Jorge Aragão adiciona outro título ao vivo à discografia já diluída com redundantes registros de shows
♪ De 1999 a 2004, Jorge Aragão lançou nada menos do que quatro álbuns com registros ao vivo de shows. Essa gravações ajudaram a popularizar a imagem e a discografia do cantor e compositor carioca, mas, ao mesmo tempo, tornaram redundante essa fase da obra fonográfica do sambista. Para quem é seguidor fiel dessa obra, o álbum Jorge Aragão 70 – Ao vivo em São Paulo – cuja primeira parte já pode ser ouvida em EP lançado nesta sexta-feira, 25 de setembro – pode soar como mais um título ao vivo da discografia do cantor. Até porque, de 2004 para cá, o artista lançou somente um álbum com músicas inéditas, E aí?, em 2006. Como o título do álbum ao vivo já informa, a gravação foi feita na cidade de São Paulo (SP) em apresentação do show da turnê Jorge 70. Aragão percorreu o Brasil com Jorge 70, show de caráter retrospectivo, idealizado para celebrar os 70 anos de vida do artista, completados em 1º de março de 1949. Na primeira parte do álbum, o cantor recicla cinco músicas em quatro faixas. Papel de mão (Cristiano Fagundes, 1990), Identidade (Jorge Aragão, 1992), Lucidez (Jorge Aragão e Cleber Augusto, 1991) – em medley com Loucuras de um paixão (Mauro Diniz e Ratinho, 1997) – e Eu e você sempre (Jorge Aragão e Flávio Cardoso, 2000) são os sambas que compõem o repertório do EP Jorge Aragão 70 – Ao vivo em São Paulo – Parte 1. Capa do EP 'Jorge Aragão 70 – Ao vivo em São Paulo – Parte 1' Divulgação / ONErpm
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Músicas para descobrir em casa – ‘Pernambucobucolismo’ (Marisa Monte e Rodrigo Campello, 2006) com Marisa Monte
Capa de 'Infinito particular', álbum de Marisa Monte que trouxe a gravação original da música 'Pernambucobucolismo' Reprodução ♪ MÚSICAS PARA DESCOBRIR EM CASA – Pernambucobucolismo (Marisa Monte e Rodrigo Campello, 2006) com Marisa Monte ♪ Foi durante passagem de turnê de Marisa Monte pelo estado de Pernambuco que a cantora e compositora carioca teve a inspiração para compor Pernambucobucolismo, primeira e única parceria da artista com o produtor musical e compositor Rodrigo Campello. A música Pernambucobucolismo veio ao mundo no início dos anos 1990. Mas somente chegou ao público em março de 2006, mês em que Marisa lançou dois álbuns simultâneos, Infinito particular e Universo ao meu redor. Este era um disco voltado para o samba. Já Infinito particular era um disco de canções, de sonoridade tão pop quanto sofisticada. Foi nesse álbum de canções – produzido por Marisa Monte com Alê Siqueira – que a música Pernambucobucolismo apareceu, na décima das 13 faixas do CD, em gravação feita somente com a percussão de Dadi Carvalho e com a pulsação do baixo tocado pela própria Marisa. O arranjo da música se afinou com a atmosfera contemplativa, introspectiva e quase etérea desse álbum de tom globalizado. Pernambucobucolismo passou (quase) despercebida entre as 27 músicas apresentadas por Marisa nos dois discos simultâneos. Ouvidos atentos, contudo, sabem que se trata de uma das boas canções da artista. Talvez por destoar do palatável padrão pop da produção autoral da compositora, a música Pernambucobucolismo nunca foi regravada. Além do registro original de 2006, há somente uma gravação ao vivo captada no show Universo particular (2006) e incluída no CD ao vivo editado em 2008 como bônus do DVD Infinito ao meu redor. ♪ Ficha técnica da Música para descobrir em casa 34 : Título: Pernambucobucolismo Compositores: Marisa Monte e Rodrigo Campello Intérprete original: Marisa Monte Álbum da gravação original: Infinito particular Ano da gravação original: 2006 Regravações que merecem menções: a de Marisa Monte no CD ao vivo editado juntamente com o DVD Infinito ao meu redor (2008). ♪ Eis a letra da música Pernambucobucolismo : “Eu vou fazer Um movimento, amor Uma canção pra inventar o nosso amor Eu vou fazer Uma revolução Eu vou pra Londres, vou pra longe Sei que vou Onde luar Não há igual aqui Igual aqui não há Outro lugar Eu sinto bucolismo Eu sinto bucolismo Pernambucobucolismo Pernambucobucolismo Pernambucobucolismo”
