Olivia de Havilland, atriz de ‘…E o Vento Levou’, morre aos 104 anos
Atriz da era de ouro do cinema, foi imortalizada como Melania no clássico de 1939. Olivia de Havilland posa durante uma entrevista em Paris, em 2016 AP Photo / Thibault Camus A atriz Olivia de Havilland morreu aos 104 anos de idade neste domingo (26), em Paris. Imortalizada por sua participação em "…E o Vento Levou" (1939), Havilland era conhecida por fazer papéis de mulheres doces e amáveis. Ícone da era de ouro do cinema, ela tem dois Oscar de melhor atriz. Veja a repercussão da morte da atriz Segundo a revista especializada em cinema "The Hollywood Reporter", de Havilland morreu de causas naturais em sua casa. Ela fez poucas aparições públicas depois de se aposentar, mas retornou a Hollywood em 2003 para participar da 75ª edição dos Oscar. Atriz Olivia de Havilland, de 'E o Vento Levou', morre aos 104 anos Filha de pais ingleses, a atriz nasceu no Japão. Naturalizada norte-americana, cresceu na Califórnia e vivia em Paris desde 1953. Em 2008, recebeu do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, a Medalha Nacional pelas Artes. No ano seguinte, narrou o documentário "Alzheimer". Olivia de Havilland em '…E o vento levou' Divulgação De Havilland teve dois filhos, Benjamin, de seu primeiro casamento com o escritor Marcus Goodrich e Giselle, com seu segundo marido, o jornalista Pierre Galante. Sua estreia nos cinemas foi em uma adaptação de 1935 do clássico de Shakespeare "Sonho de Uma Noite de Verão", dirigido por Max Reinhardt. Na televisão, ela trabalhou na minissérie de 1976 "Roots: The Next Generation". Rivalidade com a irmã Havilland teve uma relação conturbada com sua irmã a também atriz, Joan Fontaine. Em 1942, as duas foram indicadas ao Oscar: Havilland por "A Porta de Ouro" e Fontaine por "Suspeita", de Alfred Hitchcock. Fontaine levou a estatueta. Morre aos 104 anos Olivia de Havilland, de "E O Vento Levou" Em 2017, Olivia de Havilland, processou os produtores da série de TV "Feud" porque não gostou da forma como foi retratada na série. A trama é sobre a famosa rivalidade entre Joan Crawford e Bette Davis, mas ela perdeu essa disputa. A atriz não era novata nos meandros da justiça, uma vez que foi uma das primeiras a desafiar e derrotar o todo-poderoso sistema dos grandes estúdios pelas abusivas condições trabalhistas às quais estavam submetidos os artistas da Hollywood clássica. Montagem mostra imagens de Havilland (à esq.), em 1968, e de Catherine Zeta-Jones interpretando a atriz em cena de 'Feud' AP e FX via AP Batalhas com os estúdios O prestígio da indicação ao Oscar e a popularidade de "O Vento Levou" não deram a Havilland os tipos de papéis que ela queria. Ela costumava recusar as peças que a Warner Bros. oferecia, o que resultou em várias suspensões pelo estúdio. Em 1943, Havilland declarou que seu contrato de sete anos com a Warner havia expirado, mas o estúdio disse que ainda lhes devia os seis meses que passou em suspensão. De Havilland venceu no tribunal, enfraquecendo o domínio dos grandes estúdios sobre os atores, limitando os contratos dos atores a sete anos, independentemente do tempo de suspensão. Mas desafiar um estúdio poderoso foi uma jogada arriscada na carreira e ela não fez filmes por três anos. Havilland fez um retorno triunfante à tela em 1946, com o papel vencedor de um Oscar de mãe solteira em "Só Resta uma Lágrima". Três anos depois, seu retrato de uma solteirona trouxe outro prêmio da Academia por "A Herdeira".
