Discos para descobrir em casa – ‘Nós’, Johnny Alf, 1974
Capa do álbum 'Nós', de Johnny Alf Reprodução ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Nós, Johnny Alf, 1974 ♪ Já virou clichê sentenciar que Johnny Alf foi um dos precursores da bossa nova. E talvez a sentença seja até injusta porque muito músico de talento entende que o cantor, compositor e pianista carioca Alfredo José da Silva (19 de maio de 1929 – 4 de março de 2010), em vez de precursor, foi efetivamente um dos mais importantes criadores da bossa nova. Apresentada oficialmente em 1958, essa bossa renovou a música brasileira a reboque da batida diferente do violão de João Gilberto (1931 – 2019), mas se desenhara paulatinamente em bares e boates cariocas ao longo da década de 1950. E, nesse desenho, o complexo traço harmônico da música de Johnny Alf apontou caminhos para a arquitetura modernista da bossa. Discreto como os amores que viveu à meia-luz, Alf nunca levou o devido crédito por tamanha contribuição. Até porque, quando a revolução foi detonada à beira-mar na cidade do Rio de Janeiro (RJ), Alf já estava em São Paulo (SP), deliciando desde 1955 outra turma com a própria bossa, tão sofisticada que Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994) volta e meia o chamava de “geniAlf”. Embora gracioso, o trocadilho era feito com a seriedade de quem testemunhara a modernidade pioneira do artista ao vê-lo tocar em 1954 no piano-bar do Plaza, hotel situado no bairro carioca do Leme, para onde Alf arrastava involuntariamente os principais nomes da bossa. Lançado em 1974, 20 anos após a consagração do artista debutante entre a plateia minúscula, mas antenada e influente, do Plaza, o LP Nós foi o quinto dos 11 álbuns lançados por Alf em discografia iniciada em 1953 com single instrumental de 78 rotações que apresentou a primeira música gravada do compositor, Falsete. Àquela altura, a bossa nova já ganhara o mundo sem que Alf tivesse recebido o devido quinhão pela imensa contribuição que deu ao movimento, em parte pelo temperamento retraído, conveniente na época para artista de homossexualidade nunca assumida e sutilmente insinuada na foto da capa do álbum Nós. Alheios à injustiça histórica, ouvidos sagazes já se encantavam há anos com a música arrojada desse compositor e pianista de formação clássica, Tanto que o álbum Nós, de certa forma, representou tributo prestado a Alf por compositores da MPB herdeiros da bossa nova. Embora de origem pobre, Alf obtivera o aval e os meios financeiros – da família para a qual trabalhara a mãe, empregada doméstica – para aprimorar a musicalidade que se manifestara precoce, ainda na infância. O estudo de piano o pôs em contato com os grandes compositores de música clássica. Mais tarde, o apego ao jazz e à canção norte-americana fez soar natural a transformação de Alfredo José em Johnny Alf por sugestão de amiga de origem norte-americana. Fazendo bom uso dessas (in)formações ao exercitar o dom de criar música, Alf produziu série de canções que bafejaram ar fresco na música brasileira com a elegância providencialmente discreta do compositor. Quando o álbum Nós foi lançado pela gravadora EMI-Odeon, três anos após o álbum Ele é Johnny Alf (1971), esse compositor já legara ao mundo maravilhas eternamente contemporâneas como O que é amar (1953), Rapaz de bem (composta na safra de 1953 e lançada em disco em 1956), Ilusão à toa (1961) e Eu e a brisa (1968), entre outras. Produzido por Simon Khoury sob direção musical de Lindolpho Gaya (1921 – 1987), maestro então habituado a prestar serviços à gravadora Odeon, o álbum Nós se diferenciou por apresentar Alf fora do trilho autoral normalmente percorrido pelo compositor. Como contou no texto que escreveu para a contracapa do LP, o produtor Simon Khoury teve a ideia de convidar compositores em grande evidência naqueles anos 1970 – ninguém menos do que Gilberto Gil, Milton Nascimento, Ivan Lins, Gonzaguinha (1945 – 1991) e Egberto Gismonti – para fazer músicas para Alf. Eles não somente fizeram as músicas com entusiasmo, como alguns ainda participaram da gravação das respectivas criações. Dá para identificar o toque percussivo do piano de Ivan Lins (com ecos da obra de Milton), por exemplo, na introdução do samba Um gosto de fim, composição de Ivan com o parceiro Ronaldo Monteiro de Souza. Egberto Gismonti também mandou um samba, o abre-alas Saudações, composto com letra de Paulo César Pinheiro – na primeira das duas únicas parcerias de Gismonti com o poeta carioca – e arranjado pelo próprio Gismonti, que também orquestrou a regravação de O que é amar (1953), de tom mais