Cinema drive-in dedicado a filmes brasileiros vai abrir em agosto com ingressos gratuitos
Com curadoria da cineasta Marina Person, cine em São Paulo quer exaltar filmes nacionais clássicos e contemporâneos. País soma mais de 20 drive-ins. 16 de junho – Sessão para convidados do cinema drive-in no Memorial da América Latina, na cidade de São Paulo, nesta terça-feira (16). O cinema drive-in estreia para o público nesta quarta-feira (17) com sessões esgotadas até julho Marcello Zambrana/Agif – Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo São Paulo vai ganhar mais um cinema drive-in. O novo cine será gratuito e passará apenas filmes brasileiros, dos clássicos aos mais recentes. O Drive-in Paradiso vai abrir dia 1º de agosto no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo. O projeto é do Instituto Olga Rabinovich com parceria da Prefeitura da cidade. Ele terá capacidade para 100 carros, com até quatro pessoas por carro. Cinema drive-in: filmes, ingressos, programação e horários A curadoria é feita pela cineasta Marina Person. O filme escolhido para a abertura é "Café com Canela", para celebrar o movimento vidas negras importam. A programação vai mesclar clássicos do cinema brasileiro, como "Central do Brasil", comédias campeãs de bilheteria, como "De pernas pro ar 3" e filmes mais novos, como o inédito "Meu Nome é Bagdá". Drive-ins no Brasil Estrutura está montada no estacionamento 4 do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre Drive-in Air/Divulgação A cidade de São Paulo tem a maior concentração de cinemas do estilo no Brasil. Atualmente, há mais de 20 drive-ins funcionando em todas as regiões do país. Concentrados principalmente nas capitais, a maior parte é feita em estacionamentos de shoppings, prédios e até universidades. Nos últimos finais de semana, a bilheteria dos dez filmes mais vistos no país arrecadou mais de R$ 100 mil, puxada principalmente pelos cinemas para carros. Terror, filme “família” e o sucesso “Nasce uma estrela” são queridinhos do público que frequenta cinemas drive-in no Brasil. Animações e filmes de heróis também entram na conta, mas mais aos finais de semana, geralmente nas primeiras sessões, para atrair pais e filhos. Nos locais em que os governos municipais e estaduais liberam o funcionamento, eles têm regras sanitárias, como número limitado de pessoas por carro e higienização de comidas e bebidas à venda. Cinemas drive-in pelo Brasil Amanda Paes/G1
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‘Relacionamento aberto’, música de Bruno Gadiol, gera debate sobre posse e fidelidade em redes sociais
No Twitter, usuários aproveitaram para defender ou mostrar seus receios com relações abertas. Live do G1 discutiu futuro dos relacionamentos e também divergência sobre o assunto. 'Relacionamento aberto', nova música do cantor Bruno Gadiol Reprodução/Bruno Gadiol O cantor Bruno Gadiol lançou a música "Relacionamento aberto" nesta sexta (24) e, com ela, um debate nas redes sobre relações, acordos e traição. O assunto é o quinto mais comentado no Twitter no Brasil. Teve gente que não entendeu que se tratava da música e resolveu compartilhar suas experiências com relacionamentos abertos. O debate se tornou um arena de discussões entre quem já está habituado a este tipo de relação e quem ainda não se sente confortável ou acha que relações abertas não funcionam tão bem na prática quanto na teoria. Quem gosta de relacionamento aberto Quem defende os relacionamentos abertos diz que eles são uma forma de se relacionar sem posse e com infinitas possibilidades. Eles dizem que assim é possível confiar e conhecer o parceiro. Mas é preciso ter um acordo muito bem definido antes e que também é possível haver traição nesse tipo de relação. Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text No dia dos namorados, o G1 discutiu o futuro dos relacionamentos pós-pandemia com a psicanalista Regina Navarro Lins e o poeta Fabrício Carpinejar. Os dois também divergiram sobre as relações. Veja abaixo. Agora é assim? Como serão os relacionamentos pós-pandemia? Para a psicanalista, a exclusividade das relações pode ser um artigo em extinção. "[O amor romântico] está levando com ele a sua exigência básica, que é a exclusividade. Outras formas de amar vão começar a crescer, como amor a três, poliamor, relações mais livre", disse a psicanalista. E quem ainda tem receio Quem se sente desconfortável com a ideia acha que um relacionamento aberto pode desencadear problemas de autoestima e confiança. As pessoas acham que, para embarcar nessa, mas duas pessoas do relacionamento precisam ser maduras e seguras. Na live do G1, Carpinejar deu uma opinião parecida com a do pessoal que ainda tem medo de se relaiconar abertamente. "A gente tem uma dificuldade, um certo analfabetismo emocional, para levar a sério." Para o escritor, a pandemia vai atrasar ainda mais essa discussão na sociedade. "O que eu vejo que pode acontecer, a partir desse ciclo que vivemos, que não temos ideia de quando vai acabar, é uma onda conservadora. Acho que as pessoas, a partir da higiene, do medo do contágio ou de uma nova quarentena, vão querer se casar." Initial plugin text Initial plugin text E teve também quem aproveitou para brincar com frustrações passadas. Initial plugin text
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Hamilton de Holanda e Mestrinho se unem em disco ao vivo com hits de Djavan, Piazzolla e Stevie Wonder
Ases do bandolim e da sanfona exercitam a liberdade do improviso nas abordagens de músicas como 'Brasileirinho' e 'Evidências'. ♪ Ás do bandolim, Hamilton de Holanda se junta com virtuose do acordeom, Mestrinho, no segundo disco do projeto Canto da praya, iniciado em junho deste ano de 2020 com a edição de álbum ao vivo de Hamilton com João Bosco. Canto da praya é projeto que apresenta registros fonográficos audiovisuais de encontros promovidos por Hamilton de Holanda no fim de 2019 com convidados. Se o disco com Bosco perpetuou sessões captadas em estúdio da cidade de São Paulo (SP), o álbum Canto da praya – Hamilton de Holanda & Mestrinho ao vivo – disponível em edição digital a partir desta sexta-feira, 24 de julho, via gravadora Deck – apresenta gravação de show feito pelos artistas na Casa da Glória, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Capa do álbum 'Canto da praya – Hamilton de Holanda & Mestrinho ao vivo' Divulgação Juntos, o carioca (de vivência brasiliense) Hamilton de Holanda e o sergipano Mestrinho exercitam a liberdade do improviso nas abordagens de repertório que inclui sucessos de Astor Piazzolla (1921 – 1992) (Libertango, de 1974), Chitãozinho & Xororó (Evidências, José Augusto e Paulo Sérgio Valle, 1989), Djavan (Eu te devoro, de 1998), Gordurinha (1922 – 1969) (Súplica cearense, parceria com Nelinho, de 1960) Stevie Wonder (Isn't she lovely?, de 1976) e Waldir Azevedo (1923 – 1980) (Brasileirinho, o antológico choro de 1949).
