Coronavírus: novela britânica contrata cônjuges de artistas como ‘dublês’ para cenas íntimas
Segundo a BBC, que produz e transmite EastEnders, a mudança foi apenas uma das várias medidas que estão sendo tomadas para manter o elenco e a equipe segura no set. Atores mantêm distanciamento social durante filmagem de cena de novela britânica BBC Os cônjuges da vida real de alguns atores da novela britânica EastEnders foram convocados como dublês para "cenas íntimas" quando as gravações recomeçarem, por causa da pandemia de covid-19. Eles vão atuar em "momentos cruciais quando dois personagens se beijam". O objetivo é permitir que essas cenas sejam filmadas de acordo com as diretrizes do governo sobre procedimentos durante a pandemia. Segundo a BBC, que produz e transmite o folhetim, a mudança foi apenas uma das várias medidas que estão sendo tomadas para manter o elenco e a equipe segura no set. As gravações dos novos episódios serão retomadas no próximo dia 7 de setembro, após uma pausa de três meses. O hiato foi necessário quando o confinamento provocado pela pandemia de covid-19 interrompeu a produção da novela. Desde então, episódios antigos do folhetim, que está no ar há 35 anos, vêm sendo re-exibidos. As filmagens foram retomadas no final de junho e o produtor-executivo do programa, Jon Sen, disse que a equipe de produção tinha que filmar cenas íntimas "com cuidado". As famílias dos artistas não serão usadas apenas como substitutas no quarto, acrescentou Sen. "Tivemos a ideia de (usar) artistas coadjuvantes que dividem o mesmo teto para refletir o mundo exterior… ou um marido e mulher que andariam pela Bridge Street e, claro, podem ficar mais próximos do que os dois metros", acrescentou o produtor-executivo. Para seguir as diretrizes de distanciamento social em ambientes internos, como o pub Queen Victoria, os produtores tiveram que pensar em alternativas. 'Famílias' Placas de acrílico — invisíveis quando filmadas — estão sendo colocadas entre os atores; e montagens geradas por computador também estão sendo usadas. Essas telas permitem aos produtores "aproximar muito as pessoas e isso é muito bom porque dá uma intimidade à atuação que não seria possível de outra forma", disse Sen. Outras medidas incluíram a criação de sinalizações nos estúdios e checagem de temperatura do elenco e da equipe nos bastidores. As mesas no Queen Victoria também foram dispostas para permitir uma distância de 2 m entre os atores. "Nosso maior desafio é que temos várias unidades familiares, essa é a natureza de EastEnders e de novelas em geral", disse Sen. "Famílias que estariam na mesma casa, ou seja, que, em teoria, não precisariam praticar o distanciamento social de 2m, são interpretadas por atores que têm que obedecer à essa regra, portanto o desafio é imenso". As tomadas geradas por computador criam a ilusão de que os atores estão próximos uns dos outros, quando na verdade "eles foram filmados em completo isolamento um do outro". "Então, quando estamos filmando, o ator estará falando com o vazio, essencialmente. O mesmo se aplica a seu interlocutor. A partir da montagem em computador, conseguimos colocar os dois juntos e parece que eles estão na mesma mesa", explicou Sen. Ian Beale (interpretado por Adam Woodyat) e Dotty Cotton (interpretada por Milly Zero) atuam em ambos os lados de uma tela de acrílico BBC 'Desafio' Os novos episódios durarão cerca de 20 minutos, ao invés dos 30 habituais, quando a novela voltar a ser exibida, quatro noites por semana. Outras novelas populares vêm enfrentando os mesmos desafios das filmagens durante a pandemia de covid-19. A Coronation Street, exibida pela emissora britânica ITV, retomou as filmagens em 9 de junho com estrito distanciamento social e outras medidas de segurança em vigor. Nenhum ator com problemas de saúde ou com mais de 70 anos foi autorizado a voltar ao set, excluindo nomes famosos como William Roache e Maureen Lipman. Já a novela Emmerdale reiniciou a produção em 20 de maio, com a gravação de novos episódios mostrando como personagens estavam lidando com o confinamento. As restrições vieram depois da publicação, em maio, de diretrizes para que a indústria de TV volte ao trabalho. No Brasil, a TV Globo informou que retomou as gravações da novela "Amor de Mãe" após um hiato de cinco meses, mas com um rígido protocolo de segurança para evitar a propagação do coronavírus. Entre as medidas, estão desinfecção de cenários e objetos cênicos antes e depois da gravação, medição de temperatura na chegada ao estúdio, uso de álcool em gel e máscara e distanciamento social. Assim como nas novelas britânicas, a produção do folhetim brasileiro inseriu placas de acrílico entre os personagens, posteriormente removido por computador. Segundo a TV Globo, dois capítulos são gravados por semana — anteriormente, eram seis.
