Fernanda Diamant deixa curadoria da Flip
Em nota, editora disse que Festa Literária Internacional de Paraty precisa se 'renovar'. Evento ainda não anunciou quem a substitui. Fernanda Diamant, curadora da Flip 2019 Walter Craveiro/Divulgação A editora Fernanda Diamant deixou a curadoria da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) nesta quarta-feira (12). Em nota divulgada para a imprensa, ela disse que o evento precisa se renovar. "A Flip agora precisa de uma curadora negra para reinventá-la nesse mundo pós pandemia. Uma mulher negra, na minha opinião, é a renovação que o evento mais importante da literatura do país precisa. Ao longo de 18 anos, a curadoria da Flip jamais foi ocupada por uma pessoa negra. Passou da hora disso mudar." A editora também mostrou descontentamento com a remarcação da data do evento, adiado por causa da pandemia de coronavírus. "À minha revelia, a Flip foi postergada para novembro. A pandemia se agravou. Cada vez mais me parecia que a celebração desenhada previamente pertencia a uma outra época e tinha perdido sentido. Não havia nada a ser comemorado. Ainda não há. Era preciso repensar a curadoria e até mesmo o próprio evento —virtual ou não— à luz dos acontecimentos." Diamant assumiu o posto de curadora do evento em setembro de 2018 e comandou a edição de 2019, que homenageou Euclides da Cunha. Quando assumiu a curadoria da Flip, declarou que queria "ampliar a diversidade da Festa Literária, trazendo autoras e autores de diferentes gêneros – na ficção e na não-ficção – e buscar novos formatos de mesas literárias". Formada em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), ela trabalhou como editora da Publifolha e da Editora 34. Atualmente, edita a revista literária "Quatro cinco um" ao lado de Paulo Werneck, que foi curador da Flip em 2014, 2015 e 2017. Como o medo do coronavírus está alterando rota do pop Flip 2020 A organização da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) adiou a 18ª edição do evento para novembro. Inicialmente, ele estava previsto para acontecer de 29 de julho a 2 de agosto. Não foram divulgados os dias exatos em que a festa deve acontecer. A escritora Elizabeth Bishop será a homenageada do evento de 2020. A americana será a primeira estrangeira homenageada desde a criação do evento, em 2003. Flip 2019: Conheça as cinco principais atrações da Festa Literária Internacional de Paraty
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Azymuth dá contorno jazzístico às ‘Curvas da estrada de Santos’ em single com demos inéditas do grupo
Registro da canção de Roberto Carlos e Erasmo Carlos foi feito entre 1973 e 1975 na casa do tecladista José Roberto Bertrami. ♪ Apresentada por Roberto Carlos há 51 anos em gravação turbinada com arranjo que evocava a pulsação da soul music, gênero então influente na discografia do cantor, a canção As curvas da estrada de Santos se tornou clássico instantâneo da parceria de Roberto com Erasmo assim que foi lançada no álbum Roberto Carlos (1969). Tanto que, no ano seguinte, até Elis Regina (1945 – 1982) – cantora inicialmente refratária àquelas canções do Roberto e à explosão pop da Jovem Guarda – gravou no álbum …Em pleno verão (1970) essa balada que trouxe embutido na letra um desespero pelo amor perdido, um sentimento típico do blues. Consta que a música e letra de As curvas da estrada de Santos vieram à mente de Roberto em alta velocidade enquanto o artista voltava de passeio no Guarujá (SP) pela estrada que liga o litoral de Santos (SP) à capital São Paulo (SP). Tão forte quanto a música, a letra de As curvas da estrada de Santos é abolida no inédito registro instrumental do trio Azymuth que será lançado oficialmente em disco em 18 de setembro, data da edição – pelo selo inglês Far Out Recordings – do single de vinil de sete polegadas Azymuth Demos (1973-75) As curvas da estrada de Santos / Zé e Paraná, direcionado a colecionadores de discos. Nessa gravação de seis minutos, já disponível no YouTube desde 31 de julho, o Azymuth dá contorno jazzy à canção As curvas da estrada de Santos com Alex Malheiros no contrabaixo acústico (em vez do mais frequente baixo elétrico), com Ivan Conti (o Mamão) na bateria e com José Roberto Bertrami (1946 – 2012) no órgão Hammond, no Fender Rhodes e no piano. As gravações de As curvas da estrada de Santos e de Zé e Paraná – tema que ocupa o lado B do single com take que juntou Bertrami (o Zé) com o guitarrista João Américo (o Paraná) – foram feitas na casa de Bertrami na cidade do Rio de Janeiro (RJ), no bairro de Laranjeiras, entre 1973 e 1975, sem intenções de gerar registros profissionais. O single inédito do trio é desdobramento do álbum Azymuth – Demos (1973-75) Volumes 1 & 2, lançado em 2019 pelo mesmo selo inglês Far Out Recordings.