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Arthur Nogueira abre parceria com Ronaldo Bastos ‘por linhas tortas’
Single é o quinto da série autoral em que o artista paraense amplia conexões em composições gravadas com produção musical de STRR. ♪ Confinado em Belém (PA), cidade onde nasceu em abril de 1988, o cantor e compositor paraense Arthur Nogueira vem ampliando o leque de parceiros neste ano de 2020 em série de singles inéditos e autorais, idealizados para dar origem a EP do artista. Na quinta-feira, 30 de julho, Nogueira apresenta a primeira parceria com Ronaldo Bastos – poeta e compositor fluminense projetado no início dos anos 1970 como um dos letristas fundamentais do cancioneiro do Clube da Esquina – em single intitulado Por linhas tortas. Por linhas tortas é o quinto single da atual safra autoral de Nogueira. Composta de frente para o mar da Bahia, em fevereiro, a música Por linhas tortas foi formatada em estúdio por STRR, nome artístico do paraense Mateus Estrela, produtor e multi-instrumentista associado ao universo da música eletrônica. Capa do single 'Por linhas tortas', de Arthur Nogueira Arte de Pv Silva STRR vem dando forma a essa série de singles lançados por Nogueira desde fevereiro, mês em que o artista apresentou Pontal, primeira parceira com Fernanda Takai, letrista desta canção de bom acabamento pop gravada pelo cantor om a participação de Takai e com a adesão de John Ulhoa na produção. Na sequência, Arthur Nogueira apresentou Salvador (rara composição em que assina música e letra) em 6 de março, Dessas manhãs sem amor (parceria com Zélia Duncan, convidada da faixa, em que recita versos de Fragmento 1, de Safo, traduzidos do grego por Antonio Cicero) em 3 de abril e A propósito de estrelas (música de Arthur Nogueira sobre versos da poeta portuguesa Adília Lopes) em 19 de junho. Editados com capas criadas por Pv Silva, os singles lançados por Arthur Nogueira neste ano de 2020 foram gravados com os toques dos músicos Jacinto Kahwage (piano elétrico), Leonardo Chaves (baixo) e Lucas Estrela (guitarra), além do produtor STRR (bateria, sintetizadores e programações). Capas dos singles 'Salvador', 'Dessas manhãs sem amor' e 'A propósito de estrelas', de Arthur Nogueira Artes de Pv Silva
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Elza Soares e Flávio Renegado fazem show em homenagem ao aniversário de Marielle Franco
Vereadora, assassinada em março de 2018, faria 41 anos nesta segunda-feira (27). Show acontece no canal do Instituto Marielle Franco a partir das 19h deste domingo. Elza Soares no palco do Fantástico Fantástico A cantora Elza Soares e o rapper Flávio Renegado vão fazer um show, ao vivo, neste domingo (26) em homenagem ao aniversário da vereadora Marielle Franco (PSOL), que completaria 41 anos nesta segunda-feira (27). O show será transmitido a partir das 19h pelo canal do Instituto Marielle Franco, fundado pela família da vereadora assassinada em março de 2018, no Rio de Janeiro, mas até hoje não se sabe quem mandou matar Marielle e o motorista Anderson Gomes. Flávio Renegado na gravação ao vivo do show 'Suíte Masai' Íris Zanetti / Divulgação A apresentação também pretende arrecadar recursos para as ações do Instituto. O objetivo do espaço é inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas a seguirem movendo as estruturas da sociedade. Marielle Franco, em foto de novembro de 2017 Mario Vasconcellos/Câmara Municipal do Rio de Janeiro/AFP/Arquivo Segundo Anielle Franco, irmã da vereadora e diretora executiva do instituto, Marielle iria gostar da homenagem. "Desde 2018, o dia 27 de julho passou a trazer uma mistura de sentimentos: por um lado a saudade que bate mais forte; por outro, a lembrança de que Marielle sempre gostava de celebrar a vida com muita alegria e festa nesse dia." Serviço: Show ao vivo de Elza Soares e Flávio Renegado – canal do Instituto no Youtube Horário: 19h
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Tiroteio interrompe live do grupo Aglomerou em Angra dos Reis
Transmissão ao vivo foi interrompida por barulho de tiros e policiais civis entrando na casa de festas. Alvo da operação era imóvel vizinho, diz Polícia Civil. Operação policial interrompe, a tiros, show transmitido ao vivo pelas redes sociais Um tiroteio interrompeu uma live do grupo de pagode Aglomerou, que acontecia na tarde deste domingo (26), em uma casa de festas em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro. O imóvel fica na Ribeira, um bairro de classe média. Os músicos tocavam a canção "Compasso do amor", do Revelação, quando foram interrompidos por barulho de tiros e policiais entrando no imóvel. No vídeo, é possível ver que o vocalista percebe a movimentação dos policiais enquanto ainda estava cantando a música. Quando um policial