Dupla Guilherme & Benuto, revelação do universo sertanejo em 2019, grava show em drive-in
♪ Formato de show posto em movimento crescente pela indústria da música pop neste ano de 2020, em tendência forçada pela inviabilidade momentânea de aglomerar público em espetáculos ao vivo, as apresentações em drive-in começam a ser registradas para a posteridade. Uma das revelações do universo sertanejo em 2019, por conta do sucesso do single com a música Três batidas, a dupla paulista Guilherme & Benuto grava o show que apresenta em drive-in 360º da cidade de Piracicaba (SP) a partir das 21h deste sábado, 18 de julho, em espaço com capacidade para 80 carros que serão posicionados em volta do palco por ordem de chegada. Com espaço para participações do cantor Dilsinho, do DJ Guga e do duo mexicano Rio Roma, o roteiro do show dos irmãos Guilherme Antônio Artioli e Haroldo Bevenuto Machado Artioli contabilizará 12 músicas inéditas na voz dessa dupla formada em Campinas (SP) em 2018, além de sucessos como Flor que se cheira e a já citada Três batidas. Embora tenham ganhado projeção somente em 2019, Guilherme & Benuto já estão na estrada desde a adolescência. Antes de se lançarem como dupla sertaneja, os cantores formavam o trio Villa Baggage com a irmã Emy. Além de cantores, os irmãos são compositores, donos de cancioneiro autoral já registrados em vozes pop sertanejas como as de Marília Mendonça, Cristiano Araújo (1986 – 2015) e Jorge & Mateus, entre outros nomes. O registro audiovisual do show Drive-in 360º é segundo projeto fonográfico da dupla Guilherme & Benuto no gênero. A primeira gravação de show – feita em dezembro de 2018 e intitulada Amando, bebendo e sofrendo – foi apresentada paulatinamente em série de quatro EPs editados ao longo de 2019.
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André Abujamra e John Ulhoa se unem em disco autoral produzido em 15 anos e uma semana
♪ “ABCYÇWÖK é o disco que levou 15 anos e uma semana para ficar pronto”, gracejou John Ulhoa em rede social, em post publicado em 6 de julho, a respeito do álbum que o cantor, compositor e músico mineiro – projetado nacionalmente nos anos 1990 como integrante da banda Pato Fu – gravou com o multimídia artista paulistano André Abujamra. Lançado neste mês de julho de 2020 pelo selo indie Rotomusic, por ora somente em edição digital disponível nas plataformas de áudio, o álbum ABCYÇWÖK começou a ser feito em 2005 e, ao longo de dois anos, Ulhoa e Abujamra produziram pela internet seis faixas, interrompendo subitamente o processo criativo virtual em 2007. O trabalho somente foi retomado neste ano de 2020, em meio à pandemia do covid-19. Durante uma semana, a dupla deu forma a mais cinco músicas que, somadas às seis anteriores, formaram o inédito repertório autoral do álbum de título impronunciável – daí o gracejo de Ulhoa na rede social. Capa do álbum 'ABCYÇWÖK', de André Abujamra e de John Ulhoa Reprodução “Não sabemos o que o nome (do disco) significa. Mas sabemos como foi criado. Cada um foi falando uma letra”, dizem os artistas. Jaqueline dodecafônica, Nariz engessado, O castelo de gôrculos, Pára de tuitar, Sweet moog of mine, Tananam e Uncontrollabe sweetheart são algumas músicas do disco, repleto de ruídos e beats eletrônicos. Os títulos da maior parte das 11 músicas já sinalizam a estranheza sonora que pautou a criação do primeiro álbum de John Ulhoa com André Abujamra.
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Naya Rivera, Cory Monteith, Mark Salling… Lembre de tragédias que envolveram atores de ‘Glee’
Após morte da atriz em lago, Semana Pop fala sobre outros casos tristes com elenco da série musical. Semana Pop #95: Lembre de tragédias que envolveram atores de 'Glee', como Naya Rivera
O caso da atriz Naya Rivera, que morreu afogada durante um passeio de barco, é um entre alguns episódios tristes envolvendo o elenco da série "Glee". O Semana Pop deste sábado (18) lembra outros incidentes, como a morte do protagonista Cory Monteith.