expansivo. Gilberto Gil enviou Músico simples (1974), composição que, como a obra autoral de Alf, exibiu musicalidade sofisticada, sem soar rebuscada. O violão de Gil conduziu a gravação de clima minimalista. Da lavra de Alf, o álbum Nós apresentou a grande canção-título Nós (1974) – orquestrada por Wagner Tiso com cordas e o sopro do saxofone de Paulo Moura (1932 – 2010) – e o então inédito samba Acorda, Ulysses (1974), arranjado por Egberto Gismonti e gravado com os músicos Luiz Alves (baixo) e Robertinho Silva (bateria), virtuoses arregimentados para este disco também formatado com o flautista Copinha (1910 – 1984) e o pianista Tenório Jr. (1941 – 1976). Com a autoridade de quem estava associado ao Clube da Esquina, Wagner Tiso também orquestrou Outros povos, a música de Milton Nascimento (com letra de Marcio Borges), gravada com o toque da guitarra de Toninho Horta. Já Plenilúnio (1968) – música inédita na voz de Alf, mas lançada há seis anos pelo cantor Agostinho dos Santos (1932 – 1973) em festival da canção – ganhou arranjo intrincado do recorrente Egberto Gismonti. Contribuição de Gonzaguinha para o disco, o buliçoso samba É um cravo e tem espinho (1974) foi formatado com arranjo de Paulo Moura, também orquestrador do samba Um tema pro Simon, faixa instrumental que representou afago de Johnny Alf em Simon Khoury. Khoury, cabe enfatizar, foi o produtor entusiasmado deste álbum gregário que conectou a modernidade perene do artista com a contemporaneidade de grandes compositores que davam o tom da MPB dos anos 1970 e que, como Tom Jobim, certamente consideravam o dono do disco “geniAlf”.
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Dark: 8 perguntas sobre a ciência por trás da série alemã
Com viagem no tempo e realidades paralelas, a série alemã Dark tem feito sucesso. Julieta Fierro, pesquisadora do Instituto de Astronomia da Universidade do México, responde perguntas enviadas por leitores da BBC News Mundo. Com viagem no tempo e realidades paralelas, a série alemã Dark tem feito sucesso. Netflix Viagem no tempo, universos paralelos, teoria da relatividade, buraco de minhoca, partícula de Deus… Se você assistiu à série alemã Dark, um sucesso na Netflix na América Latina, certamente deparou com esses conceitos científicos ao acompanhar as aventuras de Jonas, Martha e outros habitantes de Winden. A BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, convidou os leitores a enviar perguntas científicas relacionadas ao enredo da série. Oito foram selecionadas e apresentadas a Julieta Fierro, pesquisadora do Instituto de Astronomia da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), que tem mais de 50 anos como disseminadora científica. Veja os principais trechos das respostas a seguir: 1. As viagens no tempo são teoricamente possíveis? Sim, claro. Quando (Albert) Einstein propôs suas primeiras teorias, ele percebeu que tempo e espaço estavam intimamente relacionados. Para entender, a velocidade de um objeto é a distância que ele percorre em um determinado tempo. Por exemplo, um carro a 10km/h é mais lento que um carro a 60 km/h. E a velocidade também é algo que se mede em relação ao observador. Vamos supor que estamos em um carro estacionado e outro passa a 60 km/h. Mediríamos essa velocidade como 60 km/h. No entanto, se nos movermos a 60 km/h na mesma direção que o carro em movimento, poderíamos conversar com a pessoa no outro carro e teríamos uma velocidade de 0 km/h. Por outro lado, se o carro se mover em nossa direção e nós na direção oposta, mediríamos uma velocidade de 120 km/h. Ou seja, para nossa vida cotidiana, a velocidade de um objeto depende do observador. Mas Einstein percebeu que a velocidade da luz é constante. Se um raio de luz chega em nossa direção e estamos parados, medimos 300.000 km/s. Se o raio de luz chega em nossa direção e nos movemos na mesma direção que o raio de luz, medimos 300.000 km/s novamente. E se o feixe se mover em nossa direção e nós nos movermos na direção oposta, também mediremos 300.000 km/s. A velocidade da luz é constante, independentemente da velocidade do observador. Einstein também percebeu que havia outra maneira de explicar o que Isaac Newton estava dizendo. Newton disse que os objetos celestes atraem outros, que a Terra atrai a maçã e que o Sol atrai os planetas e, assim, explicou a queda dos corpos. Mas Einstein disse que não. Se você pegar bolas e jogá-las em direções diferentes, pode-se dizer que cada bola segue a curvatura do espaço-tempo. Você joga uma bola e ela tem um caminho curvo. Se você atirar outra bola em outra direção em outro momento, ela tem uma