armado se aproxima, o som é paralisado. Em seguida, ouve-se um barulho de helicóptero e muitos tiros. Um policial armado passa na frente da câmera e os músicos deixam o local agachados. Pouco mais de um minutos depois da interrupção, a transmissão ao vivo é encerrada. Live do grupo Aglomerou interrompida por ação policial em Angra dos Reis Reprodução/Redes sociais Tiroteio interrompe live do grupo Aglomerou em Angra dos Reis A operação foi um desdobramento de uma investigação sigilosa da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense e teve apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Em nota, a Polícia Civil explicou que o alvo da operação era um imóvel vizinho, onde estaria acontecendo uma festa com foragidos da Justiça. Disse ainda que a interrupção da live foi "para evitar que alguém pudesse ser ferido durante a ação" (veja abaixo a nota na íntegra). Tiroteio interrompe transmissão de grupo de pagode no RJ Em um outro vídeo que circula pelas redes sociais, uma pessoa filma a cena da entrada dos policiais no imóvel. Além do barulho de helicóptero e de muitos tiros, também ouve-se alguém alertando sobre um possível erro. "Ricardo, é a outra casa. É a outra casa. É a outra casa de festa. A gente é da live. Meu Deus do céu", disse. Depois do susto, os músicos fizeram uma publicação nas redes sociais para tranquilizar os fãs. O vocalista, João Victor, disse que estavam todos bem, explicou que a entrada dos policiais foi um engano e prometeu remarcar a live. "Galera, estamos bem. Tá tudo bem. Tá acontecendo uma operação policial em uma casa bem próxima aqui do espaço. Então, ocorreu esse fato, mas tá todo mundo bem. Não tem nenhum vínculo com o espaço. Não tem problema nenhum com quem tava aqui dentro da live. É isso aí. Tá tudo certo. A gente vai remarcar a live porque a gente tá meio sem clima pra fazer", explicou João Victor. Initial plugin text Tiroteio interrompe live de grupo de pagode em Angra dos Reis Produtor do evento dá detalhes Em vídeo enviado à produção da TV Rio Sul, afiliada da TV Globo, o produtor de eventos Thiago Prates descreveu o momento em que os policiais interromperam a live. "Polícia de um lado, polícia de outro… Foi uma correria danada, mas está todo mundo bem. Não aconteceu nada de grave com ninguém. Foi um susto danado. O pessoal que está aqui na casa passou um susto. […] A gente tava ao vivo na live e acabou filmando os policiais passando. Eles pediram pra todo mundo deitar no chão, deram uma olhada nos carros. Foi um susto, mas graças a Deus está todo mundo bem", descreveu Thiago Prates. Produtor de eventos do grupo Aglomerou fala sobre tiroteio durante live em Angra dos Reis Leia a íntegra da nota da Polícia Civil: "Policiais da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), realizaram uma ação no município de Angra dos Reis, na tarde deste domingo (26/07), referente a uma investigação da especializada. Os policiais checavam informação de uma casa onde estaria sendo realizada uma festa desde ontem com criminosos foragidos da Justiça. Com a aproximação dos agentes, alguns criminosos correram em direção a um mangue e efetuaram disparos em direção aos policiais, que ainda tentaram localizá-los, sem sucesso. Todas as pessoas que estavam na festa foram autuadas por descumprimento de medida sanitária preventiva, com base no artigo 268 do CP. No local os agentes encontraram frascos de lança prefume e indícios de consumo de drogas. Algumas pessoas que estavam na festa também possuíam anotações criminais por diversos crimes como tráfico de drogas, roubo e associação criminosa, mas sem mandados pendentes. Na casa ao lado, onde estava sendo realizada a diligência, ocorria uma live de um grupo musical, que foi interrompida para evitar que alguém pudesse ser ferido durante a ação."
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Discos para descobrir em casa – ‘Entre e ouça’, Ed Motta, 1992
Capa do álbum 'Entre e ouça', de Ed Motta Arte de Edna Lopes ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Entre e ouça, Ed Motta, 1992 ♪ Manuel foi definitivamente para o céu quando Ed Motta apresentou Entre e ouça, terceiro álbum de carreira iniciada profissionalmente em 1988, aos 17 anos. Lançado em agosto de 1992 pela gravadora Warner Music, o disco Entre e ouça quebrou a sequência de sucesso obtido pelo artista com os dois primeiros álbuns desse cantor, compositor, multi-instrumentista, arranjador e produtor musical carioca nascido em 17 de agosto de 1971. Sobrinho de Tim Maia (1942 – 1998), pioneiro tradutor do soul e do funk para o idioma musical brasileiro, Eduardo Motta tinha sido vocalista de banda de rock pesado Kabbalah na adolescência, fase em que se apaixonou pela música negra norte-americana, em especial pelo funk e pelo soul, ritmos