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Banda Detonautas manda ‘Carta ao futuro’ em single com capa que retrata ‘exército de zumbis’
♪ Diante do quadro de incertezas geradas no universo pop pela pandemia do covid-19, a banda carioca Detonautas Roque Clube segue lançando singles que, em tese, formariam o repertório do primeiro álbum de inéditas do grupo desde VI (2017) – álbum cuja existência, na prática, já resulta indefinida por conta do atual panorama artístico e também pela predileção do mercado fonográfico brasileiro por singles avulsos. Em 31 de julho, Tico Santa Cruz (voz), Fábio Brasil (bateria), DJ Cleston (programações, loops e percussões), André Macca (baixo), Phil (guitarra e vocais) e Renato Rocha (guitarra, violões, teclados e vocais) mandam Carta ao futuro para as plataformas de áudio. Trata-se do terceiro single lançado pela banda neste ano de 2020 e o de letra mais corrosiva. Inédita, a música é caracterizada por Tico como “carta em defesa da democracia do Brasil”. Single gravado em junho em estúdio da cidade do Rio de Janeiro (RJ), com o toque da guitarra de Marcelo Sussekind (produtor também responsável pela mixagem do fonograma), Carta ao futuro expõe na capa uma imagem que retrata zumbis, antecipando o tom ácido da letra política. De acordo com Tico Santa Cruz, autor da letra, a imagem da capa faz crítica à parte da população que age como exército de zumbis. “É gente que está atacando enfermeiros, imprensa, artistas, STF, congresso, gente que fica debochando do coronavírus e das questões relacionadas à obrigatoriedade da utilização de máscaras. A capa é uma crítica a essa gente maluca que está solta pela rua, sem entender o momento que o Brasil está vivendo com a pandemia e com o crescimento do autoritarismo no país”, conceitua Tico, produtor da faixa ao lado dos guitarristas Phil e Renato Rocha. Com música assinada pelos integrantes da banda Detonautas, Carta ao futuro sucede os singles O que tiver de ser (Tico Santa Cruz, Mozart MZ e Vitor Wao) e Fica bem (Tico Santa Cruz, Fábio Brasil, DJ Cleston, Andté Macca, Phil e Renato Rocha), lançados pelo sexteto em janeiro e em maio, respectivamente. ♪ Eis a letra de Carta ao futuro, single que a banda Detonautas Roque Clube lança em 31 de julho: Carta ao futuro (Tico Santa Cruz e DRC) Hoje eu acordei com o vento explodindo na minha janela E tentei sair do quarto num silêncio de capela Só queria ter um tempo pra pensar sem compromisso Nessa sua isenção que é o abrigo dos omissos Lá fora os homens seguem se matando Uns por dinheiro outros por um pedaço de pão Afinidades entre a cruz que mata em nome de deus E a espada que estraçalha o amor na mão dos irmãos Não me assusta mas me esclarece Despreza a ciência faz uma prece Esconde a mão manchada do sangue do corpo dos inocentes Vocês são Joaquim Silvério dos Reis Nós somos Tiradentes Ouvi um grito vindo lá do beco escuro De uma criança sem pai perdida e sem futuro Seus olhos lacrimejavam o desejo de alguém Que sabe que será abatido, invisível e nada além Quantas histórias assim ficaram no caminho Num cemitério de ideias me vi sozinho Se sou canção sem refrão que fica na cabeça Não interessa eu sigo firme e forte, tenho pressa Amanheceu o dia e tudo é sempre igual Um loop eterno de notícias tristes no jornal Mentiras e verdades que confundem o cidadão de bem Eu sei quem é quem, eu sei quem é quem… O indiferente não se importa, ele só quer poder Fará o possível e impossível pra sobreviver Como um inseto pestilento em reprodução Fatia o bolo entre a família sem preocupação E pra encerrar, a minha carta não é um lamento É um aviso ao futuro de um novo tempo A corte cairá, não sobrará ninguém O tempo ruim vai passar do pai do filho Ao espírito santo amém