curvatura diferente. Se você jogá-la mais rápido ou mais devagar, ele tem outra curvatura no espaço-tempo. Ou seja, ele propôs uma explicação alternativa. Mas se o espaço é curvado de acordo com esta definição de velocidade, distância e tempo, o tempo deve necessariamente ser curvado. Portanto, se o espaço fizer uma volta, como um satélite que gira em torno da Terra, significa que o tempo também poderia fazer uma volta. Em outras palavras, o tempo não é linear. É muito difícil definir o tempo, mas podemos medi-lo. Se o tempo é uma linha reta, vamos do passado para o futuro. Mas se é uma linha curva, como é o espaço, então o tempo também pode ter curvas e loops, ou seja, podemos voltar no tempo. A ideia é teórica. 2. Existe uma relação entre a física nuclear e a possibilidade de viagem no tempo ou universos paralelos? A física nuclear estuda partículas elementares. Por outro lado, essas viagens no tempo têm a ver com o universo em larga escala, com o macrouniverso, com buracos negros. Os átomos têm dimensões e são muito menores. Portanto, a física das partículas elementares não poderia ser trabalhada do ponto de vista da mecânica macroscópica, isto é, dos objetos celestes, das pessoas. Já se tentou fazer isso, que é chamado de unificação da física, mas não foi alcançado. Não podemos explicar macro fenômenos com a mecânica quântica, nem explicar a mecânica quântica com macro fenômenos, é totalmente diferente. Partículas elementares podem estar em dois lugares ao mesmo tempo, elas têm propriedades de onda. Roberto D'Avila: "Somos incapazes de perceber além do nosso próprio universo”, diz Karnal 3. É possível que o tempo não seja linear? Sim. Em nossa vida cotidiana, não vemos essa curvatura do espaço-tempo, mas as coisas que caem no buraco negro não conseguem escapar. Em teoria, quando se forma um buraco negro, você imediatamente cria um buraco branco. Há uma distorção no espaço-tempo e as partículas que entram no buraco negro sairiam através do buraco branco. Então alguém poderia dizer "Ah! Então você pode viajar no tempo!" Mas não é fácil. Se estivermos fora do buraco negro e começarmos a cair, levaremos um tempo infinito para cair dentro do buraco. Toda a informação que chega ao buraco negro permanece na crosta e levaria muito tempo para cair dentro do buraco negro. Portanto, embora teoricamente alguém possa entrar em um buraco negro e sair por um buraco branco, é muito difícil. Pode-se pensar: e se eu nascer no buraco negro quando ele se formar? Em seguida, um buraco de minhoca é criado no buraco branco, e poderia sair por aí. O problema é que também levaria um tempo infinito para fazer isso. Por enquanto, não há como percorrer buracos de minhoca através de buracos negros usando buracos brancos. Astrônomos observaram pela primeira vez o 'café da manhã' de um buraco negro 4. O que são buracos de minhoca? A conexão entre um buraco negro e um buraco branco. 5. É possível que existam mundos paralelos? A definição de um mundo paralelo é ambígua. Poderia ser um mundo semelhante à Terra. Mais de 4 mil planetas extra-solares semelhantes à Terra foram descobertos nos últimos anos. E como apenas algumas estrelas foram estudadas, é provável que planetas muito parecidos com a Terra sejam encontrados muito em breve. Penso que a questão é se existem universos paralelos. Vamos supor que eu possa realmente passar por um ciclo do tempo no passado. Estamos procurando um caminho, porque a ciência não tem resposta. A ciência se dedica a fazer perguntas e encontrar respostas, mas sabe que essas respostas não são a verdade. A verdade não existe. E os cientistas sabem disso. Portanto, sempre temos em mente que as coisas podem mudar. Então, se pudéssemos viajar para o passado, o que aconteceria? Viajo para o passado e o altero. Vamos usar o exemplo clássico: eu mato minha avó. Então, como é possível que eu esteja aqui conversando com você? A ideia é que naquele momento um universo paralelo seja gerado, um universo totalmente desconectado deste e onde eu não existo. E pode haver um número infinito desses universos: um que é igual a esse, mas no qual você tem cabelos de outra cor ou qualquer outra coisa. São universos desconectados aos quais não temos acesso e que poderiam ter leis diferentes da física entre si: poderia haver prótons com massas diferentes, cargas onde a gravidade seria diferente e assim por diante. Nasa descobre novos planetas fora do nosso sistema solar 6. Atualmente, existem experimentos que tentam entrar em uma dimensão desconhecida? Foram feitos estudos com partículas elementares e foi descoberto que para elas não há diferença