que coincidentemente haviam norteado a primeira fase da discografia do tio. Essa paixão pautou o primeiro álbum do artista, gravado com a Conexão Japeri – banda evocativa da sonoridade black Rio que desde os anos 1970 dominava os bailes da pesada no subúrbio carioca – e lançado em 1988 com dois sucessos radiofônicos, Manuel (Fábio Fonseca e Márcia Serejo), hit do verso-refrão “Manuel foi pro céu”, e Vamos dançar (Ed Motta e Rafael Cardoso). Mais do que sucessos, o disco com a Conexão Japeri fez de Ed Motta a sensação da música brasileira em 1988, a ponto de a antenada (e então também emergente) Marisa Monte ter convidado o cantor naquele ano para duetos no show que gerou o primeiro registro audiovisual da cantora. A formação da Conexão Japeri – banda inicialmente batizada de Expresso Realengo – já incluía Marco Antonio Elias, o compositor e excepcional baixista carioca conhecido artisticamente como Bombom, músico com total domínio da linguagem da soul music. Tanto que, ao se desvincular da Conexão Japeri para pavimentar carreira solo com o álbum Um contrato com Deus (1990), Ed levou Bombom com ele para produzir e tocar baixo (e outros instrumentos) neste disco que descolou o cantor do som do subúrbio carioca e o distanciou da obra do tio Tim Maia ao mesmo tempo em apontou caminhos sofisticados que seriam trilhados pelo artista ao longo da trajetória fonográfica. Parceiro de Ed na composição do repertório de Um contrato com Deus, álbum que destacou a classuda balada Do you have other love? e o funk Solução (música que se tornou o hit do disco, garantindo o sucesso comercial do LP), Bombom teve participação igualmente fundamental na criação do álbum Entre e ouça. Neste disco em que Ed Motta mostrou determinação para fugir da fórmula do sucesso radiofônico para poder exercitar e experimentar a rica musicalidade sem amarras estéticas, Bombom assinou a produção e os arranjos de base com o artista. Oito das dez músicas trouxeram as assinaturas de Ed e Bombom, corroborando a importância do compositor e baixista no processo de criação do álbum Entre e ouça. As exceções foram Agora que o dia acabou (tema somente de Ed) e Lulu prelude, faixa solo do pianista Lulu Martin, músico integrante da banda arregimentada para o disco. Idealizador da capa que expôs arte de Edna Lopes, com quem o cantor havia se casado em 1990, Ed Motta mostrou no álbum Entre e ouça a intenção de fazer música como arte, e não como produto comercial – objetivo desenvolvido em discos posteriores como Dwitza (2002), Aystelum (2005), Chapter 9 (2008) e AOR (2013). Por contingências mercadológicas, o cantor voltaria ao pop com Manuel prático para festas, bailes e afins vol. 1 (1997), álbum primoroso que teve desdobramento após três anos com a edição do disco As segundas intenções do manual prático (2000). Disco de difícil absorção pela intrincada costura de referências musicais, Entre e ouça ficou na discografia de Ed Motta como espécie de bisavô de álbuns maturados como Perpetual gateways (2016) – disco majestoso em que o artista cruzou a ponte que liga o jazz ao soul com ecos de som da banda Steely Dan – e o recente Criterion of the senses (2018). O jazz, por exemplo, já apareceu entranhado em Entre e ouça no arranjo em clima de jam da música À vontade, cantada na língua particular do cantor, o edmottês, também idioma da faixa Noir em tons pastéis. Gravado por Ed e Bombom de dezembro de 1991 a fevereiro de 1992 no estúdio carioca Nas Nuvens, com as adesões de músicos como Jorginho Gomes (na bateria) e Jota Moraes (no vibrafone), o álbum Entre e ouça jamais renegou o soul e funk. A levada da música negra norte-americana já se insinuou na entrada de O nu que vale. Só que a vibe já era outra. Ao longo de dez faixas que totalizaram 42 minutos, Ed Motta apresentou azeitada mistura de funk, soul, rhythm and blues e jazz sem qualquer concessão ao pop. Para viabilizar esse mix vintage urdido com harmonias requintadas, o artista recorreu a equipamentos analógicos de gravação e a instrumentos da década de 1970 como clavinete e sintetizador Moog. Relançado em 2003 em CD, com faixas-bônus como a demo da faixa Que tal Londres? e registros ao vivo de músicas como Leve-me ao sonho e a composição-título Entre e ouça (captadas em show feito pelo cantor em maio de 1993 em teatro de Paris), o álbum Entre e ouça também foi editado em LP em 2014 dentro da série Clássicos em vinil, da Polysom, já com status de cult – o que reverteu a sensação de fracasso do disco na época do lançamento em 1992. Em qualquer tempo ou formato, o álbum Entre e ouça mostrou Ed Motta radicalmente à vontade em universo particular, como se tivesse rearrumado os móveis da própria casa ao bel prazer e restasse às visitas entrar e se acomodar (ou não) no reduto íntimo do artista.