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Câmara aprova urgência de projeto que isenta órgãos públicos do pagamento de direitos autorais
Decisão acelera tramitação do projeto; não há data definida para votação. Artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento e Djavan encabeçam campanha contra proposta. A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (13), por 350 votos a 19, o requerimento de urgência do projeto que isenta órgãos públicos e entidades filantrópicas do pagamento de direitos autorais pelo uso de obras musicais em eventos.
Na prática, a aprovação acelera a tramitação do projeto. Ainda não há, contudo, uma data definida para a votação do texto.
Diversos músicos, entre os quais Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Djavan e Paula Fernandes, encabeçam uma campanha contrária à votação da proposta.
Em um vídeo divulgado, os artistas argumentam que os direitos autorais são direito intelectual privado do compositor e questionam a pressa do Poder Legislativo em debater o assunto em meio à pandemia do novo coronavírus.
Os direitos autorais são pagos ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), que faz o repasse aos autores e compositores.
A proposta chegou a ser incluída no relatório de duas medidas provisórias (MPs), votadas recentemente pela Câmara. No entanto, diante da polêmica sobre o tema, acabou retirada das MPs mediante um acordo para que um projeto de lei fosse votado.
O projeto
O projeto é de 1997, mas, desde então, 58 propostas semelhantes passaram a tramitar em conjunto e ampliam a isenção do pagamento para outros setores, como hotéis.
Caberá ao relator, ainda não designado formalmente, elaborar um texto final para ser votado no plenário da Câmara.
Autor do requerimento de urgência, o deputado Newton Cardoso Junior (MDB-MG) argumentou que o setor hoteleiro está “quebrado” em razão da pandemia e que “será o último a retomar patamares no mínimo aceitáveis”.
O deputado Giovani Cherini (PL-RS) foi na mesma linha e defendeu que igrejas também sejam isentas de pagamento. "Realmente, a pandemia pegou os artistas, mas pegou os hotéis também. (…) Sinceramente, é um absurdo uma igreja fazer uma reunião e ter que pagar o Ecad. Qualquer reunião com 10 pessoas tem que pagar Ecad”, criticou.
Partidos de oposição como PT, PSOL, PSB, PCdoB, Rede e PV, se posicionaram contrariamente à votação do projeto neste momento. Líder da minoria na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) disse que a isenção do pagamento iria atingir o setor cultural, bastante impactado pela crise.
A deputada e líder da Rede na Câmara, Joenia Wapichana (Rede-RR), disse não ver urgência na votação do projeto. Segundo ela, a proposta pode prejudicar o setor cultural.
“Esses profissionais que vivem desse sistema de direitos autorais merecem ser ouvidos e ter os direitos garantidos. Não vejo urgência neste período de pandemia para discutir uma matéria tão complexa e importante também para o setor de cultura”, afirmou.
Reação de artistas
A articulação para colocar o projeto em pauta gerou repercussão negativa entre a classe artística. O vídeo com a participação de vários artistas criticando a votação começou a ser compartilhado nos últimos dias nas redes sociais.