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Kiko Dinucci segue com ‘Miragem’ a trilha contemporânea de filme de Eryk Rocha
Ava Rocha e Negro Leo também contribuem com músicas originais para o longa-metragem que estreia na plataforma Globoplay no domingo, 30 de agosto. ♪ Após rodar desde 2019 por mostras e festivais de cinema, no Brasil e no exterior, o filme Breve miragem de sol, dirigido pelo cineasta brasiliense Eryk Rocha, estará disponível na plataforma Globoplay a partir de domingo, 30 de agosto. Protagonizado pelo ator Fabrício Boliveira, intérprete do taxista Paulo, o filme inclui gravações inéditas de Kiko Dinucci, Ava Rocha e Negro Leo, autores da trilha original do longa-metragem. Um dos compositores e músicos mais relevantes da cena indie paulistana, como comprovaram os álbuns Cortes curtos (2017) e Rastilho (2020), Dinucci apresenta a canção inédita Miragem, ouvida ao fim do filme. Ava Rocha contribui para a trilha original com Pájaro negro. Já Negro Leo é o autor e intérprete da música No mediterrâneo. Gravações pré-existentes de Letrux (Que estrago, composição de Letícia Novaes, Arthur Almeida e Bruna Beber, de 2017) e Mart'nália (Pé do meu samba, música de Caetano Veloso, de 2002) são ouvidas ao longo do roteiro de filme que, ambientado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), procura apresentar recorte do Brasil contemporâneo através das trajetórias e histórias cruzadas no trajeto percorrido pelo táxi de Paulo. “A música tem um papel essencial na narrativa e linguagem do filme, pois vai permeando os estados de espírito e emoção do nosso protagonista”, ressalta Eryk Rocha. Cartaz do filme 'Breve miragem de sol', de Eryk Rocha Reprodução
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Por que as pessoas estão transmitindo suas horas de sono em lives nas redes sociais?
Usuários dormindo por horas a fio têm se destacado no algoritmo das plataformas. Eles dizem que sonecas aumentam engajamento, atraem seguidores e podem até render dinheiro. Brasileiro transmite noite de sono com boneco Chucky no TikTok Reprodução/TikTok O velho sonho de ganhar dinheiro dormindo na internet foi atualizado na era das lives. Atentos a um estranho interesse do público, usuários de redes sociais estão transmitindo suas horas de sono ao vivo, na esperança de aumentar seu engajamento e até faturar – literalmente – de olhos fechados. Em março, Brian Hector, um americano de 18 anos, disse ao “The New York Times” que ganhou cerca de US$ 10 (aproximadamente R$ 55) ao exibir uma noite tranquila de sono aos seus mais de 300 mil seguidores no TikTok. Não há provas de que o relato seja verdadeiro. O fato é que, todas as noites, transmissões desse tipo rendem chats movimentados e se destacam no algoritmo da plataforma. Entre os adeptos brasileiros, há quem pegue no sono ao lado de bonecos Chucky, dos filmes “Brinquedo Assassino”, e os que aparecem dormindo em posições ainda mais bizarras (e até perigosas), como mordendo um biscoito ou escorado em uma geladeira aberta. Em alguns casos, usuários burlam a ferramenta e transmitem uma imagem estática, com trilha de som ambiente. “É uma prática polêmica. Alguns usuários acham que estamos faltando com o respeito a eles ao dormir numa live”, diz ao G1 o tiktoker Diego Henrique Silva, de Barueri (SP). Ele faz lives dormindo em tempo real, mas também já usou o serviço para transmitir fotos. Dá para ganhar dinheiro? O ato de dormir numa live não fere as regras do TikTok. Utilizada principalmente para criação e compartilhamento de vídeos curtos, a rede tem trabalhado para popularizar seu recurso de transmissões ao vivo. Com ele, espectadores têm a opção de doar “presentes” virtuais aos criadores das lives. Esses ítens podem ser trocados por dinheiro real. O Twitch, outra plataforma que reúne transmissões ao vivo, usa um mecanismo parecido. Criadores de conteúdo podem receber moedas digitais de seus espectadores, as chamadas