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Ciara dá à luz seu terceiro filho e canta para bebê na maternidade
Cantora compartilhou vídeo em que aparece usando máscara e com o filho Win Harrison Wilson nos braços. Ciara dá à luz seu terceiro filho e canta parabéns na maternidade Reprodução/Instagram A cantora Ciara deu à luz seu terceiro filho e compartilhou a notícia em seu Instagram. No vídeo em que anuncia a chegada de Win Harrison Wilson ao mundo, Ciara aparece de máscara, com o bebê nos braços e cantando "Parabéns a você". Win nasceu nesta quinta-feira (23) e suas primeiras imagens foram compartilhadas pelos papais nesta sexta-feira (24). Win é o segundo filho da cantora com o jogador Russell Wilson. Os dois já são pais de Sienna Princess, de 2 anos. Ciara também é mãe de Future Zahir, de 5 anos anos, de seu relacionamento com o rapper Future. Initial plugin text
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TikTok terá fundo de US$ 200 milhões para remunerar criadores de conteúdo
Empresa não deu detalhes sobre como será feito o pagamento. Serviço para compartilhar vídeos curtos quer fortalecer laços com seus astros, divididos entre redes sociais. Logo do aplicativo TikTok Dado Ruvic/Reuters O TikTok irá lançar um fundo de US$ 200 milhões para remunerar diretamente alguns dos criadores que publicam conteúdo na plataforma, anunciou a empresa. O serviço para criar e compartilhar vídeos curtos viu sua popularidade explodir durante o confinamento causado pela pandemia de coronavírus. Como estética do TikTok está mudando a forma de fazer música Webcrentes do TikTok: Os jovens cristãos do app Conheça Mario Jr., o 'galã' do TikTok A empresa não detalhou quando o dinheiro será distribuído entre os usuários. Poderão se candidatar a receber a verba criadores com mais de 18 anos, com um número mínimo de seguidores, que publicam com frequência vídeos dentro das regras da plataforma. "Nossos criadores poderão se beneficiar de ganhos adicionais, que ajudem a recompensar o cuidado e a dedicação que empregam para se conectarem de forma criativa com uma audiência que se inspira em suas ideias", diz o comunicado do TikTok. Atenção em disputa Adquirir e manter criadores que atraem um grande número de seguidores tornou-se um desafio para as redes sociais, que disputam a atenção dos usuários. Com a decisão, o TikTok pretende fortalecer seus laços com alguns dos criadores que se tornaram conhecidos em sua plataforma, mas cuja fama acabou superando os limites do aplicativo. Muitos deles conseguiram contratos publicitários e apareceram na imprensa. O YouTube, um de seus concorrentes, por exemplo, permite aos criadores que ultrapassam algumas metas, como número de assinantes e horas de visualizações, adicionar anúncios ao seu conteúdo, para lucrarem a partir de seus vídeos. Até agora, o TikTok seguia o modelo do Instagram, em que os criadores podem publicar vídeos patrocinados, mas sem um programa de remuneração direta deste porte. A plataforma de vídeos não especificou quantas pessoas poderão receber o dinheiro, tampouco a quantia que será destinada a cada usuário. O TikTok pertence ao grupo chinês ByteDance e tem cerca de 1 bilhão de usuários.
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Amber Heard diz ter dado soco na cara de Johnny Depp para impedir que ele empurrase irmã da escada
No 2º dia de depoimentos na disputa entre os atores, Amber Heard diz que temia que que o ex-marido Johnny Depp empurrase sua irmã da escada, assim como teria feito com Kate Moss. Johnny Depp e Amber Heard deixam tribunal após depoimentos na quinta-feira (16) REUTERS/Hannah McKay Nesta terça-feira (21), segundo dia de depoimentos da atriz Amber Heard em processo iniciado por Johnny Depp na justiça britânica, ela admitiu ter dado um soco na cara do ex-marido em uma briga em 2015. Mas Heard alega que tentava impedir que Depp empurrasse a irmã dela, Whitney Henriquez, da escada. Ela diz que ela se lembrou dos relatos de tabloides britânicos de que Depp teria empurrado da escada Kate Moss, com quem também já foi casado. Segundo Amber Heard, naquela ocasião Johnny Depp já tinha agredido ela e sua irmã. Ela disse à Suprema Corte de Londres que ele a agrediu por anos e que ela nunca tinha revidado até aquele momento. Johnny Depp nega acusações No primeiro dia do depoimento, ela disse que Depp ameaçou matá-la. Ela está testemunhando contra o ex-marido na ação. O ator está processando a News Group Newspapers, editora do jornal Sun, devido a uma reportagem de 2018 em que foi chamado de "espancador de mulheres" e que questionou sua escolha para atuar na franquia "Animais Fantásticos e Onde Habitam". Johnny Depp disse ao tribunal, na semana passada, que todas as alegações de Heard de abuso físico e verbal eram falsas. Ele nega ter sido violento com ela ou com qualquer outra mulher. Em uma declaração por escrito juramentada ao tribunal, divulgada quando ela começou a depor no banco das testemunhas, Heard afirmou que foi seriamente abusada por Depp. "Alguns incidentes foram tão graves que eu tinha medo que ele fosse me matar, intencionalmente ou mesmo perdendo o controle e indo longe demais", disse ela no comunicado. Semana Pop #95: Lembre de tragédias que envolveram atores de 'Glee', como Naya Rivera
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Kanye West candidato à Casa Branca: loucura, golpe publicitário ou desejo de incomodar?
