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Alice Passos honra Ary Barroso em álbum derivado de show

quarta-feira, 12 agosto 2020 por Administrador

A abordagem do samba 'Na Baixa do Sapateiro' é o ponto mais alto do disco lançado pela cantora com os violonistas André Pinto Siqueira e Maurício Massunaga. Capa do álbum 'Ary', de Alice Passos com André Pinto Siqueira e Maurício Massunaga Helena Cooper Resenha de álbum Título: Ary Artistas: Alice Passos, André Pinto Siqueira e Maurício Massunaga Gravadora: Fina Flor Cotação: * * * * ♪ Para qualquer cantora do Brasil, pode ser arriscado abrir álbum dedicado à obra do compositor mineiro Ary Barroso (7 de novembro de 1903 – 9 de fevereiro de 1964) com o samba-canção Na batucada da vida (1945). O risco se deve ao fato de essa parceria de Ary com o letrista fluminense Luiz Peixoto (1889 – 1973) ter atingido tamanho grau de interiorização e grandeza na voz de Elis Regina (1945 – 1982) que essa referência máxima – para quem a tem, evidentemente – torna injusta e cruel qualquer inevitável comparação da gravação de Elis com o registro de outra cantora. Pois a carioca Alice Passos corre esse risco com o álbum Ary, lançado neste mês de agosto de 2020 pela gravadora Fina Flor. O samba-canção Na batucada da vida está lá, sem arranhões, em abordagem que já sinaliza o acerto do disco gravado e assinado pela cantora com os violonistas André Pinto Siqueira e Maurício Massunaga. Pelo formato, o disco Ary dialoga diretamente com o primeiro álbum de Alice Passos, Voz e violões (2017). Neste disco de estreia, lançado há três anos, a cantora deu voz a músicas de 13 violonistas compositores, acompanhada pelos respectivos autores em cada uma das 13 faixas. Em Ary, os violonistas são “somente” dois e o compositor é “apenas” um, o multimídia Ary Barroso, dono de obra de dimensão superlativa na história da música do Brasil. E o fato é que o trio virtuoso faz jus ao compositor em Ary, disco que apresenta o registro, feito no estúdio carioca Boca do Mato, de dez músicas do roteiro do show também intitulado Ary e idealizado em 2017 a partir de papo da cantora com os violonistas no bar carioca Bip-Bip. Apresentado pelo circuito do Rio de Janeiro desde 2018, o show Ary chega ao disco sem aparentes pretensões de “reler” ou “atualizar” o cancioneiro do compositor. Ary é o álbum de uma cantora que canta bem com dois violonistas que tocam bem. Quem ouvir Ary com atenção, contudo, talvez perceba no toque dos violões em Faixa de cetim (1942), por exemplo, o dengo que abrilhanta esse samba que exalta a Bahia com as cores vivas da aquarela do compositor. E por falar em cor, o samba Camisa amarela (1939) cai bem no tom buliçoso do canto de Alice em arranjo que evidencia os sons percussivos inseridos em algumas faixas, diluindo a linearidade recorrente em (alguns) álbuns de formato voz & violão. O samba Morena boca de ouro (1941) também cai nesse terreno sestroso. Já o registro do samba-canção Inquietação (1935) indica que, à técnica apurada do canto, Alice Passos precisa por vezes atentar mais para o sentido dos versos a que dá voz – como faz, por exemplo, ao interpretar Por causa desta cabocla (Ary Barroso e Luiz Peixoto, 1935) no tom lírico-seresteiro do arranjo. Choro-canção lançado em disco em 1951, em gravação do próprio Ary Barroso, Chorando é tema instrumental que dá o devido protagonismo a André Pinto Siqueira e Maurício Massunaga no roteiro do disco originado do show, confirmando a excelência dos toques do violonistas. Com arranjo de Siqueira, Chorando é a boa surpresa do repertório de Ary ao lado da Canção em tom maior (1960), revivida pelo trio em clima de seresta de câmara. É nesse clima que também foi ambientado o samba-canção Pra machucar meu coração (Ary Barroso, 1943), instante de beleza, resultante tanto do canto virtuoso (mas sem timbre diferenciado) de Alice Passos quanto dos bordados dos violonistas. No arremate do disco, os músicos se elevam (ainda mais) na trama de violões que sustenta nas alturas, durante seis minutos e meio, o samba Na Baixa do Sapateiro (1938), pico de sedução deste virtuoso e honroso Ary.

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Trini Lopez, cantor e ator de ‘Os doze condenados’, morre de coronavírus aos 83 anos

quarta-feira, 12 agosto 2020 por Administrador

Conhecido pela canção 'If I Had a Hammer' e pelo filme de guerra, americano estava na Califórnia. Trini Lopez em cena de 'Os doze condenados' Divulgação O cantor e ator Trini Lopez morreu nesta terça-feira (11) aos 83 anos. De acordo com o diretor P. David Ebersole, que acabou de gravar um documentário sobre o americano, ele morreu por complicações causadas pelo novo coronavírus em um hospital na Califórnia, Estados Unidos. Conhecido pelas canções "If I had a hammer" e "Lemmon tree", ele já tinha carreira bem-sucedida na música quando foi escalado para o filme "Os doze condenados" (1967). Na história sobre um grupo de soldados na Segunda Guerra Mundial, Lopez contracenou com Lee Marvin, Charles Bronson e Donald Sutherland. Lopez também esteve em "Vamos casar outra vez" (1965), com Frank Sinatra e Dean Martin, além de outras produções de Hollywood. Filho de pais mexicanos, ele nasceu em Dallas, e começou a carreira como cantor graças a Sinatra, que o contratou através de sua gravadora, a Reprise Records. O grande sucesso veio com a música "If I had a hammer", de Pete Seeger e Lee Hays, que passou três semanas na terceira colocação da lista da "Billboard" em 1963. A fama gerou até uma imitação brasileira. Em 1964, o cantor José Gagliari Jr., até então conhecido como Galli Jr, adotou o nome artístico de Prini Lorez, passando a imitar o americano.

