Liniker para a trilha sonora da série Amor e sorte (TV Globo) e editada em single em 5 de outubro, o lançamento da inédita música Psiu marca o efetivo início da carreira solo da cantora e compositora paulista. Descolada dos Caramelows, grupo com o qual iniciou trajetória profissional em 2015 e do qual se separou em fevereiro deste ano de 2020, Liniker de Barros lança o single Psiu nesta sexta-feira, 30 de outubro, com o selo da Boogie Naipe, produtora criada por Mano Brown em 2009. Psiu é composição de autoria da própria Liniker, que, além de cantar, toca wurlitzer, pandeirola e kalimba na gravação produzida pelos músicos Gustavo Ruiz (baixo e programações) e Júlio Feijuca (violão e programações). Marcada pelas inusitadas imagens poéticas da letra, exemplificadas pelos versos “Borrifou um segredo pra fazer a lua / Temperou com calma teu desassossego / Empanou com areia tua calma santa / Salvou um beijo”, Psiu está longe de ser música arrebatadora, capaz de personificar o “novo momento” apontado por Liniker no texto em que conceitua social e filosoficamente o single que gravou nos estúdios Brocal e Navegantes, na cidade de São Paulo (SP), com arranjo criado pela artista com os dois produtores musicais do fonograma. Perpassada por suingue suave e sinuoso, evidenciado na marcação do baixo que introduz a faixa e também na passagem instrumental do último dos cinco minutos do single, a gravação de Psiu deixa a impressão de que a poesia incomum da música pedia melodia mais atraente. Após um EP (Cru, de 2015) e dois álbuns (Remonta e Goela abaixo, de 2016 e 2019) com os Caramelows, o single Psiu deixa a impressão de que Liniker ainda precisa se encontrar nesse novo momento solo para achar um caminho e dar continuidade à carreira com a potência e o potencial anterior. Single ainda titubeante, com sonoridade mais envolvente do que a música em si, Psiu simboliza somente o inicio da busca por esse novo caminho.
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Líder do Belle & Sebastian manda mensagem a Anitta, fã da banda: ‘Posso escrever música pra você?’
Stuart Murdoch notou a cantora, 6 anos depois dela se declarar fã do grupo indie escocês. Belle and Sebastian durante apresentação no festival Popload 2015, em São Paulo Marcelo Brandt/G1 Seis anos depois de Anitta se declarar fã de Belle and Sebastian, o líder da banda de indie pop escocesa notou a cantora. "Olá, posso escrever uma música para você? Ou é tarde demais?", escreveu o vocalista Stuart Murdoch, em português, em uma mensagem enviada à Anitta no Twitter. Até a publicação desta reportagem, a brasileira ainda não havia respondido o pedido. Initial plugin text
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Helena Ranaldi faz post no aniversário do filho e semelhança entre os dois impressiona
Pedro Waddington, filho da atriz e do diretor Ricardo Waddington, faz 23 anos nesta quarta (28). 'Tua cara', escreveu um internauta. Semelhança entre Helena Ranaldi e o filho Pedro Waddington chamou atenção nas redes sociais Reprodução/Instagram/HelenaRanaldi; João Miguel Júnior/Globo Helena Ranaldi fez um post para celebrar o aniversário de 23 anos do filho Pedro Waddington na madrugada desta quarta (28), mas o que chamou atenção mesmo foi a semelhança entre mãe e filho. "Tua cara", "Cópia fiel! lindo! Que Deus abençoe e parabéns!️", escreveram dois internautas. Outra comentou: "O filho da Helena Ranaldi parece mais a Helena Ranaldi do que a própria Helena Ranaldi". Além de destacar como são parecidos, amigos e fãs também parabenizaram o menino, que é fruto do relacionamento com o diretor Ricardo Waddington. "São 23 anos de vida e a cada ano que passa eu me sinto presenteada por ser sua mãe. Admiro demais seu caráter e sua generosidade. Seu jeito suave, seu sorriso bonito, largo e sincero, seu olhar doce e sua pureza são características marcantes que fazem você ser essa pessoa especial", escreveu Helena. Pedro parece seguir os caminhos artísticos dos pais e compartilha fotos de apresentações teatrais nas redes sociais. A atriz estreou a peça "Protocolo Volpone", em São Paulo, com todos os protocolos de segurança na quarta (21). São 20 pessoas por sessão e a temporada vai até 8 de novembro. VÍDEO: Semana Pop explica temas do entretenimento