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‘Menino Maluquinho’, clássico do cinema nacional filmado em BH e Tiradentes, completa 25 anos; veja como estão os atores hoje
‘O crítico mais rigoroso do cinema é o tempo’, define o diretor Helvécio Ratton. Ele também comenta as mudanças na capital mineira neste um quarto de século. 'Menino Maluquinho', clássico do cinema nacional filmado em MG, completa 25 anos O menino com uma panela na cabeça, vestindo um blazer azul enorme, saiu das páginas de Ziraldo e alcançou as telas do cinema em julho de 1995. Após 25 anos, consolidado como um clássico da produção nacional, “Menino Maluquinho” ainda encanta crianças e adultos e eterniza uma Belo Horizonte de sonhos. Cena do filme "Menino Maluquinho", lançado há 25 anos, em julho de 1995. Divulgação “Ele vem atravessando gerações de uma forma impressionante e surpreendente. O crítico mais rigoroso do cinema é o tempo. Tem filmes que são ligados ao modismo, que são passageiros. E tem filmes que ficam para sempre. O ‘Menino Maluquinho’ passou por esse crivo. Outro dia uma blogueira escreveu que viu o filme com o filho e que ele disse que ‘queria ter nascido naquela época’. É um tempo meio ideal, de imaginação”, define o diretor Helvécio Ratton, em entrevista ao G1. À esquerda, Helvécio Ratton na época das filmagens de Menino Maluquinho, ao lado de Samuel Costa; à direita, em foto atual. Estevam Avellar (esquerda) e Bianca Aun (direita) Filmado somente em Belo Horizonte e Tiradentes, na Região Central do estado, o longa é ambientado nos anos 60 e retrata uma infância de brincadeiras ao ar livre. A maior parte do elenco é formada por crianças, hoje adultos que seguiram diferentes caminhos (veja abaixo como e onde eles estão). Mas as mudanças também são evidentes na capital. “Imagina você descer a Avenida do Contorno num carrinho de rolimã?”, brinca Ratton. Para a escolha do protagonista, vivido pelo ator Samuel Costa, mais de 3 mil testes foram realizados no país. O processo revelou ao diretor o caráter universal do personagem Maluquinho, lançado por Ziraldo em 1980. “Nos testes, você tinha meninos de todos tipos: branco, preto, nissei, indiozinho. Toda família achava que tinha uma Maluquinho em casa”, relembra. Cartaz usado pela produção do filme para encontrar crianças para os papéis da turma do Menino Maluquinho. Cristina Moreno de Castro / Arquivo pessoal “O filme deixa muito (como mensagem) a alegria de viver, a brincadeira, a amizade, o companheirismo. E que, para ser feliz, você não tem que estar consumindo nada. Para brincar e se expressar, basta ter alguns amigos. Você inventa coisas com o que há de mais simples, essa é a força do ‘Menino Maluquinho’. Uma infância feliz acaba fazendo adultos felizes e bem resolvidos”, conclui o diretor. Belo Horizonte antes e depois O principal cenário do filme é a Rua Congonhas, no bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Quando as gravações ocorreram, em 1994, as casas históricas tombadas – incluindo aquela onde viveu Guimarães Rosa – ainda estavam intactas e cheias de cor. Quem passa hoje por aquele quarteirão entre as ruas Leopoldina e Santo Antônio do Monte mal consegue distinguir o topo das casinhas por trás de tapumes de construção. Elas foram em sua maioria demolidas, restando apenas as fachadas, e darão lugar a prédios. A rua Congonhas do filme, com as casinhas históricas coloridas, muretas baixinhas e calçada larga. E 25 anos depois, com casinhas praticamente demolidas e cercadas por tapumes. Reprodução (acima) e Cristina Moreno de Castro (embaixo) A rua Congonhas do filme, com as casinhas históricas coloridas, muretas