entre o futuro e o passado. Sabemos que existem outras dimensões. Vou dar um exemplo. Todas as forças da natureza são mais ou menos igualmente poderosas, exceto a gravidade. Um ímã de geladeira, aquela coisinha pequena, vence toda a Terra. Ela, em sua vastidão, é menos poderosa do que aquele pequeno ímã. Portanto, não se entende por que a gravidade é tão fraca em comparação com as outras forças da natureza. Só é perceptível quando existe muita, em um buraco negro, em um planeta, no Sol. A ideia é que, na realidade, o nosso universo tem mais dimensões e que estão dobradas em si mesmas. Se você pegar uma folha de papel, ela tem duas dimensões: altura e largura. Mas se você fizer um pequeno tubo e ele ficar longe, você verá uma linha. Ou, se colocassem na minha frente, eu veria um ponto, porque as dimensões da folha estão dobradas sobre si mesmas. A ideia é que, no universo, há mais dimensões e que a gravidade é como uma lixa que vive em uma dessas dimensões, e só vemos um pouco dela. E como quase toda a gravidade está em outra dimensão, não a detectamos nessas quatro dimensões, as três espaciais e a temporal, às quais estamos acostumados. É por isso que a força da gravidade é tão fraca se comparada às forças eletromagnéticas, porque quase toda sua potência está em outra dimensão. 7. O que é emaranhamento quântico? Essa é outra coisa bonita que chocou Einstein. Eu tenho dois elétrons ou dois prótons que giram em seu eixo como um pião e giram em direções opostas. Essas duas partículas podem estar entrelaçadas, ou seja, elas giram as duas na mesma direção. E então essas duas partículas, uma vez que se ligam, podem se separar muito longe. Estamos acostumados ao fato de que o mais rápido que podemos enviar informações é na velocidade da luz. Então, se eu emito luz para Plutão, leva quatro horas para chegar lá. Um sinal de rádio ou televisão percorre 300.000 quilômetros por segundo. É impossível ir mais rápido. Por isso os satélites demoram tanto. O problema com as partículas entrelaçadas é que, se as separarmos e girarmos a direção de uma, a outra girará instantaneamente. Isso chocou Einstein porque ele achava que era impossível, que o mais veloz era a velocidade da luz. E é possível que exista um objeto na Terra e outro em outra galáxia, e instantaneamente ele vire. Isso foi testado em laboratório. 8. O que é a partícula de Deus? É possível criá-la? Se você tiver uma caixa branca e começar a remover as partículas, pode achar que está criando um vácuo. Mas é impossível fazer um vácuo total. Mas vamos supor que fosse possível. Existem laboratórios onde isso é feito: na medida do possível, todo o ar é removido de uma caixa. O problema é que sempre há energia na caixa, que é chamada de energia do vácuo. Mas essa energia de vácuo tem flutuações e, de repente, elas podem produzir a partícula. Isso aconteceu com o nosso universo, que surgiu do nada, devido a uma flutuação de vácuo. O que acontece é que muita energia foi produzida e isso também nos faz pensar que pode haver uma enorme diversidade de universos. Claro que pode ser criada, é por isso que é chamada de partícula de Deus, porque vem do vazio, do nada. *Produção e redação: Analía Llorente e Carlos Serrano
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Lives de hoje: Vanessa da Mata, Frank Aguiar, Criolo e mais shows para ver em casa
Veja os shows programados para esta sexta-feira (24). Vanessa da Mata Rodolfo Magalhães Vanessa da Mata, Frank Aguiar e Criolo estão entre os artistas com lives programadas para esta sexta-feira (24). Veja a lista completa com horários das lives abaixo. O G1 já fez um intensivão no começo da onda de lives, constatou o renascimento do pagode nas transmissões on-line, mostrou também a queda de audiência do fenômeno e a polêmica na cobrança de direito autoral nas lives. Wild Nothing – 16h – Link Sombrinha com participação de Thiago Kukinha (Em Casa com Sesc) – 19h – Link Teresa Cristina canta Dona Ivone Lara – 20h – Link Gustavito e Laura Catarina – 20h20 – Link Vanessa da Mata – 20h – Link Frank Aguiar – 20h – Link Samantha Schmutz convida Criolo – 21h30 – Link Jottapê – 22h – Link Semana pop explica como o Black Lives Matter está mudando a cultura pop
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‘A vida em um dia 2020’ convida público a gravar junto uma ‘biografia do planeta’, diz diretor