Em lançamento de campanha presidencial, rapper chorou ao falar sobre aborto e criticou a abolicionista Harriet Tubman. Kanye West chora ao falar sobre aborto durante comício nos EUA Lauren Petracca Ipetracca/The Post e Courier via AP O lançamento caótico da improvável campanha do rapper americano Kanye West para substituir Donald Trump na Casa Branca provocou raiva, preocupação com sua saúde mental e dúvidas sobre sua seriedade. Vestindo um colete à prova de balas que dizia "segurança", West, 43 anos, chorou durante um discurso longo e disperso no domingo (19) em Charleston, Carolina do Sul, que deveria inaugurar sua campanha. Seus comentários controversos sobre a famosa abolicionista da escravidão Harriet Tubman ultrajaram muitos, provocaram desprezo e deixaram cientistas políticos em dúvida sobre as verdadeiras motivações do rapper. Com a inscrição "2020" raspada na cabeça, West fez um discurso de uma hora, dizendo que certa vez queria que sua esposa, Kim Kardashian, fizesse um aborto quando estava grávida de sua filha mais velha, North. Depois revelou que seu pai queria que sua mãe fizesse o mesmo quando estava grávida dele. "Minha mãe salvou minha vida", disse West, chorando. Então gritou: "Eu quase matei minha filha! Eu quase matei minha filha!". E propôs que "toda pessoa que tem um bebê receba um milhão de dólares". Entretanto, foram seus comentários de que "Harriet Tubman nunca realmente libertou escravos, apenas fez escravos trabalharem para outras pessoas brancas", que conquistou a maioria das manchetes e provocou indignação. Semana Pop lembra de famosos que se arriscaram na carreira política nos Estados Unidos West "enlouqueceu", tuitou a historiadora Kate Clifford Larson, autora de um livro sobre Tubman. A abolicionista é conhecida por ajudar dezenas de negros a escapar da escravidão montando uma rede de ativistas e casas seguras. Ela também era uma espiã da União na Guerra Civil. Diferentemente do que acontece com o maior agitador da história política americana, Donald Trump, também um "outsider" da política antes da campanha de 2016, Kanye West não tem uma mensagem forte. Se tivesse um eixo claro "ele teria a oportunidade de transformar o que é uma farsa em uma campanha importante", diz Robert Yoon, professor de jornalismo da Universidade de Michigan e especialista em campanhas eleitorais. Tecnicamente, Kanye West não tem chances de ser eleito presidente, porque os registros já foram encerrados no Texas e na Flórida, dois estados-chave nas eleições presidenciais de 3 de novembro. Embora ele tenha se registrado como candidato em Oklahoma, sua equipe não enviou as 10.000 assinaturas necessárias para se registrar na Carolina do Sul antes do meio-dia de segunda-feira (20), confirmou um porta-voz da comissão eleitoral daquele estado à agência France Presse. Para Yoon, isso não significa, no entanto, que tudo esteja resolvido para West, ou que ele não possa tirar votos do previsível candidato democrata Joe Biden. "Com seus meios pessoais, sua visibilidade e sua capacidade comprovada de atrair a atenção da mídia, ele pode ser um curinga em lugares suficientes para ter um impacto nas eleições", disse o especialista. Problemas de bipolaridade "Acho que ele