baixinhas e calçada larga. E 25 anos depois, com casinhas praticamente demolidas e cercadas por tapumes. Reprodução (acima) e Cristina Moreno de Castro (abaixo) O mesmo aconteceu com a vista da cena em que os meninos pregam uma peça com um pau sujo de melado (e um pouco mais que isso). Hoje aquela visão ampla a partir da Rua Nunes Vieira, no mesmo bairro, desapareceu. As grades foram substituídas por um muro, o lote vago ganhou um prédio de quase 20 andares e a viela por onde as crianças fugiram mal consegue ser vista, entre as duas construções e uma barraca erguida por moradores de rua. A vida da rua Nunes Vieira ganhou um muro, um prédio de quase 20 andares e árvores. Reprodução (acima) e Cristina Moreno de Castro (abaixo) Mesmo em 1994, encontrar um cenário na cidade que preservasse as características de décadas passadas foi um desafio. O diretor conta que algumas casinhas daquela rua estavam vazias, outras eram bares, e que o fato de a via ser plana facilitou a gravação. "A Rua Congonhas era um oásis. Fizemos acordos, conseguimos pintar tudo, refizemos o passeio com a cor, pintamos postes, fizemos um trabalho de arte bem grande ali", lembra Ratton. Viela por onde as crianças fogem em 1995, hoje mal consegue ser vista, entre dois prédios. Reprodução (acima) e Cristina Moreno de Castro (abaixo) O diretor mora no bairro Santo Antônio, onde o filme foi gravado, e sempre passa pelo trecho que serviu de cenário para as aventuras da turma. "Nosso tipo de cidade cresce se devorando, é 'autofágica'. A história quase não é conservada, você vai derrubando para construir prédios e vai descaracterizando. A parte histórica vai desaparecendo. Hoje é muito difícil achar umas 'ilhas' assim. Quando mais passa o tempo, mais difícil fica", relata Ratton. O elenco Veja a seguir o aconteceu com os atores mirins que o G1 conseguiu localizar depois de 25 anos. Menino Maluquinho: Samuel Costa O ator Samuel Costa, que interpretou o Menino Maluquinho, em imagem do filme, lançado em 1995, e em 2020. Reprodução (esquerda) e arquivo pessoal (direita) Samuel mora em São Paulo e tem 35 anos. Antes do filme ele já fazia comerciais e editoriais de revistas. Depois de encarnar o protagonista de Ziraldo, Samuel continuou na carreira de ator por um tempo, fazendo a sequência do filme ("Menino Maluquinho 2 – A Aventura", de 1998), comerciais, novela e minissérie na Globo. Também participou de muitos episódios do "Retrato Falado", até 2004. E até hoje ele está no meio audiovisual: em 2008, em sociedade com Bruno Bock, começou uma produtora pequena, que, hoje, já tem 50 funcionários. "O mais marcante na minha vida tem sido continuar trabalhando com audiovisual e, através disso, ter realizado meus sonhos de viajar pelo mundo e conhecer locais e culturas bem diferentes da nossa", conta. Na vida pessoal, ele contou ao G1 que não é casado, mas mora junto com a namorada. "Sem filhos, ainda!". "Eu amei fazer o filme! Ainda tenho muitas memórias da época. Gostava de acordar todo dia pra encontrar aquele batalhão de gente trabalhando com um mesmo objetivo. E essa mesma sensação eu sinto até hoje quando vamos pro set gravar. Sinto que a mensagem do filme é: seja feliz! Eu levo isso comigo diariamente", diz Samuel. Nina: Fernanda Guimarães A atriz Fernanda Guimarães, que interpretou a Nina, em imagem do filme, lançado em 1995, e em 2020. Reprodução (esquerda) e arquivo pessoal (direita) Fernanda Guimarães é a caçula do grupo, com 32 anos. Ela mora em Belo Horizonte, é casada há dois anos e meio e não teve filhos. Depois de atuar no "Menino Maluquinho", ela ainda participou da sequência, o "Menino Maluquinho 2", e do filme "Tiradentes", além de ter feito alguns