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Martin Scorsese entra para a lista de astros de Hollywood que farão projetos para Apple

quarta-feira, 12 agosto 2020 por Administrador

Cineasta produzirá conteúdo para plataforma de vídeos da fabricante. Diretor Martin Scorsese chega ao Festival de Cannes em 2018 Jean-Paul Pelissier/Reuters O cineasta vencedor do Oscar Martin Scorsese produzirá projetos de cinema e de TV para a plataforma de vídeos da Apple sob um acordo de vários anos. O anúncio foi feito nesta terça-feira (11), no momento em que plataformas digitais disputam talentos de Hollywood. Scorsese, diretor de "Os Bons Companheiros" (1990), "Taxi Driver" (1976) e outros clássicos do cinema, fará os projetos por meio de sua empresa, a Sikelia Productions. Ele se junta a Oprah Winfrey, Ridley Scott ("Gladiador"), Alfonso Cuarón ("Roma"), Julia Louis-Dreyfus ("Veep") e outros que chegaram a acordos para fazer programação para a Apple TV+, o serviço de streaming por assinatura de 5 dólares por mês da fabricante do iPhone. A Apple havia anunciado anteriormente que produziria o próximo drama de Scorsese, "Killers of the Flower Moon", estrelado por Leonardo DiCaprio e Robert De Niro. O filme aparecerá na Apple TV+ depois de ser distribuído nos cinemas pela Paramount Pictures, uma unidade da ViacomCBS. O filme mais recente de Scorsese, "O Irlandês" (2019), foi lançado pela Netflix.

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‘Um Maluco no Pedaço’ vai ganhar versão dramática produzida por Will Smith

quarta-feira, 12 agosto 2020 por Administrador

Ator está vendendo projeto, criado a partir de um trailer falso produzido por cineasta em 2019. Will Smith em 'Um Maluco no Pedaço' Divulgação A série "Um Maluco no Pedaço" vai voltar, porém, agora reimaginada como um drama. De acordo com a mídia americana especializada, Will Smith será produtor executivo do nova versão. A ideia de fazer uma modernização sombria da comédia de sucesso dos anos 1990, que lançou a carreira de Smith, veio do superfã Morgan Cooper, que produziu e postou seu próprio trailer de quatro minutos, que viralizou na internet em 2019. Duas versões do vídeo receberam mais de sete milhões de visualizações e conquistaram o próprio Will Smith, que encontrou Cooper em 2019 e elogiou sua "brilhante" ideia. "Morgan fez um trailer absurdo de 'Bel-Air' – uma ideia brilhante, a versão dramática de 'The Fresh Prince' para a próxima geração", disse Smith em seu canal do YouTube na época, se referindo ao título original, "The Fresh Prince of Bel-Air". Segundo a revista "Hollywood Reporter" e o site Deadline, o projeto está agora em desenvolvimento pela Westbrook Studios, de Smith, e a Universal TV, e vem sendo oferecida para várias plataformas de vídeos. A série será um drama com episódios de uma hora e incluirá a história de como o personagem de Smith se envolveu em uma briga com membros de uma gangue da Filadélfia antes de ser enviado para morar com seus parentes ricos no afluente subúrbio de Bel-Air, em Los Angeles. O trailer de Cooper mostra o primeiro encontro de um jovem Will com personagens populares da série original, como Jazz, em uma loja de discos de Los Angeles. Cooper será roteirista, diretor e co-produtor executivo, trabalhando ao lado de vários integrantes da equipe criativa do programa original e do showrunner Chris Collins ("The Wire"), segundo relatos. Os representantes de Smith e Cooper não responderam ainda ao pedido de comentários da agência de notícias France Presse. "Um Maluco no Pedaço" foi exibido nos EUA por seis temporadas, entre 1990 e 1996, tornando-se um sucesso global. No Brasil, foi exibido pelo SBT a partir do ano 2000. O clássico revelou os talentos cômicos e de atuação de Smith, um jovem rapper que viria a se tornar um dos maiores astros do cinema de Hollywood.