Bits. O serviço, focado principalmente em lives de games, diz em suas diretrizes que não são recomendadas “atividades que comprometam a capacidade de um streamer de acompanhar de perto e monitorar seu stream e/ou chat”. Mesmo assim, o sono tem se mostrado uma democrática fonte de engajamento na rede. Diego Henrique Silva faz lives dormindo e transmite imagens estáticas para ganhar engajamento no TikTok Reprodução/TikTok Em 2019, após um dia cansativo, o streamer até então com baixa popularidade Jesse D. cochilou por três horas durante uma transmissão. O trecho recortado da live que o mostra acordando, sem entender por que tinha centenas de espectadores, se tornou um dos vídeos mais vistos da história do Twitch, com mais de 3 milhões de visualizações, segundo o site Kotaku. Para tentar faturar, usuários ativam na plataforma um recurso que permite aos doadores enviarem sons e mensagens de voz para tentar acordá-los. Eles juram que há quem pague para importunar o sono de alguém. Na maioria dos casos, no entanto, outros elementos atraem público às lives sonolentas. Alguns streamers mostram suas rotinas pré-sono e incluem sussurros e barulhos considerados relaxantes pelos fãs de ASMR – técnica que promete causar sensações físicas através de estímulos visuais e auditivos, popular na internet. Para outros, pouco importa se o dono da live está dormindo ou acordado. As transmissões são como uma tela em branco, em que espectadores podem usar o chat para conversar em tempo real e conhecer gente nova. É um recurso que, no TikTok, não está disponível em nenhum outro lugar da rede. “O que acho mais interessante é saber que as pessoas interagem no chat e passam a se seguir”, afirma o tiktoker Diego. O brasileiro diz não faturar com as sonecas na plataforma, mas garante que viu o engajamento de seu perfil aumentar depois que começou a transmitir o sono. “Já ganhei 500 seguidores em três horas de live.” Semana Pop mostra os momentos em lives que saíram do controle
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‘Pets – A vida secreta dos bichos 2’ lidera bilheteria nacional em cinemas drive-in
Lançamento brasileiro 'Volume morto' entrou no top 10 de quinta (20) a domingo (23). Setor movimentou R$ 89,5 mil no período, com pequena recuperação em relação à semana anterior. Cena de 'Pets – A Vida Secreta dos Bichos 2' Reprodução "Pets – A vida secreta dos bichos 2" liderou a bilheteria nacional no período de quinta (20) a domingo (23), segundo dados da ComScore. O filme arrecadou R$ 19,2 mil e foi assistido por mais de 900 pessoas. Filmes nacionais voltam a estrear em cinemas Como é feita a programação dos cines drive-in Como as sessões e salas vão se adaptar para a reabertura "Aladdin" e "Interestelar" completaram o top 3 de bilheteria do período. Dentre a lista de mais vistos, há um filme inédito nos cinemas: o brasileiro "Volume morto". Após a Ancine liberar os drive-ins como primeira janela de exibição para longas brasileiros, as distribuidoras voltaram a lançar produções nacionais. O setor movimentou R$ 89,5 mil com os 10 filmes mais vistos e teve pouco mais de 3 mil espectadores. O faturamento e o número de espectadores está bem abaixo do registrado em julho, que passava de R$ 110 mil, mas apresenta uma pequena recuperação em relação à semana anterior. 'Pets – A Vida Secreta dos Bichos 2' estreia nos cinemas A ComScore não informou quantas salas e quantos cinemas drive-in enviaram os dados do levantamento. Pelo Brasil, a maioria dos cinemas segue fechada por conta da pandemia do novo coronavírus. Veja o ranking da bilheteria no país: 'Pets – A vida secreta dos bichos 2' – R$ 19,2 mil 'Aladdin' – R$ 12,9 mil 'Interestelar' – R$ 12,6 mil 'Volume Morto' – R4 9 mil 'Bloodshot' – R$ 6,9 mil 'Como Treinar o seu Dragão' – R$ 6,9 mil 'Sonic – O filme' – R$ 6,6 mil 'Cantando na Chuva' – R$ 5,9 mil 'Liga Da Justiça' – R$ 5 mil 'Velozes e Furiosos 8' – R$ 4,1 mil