comerciais para a TV. Hoje ela é médica veterinária e atua na área de diagnóstico por imagem. "Fazer o filme foi uma oportunidade única e lembro de tudo com muito carinho e saudade. A mensagem que deixo é: 'Há um passado no meu presente, um sol bem quente lá no meu quintal. Toda vez que a bruxa me assombra o menino me dá a mão. E me fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir: amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor'", diz Fernanda, citando Milton Nascimento em sua canção "Bola de meia, bola de gude". Vale lembrar que Milton Nascimento compôs também a trilha sonora do filme "Menino Maluquinho", com seu refrão-chiclete: "Vida de moleque é vida boa, vida de menino é maluquinha, é bente-altas, rouba bandeira, tudo que é bom é brincadeira". Junin: Samuel Brandão O ator Samuel Brandão, que interpretou o Junin, em imagem do filme, lançado em 1995, e em 2020. Reprodução (esquerda) e arquivo pessoal (direita) Samuel Brandão está com 34 anos e mora em São Paulo hoje. Pouco depois do filme, ele seguiu atuando, seja em peças publicitárias ou em espetáculos teatrais. A paixão pela atuação o levou a fazer faculdade de teatro na UFMG. Paralelamente, ele se apaixonou por programação ainda aos 11 anos de idade e já começou a fazer pequenos trabalhos na área ainda na adolescência. Acabou fazendo da programação sua profissão oficial: estudou computação em Milão, na Itália, onde morou por quase sete anos, e hoje é responsável técnico e sócio da Lets.events, empresa que oferece soluções tecnológicas para eventos digitais e presenciais. Ele contou ao G1 que namorou à distância por quatro anos, casou-se em Gênova, na Itália, depois se casou de novo – e com a mesma pessoa – no Brasil, adotou quatro gatos, mudou de casa inúmeras vezes, e, no ano passado, esteve por um mês na China com a esposa estudando Kung Fu. "Viajamos sinceramente sem muitas pretensões, mas voltamos com a faixa preta e o título de instrutores! A experiência na China foi incrível", lembra. Agora, o casal parece ter se estabelecido de vez na capital paulista. "Participar do filme foi a melhor experiência da minha infância. O set de filmagens, a turma, as gravações, para mim era tudo uma grande brincadeira. Não sentia que trabalhava, não sentia que atuava, eu apenas brincava. Tive o maravilhoso privilégio de gozar de uma infância permeada por afeto, brincadeiras e despreocupações, uma infância maluquinha. Nunca me faltou nada. Desejo que um dia vivamos em um mundo onde todas as crianças saibam o que é brincar despreocupadamente, sem fome, com um lar estável, apoio psicológico e emocional e acesso a educação de qualidade", diz Samuel, que, no filme, fez o discurso mais emocionante, ao narrar uma partida de futebol. Carol: Carolina Galvão A atriz Carolina Galvão, que interpretou a Carol, em imagem do filme, lançado em 1995, e em 2020. Reprodução e arquivo pessoal Carolina Galvão está com 35 anos e, mineira de Belo Horizonte, mora há nove anos em São Paulo. Após o filme, ela não se envolveu em mais nenhuma atividade "artística" – exceto como espectadora de teatros, cinemas, consertos e musicais. Há mais de 16 anos atua no corporativo, especificamente em Recursos Humanos. "É onde venho aprimorando minha trajetória profissional no grande e prazeroso exercício de lidar com o ser humano, descobrindo potenciais talentos, desenvolvendo pessoas, fazendo parte da vida delas de alguma forma, e claro, gerando valor para o negócio onde estão inseridas", diz Carolina. Ela é casada há quase 10 anos. "E ainda não tenho filhos, nem cachorros nem papagaios", brinca. Ela destaca dois acontecimentos marcantes nesses 25 anos: "Ter me casado com o dono do meu coração (Leo), sem dúvida, foi um divisor de águas. Ter mudado para SP e traçado uma nova fase de vida aqui, trouxe muitas outras coisas importantes como consequência". Sobre a participação no filme, ela diz que foi um presente que a vida lhe deu: "Conhecer pessoas legais e ter história pra contar quando adulto, isso não tem preço. Não sou daquelas que fica assistindo o filme pra relembrar e nem espalhando que um dia fui "atriz". Mas lembro com saudades e sou grata por ter feito parte disso. O filme, pra mim, é vivo e contemporâneo, mesmo após passados 25 anos. O roteiro belamente escrito pelo nosso querido Ziraldo mostra a vida como ela é, de verdade, com defeitos, tristeza, com fraqueza, conquistas, alegria, simplicidade e sobretudo que as pessoas não são de papel, não são binárias, nem feitas de fibra ótica ou ondas eletromagnéticas, ao contrário, as pessoas são de verdade, de carne e osso, mortais, vulneráveis e acima de tudo únicas. Como já dizia o Apóstolo Paulo: 'Combati o bom combate, encerrei a carreira e guardei a fé'". Julieta: Cristina Castro A atriz Cristina Castro, que interpretou a Julieta, em imagem do filme, lançado em 1995, e em 2020. Reprodução e Arquivo pessoal Cristina Castro está com 35 anos e mora em Belo Horizonte, onde nasceu, assim como a maioria dos integrantes do elenco mirim do filme. Ela nunca mais atuou depois do "Menino Maluquinho", exceto por algumas peças da escola. É casada e tem um filho de 4 anos e meio, o Luiz. Nesses 25 anos, já foi atleta de natação, fez intercâmbio pra aprender inglês, foi bancária durante a faculdade de jornalismo na UFMG, morou sozinha por quase cinco anos em São Paulo, cultivou vários blogs, voltou para a terrinha em 2012 e, desde então, concilia a profissão de jornalista, que exerce há 13 anos, com a maternidade e a paixão pelo cinema (agora restrita às críticas e resenhas, principalmente em tempos de Oscar). Herman: Caio Reiss O ator Caio Reiss, que interpretou o Herman, em imagem do filme, lançado em 1995, e em 2020, com a esposa e a filha (que ele chama de Bu e Hermanzinha) Reprodução (esquerda) e arquivo pessoal (direita) Caio Reiss comemorou o aniversário de 10 anos durante as gravações do filme, junto com o elenco todo. Hoje tem 35 anos e continua morando em Belo Horizonte, onde nasceu, como a maioria dos atores mirins do filme. Antes de encarnar o alemão Herman, Caio fazia teatro amador, mas, depois do Maluquinho, não voltou a fazer mais nada "artístico", exceto por uma propaganda de televisão para uma loja de roupas infantis. Hoje ele é bibliotecário e trabalha no Acervo da TV Globo. "É o maior acervo de imagens da América Latina! É um grande prazer catalogar, tratar, guardar e cuidar muito daquilo que é um bocado da história nacional, e até internacional", elogia. Na vida pessoal, ele contou ao G1 que é casado há quase sete anos com a Bruna, que ele chama carinhosamente de "Bu". Há quase três anos, a família ganhou a pequena Stella – "uma menina linda e sapeca, por quem eu sou completamente apaixonado", derrete-se. Ele destaca como muito marcante nos últimos anos a visita que fez a Israel, em 2003. Judeu, ele visitou ainda os campos de concentração nazistas, entre eles Auschwitz, que foram preservados após a Segunda Guerra, alguns deles pelos quais seus avós paternos passaram, e sobreviveram até chegarem ao Brasil. "É de arrepiar a capacidade da maldade do ser humano. E é curioso, né? Eu ter feito o papel do Herman, o alemãozinho do Ziraldo!" "Eu sinto orgulho de ter participado um pouquinho da história do cinema nacional! Sobretudo sobre um livro do Ziraldo, tão famosos ambos… É também um belo registro da minha infância, que gosto de contar, em especial, para as