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Mumuzinho canta sucesso de Simone nos anos 1980 em EP gravado em live

quarta-feira, 12 agosto 2020 por Administrador

Mumuzinho na capa do EP 'Live vol. 01', disco em que revive a balada 'Separação' Reprodução ♪ Balada de autoria dos compositores José Augusto e Paulo Sérgio Valle, lançada em 1988 na voz de Simone, Separação se transformou em um dos maiores sucessos da fase mais popular da discografia da cantora assim que foi apresentada como primeiro single promocional do álbum Sedução (1988). Vinte anos depois, Separação ganhou o toque diluído do grupo de pagode Exaltasamba – com a voz de Péricles – em gravação feita em dezembro de 2008 para o CD e DVD Ao vivo na Ilha da Magia (2009). Agora é a vez de Separação reaparecer em registro fonográfico oficial de Mumuzinho no EP Live vol. 01, lançado na sexta-feira, 7 de agosto, com 15 músicas alocadas em nove faixas extraídas da gravação ao vivo de show feito pelo cantor de pagode para transmissão virtual. Mumuzinho – cabe lembrar – já tinha cantado Separação há dois anos como convidado de gravação do grupo de pagode Vou pro Sereno em medley incluído no DVD A força do nosso som (2018). A diferença é que, no registro do EP Live vol. 01, Mumuzinho canta Separação sem o grupo. Coincidentemente, o cantor Péricles também incluiu a canção de José Augusto e Paulo Sérgio Valle no recente EP Pericão retrô (2020), editado em junho. De toda forma, o single escolhido pela gravadora Universal Music para promover o EP Live vol. 01 de Mumuzinho é Guerra de almofada (Príncipe, Brunno Gabryel e Rodrigo Oliveira), uma das músicas inéditas apresentadas pelo cantor carioca no EP Mantra, lançado em fevereiro deste ano de 2020.

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Dwayne Johnson mantém topo de ranking da ‘Forbes’ de atores mais bem pagos do mundo

quarta-feira, 12 agosto 2020 por Administrador

'The Rock' ganhou US$ 87,5 milhões entre 1º de junho de 2019 e 1º de junho de 2020. Ryan Reynolds e Mark Wahlberg completam top 3. Dwayne Johnson em cena de 'Rampage: A fúria dos monstros' Divulgação O lutador que se tornou astro de Hollywood Dwayne Johnson manteve o topo da lista dos atores mais bem pagos do mundo pelo segundo ano consecutivo, de acordo com uma lista anual publicada pela revista "Forbes", nesta terça-feira (11). Johnson, também conhecido por seu nome nos ringues "The Rock", ganhou US$ 87,5 milhões entre 1º de junho de 2019 e 1º de junho de 2020, segundo a "Forbes", incluindo US$ 23,5 milhões para estrelar o thriller "Red Notice" (2020). Ele também lucrou com sua linha de vestuário fitness "Project Rock", para a empresa Under Armour. O ator Ryan Reynolds, que co-estrela "Red Notice" ao lado de Johnson, aparece em segundo no ranking de astros masculinos da revista. Ele ganhou US$ 20 milhões de dólares pelo filme, mais outros US$ 20 milhões da Netflix por "Esquadrão 6" (2019), afirmou a revista, dentro de um total de US$ 71,5 milhões pelo período de um ano. Ryan Reynolds quer trazer sequência de ‘Esquadrão 6’ para o Brasil O ator e produtor Mark Wahlberg, que estrela a comédia de ação "Troco em Dobro" (2020), terminou em terceiro com US$ 58 milhões. Os próximos da lista foram os atores Ben Affleck, com US$ 55 milhões, e Vin Diesel, com US$ 54 milhões. Akshay Kumar, o único astro de Bollywood entre os 10 primeiros da lista, ficou em sexto lugar, com US$ 48,5 milhões. A maior parte de sua renda veio de contratos de patrocínio, disse a "Forbes". Fechando a lista estão o criador do musical "Hamilton", Lin-Manuel Miranda, os atores Will Smith e Adam Sandler, e o astro das artes marciais Jackie Chan.

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Discos para descobrir em casa – ‘Sinceramente’, Sérgio Sampaio, 1982