será um ator menor na corrida, admitindo que seja um", diz Jeffrey McCune, professor da Universidade de Washington em St. Louis. O acadêmico, que ministrou um curso sobre Kanye West, está mais interessado em como esse rapper pode revolucionar o discurso político. Ele também está preocupado em ver a cena política e a mídia ocupada por dois candidatos, Kanye West e Donald Trump, "inconsistentes a ponto de impedir todo debate substancial". Outros temem que sua candidatura seja um novo sinal da bipolaridade do artista. Produtor musical de classe mundial, rapper de estilo único, milionário graças aos seus tênis Yeezy para a Adidas, Kanye West é um dos principais criadores dos últimos 20 anos. Ele teve, contudo, vários episódios estranhos, como seu monólogo incoerente de vários minutos no salão oval de Donald Trump, em outubro de 2018. Uma amiga íntima de sua esposa, Kim Kardashian, disse à revista "People" que a estrela teme que seu marido esteja passando por um novo episódio bipolar. Kim Kardashian revelou em 2019 que Kanye West estava se recusando a tomar remédios para regular seus problemas comportamentais e acredita que isso enfraqueceu sua energia criativa. Há também uma chance de que tudo possa ser um golpe publicitário antes do lançamento de um novo álbum, "Donda", anunciado na sexta-feira (17). Initial plugin text
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David do Pandeiro, uma voz do Carnaval que se cala aos 61 anos
Morte do intérprete de samba-enredo enluta as agremiações do Rio de Janeiro. David do Pandeiro Divulgação / Acadêmicos do Sossego ♪ OBITUÁRIO – Descendente da linhagem vocal de intérpretes carnavalescos que teve Jamelão (1913 – 2008) como maior expoente do gênero, o cantor carioca David dos Santos (13 de janeiro de 1959 – 20 de julho de 2020) – ou melhor, David do Pandeiro, como o artista era conhecido no meio do samba – foi essencialmente uma voz da folia e do samba-enredo. Uma grande voz do Carnaval que se calou aos 61 anos com a morte do cantor na noite de segunda-feira, 20 de julho, após se sentir mal na casa em que vivia na zona norte da cidade natal do Rio de Janeiro (RJ). Como intérprete de samba-enredo, ofício fundamental para animar o público nos ensaios e nos desfiles das escolas de samba, David do Pandeiro passou por várias agremiações em trajetória que, nesse sentido, se confunde um pouco com a do cantor e compositor carioca David de Araújo (1934 – 2019), o homônimo bamba carioca também conhecido artisticamente como David do Pandeiro e mais ligado à Portela. Em carreira iniciada nos anos 1980, David do Pandeiro – o David dos Santos – passou por agremiações como Mocidade Independente de Padre Miguel, Tupy de Brás de Pina, Grande Rio, Estácio de Sá, Unidos de Lucas, São Clemente, Unidos da Tijuca, Flor da Mina, Acadêmicos de Santa Cruz, Unidos do Viradouro e Acadêmicos do Sossego, entre outras escolas de samba que tiveram como intérprete o David conhecido pelo bordão “Arrebenta!”. Por isso mesmo, várias dessas escolas lamentaram em redes sociais o fato de ter se calado a voz desse intérprete que se destacou especialmente ao cantar o samba-enredo O dono da terra, com o qual a escola Unidos da Tijuca desfilou no Carnaval de 1999.