"O projeto de lei 3.968 é de 1997. Por que ele seria urgente? Isso não faz o menor sentido", questionou o cantor Lenine no vídeo.
"O direito autoral não se paga com dinheiro público, não se trata de dinheiro público. É um direito privado, um direito do compositor", disse Caetano Veloso, que também participou da campanha.
Também houve reação dos artistas quando, na quarta-feira da semana passada (5), o deputado Ismael Bulhões Junior (MDB-AL), que presidia a sessão, anunciou que o requerimento de urgência seria o primeiro item a ser analisado na sessão seguinte.
O trecho do vídeo em que Bulhões prometia a votação começou a circular nas redes sociais, sendo compartilhado por diversos artistas, entre eles, a cantora Anitta.
"Conseguimos com nossa força tirar o assunto de pauta no início da pandemia. Pensaram que tivéssemos dormido e começaram novamente. Estamos atentos e vamos cobrar”, escreveu a artista no último dia 6. “Não é só sobre mim, dezenas de famílias vivem dessa forma de sustento. Nossos políticos não podem continuar fazendo manobras de próprio interesse que desvalorizam os artistas (famosos ou não) do nosso país", completou.
A manifestação da cantora fez com que o deputado se justificasse, também por meio das redes sociais, e negasse ser a favor do projeto.
“Não votarei favorável em nenhum momento do trâmite dessa matéria, nem no regime de urgência, nem muito menos na apreciação do mérito”, disse Bulhões em vídeo. “A classe artística tem sido uma das mais prejudicadas durante a pandemia”, afirmou.
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Naomie Harris e Brian Eno lançam curta sobre mudança climática
Atriz de 'Moonlight' e '007' se une a músico e produtor em filme que pede ações urgente contra as mudanças climáticas e apoio à desobediência civil do movimento Extintion Rebellion. Naomie Harris, atriz de 'Moonlight – Sob a Luz do Luar'. Divulgação A atriz britânica Naomie Harris e o músico Brian Eno se uniram para produzir um curta-metragem que faz um apelo a ações urgentes para desacelerar as mudanças climáticas, em apoio à campanha de desobediência civil do movimento Extinction Rebellion. Naomi Harris, indicada ao Oscar por "Moonlight", e que interpreta Eve Moneypenny nos filmes recentes de James Bond, dá voz à animação. O curta também explora a ameaça representada pela perda acelerada de espécies. "Estou orgulhosa de poder dar minha voz a este projeto, que espero que inspire os espectadores a apoiar as ambições do Extinction Rebellion com grande urgência", disse a atriz em um comunicado antes do lançamento do filme nesta quinta-feira. Chamado "Extinction Emergency, Why We Must Act Now", o filme é a primeira de duas animações apoiadas por estrelas de Hollywood para ajudar na causa do Extinction Rebellion, que se originou no Reino Unido e mobilizou milhares de voluntários. A diretora é a animadora israelense Miritte Ben Yitzchak. O segundo filme, chamado "Climate Crisis, and Why We Should Panic", é dublado pela atriz Keira Knightley e defende uma ação emergencial contra o aquecimento global. Centenas de cientistas e acadêmicos apoiam o Extinction Rebellion, dizendo que a desobediência civil é a única opção que resta para forçar os governos a adotar a escala de ação necessária para evitar milhões de mortes devido à mudança climática.
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Disney+ chega ao Brasil em novembro
Plataforma de vídeos e conteúdo da Disney vai reunir filmes e séries da Disney, da Pixar, da Marvel, de Star Wars e da National Geographic. Preço não foi divulgado. Disney+ chega ao Brasil em novembro com conteúdo de Disney, Pixar, Marvel, Star Wars, National Geographic Divulgação/Disney A Disney anunciou nesta quinta-feira (13) que sua plataforma de vídeos, Disney+, vai ser lançada em novembro no Brasil e na América Latina. O preço da assinatura ainda não foi divulgado. O serviço vai reunir filmes e séries da Disney, da Pixar, da Marvel, de Star Wars e da National Geographic, além de conteúdos originais. Lançado em 12 de novembro de 2019 nos Estados Unidos e outros países, o DIsney+ já conta com 60,5 milhões de assinantes.