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Lives de hoje: Gal Costa, Luan Santana, Luísa Sonza, Giulia Be e mais shows para ver em casa
Live de Leila Pinheiro e festival com Djonga e Elza Soares também acontecem neste sábado (26). Veja horários. Luisa Sonza, Luan Santana e Giulia Be fazem live neste sábado (26) Divulgação Gal Costa comemora seu aniversário de 75 anos com uma live. Luan Santana, Luísa Sonza e Gilulia Be também estão entre os artistas que fazem lives neste sábado (26). Gal Costa Marcos Hermes / Divulgação Veja a lista completa com horários das lives abaixo. O G1 já fez um intensivão no começo da onda de lives, constatou o renascimento do pagode nas transmissões on-line, mostrou também a queda de audiência do fenômeno e a polêmica na cobrança de direito autoral nas lives. Veja horários e links: Jefferson Moraes, Juan Marcus e Vinicius, Rayane e Rafaela e George Henrique e Rodrigo – 16h – Link Eduardo Dussek (Em Casa com Sesc) – 19h – Link Mastruz com Leite – 19h – Link Djonga, Elza Soares e Flávio Renegado, Imune, Meninos de Minas, Favelinha Dance e MC Dellacroix – Festival IMuNe – 20h – Link Leila Pinheiro – 20h – Link Luan Santana, Giulia Be e Luisa Sonza – 20h – Link Gal Costa – 22h – Link Teresa Cristina – 22h – Link Semana Pop mostra os momentos em lives que saíram do controle
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Megan Thee Stallion, Billy Porter, Jojo Siwa… Conheça 5 surpresas da lista de mais influentes da ‘Time’
Semana Pop deste sábado (26) fala sobre artistas menos conhecidos que foram lembrados pela revista americana em sua lista anual, como Ali Wong e Michaela Coel. Semana Pop: Conheça 5 artistas que surpreenderam na lista de mais influentes da 'Time'
Em sua tradicional lista de 100 pessoas mais influentes do mundo, a revista "Time" colocou nomes conhecidos como o do presidente Jair Bolsonaro, do influencer Felipe Neto, do cantor Weeknd e do piloto Lewis Hamilton.
Mas sempre há também aqueles que, apesar de importantes, não são tão familiares ao público, por isso o Semana Pop deste sábado (26) fala sobre alguns artistas que foram lembrados, mas que são menos conhecidos aqui no Brasil, como a rapper Megan Thee Stallion, a influencer Jojo Siwa e a atriz Michaela Coel. Assista ao vídeo acima.
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O Semana Pop vai ao ar toda semana, com o resumo do tema está bombando no mundo do entretenimento. Pode ser sobre música, cinema, games, internet ou só a treta da semana mesmo. Está disponível em vídeo e podcast.
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Semana Pop #105: Conheça 5 artistas que surpreenderam na lista de mais influentes da ‘Time’
Programa deste sábado (26) fala sobre nomes como a rapper Megan Thee Stallion, a youtuber Jojo Siwa e o ator Billy Porter, listados pela revista como alguns dos mais influentes do mundo. Você pode ouvir o Semana Pop no G1, no Spotify, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. Comunicação/Globo O que são podcasts? Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia… Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça.