Cineasta ganhador do Oscar Kevin Macdonald repete parceria com Ridley Scott e YouTube dez anos após 1º documentário, que recebeu mais de 4,5 mil horas de vídeos do mundo inteiro. Se o mundo mudou muito desde janeiro, imagina então nos últimos dez anos. As diferenças poderão ser vistas de forma mais clara em "A vida em um dia 2020", documentário colaborativo que vai reunir mais uma vez o diretor Kevin Macdonald, o produtor Ridley Scott, o YouTube e milhares colaboradores de todo o mundo. O projeto é uma nova versão do filme lançado em 2011 como comemoração dos cinco anos da plataforma de vídeos. O original contou com mais de 4,5 mil horas de vídeos gravados por pessoas de 189 países no mesmo dia, 24 de julho de 2010. "Vejo ele como um retrato do mundo naquele dia, como ao tirar uma única foto de todos na Terra no mesmo dia", diz Macdonald em entrevista ao G1. "É meio que uma biografia do planeta." E de biografia o escocês de 52 anos entende bem. Ganhador de um Oscar em 2000 pelo documentário "Munique, 1972: Um Dia em Setembro", sobre o atentado terrorista ocorrido durante os Jogos Olímpicos de 1972, ele tem uma carreira marcada por obras que contam histórias de vidas notáveis. Em "O último rei da Escócia" (2006), por exemplo, dirigiu James McAvoy e Forest Whitaker em uma versão ficcionalizada da vida do ditador de Uganda, Idi Amin Dada. No novo "A vida em um dia", a ideia é que as pessoas mandem vídeo gravados apenas durante este sábado (25). Veja como se inscrever e enviar o material no site do projeto. Eles podem incluir momentos especiais e grandes eventos, como festas e casamentos, mas a expectativa é que em sua maioria sejam da rotina dos colaboradores – que devem receber crédito como codiretores. Após a seleção do conteúdo enviado e da edição, o filme tem estreia prevista no começo de 2021, no Festival de Sundance, nos Estados Unidos. Depois disso, ficará disponível no YouTube. Vida real, por favor Entre as principais mudanças nessa década, o diretor vê principalmente a forma como as redes sociais e os smartphones se tornaram uma parte integral da vida da maior parte da população. Isso facilita a produção do conteúdo, mas também cria um problema. "Há uma certa preocupação que todo mundo mande apenas imagens perfeitas, prontas para o Instagram, de versões de suas vidas (risos). Todo mundo fazendo suas vidas parecerem perfeitas", afirma o diretor. "Mas eu não acho que isso vai acontecer. Porque com a Covid-19, e o momento em que estamos vivendo, as pessoas estão muito reflexivas, estão examinando suas vidas e pensando nelas. Então acho que o momento é acidentalmente muito bom." Surpreendidos novamente Os planos para o retorno ao projeto começaram muito antes do começo da pandemia. Mesmo quando a ideia foi aprovada e confirmada por todas as partes, em março, ninguém achava que em julho grande parte do mundo ainda estaria em quarentena. "Nessa época a pandemia estava começando a virar um grande problema, mas todos pensamos teria acabado em maio, ou junho, e as pessoas estariam voltando à normalidade", diz Macdonald. "Mas é fascinante. Esses filmes são sobre as conexões da humanidade, sobre como estamos todos conectados. E a Covid-19 é isso, ela nos lembra que estamos todos nessa juntos." Não dá para ver tudo Com a noção de que o novo documentário deve receber muito mais colaborações que as cerca de 80 mil do original, o cineasta conta com as lições aprendidas em 2010 e com uma equipe de cerca de 30 assistentes. Fluentes em diferentes idiomas, eles assistirão a todo o material, com uma classificação de 1 a 5 para cada vídeo enviado – de "não vale a pena" a "isso precisa ser visto". Afinal, ele jamais conseguiria conferir todo o conteúdo sozinho. Na produção do primeiro filme, ainda passou dois meses assistindo a todo o material já selecionado. "Eu acho que, de todos os filmes que eu fiz, é um dos meus favoritos, se não o favorito, porque parece não ser realmente meu. Ele pertence a todas as pessoas cujos vídeos estão nele", afirma o escocês. "Eu fui apenas a pessoa que teve sorte suficiente para estar vivo e juntar todas essas partes. Esse lado é o que mais me anima para voltar." Apelo do diretor Ao final da entrevista, o diretor bem-humorado faz um último apelo, ciente das mudanças de hábitos da população. Mais confortáveis com a produção de seus próprios conteúdos, as pessoas também adquiriram vícios. "Eu não quero que gravem verticalmente, quero que gravem na horizontal." "Por favor, diga às pessoas que gravem horizontalmente", brinca Macdonald, entre risos um tanto desesperados. "Claro que se alguém gravar algo incrível, com um personagem ou história fascinante, vai entrar no filme. Mas vai deixar o resto menos bonito. Estou pedindo para que as pessoas pensem em como o filme vai ficar na tela grande do festival de Sundance, não como fica em seus celulares (risos)."