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‘Fortnite’ é excluído da loja da Apple e Epic Games vai à Justiça em briga por pagamento
Apple diz que a Epic Games burlou as regras do iOS ao criar um sistema de pagamento próprio dentro do jogo. Jogo também foi excluído da Play Store, do Google. 'Fortnite' é sucesso do gênero 'battle royale' Divulgação A versão para dispositivos móveis do game "Fortnite" foi excluída das lojas de aplicativos da Apple e da Google nesta quinta-feira (13). As empresas dizem que o jogo violou suas regras. Em resposta, a desenvolvedora Epic Games entrou com uma ação contra a fabricante do iPhone. As medidas foram tomadas após a Epic criar um sistema interno de pagamento no jogo, um dos mais populares do mundo. Os sistemas das lojas direcionam 30% das transações para as empresas, e a medida foi vista como uma tentativa de driblar essa divisão. O documento da ação movida pela Epic foi divulgado publicamente, e cita práticas "anti-competitivas" e "monopolistas" da Apple. A desenvolvedora ainda não se pronunciou sobre a Play Store. Mesmo fora da loja do Google, o jogo ainda pode ser baixado para aparelhos Android através do aplicativo da Epic. Initial plugin text A empresa de games também divulgou uma paródia de um clássico anúncio da Apple, ironizando a exclusão de "Fortnite". Semana Pop: Com games online, artistas fazem apresentações para driblar o isolamento
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Discos para descobrir em casa – ‘Prato e faca’, Cristina Buarque, 1976
Capa do álbum 'Prato e faca', de Cristina Buarque Reprodução ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Prato e faca, Cristina Buarque, 1976 ♪ Ao explicar o título do segundo álbum de Cristina Buarque, Prato e faca, Fernando Faro (1927 – 2016) discorreu poeticamente sobre esses dois instrumentos recorrentes desde o século XIX no universo do samba – em especial nas rodas armadas no Recôncavo Baiano – em texto publicado na contracapa do LP lançado em 1976 pela gravadora RCA-Victor. “Nenhum outro dos nossos instrumentos, ao que sabemos, tem nome tão significativo. Ele vincula a cozinha, a fome, o comer ao cantar, ao dançar e tocar. Ele arredonda o mundo. Ele aproxima as coisas da sua realidade. Assim, não pode ter mesmo outro nome este LP que não Prato e faca. Era essa a ideia”, resumiu Faro, produtor deste grande disco de Cristina. Sim, antes de incorporar o sobrenome famoso à identidade artística a partir do álbum gravado com Henrique Cazes e lançado em 1995 com músicas do compositor Noel Rosa (1910 – 1937), Maria Christina Buarque de Hollanda se apresentava somente como Cristina. Foi assim que essa cantora carioca – nascida em 23 de dezembro de 1950 – lançara em 1974 o primeiro álbum, intitulado justamente Cristina e apresentado sete anos após a artista ter debutado no mercado fonográfico como convidada do compositor paulista Paulo Vanzolini (1924 – 2013) no álbum Onze sambas e uma capoeira (1967), do qual participou como intérprete do samba Chorava no meio da rua, de Vanzolini. No rastro dessa estreia, Cristina dividiu com Chico Buarque a interpretação do samba-canção Sem fantasia (1968), apresentado pelo cantor e compositor no terceiro álbum. Irmã mais nova de Chico, Cristina Buarque jamais se escorou no prestígio do mano famoso. Até porque, logo na década de 1970, Cristina cavou o próprio prestígio nas raízes do samba por ser, além de cantora, dedicada pesquisadora que se fez respeitar por ter sido fundamental para a difusão de obras então obscuras de compositores egressos dos quintais e terreiros mais nobres do samba carioca. Foi na voz – tão pequena quanto devotada e inteligente – de Cristina que, em 1974, o público realmente conheceu o samba Quantas lágrimas (1970), obra-prima do cancioneiro do compositor Manacéa (1921 – 1995). Talvez por conectar o álbum Prato e faca ao maior sucesso do disco de estreia, Cristina abriu o LP de 1976 com outro samba de Manacéa, Sempre