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Kansai Yamamoto, estilista japonês responsável pelo figurino de David Bowie, morre aos 76 anos
Famoso por criações extravagantes, Yamamoto tratava uma leucemia. Kansai Yamamoto tinha 76 anos e tratava uma leucemia Kansai Yamamoto/Twitter/Reprodução O estilista japonês Kansai Yamamoto, famoso por suas criações extravagantes e por desenvolver o figurino do cantor David Bowie, morreu de leucemia aos 76 anos. Embora anunciada por sua empresa nesta segunda-feira (27), a morte do estilista aconteceu na terça-feira (21). Nascido em 1944 em Yokohama, Yamamoto entrou na universidade para estudar engenharia antes de se dedicar ao design de moda e, em 1971, tornou-se o primeiro designer japonês a realizar um desfile em Londres, misturando temas japoneses tradicionais – como os desenhos do teatro kabuki – com fantasia brilhante e designs arrojados. Uma reunião com Bowie em Nova York levou Yamamoto a criar o guarda-roupa para Ziggy Stardust, o alter ego de Bowie. O estilista também era próximo de Elton John e Stevie Wonder, de acordo com sua empresa. Em um de seus desfiles finais em Tóquio, antes de se tornar um promotor de eventos em 1993, Yamamoto combinou chiffon minis com jaquetas de lagarto prateadas em estilo eclético típico. "'Os seres humanos têm energia ilimitada' era o seu lema", disse a empresa em comunicado anunciando sua morte. "Ele nunca deixou isso para trás, perseguindo um desafio após o outro, não importando o quão difícil as coisas fossem." David Bowie: top 10 nas paradas tem clássicos e hits anos 80; veja vídeos
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‘Me salva, Zé Gotinha’: Quem é o ‘pai’ do macaco Severino, criador de hits da quarentena no Brasil
Bichinho virou 'influenciador' com paródias sobre problemas do isolamento. Produtor de 22 anos grava vídeos com ajuda da família: 'Ele fala de coisas sérias de uma forma divertida'. O macaco Severino, personagem que faz sucesso na internet durante a quarentena do coronavírus Reprodução/Instagram/Marcus Eni Quem diria que um macaco de pelúcia com roupinha e lacinho rosa na cabeça poderia traduzir tão bem os conflitos existenciais da quarentena causada pelo coronavírus? Como muitos brasileiros, Severino – o tal macaco – luta para lidar com o medo de pegar Covid-19, a deprê, a fome incontrolável do isolamento, o vizinho que insiste em fazer aglomeração, o tédio do EAD e a saudade de brotar num paredão. Tudo isso, ele resume em vídeos com paródias de músicas famosas no país. Sua versão de “Já sei namorar”, dos Tribalistas, virou uma espécie de hino do confinamento nas redes sociais. Se nunca ouviu os versos “Eu só queria acordar, ligar minha TV e o William Bonner anunciar…”, conheça abaixo o hit “Me salva, Zé Gotinha”: Initial plugin text O pai do macaquinho é o produtor audiovisual Marcus Eni, de 22 anos, que vive uma quarentena bem menos complicada do que a de sua criatura. “Estou tranquilo. Ele com certeza está mais surtado do que eu”, brinca, em entrevista ao G1. Os vídeos do personagem foram a forma que arrumou para “passar o tempo” com a família no isolamento. A mãe de Marcus faz as roupas de Severino, sua namorada e sua irmã ajudam nas gravações. Tudo é feito em casa. “A gente tá seguindo a quarentena bem direitinho, só saímos quando é realmente necessário. Não é o momento de ir para a rua”, afirma. O produtor Marcus Eni, 22, posa com o macaco Severino, personagem que faz sucesso na internet durante a quarentena Reprodução/Instagram/Marcus Eni “Produzir os vídeos tem me ajudado e sinto que também está ajudando outras pessoas. Muitas vezes, o Severino fala de coisas sérias, mas de uma forma divertida.” A cada semana, o produtor escolhe um tema, uma música para servir de base e cria, sozinho, as paródias. Severino canta de tudo: funk, forró, MPB, clássicos infantis… Initial plugin text Emplacando um sucesso atrás do outro, o macaquinho já virou influenciador. O perfil de Marcus no Instagram, uma das plataformas onde ele publica os vídeos, tem quase 160 mil seguidores. “Ainda não ganhei dinheiro com o Severino, mas recebemos vários ‘mimos’”, conta. O dono da página diz já ter sido procurado por empresas interessadas em ter o bichinho como garoto-propaganda. Lembrou de outro personagem? Antes da pandemia, Severino já fazia sucesso entre os seguidores de Marcus, que compartilhava fotos na companhia do macaco. Mas foi quando ganhou uma voz fofa que o personagem conquistou fãs fora do círculo de amigos de seu pai. “Fiz um vídeo com ele incentivando as pessoas a lavarem as mãos. Foi o primeiro a viralizar, ainda no Facebook”, lembra Marcus. Marcelinho, bichinho inanimado famoso na internet, foi criado por Erik Gustavo Reprodução/Instagram/Erik Gustavo O produtor, que já trabalhou com dublagem, moldou a voz do bichinho. Mas o tom de Severino é frequentemente associado ao de outro personagem famoso das redes sociais, o Marcelinho, criação de Erik Gustavo. “Conheci o Erik já depois de começar a fazer os vídeos do Severino. Conversamos e acabamos nos tornando colegas de produção”, diz Marcus. Pra afastar os boatos de rivalidade, Severino e Marcelinho já fizeram até um feat. Nada de climão entre os memes inanimados da internet. Initial plugin text