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Tom Zé recai no samba ao participar de álbum solo de Madu Madureira
Madu Madureira canta 'Vai (Menina amanhã de manhã)' com Tom Zé (à direita) Sillas H / Divulgação ♪ Produtor e líder da banda Machete Bomb, Madu Madureira vem pavimentando carreira solo como cantor e compositor. Dharma – disco lançado pelo artista na sexta-feira, 21 de agosto – é o segundo álbum solo de Madureira, catarinense que reside desde a adolescência na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Sucessor do álbum Madu (2018), Dharma é disco que apresenta 12 faixas gravadas com produção musical e arranjos de Guilherme Gê. Tom Zé marca dupla presença no álbum. Além de ser parceiro de Elton Medeiros (1939 – 2019) no samba de breque Tô (1976), regravado por Madureira em dueto com Paulinho Moska, o artista baiano é autor – em parceria com Perna Fróes – e convidado da regravação de Vai (Menina amanhã de manhã), música lançada por Tom Zé em 1972 e retrabalhada pelo artista quatro anos depois em registro para o álbum Estudando o samba (1976), do qual Madureira pescou Tô. No álbum Dharma, Madu Madureira também revive Deus me proteja (2008), de Chico César, em dueto com o cantor carioca Pedro Miranda. Já Luana Carvalho figura no disco como convidada de Madu Madureira da regravação de A voz que não se cala (Rogê e Stephane San Juan, 2018).
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Festival de Berlim é marcado em formato físico para fevereiro de 2021
Berlinale vai acontecer de 11 a 21 de fevereiro e seguirá as diretrizes de saúde vigentes para que a maior segurança possível seja garantida a todos os convidados, diz produção. Festival Berlinale em fevereiro de 2020 Britta Pedersen/dpa via AP O Festival de Cinema de Berlim acontecerá em fevereiro, conforme planejado, apesar da pandemia de Covid-19, disseram os organizadores nesta segunda-feira, à medida que a Alemanha enfrenta um surto de infecções relacionadas a grandes reuniões familiares, à vida noturna e ao retorno de turistas. Conhecido como Berlinale, o festival está sendo planejado para ocorrer em um formato físico, enquanto um modelo híbrido de eventos virtuais e presenciais é destinado ao evento European Film Market (EFM), que ocorrerá simultaneamente, afirmaram os organizadores em um comunicado. O EFM é o centro de negócios da Berlinale e um dos maiores eventos internacionais do mercado cinematográfico do mundo. O festival acontecerá de 11 a 21 de fevereiro e seguirá as diretrizes de saúde vigentes para que a maior segurança possível seja garantida a todos os convidados, afirmaram. “Ajustes na estrutura do festival, na programação dos filmes e no número total de filmes convidados serão definidos pela direção do festival nas próximas semanas”, acrescentaram. O Festival de Cinema de Berlim, um dos maiores eventos do setor na Europa, normalmente atrai 480 mil cineastas, estrelas de cinema e fãs à capital alemã.
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Papatinho reúne Anitta e os rappers BIN e Dfideliz no single ‘Tá com o Papato’
Anitta, Dfideliz (à esquerda), Papatinho (ao centro) e BIN estão juntos no single que sai dia 28 de agosto Reprodução / Instagram Papatinho ♪ O DJ e produtor musical carioca Papatinho apresenta na sexta-feira, 28 de agosto, mais um single do ainda inédito primeiro álbum do artista, Workalolic. Música de título autorreferente, Tá com o Papato será arremessada nas plataformas em gravação em que Papatinho agrega Anitta e os rappers cariocas BIN e Dfideliz. Cabe lembrar que, ao lado de L7nnon, BIN e Dfideliz já tinham participado de gravação recente do artista, Berenice (2020), disponibilizada somente em vídeo, em março, dentro da série Papa sessions. Na área dos discos, o último lançamento de Papatinho – nome artístico de Thiago da Cal Alves – foi o single duplo com as músicas 5 estrelas (gravada com Kevin O Chris e will.i.am) e Macetin (gravada com Derek, Matt Fuze e Sodré).