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Discos para descobrir em casa – ‘O som do sim’, Herbert Vianna, 2000
Capa do álbum 'O som do sim', de Herbert Vianna Reprodução ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – O som do sim, Herbert Vianna, 2000 ♪ Projetado em escala nacional a partir de 1983 como vocalista e guitarrista do power trio carioca Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna contribuiu decisivamente para a consolidação da banda por ser o principal compositor desse grupo que nasceu em 1981 entre as cidades de Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF). A trajetória profissional deste paraibano de João Pessoa (PB) – nascido em 4 de maio de 1961 – é indissociável da carreira do trio que, após início com ecos da banda inglesa The Police, imprimiu as próprias digitais em obra tão sólida quanto pioneira na derrubada dos muros altos que, nos anos 1980, separavam o rock da MPB. Ao mesmo tempo, Herbert Lemos de Souza Vianna se descolou eventualmente dos Paralamas como compositor de canções de bom acabamento pop. Sozinho ou com parceiros, o artista forneceu baladas sedutoras para os repertórios de cantoras como Marina Lima (Nada por mim, parceria com Paula Toller que se tornou hit do álbum Todas em 1985), Dulce Quental (Caleidoscópio, sucesso de 1987), Fernanda Abreu (Um amor, um lugar, canção de 1997) e Ivete Sangalo (Se eu não te amasse tanto assim e A lua Q eu T dei, baladas românticas feitas com Paulo Sérgio Valle e lançadas pela cantora baiana em 1999 e 2000). Por conta dessa fina sintonia da obra do compositor com o canto feminino, soou natural a reunião de tantas cantoras – Cássia Eller (1962 – 2001), Daúde, Érika Martins, Fernanda Abreu, Fernanda Takai, Luciana Pestano, Nana Caymmi, Sandra de Sá e Zélia Duncan – no vasto time de convidados do terceiro álbum solo de Herbert Vianna, O som do sim, lançado em setembro de 2000 pela EMI, gravadora que editou todos os discos dos Paralamas do Sucesso e de Herbert até ser encampada pela Universal Music em 2013. Mais pop do que os dois antecessores álbuns da espaçada discografia solo do artista, o experimental Ê batumaré (1992) e o acústico Santorini blues (1997), O som do sim se revelou álbum de espírito gregário e flagrou Herbert Vianna já maturado como compositor. Nada menos do que cinco produtores musicais – Beto Villares, Carlo Bartolini, Chico Neves, Liminha e Tom Capone (1966 – 2004), este creditado sob o pseudônimo de Capitão Antônio – foram arregimentados para dar forma às 11 faixas deste disco de repertório (quase) inteiramente inédito e autoral. Se o ouvinte começasse a audição de O som do sim pela utópica canção Vamos viver (1996), talvez supusesse equivocadamente que se tratava de álbum de baladas. Sim e não. Entre baladas como Vamos viver, gravada por Herbert com Sandra de Sá, cantora que apresentara a canção há quatro anos no álbum A lua sabe quem eu sou (1996), o compositor disparou petardos como História de uma bala (2000), música – cantada pelo autor com Fernanda Abreu – sobre a morte que explode em becos escuros que abafam a violência da selva das cidades. Essa violência também ergueu O muro (2000), faixa sombria que abriu o disco com a voz e o discurso do rapper Gustavo Black Alien. Em clima bem mais ameno, a canção Partir, andar (2000) clareou a madrugada e, com arranjo luminoso do maestro Eumir Deodato, anunciou a alvorada em dueto de Herbert com Zélia Duncan que seria bisado no ano seguinte no próximo álbum da cantora Sortimento (2001). E, quando o disco já estava claro, Nana Caymmi entrou em cena para dividir com o compositor a interpretação de canção ambientada no clima leve da bossa carioca, Hoje canções (2000), parceria de Herbert com Paulo Sérgio Valle cuja gravação tentou emular o tom da bossa nova com direito ao toque do piano de Marcos Valle. Álbum que se alimentou dos contrastes entre tons claros e escuros, O som do sim ficou mais encorpado quando Cássia Eller trovejou com alma e voz de cantora de blues sobre o rock Mr. Scarecrow (2000), faixa gravada com a marcação da bateria de Bacalhau (então na banda Rumbora) e o toque do baixo de Marinho (do grupo de rap Pavilhão 9). Também houve eco do blues no toque da gaita e no canto de Luciana Pestano, convidada da música Eu não sei nada (2000). A aspereza das guitarras de Herbert Vianna e de John Ulhoa