teu amor (1963), composição com o DNA aristocrático do bamba da Portela. No registro de Sempre teu amor feito por Cristina com as participações de Manacéa e Monarco (nos breques), o prato e a faca percutidos pelo ritmista Luna se fizeram ouvir com clareza no arranjo, justificando de cara o título do álbum gravado no estúdio A da gravadora RCA, na cidade de São Paulo (SP), com arranjos do pianista José Briamonte. A propósito, o piano de Briamonte sobressaiu na gravação de Resignação (Geraldo Pereira e Arnô Provenzano, 1943), samba então já obscuro, lançado há 33 pela cantora fluminense Odete Amaral (1917 – 1984) e revivido por Cristina com dose exata de melancolia. A mesma melancolia foi entranhada com igual precisão no canto de Dei-te liberdade (1976), samba dolente e então inédito de autoria de Dona Ivone Lara (1922 – 2016) que permaneceu esquecido no álbum Prato e faca sem nunca ter merecido outro registro fonográfico, nem mesmo da compositora. A rigor, o prato e a faca realçados no título do disco apareceram somente em duas das 12 faixas do álbum, marcando o ritmo no já mencionado samba Sempre teu amor que abriu o LP e no samba que fechou o disco, Esta melodia (Bubu da Portela e Jamelão, 1959) – e aqui cabe lembrar que foi deste álbum de Cristina Buarque que Marisa Monte pescou a pérola lançada em disco pelo cantor Jamelão (1913 – 2008) para o Verde, anil, amarelo e cor-de-rosa e carvão (1994). Na maior parte das faixas do disco, o ritmo foi ditado pelos percussionistas Elizeu Félix, Jorginho do Pandeiro (1930 – 2017), Mestre Marçal 1930 – 1994) e pelo baterista Milton Banana (1935 – 1999). Ainda assim, o título Prato e faca fez todo sentido porque estes instrumentos também estão enraizados no samba carioca, cultuado nos terreiros do centro do Rio de Janeiro (RJ) no início do século XX por bambas pioneiros como João Machado Guedes (1887 – 1974), o João da Baiana, a quem Cristina dedicou a gravação de Esta melodia. Com músicos do naipe do cavaquinista Bernardo Cascarelli Jr. (o Xixa), do violonista Horondino José da Silva (1918 – 2006) – o Dino Sete Cordas – e de Abel Ferreira (1915 – 1980), cujo clarinete realçou o tom buliçoso de Amar é um prazer (Zé da Zilda e Antônio Almeida, 1938), samba dos tempos do cantor e compositor Almirante (1908 –1980), o álbum Prato e faca se assentou no terreiro do samba carioca. Foi nesse terreiro que passou Carro de boi (1976) – samba do recorrente Manacéa, regravado no ano seguinte por Beth Carvalho (1946 – 2019) para o álbum Nos botequins da vida (1977) – e que ecoou a decisão de Chega de padecer (1970), samba de outro glorioso bamba portelense, Bonifácio José de Andrade (1918 – 1980), o Mijinha. Reforçando o elo com os compositores da Portela neste disco de 1976, Cristina também deu voz melancólica ao samba Não pode ser verdade (1972) – de autoria de Alberto Lonato (1909 – 1998) – com o mesmo tom dolente imprimido à interpretação de Tua beleza (Raul Marques e Waldemar Silva, 1976). Na abertura do lado B do LP Prato e faca, Cristina Buarque apresentou Abra seus olhos, samba de Paulinho da Viola, gravado pelo autor no mesmo ano no álbum Memórias cantando (1976). Reiterando o dom de pesquisadora, a cantora recuperou Sorrir, samba de 1937, da lavra dos pioneiros Alcebíades Barcelos (1902 – 1975) – o Bide – e Armando Vieira Marçal (1902 – 1947), o Marçal da dupla com Bide. Outra pérola do baú, Sou eu que dou as ordens (1946), samba de Heitor dos Prazeres (1898 – 1966), vinha do repertório de Aracy de Almeida (1914 – 1988). Dona de discografia referencial, pautada pela coerência evidenciada em álbuns posteriores como Arrebém (1978), Vejo amanhecer (1980), Cristina (1981) e Resgate (1994), Maria Christina Buarque de Hollanda completa 70 anos em 2020 com a devida reverência, merecida porque a artista soube se fazer respeitar como grande nome do samba. Os verdadeiros bambas sabem que a voz da cantora irradia ricas tradições que englobam o prato e a faca.