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‘As Meninas Super-poderosas’ vai ganhar série com atores
Nova versão do desenho animado vai apresentar super-heroínas aos 20 anos. O desenho 'As Meninas Super-poderosas' voltou a ser produzido em 2016 Cartoon Network/Divulgação O canal CW está produzindo uma versão com atores do desenho animado "As Meninas Super-poderosas". De acordo com o site Deadline e a revista "Variety", a nova série vai apresentar as super-heroínas com 20 e poucos anos. O projeto terá como produtoras-executivas Diablo Cody ("Juno") e Heather Regnier ("Veronica Mars: A Jovem Espiã"). Além da dupla, que assumirão ainda o roteiro, a série vai ser produzida por Greg Berlanti, um dos criadores do "Arrowverse". A nova versão segue uma tendência da CW de atualizar personagens conhecidos com um estilo adolescente. Nela, Florzinho, Docinho e Lindinha estarão ressentidas por terem perdido a infância ao lutarem contra o crime, e deverão decidir se conseguem se reunir novamente. No original criado por Craig McCracken em 1998, as Meninas Super-poderosas eram criadas por acidente e enfrentavam vilões enquanto ainda frequentavam a escola primária. O desenho animado ganhou uma nova versão em 2016.
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Músicas para descobrir em casa – ‘Manchas e intrigas’ (Kiko Zambianchi, 1985)
Capa do álbum 'Erasmo Carlos' que trouxe a gravação original de 'Manchas e intrigas' na voz de Erasmo Carlos Paulo Ricardo ♪ MÚSICAS PARA DESCOBRIR EM CASA – Manchas e intrigas (Kiko Zambianchi, 1985) com Erasmo Carlos ♪ Em 1985, ano em que Kiko Zambianchi completou 25 anos, o cantor, compositor e músico paulista teve despertada a atenção do universo pop brasileiro. No embalo do inicial single autoral editado no ano anterior com a composição Rolam as pedras (1984), Zambianchi teve música popularizada na voz de Marina Lima – Eu te amo você (1985), canção então inédita gravada pela artista para o álbum Todas (1985) – e lançou o primeiro álbum, Choque (1985). Inteiramente autoral, o álbum Choque foi alavancado pelo êxito do single promocional Primeiros erros (Chove), música daquele ano de 1985 que o grupo Capital Inicial regravaria 15 anos, com retumbante sucesso nacional, no álbum Acústico MTV (2000) que revitalizou a banda brasiliense. No rolo compressor do mercado, uma grande canção de Kiko Zambianchi, Manchas e intrigas, acabou passando quase despercebida ao ser apresentada por Erasmo Carlos no 16º álbum do cantor carioca, lançado no segundo semestre de 1985. Manchas e intrigas até chegou a tocar nas rádios, mas não a ponto de tornar o álbum Erasmo Carlos (1985) o sucesso comercial esperado pela Philips, gravadora que editou o disco do Tremendão pelo selo Polydor. Zambianchi somente gravaria Manchas e intrigas – após 16 anos – em Disco novo (2001), álbum de repertório majoritariamente inédito com que o cantor tentou retomar a carreira fonográfica no embalo do sucesso de Primeiros erros com o Capital inicial, mas a composição continuou inexplicavelmente esquecida. Coincidentemente, naquele mesmo ano de 2001, Erasmo voltou ao disco com Pra falar de amor, álbum em que apresentou outra canção inédita de Zambianchi, O impossível, esta nunca gravada pelo autor. Na perfeita gravação original feita por Erasmo Carlos para o álbum produzido por João Augusto, Manchas e intrigas foi embalada em arranjo tecnopop típico da década de 1980. Músico do grupo Roupa Nova, o tecladista Cleberson Horsth tocou o piano elétrico Yamaha CP 70 enquanto Jota Moraes pilotou os sintetizadores na gravação da faixa. Contudo, os músicos Marcelo Sussekind (baixo), Rick Ferreira (guitarra) e Serginho Herval (outro músico do Roupa Nova, na bateria) garantiram a vibe pop roqueira de uma das mais bem acabadas faixas de álbum irregular, cujo resultado final descontentou até o