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Baden Powell, morto há 20 anos, ainda é violonista influente
Álbum com músicas inéditas do compositor sai em outubro para ampliar a obra autoral de artista que transitava entre salas de conserto, terreiros de candomblé e rodas de samba e choro. ♪ Embora tenha seguido pelos modernos trilhos harmônicos abertos pelo desbravador violonista Aníbal Augusto Sardinha (1915 – 1955), o Garoto, Baden Powell de Aquino (6 de agosto de 1937 – 26 de setembro de 2000) pavimentou a própria estrada e se tornou, ele próprio, um violonista tão influente e determinante quanto Garoto na história da música brasileira. Compositor e músico fluminense, nascido há 83 anos no município de Varre-e-sai (RJ), o artista tem o legado autoral ampliado com a edição – programada para 30 de outubro – de Baden inédito, álbum em que o quarteto Ludere apresenta nove composições de Baden, descobertas em partituras deixadas pelo violonista. Entre as novidades, há o tema instrumental Lamento para Milton Banana, música feita por Baden em tributo a Milton Banana, nome artístico do baterista carioca Antonio de Souza (1935 – 1999), um dos mestres do instrumento no toque da bossa nova. Quarto álbum do Ludere, o disco Baden inédito – antecedido pelo single Vai coração, lançado na sexta-feira, 25 de setembro, com samba inédito letrado por Pretinho da Serrinha e gravado com a voz da cantora Vanessa Moreno – reaviva a memória do violonista e compositor, cuja morte completa 20 anos neste sábado, 26 de setembro. Vinte anos que se passaram sem que o violonista tenha deixado de exercer grande influência entre os músicos do Brasil por ter sintetizado os sons da negritude nas cordas do instrumento que aprendeu a tocar desde cedo. Baden Powell em ilustração da capa do álbum 'Apaixonado', de 1975 Reprodução Baden Powell caiu no samba com toda a ancestralidade africana carregada por esse gênero desde que o samba é samba. O artista foi violonista de grande vivacidade rítmica e de técnica excepcional. Com o toque da mão direita, o músico reproduzia no violão a batida sincopada e percussiva do samba, criando sonoridade energética que evocava o baticum afro-brasileiro. Na safra inédita do álbum do Ludere (quarteto formado pelo pianista e tecladista Philippe Baden Powell com o contrabaixista Bruno Barbosa, o baterista Daniel de Paula e o trompetista Rubinho Antunes), o samba dita o ritmo de composições como A lua não me deixa (música que ganhou letra de Eduardo Brechó e a voz de Fabiana Cozza). Contudo, Baden Powell foi além do samba – e do afro-samba, subgênero que praticamente fundou nos anos 1960 ao lado do parceiro letrista Vinicius de Moraes (1913 – 1980) – e transitou por gêneros como o jazz e o choro. Choro para estudo – gravado pelo grupo Ludere no disco Baden inédito com o toque do gaitista Gabriel Grossi – exemplifica a incursão do violonista pelo terreno do choro. Violonista de contrapontos bachianos, Baden Powell se movia com naturalidade por casas de jazz, terreiros de candomblé, salas de concertos e rodas de samba e de choro, esbanjando técnica no violão tocado com a alma repleta de chão brasileiro. Somadas às cinco gravações inéditas do violonista descobertas em 2016, em registros de sarau feito em 1959 na casa da pianista e compositora fluminense Neusa França (1920 – 2016), as nove músicas inéditas do compositor reunidas no álbum do Ludere estendem o alcance da obra de Baden Powell e mantém viva a memória desse violonista que desenvolveu com maestria a trilha aberta por Garoto.
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Gal Costa volta para a pista com remixes produzidos por Diogo Strausz
Duas faixas do álbum 'A pele do futuro' são recicladas em single programado para 9 de outubro. ♪ Há dois anos, Gal Costa surpreendeu o universo pop brasileiro ao se jogar na pista da disco music em duas faixas do álbum A pele do futuro (2018). Sublime (Dani Black, 2018) e Cuidando de longe (Marília Mendonça, Juliano Tchula, Junior Gomes e Vinicius Poeta, 2015) foram as músicas em que a cantora reviveu a batida dos frenéticos dancin' days. Embora já esteja preparando disco com regravações de sucessos para celebrar os 75 anos feitos neste sábado, 26 de setembro, data em que faz a primeira live da carreira sob a direção da cineasta Laís Bodanzky, Gal volta para a pista em outubro. Residente em Paris, o produtor musical Diogo Strausz – projetado por ter dado forma ao segundo álbum de Alice Caymmi, Rainha dos raios (2014) – remixou as gravações de Cuidando de longe e Sublime com o aval de Gal e com a cumplicidade de Marcus Preto, diretor artístico do álbum A pele do futuro. Os dois remixes serão lançados em single programado pela gravadora Biscoito Fino para 9 de outubro.