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Lives de hoje: Di Ferrero, Jads & Jadson, Teresa Cristina e mais shows para ver em casa
Veja as lives programadas para esta sexta-feira (14). Di Ferrero Bruno Trindade Ruiz/Divulgação Di Ferrero, Jads & Jadson e Teresa Cristina estão entre os artistas que fazem lives nesta sexta-feira (14). Veja a lista completa com horários das lives abaixo. O G1 já fez um intensivão no começo da onda de lives, constatou o renascimento do pagode nas transmissões on-line, mostrou também a queda de audiência do fenômeno e a polêmica na cobrança de direito autoral nas lives. Sexta (14) Péricles Cavalcanti (Em Casa com Sesc) – 19h – Link Júnior e Cézar – 20h – Link Gustavito e Laura Catarina – 20h20 – Link Jads e Jadson – 21h – Link Teresa Cristina – 22h – Link Di Ferrero – 22h – Link Best Coast com participações de Hayley Williams (Paramore), Mark Hoppus (blink-182) e Lauren Mayberry (CHVRCHES) – Live paga – Link – 22h Sarah Stenzel – 23h59 – Link Semana Pop mostra os momentos em lives que saíram do controle
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‘Feelings’, maior sucesso brasileiro dos anos 70, tem história de plágio e autor recluso na Itália
Cantor paulista foi condenado por plágio em um tribunal em Nova York. Ele nega que tenha copiado música francesa. G1 conta as histórias dos maiores hits do Brasil no exterior. Capas de álbuns de 'Feeling', de Morris Albert Divulgação Maurício Alberto Kaisermann é o brasileiro que ficou mais tempo nas paradas internacionais. Morris Albert, nome artístico do cantor paulista, fincou a balada romântica “Feelings” no hot 100 da revista americana “Billboard”, há 45 anos. Foram 32 semanas nesse ranking, o principal do mundo. Ela chegou ao sexto lugar nos Estados Unidos e ao quarto no Reino Unido. “Feelings” fez com que Morris Albert vendesse mais de 160 milhões de discos (entre singles, álbuns e coletâneas) em todo mundo. Com tanta exposição, o arranjo bem easy listening, de som facinho e meio rádio Antena 1, caiu no ouvido de um cantor francês chamado Loulou Gasté. Nesta semana, o G1 conta as histórias dos maiores hits do Brasil no exterior. E de seus compositores. Quais as músicas brasileiras que bombaram nas paradas da Europa e dos EUA? Em 1987, Albert foi condenado por plágio em um tribunal em Nova York, nos Estados Unidos. Ele havia sido processado por Gasté, autor de “Pour Toi”, cantada por Line Renaud, a então esposa dele. Loulou Gasté se tornou oficialmente coautor de “Feelings”, depois que o tribunal americano definiu que mais de 80% da música foi escrito por ele e não por Morris Albert. Loulou também ganhou US$ 500 mil em um acordo judicial. Como 'Chora me liga' foi parar em estádios argentinos 'Tchetchê rere' rendeu R$ 5 milhões e versão do Bob Esponja O francês disse que ouviu “Feelings” em um café em Paris. Segundo ele, uma editora brasileira tinha os direitos dessa música e Morris Albert teria ouvido “Pour Toi” e escrito “Feelings” depois disso. Morris nega que tenha copiado a música e diz que a semelhança é coincidência. Ele não gosta do assunto e divide os direitos autorais de “Feelings” com os herdeiros do Loulou, que morreu em 1995. Morris Albert nos anos 70 e em foto recente Divulgação O G1 entrou em contato com a produtora do cantor e ele havia topado responder perguntas. Seria uma entrevista por meio de áudios de WhatsApp. Aos 68 anos e morando na Itália, disse estar ocupado, cuidando da mãe doente. Após