quarta-feira, 12 agosto 2020 por Administrador

Capa do álbum “Sinceramente”, de Sérgio Sampaio Paulo Breitschat ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – “Sinceramente”, Sérgio Sampaio, 1982 ♪ É tristemente inacreditável que, em 1982, ano em que apresentou o LP “Sinceramente”, último dos três álbuns que lançou em vida, Sérgio Moraes Sampaio (13 de abril de 1947 – 15 de maio de 1994) já estivesse esquecido no universo pop nacional. Afinal, fazia então somente dez anos que Sampaio – cantor e compositor capixaba nascido na mesma cidade de Cachoeiro de Itapemirim (ES) que, seis anos antes, em 1941, tinha gerado Roberto Carlos – se tornara uma das sensações da música brasileira ao defender em escala nacional marcha de autoria própria, Eu quero é botar meu bloco na rua, na sétima e última edição do Festival Internacional da Canção, exibido em 1972 pela TV Globo. Mesmo sem vencer o derradeiro FIC, a marcha projetou Sampaio que, contratado pela gravadora Philips, editou single best-seller daquele ano com a composição do festival e, no embalo, lançou em 1973 o primeiro álbum, também intitulado Eu quero é botar meu bloco na rua. Tudo fazia supor que Sampaio – desde 1967 na cidade do Rio de Janeiro (RJ) – ia enfim decolar na carreira de cantor, iniciada em 1971 na gravadora CBS com edição de single autoral com as músicas Ana Juan – parceria com o compositor baiano Odibar Moreira da Silva – e Coco verde. Até porque a marcha Eu quero é botar meu bloco na rua se comunicara facilmente com o público do Brasil, ao contrário do anárquico álbum coletivo Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das 10, gravado por Sampaio com Edy Star, Miriam Batucada (1946 – 1994) e Raul Seixas (1945 – 1989), mentor desse LP editado pela mesma CBS naquele ano de 1971. Só que, de repente, tudo desandou com o fracasso comercial do álbum solo de 1973. Artista de temperamento forte, do tipo que jamais se deixava domar por vontades de diretores artísticos de gravadoras, Sérgio Sampaio logo foi carimbado com o rótulo de “maldito”, posto também em outros cantores e compositores contemporâneos tão ou mais geniais e geniosos do que ele, casos de Jards Macalé e Luiz Melodia (1951 – 2017). Melodia permaneceu fiel até o fim da vida do amigo e, mesmo após a morte de Sampaio, aos breves 47 anos, sempre fez questão de reavivar a obra do compositor em discos e shows. Não por acaso, Melodia foi o único convidado do álbum “Sinceramente”, gravado em janeiro de 1982 nos estúdios Transamérica, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), com arranjos criados pelo próprio Sérgio Sampaio com o pianista Zezinho Moura, um dos músicos arregimentados para o disco. O Negro gato cantou com Sampaio o agitado samba Doce melodia, composto pelo anfitrião em tributo ao próprio Luiz, cúmplice das dores e delícias de serem artistas indomados. Produzido por Sérgio Sampaio, o álbum “Sinceramente” apresentou no repertório onze músicas inéditas da lavra do compositor, na época já celebrado no meio musical pela habilidade de criar sambas, boleros, blues e sambas-canção, entre outros gêneros musicais, com assinatura original. Dez músicas eram frutos da criação solitária do autor. A exceção foi a balada Cabra cega, parceria com o poeta e letrista Sérgio Natureza, autor do texto escrito para o encarte do LP e reproduzido na edição em CD do álbum “Sinceramente”, lançada em 2008 pelo mesmo selo Saravá Discos (de Zeca Baleiro) pelo qual seria finalizado e apresentado em 2006 o álbum Cruel, deixado inacabado por Sampaio. Quando entrou em estúdio no versão de 1982 para dar forma ao LP “Sinceramente”, na companhia de músicos como o guitarrista Renato Piau e o saxofonista Oberdan Magalhães (1945 – 1984), Sampaio estava ansioso para escoar e registrar safra autoral que vinha (se) acumulando porque o segundo e então último álbum do artista, Tem que acontecer (1976), havia sido lançado já há seis anos. Após esse segundo álbum, Sampaio somente havia gravado um single em 1977 com as músicas Ninguém vive por mim e História de boêmio (Um abraço em Nelson Gonçalves). E então o artista amargou ostracismo que tentou interromper com “Sinceramente”, álbum fechado ironicamente com música intitulada Faixa seis. “Eu tenho andado sem turma / Mas solitário eu sei que não dá pé”, ponderou Sampaio ao fim dos versos da autobiográfica Homem de trinta, música com o qual o cantor abriu o disco em clima de inventário emocional. Na sequência, composições como Na captura, o belo bolero Tolo fui eu, Só para o seu coração e Essa tal de mentira corroboraram o tom confessional do repertório deste compositor que fizera Meu pobre blues para o conterrâneo Roberto Carlos e, sem ser jamais gravado pelo Rei, registrou ele próprio a música em single de 1974. “Não há nada mais bonito / Do que ser independente”, celebrou Sampaio na música-título Sinceramente, em versos de sentido amplificado pelo fato de o álbum ter sido inteiramente gravado e posto no mercado de forma independente, com a produção custeada pelo pai da mulher do artista, Angela Breitschat, e com a foto da capa tirada pelo cunhado Paulo Breitschat. As músicas Nem assim e Meu filho, minha filha completaram o balaio de Sérgio Sampaio neste disco de 1982 – reeditado em 2019 no formato original de LP – que escancarou a franqueza de artista que sempre foi sincero, você sabe muito bem. E, se não sabe, procure saber…

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Pornô para cegos e surdos: Sexy Hot lança filmes com ‘narração’ e ‘legenda’; diretora do canal diz: ‘Todo mundo tem desejo’