contrastou com a maciez da voz de Fernanda Takai em A mais, música em que o compositor e o parceiro Pedro Luís expuseram o sonho de dias de paz na paisagem urbana em canção feita dias antes de a irmã de Pedro, Margot Mahrnada, ser assassinada no Rio de Janeiro naquele ano de 2000 – fato triste que fez com que a gravação de A mais fosse dedicada a Margot, poeta e também cantora carioca. Faixa com a voz (e o sopro do trompete) de Moreno Veloso e o toque inventivo de músicos do vanguardista grupo carioca Mulheres que Dizem Sim (Domenico Lancellotti, Maurício Pacheco e Pedro Sá), Um truque transitou entre a bossa e a experimentação noise, mostrando a intenção de Herbert Vianna de invadir com o álbum O som do sim territórios musicais inexplorados pelos Paralamas do Sucesso. Essa impressão foi reiterada pela moldura eletrônica de Une chanson triste (1997), música que encerrou o álbum com a adesão vocal de Daúde – cantora que apresentara a música no segundo álbum, #2 (1997), em dueto com o próprio Herbert – e com dedicatória a Renato Russo (1960 – 1996), colega e amigo de geração do dono do disco. Única composição sem a assinatura de Herbert Vianna, In between days (Robert Smith, 1985) era sucesso do grupo inglês The Cure que ganhou abordagem feita pelo cantor brasileiro com Érika Martins. Em essência, Herbert Vianna reafirmou habilidades em O som do sim, mas não teria tempo para exercitá-las no embalo da edição do disco. Em fevereiro de 2001, o artista sofreu acidente de ultraleve que o deixou paraplégico, mas, ao contrário dos prognósticos mais pessimistas, Herbert Vianna voltou à cena como cantor, compositor e guitarrista, dando continuidade, em outro ritmo criativo, à trajetória dos Paralamas do Sucesso e apresentando, em 2012, um quarto álbum solo, Victoria, em que regravou as canções que dera para cantoras. Contudo, decorridos 20 anos, o álbum O som do sim permaneceu como o título de melhor acabamento e de maior ousadia da discografia solo desse grande compositor da geração pop dos anos 1980.
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Pinto do Acordeon, autor de ‘Neném mulher’, deixa obra arretada ao morrer aos 72 anos
Trajetória do sanfoneiro paraibano exemplifica a força de artistas nordestinos que constroem carreiras calcadas na fidelidade do público da região. Pinto do Acordeon deixa cancioneiro gravado por cantores como Genival Lacerda, Flávio José, Elba Ramalho e Fagner Divulgação ♪ OBITUÁRIO – Musicalmente, o Nordeste sempre se portou como nação independente do Brasil. Embora muitos cantores, compositores e músicos da região tenham obtido a merecida consagração nacional, sempre houve artistas nordestinos que construíram sólida carreira dentro das fronteiras locais, aclamados por fãs fiéis, sem precisar do aval do público e da mídia do eixo Rio-São Paulo. Foi o caso do cantor, compositor e músico paraibano Francisco Ferreira Lima (19 de fevereiro de 1948 – 21 de julho de 2020), o Pinto do Acordeon, artista que morreu aos 72 anos, vítima de complicações decorrentes de câncer na bexiga, na cidade de São Paulo (SP), na madrugada desta terça-feira, 21 de julho. A rigor, Pinto do Acordeon teve um momento de visibilidade nacional na carreira iniciada nos anos 1970. Foi em 1989 quando o sanfoneiro teve a música Paixão de beata, composição de autoria do artista, veiculada na trilha sonora da novela Tieta (TV Globo) em gravação do próprio Pinto do Acordeon. Tratava-se da música originalmente intitulada Neném mulher, lançada pelo Trio Nordestino cinco anos antes no álbum Com amor e carinho (1984) e depois propagada na voz de Elba Ramalho em gravação feita para o álbum Remexer (1986). Nascido no município de Conceição, cidade interiorana do sertão paraibano do Vale do Piancó em que Elba Ramalho também veio ao mundo em 1951, Pinto do Acordeon deixa álbuns como Forró cocota (1978), Me botando pra roer! (1986), Na quentura do forró! (1987), A voz do sertão (1989) e De língua (2000) em discografia arretada que perpetua obra tornada Patrimônio Cultural e Imaterial da Paraíba em julho de 2019. Como compositor, Pinto do Acordeon teve músicas gravadas por cantores nordestinos como Fagner (Vem viver essa paixão, em disco ao vivo de 2002), Flávio José e Genival Lacerda, entre outros nomes da independente nação musical nordestina.
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