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Taylor Swift lança clipe de ‘Cardigan’, faixa que integra seu novo álbum ‘Folklore’
Vídeo chega ao mercado junto com oitavo disco de estúdio da cantora, produzido durante a quarentena. 'Em isolamento, minha imaginação correu solta e este álbum é o resultado'. Taylor Swift lança clipe de 'Cardigan', faixa que integra seu novo álbum 'Folklore' Reprodução/Instagram Taylor Swift lançou na madrugada desta sexta-feira (24) o clipe de "Cardigan". A faixa integra seu oitavo álbum de estúdio, produzido durante o período de isolamento social por causa da quarentena. "Folklore" foi lançado nesta sexta-feira. A composição de "Cardigan" é uma parceria da cantora com Aaron Dessner. Já o clipe foi escrito e dirigido por Taylor. G1 OUVIU: Novo álbum de Taylor Swift tem indie folk melancólico "A gravação inteira foi supervisionada por um inspetor médico, todos usavam máscaras, ficaram longe um do outro, e eu até fiz meu próprio cabelo, maquiagem e produção de estilo", explicou Taylor, mostrando seu comprometimento com os cuidados na luta contra o coronavírus. Nesta quinta-feira (23), Taylor revelou que "Folklore" não estava nos planos. "Em isolamento, minha imaginação correu solta e este álbum é o resultado, uma coleção de canções e histórias que fluíram como o fluxo da consciência. Pegar uma caneta foi minha maneira de fugir para a fantasia, história e memória. Contei essas histórias da melhor forma que pude com todo o amor, admiração e capricho que elas merecem", escreveu a cantora em suas redes sociais ao anunciar o lançamento oficial do álbum. Initial plugin text Semana Pop #64: Taylor Swift e seus empresários entram em guerra
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Amber Heard diz que amava Johnny Depp e tinha esperança de que ele abandonaria vício
Em depoimento, ex de ator afirmou que ele é 'generoso' e 'carinhoso' quando está sóbrio, mas seu 'outro lado era um monstro'. Johnny Depp e Amber Heard deixam tribunal após depoimentos nesta quinta-feira (16) REUTERS/Hannah McKay A atriz americana Amber Heard afirmou nesta quinta-feira (23), em Londres, que amava o ex-marido Johnny Depp e sempre teve a esperança de que ele abandonaria o vício em drogas, durante o julgamento por difamação do ator contra o tabloide The Sun. Em depoimento, em Londres, Amber afirmou que Johnny Depp é "generoso" e "carinhoso" quando está sóbrio, mas "o outro lado dele era um monstro". "Eu o amava e não queria perder isso (…) Sua outra cara era de um monstro, mas sempre mantive a esperança que ele se desintoxicaria", declarou Heard, em resposta a uma pergunta da advogada do The Sun. Johnny Depp processa o tabloide britânico por ter sido chamado em 2018 de um marido violento. O grupo editor do jornal, NGN, alega 14 incidentes em que o ator de "Piratas do Caribe" foi supostamente violento com a esposa. O julgamento, que está na terceira semana, expôs a vida tumultuada do casal, incluindo a descrição de alguns episódios violentos. Depp reconheceu o consumo abusivo de drogas e álcool e afirmou que Heard era violenta, além de retratá-la como uma pessoa calculista, narcisista e sociopata. Amber Heard, de 34 anos e chamada a testemunhar pela defesa do The Sun, se defendeu dizendo que nunca quis se aproveitar da situação. "Eu não quis colocar o Jhonny [em uma posição] em que o mundo inteiro ou seus filhos descobrissem em detalhes quem ele é, ou do que é capaz. É vergonhoso", declarou. A atriz garantiu que não queria estar no tribunal e que apenas quer Depp a "deixe em paz". Ao ser questionada se os acontecimentos haviam beneficiado sua carreira, Heard respondeu: "Não. Que mulher foi beneficiada alguma vez por ser vítima de violência doméstica?". Depp, que já testemunho no julgamento iniciado em 7 de julho, afirmou nunca ter agredido a esposa. O casal se conheceu em 2011 durante a filmagem de "Diário de um Jornalista Bêbado" e se divorciou em 2017. O julgamento termina na próxima terça-feira (28). Johnny Depp e Amber Heard pedem desculpa por levar cães à Austrália
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‘Mulan’ têm estreia adiada novamente devido à pandemia; nova data não foi anunciada
Disney também anunciou o adiamento em um ano dos lançamentos dos futuros episódios de 'Avatar' e 'Guerra nas Estrelas'. Liu Yifei como Mulan em primeira foto do novo filme da personagem Reprodução/Twitter/Disney A Disney adiou a estreia de filmes com altos orçamentos, como "Mulan", "Guerra nas Estrelas" e "Avatar", devido à pandemia da COVID-19. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (23) pela gigante americana do entretenimento. A companhia já havia adiado duas vezes a estreia da versão com atores reais da animação "Mulan". Desta vez, a empresa não deu data para quando o filme chegará aos cinemas. Após o adiamento de "Tenet", uma obra de ficção científica do diretor Christopher Nolan bastante aguardada por cinéfilos, "Mulan" é o segundo 'blockbuster' a ser retirado do calendário de lançamentos deste verão. "Nos últimos meses, ficou claro que nada pode ser dado como definitivo em relação à maneira como lançamos filmes", comentou um porta-voz do estúdio Disney à imprensa americana. A Disney também anunciou o adiamento em um ano dos lançamentos dos futuros episódios de "Avatar" (para dezembro de 2022) e "Guerra nas Estrelas" (para dezembro de 2023). Os episódios seguintes das sagas serão lançados a cada dois anos: "Avatar" em 2024, 2026 e 2028; "Guerra nas Estrelas" em 2025 e 2027. Em mensagem publicada no Twitter, o diretor, roteirista e produtor de "Avatar", James Cameron, explicou que o adiamento devia-se aos atrasos no cronograma de produção do filme. Initial plugin text Embora as filmagens tenham começado na Nova Zelândia para a tomada de imagens reais, o trabalho de efeitos especiais, previsto para ser feito em Los Angeles, ainda não pôde começar por causa da pandemia. No início de abril, a Disney já havia decidido adiar a estreia de uma dezena de filmes do universo de super-heróis da Marvel e outras grandes produções como "Viúva Negra", protagonizada pela atriz Scarlett Johansson. Assista ao 2º trailer de 'Mulan'
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Mel Gibson ficou hospitalizado por uma semana após testar positivo para Covid-19
Segundo a revista People, o ator de 64 anos foi diagnosticado com a doença em abril. Representante de Gibson informou à publicação que ele está completamente recuperado. Mel Gibson na estreia do filme 'Pai em Dose Dupla 2', em Westwood, na Califórnia. Foto de novembro de 2017 Valerie Macon/AFP/Arquivo Mel Gibson passou uma semana internado em um hospital de Los Angeles, na Califórnia, após testar positivo para Covid-19. Segundo a revista People, o ator de 64 anos foi diagnosticado com a doença em abril. Ainda de acordo com a publicação, o representante de Gibson afirmou que o ator já está totalmente recuperado. "Ele testou positivo em abril e passou uma semana no hospital", afirmou o representante, dizendo ainda que após o tratamento, Gibson "testou negativo várias vezes desde então, além de ter resultado positico para anticorpos". Mel Gibson foi um dos indicados a melhor diretor no Oscar 2017 pelo filme "Até o Último Homem"
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Taylor Swift lança ‘Folklore’, com indie folk melancólico e letras muito bem escritas; G1 Ouviu
Oitavo álbum da cantora foi composto na quarentena, com parceiros ligados ao rock alternativo (The National e Bon Iver). Força do disco está nas narrativas que misturam vida pessoal e ficção. Muita gente disse que "Lover", álbum de 2019, seria uma volta ao começo da carreira, com algo de country e folk. Taylor Swift daria mais atenção às letras e melodias do que às fofocas, aos clipes, à lojinha virtual. Era o primeiro disco da fase pós-pop. Mas o que foi ensaiado no disco anterior ganha força em "Folklore", lançado nesta sexta-feira, 17 horas após ela ter anunciado o projeto. O primeiro "álbum surpresa" da cantora americana de 30 anos dá novo rumo à carreira. É menos comercial. Apoia-se mais nas narrativas que ela canta, do que nas que ela vive. O oitavo álbum de Taylor nos faz lembrar o porquê de o jornal inglês "The Guardian" tê-la comparado a Bruce Springsteen. O gosto por boas narrativas aparece revigorado em "Folklore". Musicalmente, tirando os ótimos vocais, dava para forçar um pouco e dizer que passaria como um álbum do Death Cab for Cutie, do Wilco ou do The National. Aaron Dessner, músico dessa banda de indie rock arrastado com vocal grave, coassina com Taylor 11 das 16 novas músicas. Parceiro da cantora desde 2014, Jack Antonoff (Lorde, Lana Del Rey) é o coprodutor geral. Taylor Swift anuncia lançamento 'Folklore', seu oitavo álbum de estúdio Reprodução/Instagram A força está nas letras Mas a força e a coesão de "Folklore" não estão no som, estão nas letras. Taylor parece disposta a falar mais de outras pessoas, como quando conta histórias de adolescentes em um triângulo amoroso, tema que permeia o álbum. Ela segue, claro, falando de si mesma. "This is me trying" parece uma confissão de culpa por provocações e tretas do passado (com Katy Perry e Kanye West, por exemplo). Em vez de dar indiretas, ela reflete sobre o clichê machista de se chamar uma mulher de louca, na perspicaz "Mad woman". Mas nada é tão compartimentado. "As linhas entre fantasia e realidade se confundem e as fronteiras entre verdade e ficção tornam-se quase indiscerníveis", comentou ela, em texto que acompanha o álbum. "My tears ricochet" é um pop fantasmagórico sobre insonia, depressão, lágrimas que ricocheteiam. Difícil dizer se a personagem é a cantora, tendo os tão comuns pesadelos de quarentena. "Cardigan", primeira a ganhar clipe, é sobre um amor adolescente cantado com desesperança. "Quando você é novo, eles presumem que você não sabe de nada", canta. Em faixa com pegada bem Lana Del Rey, ela relembra beijos em carros, em bares no centro, dançando na rua. Agora, porém, diz se sentir como "um cardigã velho jogado embaixo da cama de alguém". Ainda mais melancólica, em "Seven", ela fala de uma criança que "viveu o auge aos sete anos". A tal criança tinha tempo para contemplar o céu de Pensilvânia, estado em que ela nasceu. O único 