quarta-feira, 12 agosto 2020 por Administrador

Canal a cabo de filmes adultos lançou duas produções com opções de audiodescrição e de legendas descritivas. Em entrevista ao G1, diretora cita 'responsabilidade social' e afirma: 'É uma parcela da população muito importante, e a gente quer atender'. Gravação de audiodescrição (voltada a cegos) de filme pornô do Sexy Hot Divulgação "Eles estão frente a frente. E tocam as mãos. Antônio aproxima o rosto, e Tereza fecha os olhos." A narração (voz de mulher) conta um trecho de "Desejo proibido" – e não vem ao caso descrever as interações futuras do casal: o filme é uma das duas primeiras produções do Sexy Hot, maior canal adulto do Brasil, a oferecer recurso de audiodescrição (para cegos) e legendas descritivas (para surdos), em iniciativa alegadamente pioneira no mercado nacional do segmento. As versões adaptadas de "Desejo proibido" (vendido como "o primeiro filme de época da Sexy Hot Produções") e de "Sugar daddy" estrearam em 6 de agosto. O plano do canal é tornar "o conteúdo mais acessível". A locução que abre este texto, por exemplo, é audiodescrição – trata-se da tradução das imagens em palavras. Já a legenda descritiva sinaliza – em texto – ruídos, sons, música, falas (ou sussurros e gemidos). Erra quem pensa que a escassez de diálogos e a abundância de gemidos e onomatopeias facilitam as coisas. E é preciso este cuidado elementar: a narradora não pode se animar demais, a ponto de – pecado talvez mais grave aqui – queimar a largada cometendo spoilers (ver detalhes mais abaixo). Palavrão é do jogo. Mas, às vezes, escapa um sinônimo encabulado, tipo "membro". "O mais importante é a responsabilidade social – nossa marca quer ser inclusiva. É uma parcela da população muito importante, e a gente quer atender. Todo mundo tem desejo, libido. E vimos que teria um mercado", afirma ao G1 Cinthia Fajardo, diretora geral do grupo Playboy do Brasil, que controla o Sexy Hot e outros canais do segmento. "Temos trabalhado muito a questão da diversidade. Queremos sair do lugar comum, dos filmes com enredo clichê. Então, dentro desse cenário, vamos também trazer os deficientes auditivos e visuais para também serem nossos consumidores." Antes das estreias, a audiodescrição de "Sugar daddy" foi mostrada a um grupo de 15 pessoas cegas. "Para saber o que achavam, se o tom de voz estava bom, se a velocidade da narração estava boa", justifica Cinthia. "Todas gostaram muito e ficaram muito satisfeitas de ver que vai ter esse tipo de conteúdo. Falaram que, antes, não tinham acesso a isso. Aí, a gente percebeu que pode ter uma demanda reprimida." Cinthia Fajardo é a primeira mulher a dirigir a Playboy do Brasil. Ela acha que isso faz diferença: "Dá uma satisfação poder trazer o olhar feminino a essa indústria e atrair um público de mulheres, ajuda a quebrar o tabu. É uma indústria que, durante tantos anos, teve muito o olhar masculino." Para este ano, a Sexy Hot Produções prevê outros seis filmes – e todos devem ganhar audiodescrição e legendas descritivas. A atriz Mia Linz e Oscar Luz, que estrelam o filme pornô de época 'Desejo proibido' Divulgação Adaptação sem spoiler Diretora da Conecta Acessibilidade, que produz e adapta conteúdos audiovisuais e que trabalhou no projeto do Sexy Hot , Joana Peregrino conta que nunca tinha feito audiodescrição ou legenda descritiva na indústria pornô. No catálogo da empresa, estão produções convencionais, como os filmes "Chacrinha: O Velho Guerreiro" (2018), "De pernas pro ar 3" (2019) e "Minha mãe é uma peça 3" (2019). "Filme pornô tem menos diálogos que filme de qualquer outro gênero. É muito mais visual. Mas, na audiodescrição, tomamos cuidado para não descrever demais e deixa o som das cenas. A audição do cego é muito mais potente, isso é comprovado pela neurociência", conta Joana. "Essa audiodescrição vai introduzindo o conteúdo sem ficar dando spoiler." Ela explica que um consultor cego acompanha o processo de adaptação do roteiro à gravação. "E, nesse caso, foi um consultor cego que tinha feito um trabalho de conclusão de curso sobre audiodescrição em filmes eróticos." Com relação à legenda descritiva, a precaução foi outra. "Filme pornô tem, digamos, muito mais onomatopeias. Mas não dá para colocar demais, senão fica chato. Surdo tem muita acuidade visual, o que também é comprovado cientificamente, então não ficamos o tempo todo inserindo legenda, para não atrapalhar a visualidade da cena." Mas houve algum constrangimento? "Não pode fazer juízo de valor, tem de dizer o que tá acontecendo. Se você tem vergonha de falar P., B., não pode fazer esse tipo de trabalho. Às vezes, alguém ri olhando aquelas cenas. Mas, se você está constrangido ou não, tem de guardar para você", diz Joana. "Estamos promovendo acessibilidade. O que fazemos é 'acessibilizar' os conteúdos. Não importa se é pornô, documentário, ficção, animação…" Initial plugin text

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Orquestras na quarentena seguem vivas com gravações em casa e renegociação de contratos