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Kim Kardashian faz festa de 40 anos em ilha particular e diz que se sente ‘abençoada’
'Em momentos como esse, sou humildemente lembrada de como minha vida é privilegiada', diz influenciadora e empresária americana. Kim Kardashian faz festa de 40 anos em ilha particular Reprodução/Twitter/Kim Kardashian Nas fotos em que Kim compartilhou, Kanye West não aparece, apenas a mãe Kris Jenne e amigos. As irmãs Kourtney, Khloe, Kendall e Kylie também estavam na comemoração. Kim Kardashian comemorou os 40 anos em uma ilha particular e falou sobre a festa para amigos íntimos e família no Twitter nesta terça-feira (27). "40 anos e me sinto tão humilde e abençoada", escreveu a influenciadora que nasceu no dia 21 de outubro de 1980. "Para o meu aniversário este ano, não consegui pensar em uma maneira melhor de comemorá-lo do que com algumas das pessoas que ajudaram a me transformar na mulher que sou hoje", explicou. Nas fotos em que Kim compartilhou, Kanye West não aparece, apenas a mãe Kris Jenner, a irmã Kourtney e amigos. As irmãs Khloe, Kendall e Kylie também estavam na comemoração. A influenciadora disse ainda que antes de viajar os convidados fizeram exames e ela pediu que todos estivessem de quarentena. "Surpreendi meu círculo íntimo mais próximo com uma viagem a uma ilha particular onde poderíamos fingir que as coisas estavam normais apenas por um breve momento", escreveu. Kim Kardashian compartilhou fotos da festa de 40 anos em ilha particular com amigos e família Reprodução/Twitter/Kim Kardashian "Dançamos, andamos de bicicleta, nadamos perto de baleias, andamos de caiaque, assistimos um filme na praia e muito mais", cita as atividades da viagem. "Percebo que, para a maioria das pessoas, isso é algo que está muito fora de alcance agora, então, em momentos como esses, sou humildemente lembrada de como minha vida é privilegiada", finalizou a influenciadora que tem mais de 190 milhões de seguidores no Instagram e 67 milhões no Twitter. A viagem de aniversário aconteceu durante a pandemia do novo coronavírus e a influenciadora foi criticada nos comentários das postagens pela festa e por usar a palavra "humildemente". Durante a semana passada, a mãe e as irmãs prepararam uma festa surpresa, na qual lembraram comemorações antigas de aniversário de Kim. As irmãs dançaram a mesma coreografia do aniversário de 10 anos da influenciadora e o bolo de aniversário era igual ao da festa de 16 anos. Gabriela Pugliese e outras celebridades da web com atitudes desastrosas durante a pandemia
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Nasce Lua, filha de Tiago Leifert e Daiana Garbin
'Lua nasceu! Obrigado pelo carinho! Mamãe e Lua estão ótimas!', anunciou o apresentador nas redes sociais. Tiago Leifert e Daiana Garbin Reprodução/Instagram/tiagoleifert O apresentador Tiago Leifert e a jornalista Daiana Garbin tiveram sua primeira filha nesta quarta (28). Leifert anunciou o nascimento de Lua em seu Instagram nesta tarde. "Lua nasceu! Obrigado pelo carinho! Mamãe e Lua estão ótimas!", disse o apresentador nas redes sociais. Garbin anunciou a gravidez após a final do "BBB20", em abril. "Obrigada por estar ao meu lado todos os dias e por ser o pai da menina que está crescendo em minha barriga." Artistas, amigos e ex-BBBs parabenizaram a família. "Parabéns Titi e Daiana. Bem-vinda, Lua", escreveu o diretor Boninho. "Parabéns! Que a linda e abençoada Lua ilumine com mais amor e alegrias a vida de vocês", desejou a apresentadora Ana Furtado. Fernanda Gentil, Thiaguinho, Iza, Alok, Ivete Sangalo, Gustavo Villani também desejaram boas-vindas à menina. Semana Pop explica temas do entretenimento
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Zé Manoel se eleva ao recontar história do povo negro no álbum ‘Do meu coração nu’