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A volta do tie-dye: técnica de tingimento de roupas retorna durante quarentena
Manu Gavassi, Preta Gil, Larissa Manoela, Giovanna Ewbank e outras famosas aderiram moda em sua retomada, seja na montagem do visual ou no momento de diversão para produção caseira. Preta Gil, Larissa Manoela, Manu Gavassi e Mari Gonzalez são adeptas do tie-dye Reprodução/Instagram A quarentena revelou um clima de nostalgia que resgatou hábitos e itens do passado. Além disso, revelou o talento manual em quem foi para a cozinha fazer pães, para as salas inovar nas pinturas de paredes ou para os armários no intuito de renovar peças de roupas mais antigas. Assim, o tie-dye – com ápice nas décadas de 1960 e 1970, retornando na década de 1990 — voltou com força. Não só no quesito moda e montagem de visual, mas no "mão na massa" para ocupar o tempo livre dentro de casa, reciclando peças de roupas usando tinta de tecido, corante ou água sanitária. "Com a quarentena o tie-dye vem como uma forma de escape, quase uma terapia, podendo ser feito em casa, sendo assim facilmente aceito pelo público em geral", diz a personal stylist Juliana Bacellar. "Suas formas abstratas, até psicodélicas representam bem nosso desejo de fuga da realidade explosão de emoções", completa Juliana, que também é treinadora master em consultoria de imagem. Mas apesar da explosão de produção caseira durante a pandemia, Juliana explica que não é de hoje que o tie-dye retornou para cena. "Desde o fim do ano passado, mesmo antes da pandemia, ele tem aparecido em desfiles de diversas grifes como Dior e Channel. E para a surpresa de todos até a clássica Anna Wintour apostou em uma mistura de estampas de xadrez e tie-dye." Das passarelas, o estilo que dá nome à técnica de tingimento artístico de tecidos, foi para páginas das influenciadoras e, consequentemente, com mais força para as ruas. Manu Gavassi em duas produções em que usa peças tie-dye Reprodução/Instagram Manu Gavassi, por exemplo, é adepta de peças com tingimento tie-dye. A cantora levou muitas delas para o "BBB" e carregou a onda para uma coleção em parceria com uma marca de roupas. Sua personal sylist, Carol Roquete, acredita que Manu também tenha influência nesse aumento pela busca do tie-dye. "Acredito que praticamente tudo que a Manu usa vira uma referência forte. Então acho, sim, que tem influência também de personalidades usando", afirma Carol, sobre os possíveis motivos da retomada do estilo. Embora para a personal stylist o tie-dye nunca tenha saído de moda. Tanto é que no carnaval de 2017 montou a produção visual completa da cantora Anitta com peças com esse tingimento. "Na minha vida, sempre esteve presente. Mas claro que agora está em um outro lugar, com muito mais visibilidade." "Acho que é atemporal, 100% atemporal. Agora ele está vindo com mais força, depois ele dá uma acalmada, mas acho que jamais vai sair." Famosas são adeptas Muitos famosos aderiram a moda em sua retomada, seja na montagem do visual ou na produção caseira. Dias antes do nascimento de Zyan, Giovanna Ewbank compartilhou em seu Instagram o momento em que reúne os filhos Titi e Bless para aprender o tie-dye. Preta Gil: unha também entrou na onda tie-dye Reprodução/Instagram Também nas redes, Preta Gil declarou seu amor ao estilo e pintou até as unhas usando a técnica. "Meu vício por Tie Dye não tem limites", escreveu a cantora. Outra fã da tendência é a atriz Larissa Manuela. Ela usou legenda semelhante a de Preta em uma das inúmeras publicações em que aparece usando as peças: "Ela tá viciada num tie dye ela". Mari Gonzalez, Cleo, Flávia Alessandra, Fernanda Paes Leme, Flavia Alessandra, Cleo, Fabiana Karla, Sophia Abrahão, entre outras celebridades, também já se mostraram adeptas do look – e algumas, da produção caseira. Mari Gonzalez com maiô e bandana tie-dye Reprodução/Instagram A técnica por ser usada em todo o tipo de peça, de camisetas a pochetes, passando por biquínis, maiôs e lenços. E, claro, em tempos de pandemia, também já estampam máscaras. "Minha dica é misturar com peças básicas. Uma t-shirt tie-dye com um jeans liso e um tênis branco fica lindo. Cuidado em ambientes de trabalho mais formais, pode não pegar bem", destaca Juliana Bacellar sobre a produção de um look. "Acho ele uma peça super versátil, inclusive. Ele pode estar num biquíni, num tênis, num blazer, numa camiseta, numa canga. Muito da forma que você vai usar e da forma que você quer usar. Acho tie-dye super versátil. Não tem regra e tudo vem de como você quer usar e qual momento", aponta Raquel Roquete. Larissa Manoela revela "vício" em tie-dye Reprodução/Instagram Os planos do top 5 do 'BBB20' para depois do programa