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Músicas para descobrir em casa – ‘Picilone’ (Noel Rosa, 1931) com Noel Rosa e João de Barro
Bando de Tangarás, conjunto integrado por Noel Rosa (no alto, à direita), compositor do samba 'Picilone' Reprodução ♪ MÚSICAS PARA DESCOBRIR EM CASA – Picilone (Noel Rosa, 1931) com Noel Rosa e João de Barro ♪ Em 1931, reforma ortográfica no Brasil determinou a retirada das letras K, W e Y do alfabeto da língua portuguesa. Ágil e hábil cronista de costumes da época, retratados por ele de forma espirituosa em letras de música, o cantor e compositor carioca Noel de Medeiros Rosa (11 de dezembro de 1910 – 4 de maio de 1937) fez o samba Picilone com menção nos versos às mudanças da ortografia. O título Picilone reproduziu a forma popular como o povo brasileiro se referia à letra Y, o ypsilone. Ou picilone, na língua do povo. Com estrutura semelhante à de um partido alto, por ter sido composto por quatro estrofes (que poderiam ser mais numerosas, se improvisadas ao vivo nas rodas) alternadas pelo refrão aliciante, o samba Picilone foi gravado naquele ano de 1931 por Noel Rosa em single de 78 rotações por minuto editado via Parlophon (selo subsidiário da gravadora Odeon). Noel dividiu a interpretação de Picilone com o conterrâneo Carlos Alberto Ferreira Braga (29 de março de 1907 – 24 de dezembro de 2006), o João de Barro, compositor, cantor e violonista carioca também conhecido como Braguinha. Parceiro de Noel em sucessos como As pastorinhas (1934), João de Barro integrava com o colega o Bando de Tangarás (1929 – 1933), grupo responsável pelo acompanhamento da gravação do samba Picilone. Além de Braguinha e Noel, o Bando de Tangarás incluiu nomes como o violonista Henrique Britto (1909 – 1935), o agregador Almirante – nome artístico do cantor e compositor carioca Henrique Foréis Domingues (1908 – 1980), líder do grupo – e o cantor e pandeirista conhecido como Alvinho (1909 – 1972). Mesmo com estrutura simples, o samba Picilone exemplificou a verve de Noel Rosa. Talvez por ser datado, o samba nunca foi regravado, mas o primeiro e único registro fonográfico de Picilone foi incluído na coletânea Feitiço da Vila (editada pelo selo Revivendo em 1994) e no inventário da discografia de Noel como intérprete, apresentado na caixa de CDs Noel Rosa pela primeira vez (2000). ♪ Ficha técnica da Música para descobrir em casa 35 : Título: Picilone Compositor: Noel Rosa Intérprete original: Noel Rosa e João de Barro Disco da gravação original: Single Parlophon 13344 Ano da gravação original: 1931 Regravações que merecem menções: o samba Picilone nunca foi regravado. ♪ Eis a letra do samba Picilone : “Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Já reparei outro dia Que o teu nome, ó Yvone Na nova ortografia Já perdeu o picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone É pra ganhar simpatia Que todo mundo se abaixa Pra te fazer cortesia Com os olhos fora da caixa Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Tem uma vida folgada Não faz mais nada, a Yvone Até já tem empregada Para atender telefone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Cansei de andar só de tanga Já perdi a paciência Fui te encontrar na Cananga Mas não me deste audiência Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone”
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Marcelo D2 tira onda ao se irmanar com ‘manos’ da atual cena de hip hop em álbum colaborativo
Projetado nos anos 1990, o rapper mostra que ainda está no jogo com o oitavo álbum solo de estúdio, 'Assim tocam os meus tambores'. Capa do álbum 'Assim tocam os meus tambores', de Marcelo D2 Ronaldo Land com arte de Felipe Young (Flip) Resenha de álbum Título: Assim tocam os meus tambores Artista: Marcelo D2 Gravadora: Edição independente do artista Cotação: * * * 1/2 ♪ Além da boa qualidade artística, o maior mérito do oitavo solo de estúdio de Marcelo D2 – Assim tocam os meus tambores, disponível em edição digital a partir das 20h deste sábado, 26 de setembro – é impedir o rapper carioca da banda Planet Hemp de ser percebido como um mano importante do passado. Neste disco produzido através de plataforma de vídeo durante o isolamento social, Marcelo Maldonado Gomes Peixoto se junta e se irmana com vozes exponenciais da atual cena brasileira de hip hop – como o carioca BK, o mineiro Djonga, o brasiliense (de criação cearense) Don L e o paulistano Ogi – em tentativa bem-sucedida de diluir a imagem de tiozão do rap. Perto de fazer 53 anos, em novembro, D2 já não é o