Pianista e compositor pernambucano alia o ativismo do discurso à beleza de música requintada em disco autoral de canções inéditas. Capa do álbum 'Do meu coração nu', de Zé Manoel Kelvin Andrade / Máquina 3 Resenha de álbum Título: Do meu coração nu Artista: Zé Manoel Edição: Joia Moderna / ONErpm (distribuição digital) / Passa Disco (parceria na edição em CD) Cotação: * * * * * ♪ Em junho deste ano de 2020, Zé Manoel apresentou História antiga, primeiro single de álbum então intitulado Meu coração escuta e dita em silêncio. Nessa grandiosa composição da refinada lavra do artista, o cantor, compositor e pianista pernambucano – nascido em 1980 em Petrolina (PE) – recontou, com dor no peito, narrativa ancestral, genocida, que vem ceifando vidas negras ao longo de séculos de escravidão e injustiça social. No álbum lançado na segunda-feira, 26 de outubro, com o título já trocado para Do meu coração nu, Zé Manoel desenterra tesouros ancestrais, se despe dos pré-conceitos brancos e reconstrói essa narrativa social, oferecendo o posto de vista negro da história. O álbum Do meu coração nu bate no pulso da ancestralidade africana, mas no compasso próprio deste artista que transita pelo universo musical erudito com a mesma naturalidade com que finca notas no fértil solo afro-brasileiro. Pianista de mão cheia, de toque tão sucinto quanto preciso, já comumente arregimentado para discos de exigentes cantoras como Adriana Calcanhotto e Maria Bethânia (que o chamou para o álbum que apronta desde setembro com os toques de músicos como o também gigante violonista João Camarero), Zé Manoel se eleva – inclusive – como compositor em Do meu coração nu. História antiga, que já se insinuou grande em junho, fica ainda maior no contexto social e musical do álbum produzido pelo guitarrista baiano Luisão Pereira e lançado pela gravadora Joia Moderna em edição digital (distribuída via ONErpm) e edição em CD (fabricada em parceria com o selo Passa Disco, da homônima loja de discos do Recife). Não fosse a (boa) música, o disco já estaria legitimado somente pela reconstrução – em 11 faixas que encadeiam músicas e falas – do enredo da história do povo negro, evocativa da ancestralidade africana, como reforçam os versos em francês de Notre histoire, parceria de Zé Manoel com o compositor e baterista Stephane San Juan bafejada pelos sopros arranjados por Alberto Continentino. Zé Manoel lança o terceiro álbum de estúdio, 'Do meu coração nu', produzido por Luisão Pereira Kelvin Andrade / Máquina 3 / Divulgação Na exposição do disco Do meu coração nu, a canção Notre histoire sublinha a fala da historiadora sergipana Beatriz Nascimento sobre a invisibilidade dos povos negros e indígena no roteiro escrito por mãos brancas. Retirada do documentário O negro – Da senzala ao soul (1977), a fala da historiadora está alocada na faixa anterior intitulada Escuta Beatriz Nascimento e é ouvida sobre a música que brota do toque do piano de Zé Manoel. Em outra fala musicada, Escuta Letieres Leite, o maestro baiano – um dos arranjadores do álbum Do meu coração nu – defende a matriz afro-brasileira latente tanto no baião de Luiz Gonzaga (1912 – 1989) quanto no toque do piano de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994). Contudo, além do discurso tão legítimo quanto necessário, a música jamais fica em segundo plano no disco. Grande música, aliás. Nesse terceiro álbum de estúdio, o primeiro desde Canção e silêncio (2015), Zé Manoel atinge sublimes regiões emocionais com composições como Canto pra subir (Zé Manoel), inebriante canção de adeus composta pelo artista com inspiração nos versos “Você tem que aprender a sair da mesa quando o amor não está mais sendo servido”, eternizados pela cantora norte-americana Nina Simone (1933 – 2003) na gravação de 1965 da música You've got to learn (Il faut savoir, Charles Aznavour, 1961). No mesmo alto nível melódico e harmônico de Canto pra subir, a música No rio das lembranças propõe imersão nas águas doces de Oxum em que Zé Manoel revolve memórias ancestrais e embute canto