quarta-feira, 12 agosto 2020 por Administrador

Osesp voltou a ensaiar na Sala São Paulo seguindo protocolo sanitário e equipe reduzida. Maestros explicam impactos e adaptações da música erudita na pandemia. Osesp retoma ensaios na Sala São Paulo com protocolos sanitários e times reduzidos; na foto orquestra sob regência de Emmanuele Baldini em 4 de agosto Divulgação/Mariana Garcia Como uma orquestra ensaia durante a pandemia? Como um grupo com muitos instrumentistas se mantém ativo quando aglomerações não são permitidas? Ensaios remotos em grupo não são uma opção para orquestras, porque uma ligação de vídeo tem atrasos na conexão, o que torna inviável a sincronia necessária. A pandemia do novo coronavírus impôs mudanças na rotina de quem toca e de quem lidera uma orquestra. Algumas adaptações são: Músicos passaram a gravar vídeos em casa e uma equipe faz a edição final; Aulas on-line entre duas pessoas foram mantidas no caso dos projetos sociais; Apresentações marcadas foram renegociadas para lives ou vídeos feitos em casa; Calendário das orquestras foi adaptado para eventos virtuais ou transmissões; Ensaios presenciais voltam aos poucos a acontecer com protocolos e dependem da fase de reabertura de cada cidade. É o caso da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Uma adaptação bem popular nesta quarentena foi a gravação de vídeos caseiros que são postados nas redes sociais das orquestras. Com a partitura e o metrônomo, que marca o andamento da música, cada instrumentista grava sua parte e, depois, uma equipe de edição une todos os vídeos em um só. Esse foi um dos formatos que a Orquestra Sinfônica Brasileira, a Orquestra da UFRJ, a Orquestra Ouro Preto e a Orquestra da Bahia encontraram para manter as redes sociais ativas e manter o contato com quem gosta e consome música clássica. Teatro on-line: como são as peças no Zoom com atores em casa O público é provocado a votar em qual obra vai ser tocada pelos músicos, como no caso da Orquestra Sinfônica Brasileira, e em outros grupos, os programas de artistas que seriam homenageados em concertos ao vivo são adaptados para os vídeos. Osesp de volta Naipes ensaiam com distâncias de 1,5 metro a 2 metros na retomada da Osesp Divulgação/Mariana Garcia A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo voltou a ensaiar na Sala São Paulo no começo de agosto depois de mais de quatro meses. Eles fizeram 55 vídeos na série "Osesp em Casa" e tiveram mais de 800 mil visualizações, mas para Emmanuele Baldini, spalla – denominação para o primeiro violino de uma orquestra – e regente da Osesp na transmissão no começo deste mês, voltar foi um "alívio". "Voltar a fazer música, não mais fechado entre as quatro paredes de casa, mas olhando para teus colegas, amigos, na verdade, é a única existência possível de uma orquestra", explica ela ao G1. "Desde os 12 anos minha vida profissional sempre foi regrada por concertos, ensaios, objetivos a curto, médio, longo prazo. Então de repente não ter mais absolutamente nada em perspectiva, foi bem chocante no início. Foi duro estar longe da nossa casa", explica, em referência à Sala São Paulo. A retomada é cheia de cuidados e segue o Protocolo de Segurança Sanitária feito por uma consultoria especializada a pedido da Fundação Osesp. Algumas medidas descritas por Baldini são: Todos os funcionários e músicos foram testados antes de voltar aos ensaios; Naipes, famílias de instrumentos iguais, estão reduzidos; Músicos ficam separados de 1,5 a 2 metros um dos outros e não dividem mais estantes de partituras; Janelas ficam abertas para garantir ventilação do ambiente; É obrigatório o uso de máscaras e há álcool em gel espalhados pelo prédio. A Osesp tem mais de 100 músicos, mas nessa volta faz ensaios e lives com times de no máximo 50 pessoas por conta do tamanho do palco. Outra adaptação é no repertório com programas que sejam compatíveis ao número de músicos, já que não é possível executar certas peças que exigem a orquestra completa. O violonista e regente também fala sobre a sensação de voltar à Sala São Paulo: "Eu sinceramente me sinto seguro". A orquestra deve seguir ensaiando e realizando transmissões regularmente. "Agora que voltamos, a menos que não aconteça um desastre, não vamos parar mais espero eu", diz Baldini. Osesp fez uma transmissão ao vivo no sábado (8) sob regência do spalla Emmanuele Baldini Reprodução/Instagram/Osesp; Rodrigo Rosenthal Comemoração em Minas A Orquestra Ouro Preto comemora 20 anos neste ano e, com o calendário de concertos suspensos, vai fazer uma live no próximo dia 21. "O vídeo feito em casa é muito legal, dá um resultado super bacana, mas nada substitui a questão do teatro, da música ao vivo. Ver um instrumentista tocar, ver um instrumento