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Cavalo em fuga, tiroteio, queda na piscina: veja emergências e imprevistos em lives
Quedas, vestido rasgado e falhas na memória também marcaram lista de incidentes em apresentações com transmissão on-line. Cavalo em fuga, tiroteio, queda na piscina: veja emergências e imprevistos em lives Reprodução/YouTube/Instagram Nem só de músicas, doações e conversa com fãs são feitas as lives. As transmissões on-line de shows, forma que o mercado do entretenimento encontrou para se manter ativo durante a pandemia, também são marcadas por imprevistos e emergências. Neste final de semana, o grupo Aglomerou passou por um grande susto ao ter sua live interrompida com um tiroteio. Outros incidentes, como queda na piscina, fuga de cavalo e chuva no meio da apresentação também marcaram outras transmissões on-line. Relembre alguns desses momentos: Tiroteio em live Neste domingo (26), os integrantes do Aglomerou levaram um grande susto durante a apresentação da live. Um tiroteio interrompeu a apresentação on-line do grupo de pagode, que acontecia em uma casa de festas em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro. Os músicos tocavam a canção "Compasso do amor", do Revelação, quando foram interrompidos por barulho de tiros e policiais entrando no imóvel. No vídeo, é possível ver que o vocalista percebe a movimentação dos policiais enquanto ainda estava cantando a música. Quando um policial armado se aproxima, o som é paralisado. Em seguida, ouve-se um barulho de helicóptero e muitos tiros. Um policial armado passa na frente da câmera e os músicos deixam o local agachados. Pouco mais de um minutos depois da interrupção, a transmissão ao vivo é encerrada. Em nota, a Polícia Civil explicou que o alvo da operação era um imóvel vizinho, onde estaria acontecendo uma festa com foragidos da Justiça. Live do grupo Aglomerou interrompida por ação policial em Angra dos Reis Reprodução/Redes sociais Cavalo em fuga O cantor Flávio Brasil chegou em sua live, em junho, em uma charrete. Enquanto começava a música "Quem me colocou pra beber", o cavalo que puxava o veículo resolver sair em disparada. Flávio tentou seguir a canção e quase bateu com a cabeça na placa que decorava o palco da apresentação. A banda seguiu a música e, segundos depois, Flávio retornou ao cenário, a pé mesmo, e continuou a cantar. Mas antes, avisou aos risos: "Fui guardar o cavalo". A cena virou meme e Flávio celebrou o sucesso posterior. "Para pagar as minhas contas, eu vendi minha caminhonete. Para fazer a minha Live, eu quis entrar de charrete. E o cavalo curió parecia estar com pressa. Quando cantei quatro frases, ele não quis mais conversa. Por causa do curió, estou mais famoso agora. Trinta segundos de Live, disparou e foi embora. Estrecencentas mil mensagens, comecei a receber. É difícil acreditar tudo isso acontecer. Com o celular travando, uma eu consegui ler. Tirulipa me dizendo vai estourar bebê." Initial plugin text Ludmilla na piscina Durante sua primeira live, em abril, Ludmilla levou um tombo e caiu em uma piscina enquanto ela fazia uma cover de "Planos Impossíveis", música de Manu Gavassi. "Alguém poderia ter botado uma proteção ali", disse a cantora, logo após o tombo. Ela não se machucou. Ludmilla cai na piscina durante live Reprodução/YouTube/Ludmilla Casa invadida Durante uma live, o cantor Brunno Souza teve sua casa invadida por um bandido, em Santarém, no oeste do Pará. O sertanejo relatou que o homem pulou o muro da residência enquanto todos estavam concentrados na apresentação. Na casa, estavam Bruno, esposa e um casal de amigos com o filho de um ano. "Nós o amarramos para esperar a chegada da polícia. O suspeito contou à polícia que invadiu a casa a mando de outra pessoa e que que tinha outro comparsa esperando por ele fora da casa", contou Brunno. Na chuva, na fazenda Paula Fernandes até tentou fazer a dança para afastar a chuva, conforme anunciou logo no começo de sua primeira live, em maio. Mas não teve jeito. A chuva começou a cair durante a apresentação e, no meio da música "Dias melhores", a cantora deixou os músicos e seguiu para uma área coberta, onde já preparavam um cenário improvisado. Ao final da canção, os músicos seguiram a cantora e seguiram com a apresentação em novo palco. Paula Fernandes foge de chuva durante live Reprodução/YouTube Top traiu Joelma Em suas lives, Joelma costuma fazer diversas trocas de roupa. Uma delas, acabou acontecendo totalmente fora do roteiro durante a live realizada pela cantora em maio. Isso porque enquanto fazia uma de suas coreografias, o top de Joelma arrebentou e ela precisou substituir a peça. "A roupa me traiu, mas eu coloquei outra", afirmou a cantora em suas redes sociais, brincando com o refrão do hit "A lua me traiu". Top de Joelma arrebenta durante transmissão em live Reprodução/Instagram Queda de músico Durante a transmissão da live "Tudo vira reggae" do Maneva, em maio, o músico Fernando Gato levou um tombo. A