de candomblé colhido no terreiro Xambá, de Olinda (PE). Guitinho da Xambá é parceiro (na letra) e convidado de Zé Manoel na faixa encorpada com o baticum e as vozes do Grupo Bongar, oriundo do mesmo terreiro. Guardião de falas e sensações imemoriais, o corpo é o templo que abriga a sensualidade romântica de Não negue ternura. Cantora e compositora baiana que também vendo apresentando outras visões da história negra, Luedji Luna é parceira e convidada de Zé Manoel nessa canção sobre amor preto e sobre aceitação. No discurso do álbum Do meu coração nu, as personagens negras se elevam ao alto e rogam proteções para sobreviver na selva das cidades violentas que exterminam o povo preto com balas perdidas que encontram sempre o mesmo alvo. Rogar às deusas é o que faz a poeta pernambucana Bell Puã nos versos ouvidos no prelúdio que antecede Pra iluminar o rolê (Zé Manoel), outra maravilha contemporânea do repertório inédito e autoral do álbum Do meu coração nu. Pra iluminar o rolê é canção embebida em latinidade (com ecos dos boleros caribenhos de João Donato) e leveza construída pelo arranjo que harmoniza o piano de Zé Manoel com a guitarra de Kassin, a bateria de Stephane San Juan e o baixo, órgão e synth pilotados pelo produtor musical Luisão Pereira. A atmosfera leve dilui a angústia do eu-lírico da canção por ignorar o paradeiro do ser amado. Já Wake my divine é flerte com a canção norte-americana. A música é de Zé Manoel. Escrita em inglês, a letra é de autoria da cantora norte-americana Gabriela Riley, convidada da faixa. No arremate do disco, Zé Manoel pede cura e externa gratidão ao orixá das doenças, Obaluaê. Com sopros orquestrados divinamente pelo maestro e arranjador Letieres Leite, Adubé Obaluaê – faixa previamente lançada em 19 de outubro como segundo single do álbum – reverbera Tincoãs no solo afro-brasileiro em que Zé Manoel assenta o álbum Do meu coração nu. Desse solo, Zé Manoel tem o mundo como horizonte infinito, vislumbrado pelo som sofisticado desse artista que ainda precisa ser (re)conhecido como um gigante do universo musical do Brasil para que ele não veja o aeroporto como a única saída viável para o crescimento de carreira que já soma mais dez anos de canções e silêncios.
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Elogiado ator de musicais de teatro, Mateus Ribeiro entra em cena como cantor e compositor
Artista catarinense dá início à carreira fonográfica com o single autoral 'João ninguém'. ♪ Artista catarinense que entrou em cena em 2005 como ator de musicais de teatro, iniciando trajetória ascendente que atingiu um primeiro pico há dois anos com o voo artístico de Peter Pan – O musical (2018), Mateus Ribeiro compõe desde os 19 anos. Em setembro de 2019, no rastro do sucesso conquistado pelas elogiadas atuações no musical sobre Peter Pan e no espetáculo juvenil Meu destino é ser star – Ao som de Lulu Santos (2019), o artista gravou naipe de composições autorais para perpetuá-las em disco e para “mostrar para o mundo como minha arte pode reverberar de outras formas, que vão além de criar um personagem”, como Mateus explicou em rede social ao revelar a existência desse trabalho musical. A primeira dessas músicas, João ninguém, composta em 2013, chega ao mundo a partir desta quarta-feira, 28 de outubro, em single gravado e editado por via independente que dá início a carreira de Mateus Ribeiro como cantor e compositor. A gravação de João ninguém foi feita com produção musical de Rique Azevedo, tendo sido mixada e masterizada por João Milliet. Além de dar forma ao fonograma como produtor, Rique Azevedo tocou violão, baixo, piano, guitarra e programação na gravação, cujo sons percussivos foram extraídos de balões pelo próprio Mateus Ribeiro. Na sequência do lançamento do single João ninguém, promovido com clipe roteirizado e dirigido (com Julio Denig) pelo artista, o cantor pretende apresentar mais três músicas autorais, sendo que uma delas tem lançamento previsto ainda para este ano de 2020.
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