mano da vez. Até porque outros rappers que lhe sucederam no trono, como Criolo, também já não são. Assim caminha a humanidade pop e, no hip hop, não seria diferente. Contudo, o álbum Assim tocam os meus tambores mostra que D2 ainda está no jogo com 12 faixas inéditas mixadas por Mario Caldato Jr. e masterizadas por Jonathan Maia. Para dar forma a essas 12 faixas, D2 harmonizou vozes e músicos de gerações distintas em time de convidados formado – em ordem alfabética – por Anelis Assumpção, Baco Exu do Blues, BK, Criolo, Da Lua, Djonga, Don L, Eduardo Santana, Helio Bentes, Ivan Conti "Mamão", João Parahyba, Jorge du Peixe, Juçara Marçal, Kassin, Kiko Dinucci, Luiza Machado, Nobru, Ogi, Rodrigo Tavares, Rogê, Russo Passapusso, Sain e Thiago França. Já os beats são de Nave, DJ Nuts, Kamau, Dr. Drumah, Barba Negra e Tropkillaz. O beat da faixa que introduz o álbum, Bem vindo meus Cria, é hipnótico e valoriza o tema em que D2 recepciona Os Cria, nome do coletivo de participantes assíduos do chat do artista na plataforma de vídeo em que o disco foi gerado de forma colaborativa. Na sequência, Rompeu o couro mantém o poder de sedução ao celebrar o baticum africano, matéria-prima de quem procura batidas perfeitas no Brasil e no mundo. Os rappers BK e Baco Exu do Blues engrossam o caldo desse caldeirão fervente, temperado com as vozes das cantoras Anelis Assumpção e Juçara Marçal. Marcelo D2 lança 'Assim tocam os meus tambores', álbum gravado a partir de plataforma de vídeo Ronaldo Land / Divulgação Voz do Metá Metá, Juçara permanece em cena para reforçar o discurso de 4ª às 20h, rap de molde mais convencional, feito por D2 com a adesão de Ogi. Pontuado por sample da gravação de Onze fitas (1979) na voz de Fátima Guedes, cantora e compositora da música, o rap A verdade não rima rebobina o discurso social em que os manos questionam a inércia dos que vivem trancafiados em condomínio, crentes de que estão a salvo da violência das ruas, fruto de injustiças e desigualdades históricas. Em Malungoforte, D2 evoca a lama do Manguebeat, com Russo Passapusso e Helio Bentes (voz do grupo de reggae Ponto de Equilíbrio), em faixa que faz o álbum Assim tocam os meus tambores retomar a pressão inebriante do início do disco. Na sequência, em Tambor, o senhor da alegria, D2 dá voz somente a Criolo, que narra o mito Bakongo da criação do tambor, tal como escrito pelo historiador Luiz Antônio Simas. “Hip hop é o nosso grito”, brada o rapper carioca em Deus de outro lugar, faixa em que D2 manifesta gratidão pela caminhada, em gravação feita com o duo Tropkillaz e com Rogê. No mesmo tempo positivista, a música As sementes germina no disco, com a adesão do coletivo Os Cria, entre a cadência do reggae e a batida do samba. Don L endurece o discurso em É manhã (Vem), música que injeta sopro de R&B contemporâneo no álbum com a voz de Luiza Machado, produtora do filme de média-metragem originado das gravações de Assim tocam os meus tambores. “Rap é compromisso”, lembra D2 no samba-rap Pela sombra, citando sentença de Sabotage (1973 – 2003) em faixa que cai no suingue com a voz de Jorge Du Peixe. Magrela87 destila romantismo em levada R&B em faixa que culmina com sample de gravação de Raul Seixas (1945 – 1989), Prelúdio, música apresentada pelo artista baiano em 1974. No fim, Pelo que eu acredito – rap que junta Sain (filho de D2) e Djonga – reafirma as crenças ideológicas de Marcelo D2, rapper carioca que ainda tira onda na arte de fazer barulho.
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Lives de hoje: Matheus e Kauan, Flay, Wanderléa e mais shows para ver em casa
Orquestras de Ouro Preto e de Heliopólis também fazem transmissões neste domingo (27). Veja horários. Matheus e Kauan, Wanderléa e Flay fazem lives neste domingo (27) Divulgação; Celso Tavares/G1; Reprodução/Instagram/Flay Matheus e Kauan, Flay, Wanderléa estão entre os artistas que fazem lives neste domingo (28). Veja a lista completa com horários das lives abaixo. O G1 já fez um intensivão no começo da onda de lives, constatou o renascimento do pagode nas transmissões on-line, mostrou também a queda de audiência do fenômeno e a polêmica na cobrança de direito autoral nas lives. Veja horários e links: Orquestra Ouro Preto apresenta Beatles – 11h – Link Flay – 16h – Link Orquestra Sinfônica Heliópolis – 17h – Link Matheus e Kauan – 18h – Link Wanderleá (Em Casa com Sesc) – 19h – Link Teresa Cristina – 22h – Link Semana Pop mostra os momentos em lives que saíram do controle
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