receber as perguntas, ele mudou de ideia. Albert disse que a entrevista tinha muitos assuntos que ele não queria mais falar. Um deles era o processo por plágio. Mais de 300 sentimentos Desde o lançamento da original, em 1975, já foram registradas mais de 300 versões, incluindo uma de Elvis Presley. A gravação do Rei do Rock não faz parte da discografia oficial do cantor. Quem também cantou “Feelings” foram as damas do jazz Ella Fitzgerald e Nina Simone. No fim dos anos 90, foi gravada uma cover punk rock do Offspring. Julio Iglesias, Caetano Veloso, Dionne Warwick e Gretchen também regravaram “Feelings”. Depois do hit, Morris Albert conseguiu mais um sucesso internacional, bem menor. "Sweet Loving Man" chegou na posição 93 da parada americana, em 1976. Em 2004, ele lançou o disco “Moods”, fez uma turnê pelo Brasil e deu várias entrevistas por aqui, incluindo no programa “Altas Horas”. Foi a última vez que ele falou com a imprensa local.
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O abdômen ‘tanquinho’ de Ludmilla e Brunna Gonçalves: saiba tudo sobre a lipo LAD
Procedimento dura o dobro do tempo de uma lipoaspiração comum e também custa muito mais caro devido ao uso de vários equipamentos. Ludmilla e Brunna Gonçalves mostram abdômen definido após lipo LAD Reprodução/Instagram Em julho, Ludmilla foi submetida a uma cirurgia para correção de sua prótese de silicone nos seios. Semanas depois, posou mostrando o resultado, não só desse procedimento, mas do abdômen esculpido pela lipoaspiração de alta definição, conhecida como LAD ou Lipo HD. Brunna Gonçalves, esposa da cantora, também passou pelo procedimento e ganhou o elogio de Ludmilla sobre o novo "tanquinho": "Já tenho onde lavar as calcinhas". O resultado nas duas fez muitas pessoas ficarem curiosas com o procedimento para a definição abdominal aparentemente sem esforços. LAD X lipoaspiração comum Brunna Gonçalves mostra antes e depois de lipospiração LAD Segundo a última pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, lipoaspiração é segunda cirurgia estética com maior número de procedimentos realizados no país, perdendo apenas para aumento de seios. O dado não separa os números de lipoaspiração por tipo de técnica. "Na lipoaspiração comum, você tira simplesmente a gordura profunda do corpo da pessoa. A gente tem duas camadas de gordura debaixo da pele, e a gente tira preferencialmente a camada profunda", explica o cirurgião plástico Adriano Medeiros. "Já na lipo de alta definição, você aspira gordura em três níveis. Isso buscando evidenciar o contorno dos músculos em várias regiões do corpo." Segundo o cirurgião, a técnica "não inventa nenhum músculo na gordura. Só evidencia, entende o movimento muscular, as inserções musculares. E vai mostrar através de sombras e luzes um abdômen de aspecto mais atlético, como se tivesse malhado". Ludmilla e Brunna escolheram a região abdominal, mas o procedimento pode ser feito para evidenciar as bordas dos músculos em outras regiões do corpo, como braço, peitoral, costas e coxa. De acordo com Isabela Savoretti Viegas, da JK Estética Avançada, clínica onde o casal se submeteu ao procedimento, a LAD é indicada "para homens e mulheres que desejam um corpo com mais definição, que tenham o IMC [índice de massa corpórea] próximo ao ideal, sem grau avançado de flacidez, tanto tissular [pele] quanto muscular". Quanto vale um gominho? A cirurgia dura cerca de cinco ou seis horas e a lipoaspiração normal leva