'feat' do álbum Bon Iver, cantor de folk eletrônica, empresta sua interpretação solene e grave para "Exile". A música narra um reencontro entre ex-namorados, nas duas perspectivas. "Eu posso te ver, querida / Com os braços dele ao redor de seu corpo / Rindo, mas a piada não é nem um pouco engraçada", canta ele. "Eu posso te ver encarando, querido / Como se ele fosse apenas seu substituto / Como se você fosse trocar socos por mim", canta ela. "Acho que vi esse filme antes / E não gostei do final", cantam os dois juntos. Dado o talento de todos os envolvidos, era de se esperar mais da colaboração. No fim, "Exile" é mais pueril do que emocionante. Cada vez mais indie Taylor Swift lança clipe de 'Cardigan', faixa que integra seu novo álbum 'Folklore' Reprodução/Instagram A cada lançamento, Taylor Swift mais se afasta de produtores associados ao pop de rádio americano, com DNA da Suécia. Foi Max Martin (Britney, Katy Perry, boy bands e popstars em geral) quem ajudou a cantora a ir do country pop para o pop pop mesmo. Das 22 músicas do produtor sueco que chegaram ao primeiro lugar do top 100 da revista “Billboard”, três eram cantadas e coescritas por Taylor. Jack Antonoff auxiliou Swift em outra migração: ela vem se deslocando de um pop mais histriônico para um som mais alternativo, com mais camadas. Antonoff passou a trabalhar com ela em “1989”, de 2014. Semana Pop #64: Taylor Swift e seus empresários entram em guerra A presença de Bon Iver e Dessner, parceiros desde 2016 na banda de indie folk Big Red Machine, reforça esse papo de que Taylor está cada vez mais indie. Não é o primeiro caso de parceria entre indies e popstars que deu liga. Em temporadas anteriores, Shakira & Bravery, Rihanna & Tame Impala e Miley Cyrus & Flaming Lips foram algumas das colaborações improváveis desse tipo. Feito na quarentena Taylor tem costume de lançar álbuns uma vez a cada dois anos. Para ter mudado essa estratégia, há pelo menos duas explicações: A quarentena pela pandemia da Covid-19 trouxe uma inquietude como compositora; Ela entendeu que "Lover" não teve a performance esperada (comercial e artisticamente); O mais provável, porém, é que a decisão tenha um pouco de cada. "Muitas das coisas que eu planejei neste verão acabaram não acontecendo, mas está aí algo que eu não planejei e aconteceu", escreveu a cantora no Instagram, ao apresentar "Folklore", na quinta-feira (23). "Escrevi e gravei essas canções em isolamento, mas com a colaboração de alguns dos meus heróis musicais." Taylor também deixou os fãs curiosos com outro comentário: "Tem uma coleção de três músicas que eu chamo de 'O triângulo amoroso adolescente'. Essas três músicas exploram um triângulo amoroso entre três perspectivas diferentes de pessoas em três diferentes épocas da vida delas". As músicas da trilogia seriam "Betty", "Cardigan" e "Illicit affairs", mas há outras letras em que amores adolescentes, vividos por três ou até mais pessoas, também são cantados.
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Negro Leo experimenta timbres, vozes e texturas com ‘Desejo de lacrar’
Artista lança álbum com dez músicas autorais de discurso politizado e tom vanguardista. ♪ Nono título da discografia solo de Negro Leo, o álbum Desejo de lacrar manifesta a intenção do artista maranhense de criar discurso engajado com a acentuação do sentido político do termo “lacre”, originado na comunidade LGBTQIA+, mas já recorrente fora do universo gay. “Lacrar é agir de forma insolente e revoltada. Vencer, se não de fato, virtualmente. Lacrar, na verdade, é o que nos resta”, contextualiza o artista no texto de apresentação do disco, editado através de parceria da gravadora YB Music com o selo QTV Label. Negro Leo é o nome artístico de Leonardo Campelo Gonçalves, cantor, compositor e instrumentista nascido em Pindaré-Mirim (MA) e – após anos de vivência carioca – atualmente radicado em São Paulo (SP), cidade com mais capacidade de absorver a sonoridade experimental do artista. Capa do álbum 'Desejo de lacrar', de Negro Leo Rafael Meliga Produzido pelo baterista Sérgio Machado (PLIM) sob direção artística de Leo, o álbum Desejo de lacrar foi pautado por experimentações de timbres, vozes, ruídos e texturas (sobretudo eletrônicas) que provocam estranhezas ao longo da fruição de músicas como Dança erradassa, composta por Negro Leo em 2019 durante residência artística na China. Dança erradassa é uma das dez músicas que compõem o repertório autoral de Desejo de lacrar, disco cujo teor experimental o conecta com recentes álbuns anteriores do artista, sobretudo com Água batizada (2016) e Action lekking (2017). Todas as músicas e letras são da lavra profícua de Negro Leo, com exceção da composição Makes e fakes, cujos versos são de autoria do poeta capixaba Tazio Zambi. Entre as distorcidas artilharias vocais de Absolutíssimo lacrador, faixa que evoca a virulência do punk hardcore, e os climas ligeiramente etéreos de Eu lacrei e Outra cidade, Negro Leo dá o recado na república tropicalista das e dos bananas, cumprindo a missão do álbum Desejo de lacrar.
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