soando", diz o maestro Rodrigo Toffolo. Para a live, o grupo vai ser reunir pela primeira vez desde março para ensaiar por quatro vezes em dois dias. Os músicos serão testados e devem seguir todo o protocolo para a transmissão no Sesc Palladium em Belo Horizonte. Maestro Rodrigo Toffolo rege Orquestra Ouro Preto antes da pandemia do novo coronavírus; orquestra fez projeto com Alceu Valença chamado 'Valencianas' Íris Zanetti/Divulgação Diferentemente da Osesp, o grupo mineiro é uma Orquestra de Câmara e naturalmente tem uma configuração reduzida. Toffolo costuma reger 30 músicos, mas estima que na live estará com 23. Ele diz que está curioso para ver como vai ser a orquestra vai soar com as regras de distanciamento entre os músicos. "Quando você toca em um naipe de orquestra, você escuta o seu companheiro do lado, seu companheiro atrás. Você se encaixa naquilo ali para soar como um grupo", diz Toffolo. "Agora os músicos estão distantes e existe uma mudança de percepção sonora do espaço. Você agora não escuta quem está do lado." Ele acredita que a comunicação vai ter que se reforçada pelo olhar e que os músicos precisarão de mais concentração. "O cara que está ali tocando, ele vai ter que se concentrar em ouvir mais ainda. Outra coisa que eles estão fazendo é estudar de máscara para acostumar, ver respiração", explica. Contratos renegociados Os maestros e diretores de orquestras ouvidos pelo G1 dizem que o financiamento dos grupos não foi impactado pela pandemia neste ano de 2020. Alguns são financiadas por órgãos públicos e outros por empresas privadas como a Orquestra Sinfônica Brasileira. Osesp faz apresentações virtuais em tempos de isolamento social "Como a gente conseguiu desenvolver os produtos na forma virtual, a gente renegociou as contrapartidas", afirma Ana Flavia Cabral, diretora da OSB. "O que seria presencial vai ser virtual e tem esse alcance em escala do ponto de vista de democratização do acesso à cultura pela internet", explica. No entanto, o orçamento do ano de 2021 ainda é incerto: "A gente não sabe como essas empresas performaram ao longo do ano, então a gente ainda não tem segurança e nenhum cenário sobre o ano que vem". A Orquestra Sinfônica Brasileira não tem previsão de quando os ensaios presenciais vão voltar a acontecer. Os contratos também foram renegociados na Orquestra Ouro Preto, que tinha concertos marcados em Recife, Porto Alegre e na própria cidade e fez vídeos no lugar das apresentações. "Isso foi muito importante para manter o pagamento dos músicos", diz o maestro Toffolo. Crise inesperada André Cardoso, professor e diretor da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a pandemia pegou de surpresa quem vive de música erudita. "Isso é muito difícil para quem vive como músico autônomo, freelancer que vive das temporadas, dos contratos que fazem com as orquestras", explica. Algumas orquestras até podem estar voltando aos poucos aos ensaios, mas ele destaca a situação difícil que os cantores líricos estão passando longe dos palcos e sem previsão de retorno. "Eles formam uma categoria que está sofrendo muito, porque não há uma ópera sendo produzida no país inteiro. Todas as temporadas foram suspensas", destaca Cardoso. Músicos da orquestra Neojibá cantam a mesma música em Salvador e interior da BA A orquestra da Escola de Música da UFRJ costuma fazer uma média de 15 concertos e 8 óperas por ano. Uma orquestra não consegue ensaiar virtualmente em grupo, mas quando se trata de uma aula individual é possível manter a atividade on-line para que o aprendizado não seja interrompido. Os ensaios ainda não retornaram presencialmente, mas Cardoso diz que o grupo deve fazer uma transmissão no dia 7 de setembro, dia em que a universidade completa 100 anos. Aulas on-line e apadrinhamento Aluno e professor não tocam juntos, mas através da conexão on-line é possível tirar dúvidas e mostrar como estão tocando determinada peça. O Neojiba, Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia, criou um sistema de apadrinhamento em que um músico acompanha o processo de aprendizado de outro jovem. O grupo tem como lema "Aprende Quem Ensina". No programa carioca Orquestras nas Escola, as atividades também foram para o ambiente virtual e a coordenadora Moana Martins diz que os alunos se adaptaram. 17 orquestras e coros participam do programa que beneficia 600 mil alunos da rede pública de ensino. Eles publicam nas redes sociais de um a dois vídeos da Orquestra Virtual por semana desde o começo da pandemia O mês de agosto vai ser dedicado ao projeto "Tom nas Escolas", que vai abordar as músicas e a história do maestro e músico carioca, em parceria com o Instituto Antônio Carlos Jobim. Orquestra Sinfônica de Teresina realiza ensaio virtual