próprio Erasmo Carlos. Música que se ajustaria bem à pegada pop do Capital Inicial, Manchas e intrigas é uma das mais inspiradas composições de Kiko Zambianchi, tendo resultado em uma das melhores gravações feitas por Erasmo Carlos ao longo dos anos 1980. Tanto que nem Zambianchi alcançou, na regravação feita em Disco novo, a fluência pop do registro do Tremendão. ♪ Ficha técnica da Música para descobrir em casa 2 : Título: Manchas e intrigas Compositor: Kiko Zambianchi Intérprete original: Erasmo Carlos Álbum da gravação original: Erasmo Carlos Ano da gravação original: 1985 Regravações que merecem menção: a feita por Kiko Zambianchi para o álbum Disco novo (2001). ♪ Eis a letra da música Manchas e intrigas : “Passo água nos olhos na manhã seguinte Nunca estive tão longe de você assim Espere, não vá me deixar sozinho O medo quer se apoderar de mim Vejo manchas e intrigas dentro do nosso astral Alguma coisa invisível que nos faz mal Será o tempo? Será algo que não tenhamos tido? Estamos na luta sem ter abrigo Melhor é deixar chover! Esperar o sol Secar nosso corpo Trocar nossas roupas Ô, ô, ô Que isso limpe nossos pensamentos E os seus olhos ficam em silêncio Pra começarmos a sorrir O sol, pra começarmos a sorrir O sol, pra começarmos a sorrir O sol, pra começarmos a sorrir O sol…”
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Bebel Gilberto lança disco ‘Agora’ e fala que sente a presença dos pais: ‘Eles estão perto’
Cantora perdeu João Gilberto, Miúcha e um grande amigo entre 2018 e 2019. Ao G1, Bebel fala sobre disco com 'clima de 007', Billie Eilish e antigas desavenças familiares. Os últimos anos não foram fáceis para Bebel Gilberto. Primeiro, ela perdeu o grande amigo Mário Vaz de Mello, depois a mãe Miúcha e, seis meses depois, se despediu do pai João Gilberto em julho de 2019. A cantora diz que ainda não processou as perdas e que está "enrolando" para senti-las. Prefere se dedicar aos cuidados e chamegos com a nova companheira Ella, uma shih tzu de quatro meses, e ao trabalho, com o lançamento do disco "Agora" nesta sexta (21). O álbum com 11 faixas é o primeiro de estúdio em seis anos. Envolvida com outros trabalhos e com as vindas ao Brasil para cuidar da família, a cantora não acha que demorou muito tempo entre lançamentos. "Hoje em dia, acho que fazer disco quando a gente está sem compromisso é assim mesmo. A gente vai se encaixando", diz Bebel em entrevista por vídeo ao G1. As músicas foram escritas por Bebel em parceria com o amigo de longa data, músico e produtor Thomas Bartlett, que já trabalhou com Norah Jones, Florence + The Machine e Yoko Ono. A única participação é de Mart'nália na faixa "Na Cara". Os encontros no estúdio de Bartlett, que ficava a duas paradas de metrô da casa da cantora em Nova York renderam 17 músicas, mais até do que o álbum. "O som, os arranjos têm uma atmosfera que já remete uma coisa meio cinema, filme." "A gente tava nesse clima do '007' mesmo e que me permitiu ser um pouco atriz, ser um pouco brincalhona, um pouco ousada", afirma a cantora, citando o filme. "Eu vejo muito esse disco inteiro como várias trilhas sonoras. Sinto que é como se fosse uma viagem e foi isso o que quis criar realmente." Ella é companheira de Bebel Gilberto no Rio; na foto, ela posa ao lado de CDs e edições em vinil do disco 'Agora' Reprodução/Instagram/Bebel Gilberto Ao entrar nesse universo onírico e sussurrado, este último sua marca registrada, Bebel fala de Billie Eilish e do pop ASMR. Ela diz que escuta a jovem cantora todos os dias. "São coisas assim que você fala como é que uma menina tão jovem possa ter tão 'deepness', possa ser tão profunda. É realmente absurdo o som dela, acho um barato", afirma. "Acho engraçado as mães preocupadas achando que ela pode ser uma má influência. Uma coisa meio dark é meio bom também… Vai ficar falando de