metade desse tempo. O valor de uma lipoaspiração comum em relação a LAD também chega a ser metade. Para ambas, os valores variam, a depender do profissional, da equipe, do hospital, entre outras variáveis. Segundo os profissionais ouvidos pelo G1, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica proíbe a divulgação de valores de cirurgias plásticas e outros procedimentos estéticos. A LAD tem o valor mais elevado por causa dos equipamentos usados. "Ultrassom pra derreter a gordura, para o cirurgião conseguir esculpir, abaixar o retalho; aparelho de sucção e um outro pra trabalhar a gordura. É uma coisa um pouco mais complexa e com um tempo cirúrgico bem maior. Então, é mais caro", explica Adriano. Ganho de peso O cirurgião também explica que não há risco de deformidade nos "gominhos" em caso de ganho de peso. Mas esse problema já ocorreu quando a técnica começou a ser aplicada. "Isso era uma coisa que acontecia no início, porque eles desenhavam, esculpiam a forma muscular na gordura. Ficava muito bonito, mas tinha esse revés, que se a pessoa engordasse, ia engordar também aquela escultura que era feita na realidade na gordura e não no músculo." Segundo Adriano, a nova técnica para o procedimento, desenvolvida pelo cirurgião colombiano Alfredo Hoyos, trouxe melhoras para o resultado. O G1 tentou contato com Alfredo para falar sobre o procedimento, mas não teve resposta. O que pode acontecer é a perda do resultado da cirurgia. "Em nosso consultório, já tivemos casos em que pacientes engordaram e não ficaram com nenhum tipo de deformidade, apenas perderam as definições", explica Isabela. Quais os cuidados? Embora não haja o risco da deformação, é importante tomar alguns cuidados tanto no pós-cirúrgico quanto para a manutenção do "tanquinho". "É recomendado o uso de cinta cirúrgica por 60 dias e meias de compressão por 15 dias após a cirurgia, bem como a realização de sessões de drenagem linfática manual, conforme indicação médica", diz Isabela. Ela também pede para que o paciente evite sol durante dois meses. "Levando uma vida saudável, praticando atividade física, evitando álcool, evitando açúcar, fazendo uma alimentação balanceada… tudo o que a gente tem que fazer na vida", aconselha Adriano, falando sobre a manutenção. "A cirurgia não é um milagre. Ela te leva de um ponto 'a' para o 'b', mas se você não se cuidar, não vai conseguir fazer a manutenção daquele resultado. Tudo o que a gente já sabe, mas não faz." Tanquinho famoso Isabela afirma que a busca pelo procedimento aumentou depois da divulgação de Ludmilla e Brunna. Ela explicou que, no geral, o relato de famosos influencia bastante na procura. Adriano concorda que há influencia dos famosos na busca por procedimentos estéticos. Mas também considera que existe o movimento inverso. "Se uma famosa aparece bonita e diz que foi aquilo, naturalmente vai fazer um efeito de aumento nessa cirurgia, sim." "Mas [a LAD] é uma coisa que está aí muito em voga, aumentado cada vez mais, não só por conta dessa ou aquela atriz, que divulgou seu resultado. Mas é uma coisa que é uma tendência internacional. As pessoas estão vendo resultado, gostando cada vez mais e naturalmente, os próprios artistas chamam atenção pra isso e também querem fazer." Ludmilla: antes e depois de lipospiração de alta definição Reprodução/Instagram Brunna Gonçalves: antes e depois de lipospiração de alta definição Reprodução/Instagram
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