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‘Chora me liga’ rende fazenda ao autor, após virar canto de torcida na Argentina e no Chile

quarta-feira, 12 agosto 2020 por Administrador

Música cantada por João Bosco & Vinícius foi parar em estádios há 10 anos, depois de ganhar versão no ritmo da cumbia. G1 conta histórias dos maiores hits do Brasil no exterior. A torcida do Newell's Old Boys e os autores de 'Chora me liga': João Bosco & Vinicius, Euler Coelho e Dudu Borges Acervo Pessoal e Reprodução/YouTube "Chora me liga" ficou no topo da lista de músicas mais tocadas nas rádios no Brasil em 2009. Só perdeu de "Halo", da Beyoncé. Mas os versos gravados por João Bosco & Vinícius seriam "apenas" mais um hit sertanejo dançante, não fosse uma história unindo ritmos latinos (cumbia e vanera) e torcidas igualmente latinas. Há 10 anos, ela virou sucesso no Chile e na Argentina, a partir de uma versão do Grupo Play. Vertida para o espanhol e para a cumbia, caiu no gosto das torcidas de times como o chileno Colo-Colo. O principal cântico de estádio, porém, foi feito por torcedores do Newell's Old Boys para zombar do rebaixamento do Rosario Central no Campeonato Argentino. Quando Euler Coelho, o compositor de "Chora me liga", viu vídeos das torcidas no YouTube, ele pirou. "Um amigo meu chegou contando essa história que ele tinha visto: 'Você viu o vídeo da torcida argentina'. 'Que brincadeira, que torcida, cê tá louco?' Eu achei inacreditável aquilo, não é possível. Uma torcida inteira cantando a música, loucura total", diz o autor ao G1 (ouça no podcast abaixo). Nesta semana, o G1 conta as histórias dos maiores hits do Brasil no exterior. E de seus compositores. Quais as músicas brasileiras que bombaram nas paradas da Europa e dos EUA? "Chora me liga" também trouxe outras surpresas para Euler. Na conta bancária. Ao ser perguntado sobre quanto ganhou com a composição, ele responde rindo: "Nunca fiz a conta de quanto me deu de direitos autorais. Mas deu pra comprar uma fazenda boa". Cheia de gado? "Cheia de mogno." 'Seven Nation Army' latina Mas por que será que a música fez tanto sucesso nas arquibancadas e virou quase uma "Seven Nation Army" latina? Para Vinícius, que forma dupla com João Bosco, o segredo está no estilo da música, a vanera. "Eu, o João, o Euler, o Dudu Borges [produtor], a gente vem do Mato Grosso do Sul, que é um estado que faz fronteira com o Paraguai, que tem o chamamé, a polca paraguaia, tem muita gente do sul do país que migrou pro nosso estado e que trouxe a vanera", explica o cantor. "É um ritmo que a gente cresceu ouvindo e cantando. Então, é como se a gente tivesse assim… 'Vinícius, qual é seu ritmo preferido pra você gravar?' É a vanera. É uma música dançante. Ela é pra cima, alegre. O ritmo por si só, ele conduz a alegria da música." Euler Coelho, empresário e compositor de 'Chora me liga', na fazenda que comprou com os direitos autorais do sucesso sertanejo Reprodução/Instagram Autora de 'Ai se eu te pego' virou produtora em Miami 'Tchetchê rere' rendeu R$ 5 milhões e versão do Bob Esponja "Chora me liga" por pouco não foi parar no repertório do Bruno & Marrone. Tudo começou quando Euler encontrou Bruno em uma festa no interior do Paraná e ouviu um pedido de "uma música quente, agitada, pra cima". "Eu falei 'Cara, eu não tenho, mas a gente tenta fazer uma'. E voltei pra casa com isso na cabeça, com esse pedido na cabeça", lembra Euler. Escrita durante um banho Euler, então, voltou para casa dele em Campo Grande, em uma noite de frio e foi tomar banho "Liguei o chuveiro para deixar esquentar, né? Porque tava muito frio. E aí, tava de toalha já e me veio a ideia da parte A e da parte B. E rapidinho já escrevi ali a parte A e a parte B." "E nisso o chuveiro rolando lá. E eu falei 'Bom, preciso tomar banho, depois eu termino isso aqui'. Deixei ali o caderno e a caneta, fui tomar banho. E aí lá no meio do banho, ensaboado, me veio a ideia do refrão: 'Chora me liga, implora…' Eu escrevi no box, o 'Chora me liga, implora', a parte do refrão inteira." “Chora me liga” é aquele clássico de João Bosco e Vinícius que a gente ama! Só que ele ficou com medo de esquecer o refrão ali, de a água apagar. "Eu resolvi sair do banho mesmo ensaboado, eu vi que ia ser esquecido durante o término do banho, término de lavar a cabeça. E aí saí e finalizei a música. Entre o começo de toalha ao fim ensaboado demorou 10, 15 minutos, e a música tava pronta." Ele chegou a escrever o nome do Bruno no destinatário do e-mail, mas apagou e botou o nome do João Bosco & Vinicius. É que ele era empresário deles naquela época, então acabou tomando essa decisão. Antes de "Chora me Liga", Euler escreveu outras músicas que foram sucessos regionais, hits no Mato Grosso do Sul, no interior de São Paulo, interior do Paraná e no triângulo mineiro. De sucesso nacional, após o maior hit, um dos destaques foi "Voa Beija-flor", do Jorge & Mateus. Por que não regravaram em espanhol? O que também chama atenção nesta história é o fato de João Bosco e Vinicius não terem pensado em fazer uma versão em espanhol. João Bosco e Vinícius Rubens Cerqueira/Divulgação Segundo Vinícius, isso sequer entrou na pauta, porque para fazer sucesso no mercado latino eles teriam que cantar muito na TV, visitar rádios e aceitar outros compromissos pela América Latina. Eles não estavam dispostos a isso, ainda mais com uma média de mais de 240 shows por ano no Brasil e uma competição forte no mercado sertanejo daqui. "Não adianta você gravar uma música em espanhol por gravar", explica Vinícius. "Você tem que gravar com um projeto, tem que ter um objetivo nisso. Porque as músicas são trabalhadas de forma individual e uma faixa em espanhol para ela ter esse avanço todo, ainda mais em 2009. É porque hoje essa pergunta que você me faz é com a cabeça de coisa." Mas e se essa história tivesse acontecido hoje, vocês teriam gravado a versão em espanhol? "Com absoluta certeza", responde rapidamente. "Porque essa integração de hoje, esse apetite que as pessoas têm com músicas que estão fazendo sucesso, com esses playlists, com todas essas mídias que a gente tem hoje, com certeza isso abrange o trabalho de uma forma mais orgânica." Mas como só foi criada uma versão oficial em português mesmo, o jeito é exaltá-la. "É uma música que vai passar 10, 20, 30, 40, 50 anos e ela não vai cair de moda, porque é uma música que não enjoa. A mensagem dela vai transcender o tempo", resume o cantor. Euler Coelho, empresário e compositor, na fazenda que comprou com bons negócios no mercado sertanejo Acervo Pessoal

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