chiclete, de pirulito para o resto da vida? Ou que brigou com o namorado? Não, dá uma sofrida de verdade" diz ela, rindo. Maturidade e fuga do rótulo Bebel Gilberto lança 'Agora' Divulgação/Heidi Solander Bebel descreve o disco como o mais íntimo e confessional da carreira: "Fui um pouco mais madura, um pouco mais maluca, um pouco mais atriz que mora dentro de mim. Sem ser a fofinha, sem ser a princesinha". MAURO FERREIRA: Bebel Gilberto se enfraquece na rota sem cor da viagem reflexiva de 'Agora' Quando questionada se vê que o álbum segue a linha da bossa nova eletrônica em que é colocada desde o primeiro disco de sucesso internacional "Tanto Tempo" (2000), a cantora desabafa em tom de brincadeira: "Eu fico perguntando para mim mesmo 'Venha cá quando que eu vou ter o PhD dessa história de bossa nova? Eu já virei a Bebel, com som de Bebel, com cara de Bebel, pô". "Será que nos próximos 50 anos da minha vida, se eu chegar lá, eu vou conseguir fugir desse fantasma da bossa nova? Pelo amor de Deus", diz ela, rindo de novo. Ela reconhece a importância do que o pai construiu na música brasileira e vai além: "Papai criou uma estética, um jeito de pensar, um jeito de cantar, tantas coisas maiores que apenas a bossa nova, com todo respeito à bossa nova, que eu fico assim, às vezes, de saco cheio de ficar sendo tão associada a isso." Fim do silêncio João Gilberto e Bebel Gilberto Acervo Pessoal As brigas de família envolvendo questões financeiras e jurídicas em respeito à vida e obra de João Gilberto foram destaque na imprensa nos últimos anos de vida do cantor. Bebel entrou com processo para interditar o pai em 2017 e não costumava comentar o caso com a imprensa. Tudo mudou neste mês, quando ela quebrou o silêncio para dar a sua versão da história. "Foi uma decisão minha mesmo, eu não aguentava mais", afirma. "Hoje em dia acho importante que as pessoas entendam minha posição que era querer cuidar do meu pai". "Eu não estava brigando com ninguém, não tinha fortuna nenhuma, eu não estava querendo ser inventariante, ser representante", continua. "Eu quero que a música do meu pai seja muito ouvida, estudada, espalhada." A advogada Silvia Galdeman foi indicada para cuidar do inventário e Bebel espera que a decisão se mantenha. "Espero que a doutora Silvia continue nessa posição e que todos realizem que isso é o mais importante no momento". 'O que não foi dito' Bebel conseguiu colocar o que sentiu em relação ao processo de 2017 na música "O que não foi dito". É uma carta para o pai em que canta: "Na outra metade da vida / Você soube, fez tudo / Mas nessa metade, vou ter que tentar te ensinar". "Foi feita quando eu ganhei a curatela. Tinha saído umas matérias muito agressivas, muita exposição na imprensa, quando na verdade era um assunto de família que não deveria ser divulgado", ela lembra. Bebel Gilberto postou uma foto com João Gilberto e Miucha no Dia dos Pais de 2020 Reprodução/Instagram/BebelGilberto Depois de quase 30 anos, Bebel deixou os Estados Unidos há dois anos e voltou para o Rio de Janeiro. Hoje mora em um apartamento quarto e sala no mesmo prédio em que sua mãe morava no Leblon. "Moro na esquina na casa do meu pai e ele não tá mais aqui. Penso que pena que só morei aqui agora. Mas eu nunca ia imaginar que estaria nesse apartamento, nesse prédio, foi tudo uma coincidência", explica. Na entrevista, ela se diz uma pessoa muito espiritual e sente a presença dos pais, principalmente quando Ella começa a latir insistentemente olhando para um canto específico da casa. Isso aconteceu no dia anterior da entrevista ao G1. "Eu já estou convencida que são eles. Eles vieram visitar a gente. Eu sempre dou uma rezadinha de noite, sinto que eles estão perto." Bebel Gilberto sobre o pai, João Gilberto: 'O que importa é o que ele deixou'
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