cena não foi ao ar, pois a câmera mostrava o vocalista Tales de Polli de olhos fechados, prestes a iniciar mais uma música. "Não estou ouvindo o baixo, tô sem baixo", reclamou Fernando, sem perceber que o músico Fernando Gato havia caído. "Ele caiu? O gato caiu? O cara caiu, mano…Problemas técnicos", disparou o vocalista sem segurar a risada, enquanto o Fernando se recompunha. Músico Fernando Gato cai durante live do Maneva Reprodução/YouTube Esqueceu a letra Em sua primeira live via YouTube, em abril, Marília Mendonça cantava "De quem é a culpa" quando esqueceu parte da canção. A cantora até tentou seguir, mas assumiu: "E agora, perdi. Fiquei emocionada. Vou cantar de novo. Inclusive, é uma composição minha". Rindo, a cantora pegou o celular e foi buscar a letra na internet antes de retomar a faixa. Marília Mendonça esquece letra de música composta por ela durante live Reprodução/YouTube Tiroteio interrompe live do grupo Aglomerou em Angra dos Reis
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Luiz Thunderbird, devoto do rock, conta boas histórias de resistência em autobiografia de fôlego
Além do livro, artista também lança singles do primeiro projeto musical solo, Pequena Minoria de Vândalos. Capa do livro 'Contos de Thunder – A biografia', de Luiz Thunderbird Divulgação Resenha de livro Título: Contos de Thunder – A biografia Autor: Luiz Thunderbird Editora: Globo Livros Cotação: * * * * ♪ Em essência, o que o músico, compositor e apresentador de TV Luiz Thunderbird apresenta na autobiografia Contos de Thunder é espontânea narrativa de superação, sem o sentimentalismo e sem os clichês recorrentes nos padronizados livros de autoajuda. Paulistano nascido em 8 de abril de 1961, Luiz Fernando Duarte é valente sobrevivente que conta no livro (boas) histórias de resistência. Resistência ao uso abusivo de drogas como cocaína, às quais já não recorre, após bem-sucedida internação em clínica para dependentes químicos. Resistência ao vaivém da indústria da música para manter em atividade na cena underground paulistana, após sucessivas mutações na formação, a banda Devotos de Nossa Senhora Aparecida, grupo de psychobilly que Thunderbird formou em 1986 e que, portanto, completará em 2021 bravos 35 anos de vida, sempre trilhados à margem do mercado. Resistência às entradas e saídas da MTV, onde ganhou visibilidade a partir de 1990 como um dos pioneiros VJs da filial brasileira da emissora pop norte-americana, na qual o então cirurgião dentista ingressou, trocando a odontologia pela música. Resistência, enfim, às vicissitudes da vida, louca, vida que as estatísticas fizeram supor erroneamente que seria breve. Desafiando o censo, após longa fase em que desafiou o senso de amor a si próprio, Thunderbird se prepara para festejar 60 anos de vida em abril de 2021 – cheio de vida e de planos. Enquanto revê o passado sem autopiedade nessa autobiografia de texto assinado com os jornalistas Leandro Iamin e Mauro Beting (que desviou o curso do livro idealizado em 2010 ao perder todo o material colhido durante três anos em entrevistas para a feitura da biografia), Thunderbird encara o futuro. Antenado VJ convertido em youtubber e podcaster, sem jamais perder a devoção ao rock, o artista volta ao disco neste ano de 2020 com o primeiro projeto solo da carreira fonográfica, Pequena Minoria de Vândalos, álbum do qual já apresentou os singles A obra (recriação de música do grupo mineiro Sexo Explícito) e Insuportável (rock composto e gravado em casa com a little help do amigo e parceiro Guilhermoso Wild). Aparentemente sincera (ainda que a memória sabidamente atue de forma seletiva e trapaceira na percepção humana da própria vida), a narrativa em primeira pessoa de Luiz Thunderbird flui bem ao longo das 392 páginas do livro. Impressionam os relatos do mergulho fundo nas drogas ao longo da década de 1990, sobretudo no binômio 1996-1997 – a ponto de ter sido advertido por João Gordo e Nasi, dois cantores que também pegavam pesado naquela época. Impressiona também o carinho de vários roqueiros por Thunderbird, como Pitty que, de acordo com relato do autor, certa vez saiu de casa sem aviso prévio para gravar versão de música estrangeira com a banda Devotos, quando Thunderbird ligou para a artista e sondou a possibilidade de ela ir ao estúdio naquele momento. E ela foi. Detalhe: por questões jurídicas relativas aos direitos autorais dos compositores da música, a faixa com Pitty nem foi aproveitada no disco do grupo. O texto também prende (muito) a atenção do leitor quando Thunderbird descortina os bastidores da MTV sem censura. Enfim, Contos de Thunder – A biografia é livro recomendável porque Luiz Fernando Duarte tem muito o que contar. E ele conta, com o fôlego renovado de ex-cocainômano e ex-sedentário que, contra todos os prognósticos, virou resistente maratonista, correndo para recuperar o tempo perdido, sem perder a devoção a esse tal de rock'n'roll.
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