crianças com quem convivo. Essa obra do cinema é importante para mostrar para as crianças como foi livre e leve aquela infância de décadas passadas, da imaginação, da criação, das brincadeiras na rua, e não como hoje, que vem tudo pronto pra você. Não se pode perder essa magia!" Shirley Valéria: Camila Paes A atriz Camila Paes, que interpretou a Shirley Valéria, em imagem do filme, lançado em 1995, e em 2020. Reprodução e arquivo pessoal Camila Paes hoje mora em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, e está com 36 anos. Ela nunca mais atuou depois de sua participação no "Menino Maluquinho". Sua mãe dizia que ela deveria focar nos estudos. "E minha mãe tinha razão… Meu maior talento está na área acadêmica", orgulha-se. Em 2008 ela se formou em enfermagem pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e, no ano seguinte, ganhou uma bolsa de estudos oferecida pelo governo japonês para fazer o mestrado na Universidade de Tóquio. No Japão por 4 anos, ela finalizou o mestrado, começou o doutorado, mas, no meio do caminho, decidiu voltar para o Brasil, e foi morar em Florianópolis. Em 2017, terminou o doutorado em engenharia química pela Universidade Federal de Santa Catarina. Hoje, faz o pós-doutorado na Faculdade de Enfermagem da UFJF. "O bom filho à casa torna. Estou muito feliz e realizada em ter voltado para a universidade onde me formei, retornando para eles todo o investimento em forma de conhecimento adquirido durante a minha jornada mundo afora", diz Camila. Camila está casada há seis anos e tem duas filhas, uma de 3 anos (Helena) e outra com 2 aninhos (Joana). "Defendi o doutorado com uma no colo e a outra na barriga! Não foi fácil… Mas as minhas duas princesas são a inspiração e a razão da minha vida". Sobre o filme, ela conta a emoção que foi assistir junto às duas filhas: "Foi uma experiência muito marcante na minha infância. Me lembro de todos os detalhes dos momentos que, para mim, foram como férias divertidas. Hoje em dia eu ainda sou lembrada como 'a menina do filme'. É legal (e engraçado) quando alguém descobre que eu fui atriz, do filme que é considerado um dos melhores do cinema brasileiro infantil. Mais legal ainda foi mostrar o filme pras minhas filhas… Isso aconteceu há pouco tempo atrás. Que orgulho eu senti! Naquele momento, o que eu mais queria era que elas, e todas as crianças desse mundo, pudessem viver uma vida maluquinha como aquela que o nosso querido Ziraldo escreveu", lembra Camila. Quincas: Gustavo Toledo O ator Gustavo Toledo, que interpretou o Quincas, em imagem do filme, lançado em 1995, e em 2020. Reprodução (esquerda) e arquivo pessoal (direita) Gustavo Toledo é o mais velho da turma, hoje com 41 anos, e morador de Belo Horizonte. No filme, ele interpreta o Quincas, que já era adolescente e namorador, enquanto o restante das crianças só queria brincar. Gustavo nunca mais atuou profissionalmente, tendo feito apenas teatro amador na escola, até ter uns 18 anos. Hoje ele é médico, especializado em neurologia, e trabalha em quatro hospitais de Belo Horizonte. Ele é solteiro e não teve filhos. "Esse filme é uma poesia cinematográfica. Lindo. Tenho muito orgulho de ter participado. Tive muita sorte em ter sido escolhido. A mensagem desse filme é a infância pura e simples. Acho que as crianças de hoje têm uma rotina e sonhos diferentes do que o filme passou. Não que fosse melhor ou pior, mas certamente era mais mágico", diz Gustavo. Bruce Lee: Felipe Malzac O ator Felipe Malzac, que interpretou o Bruce Lee, em imagem do filme, lançado em 1995, e em 2020. Reprodução (esquerda) e arquivo pessoal (direita) Felipe Malzac ainda mora em Belo Horizonte e tem 35 anos. Depois de fazer o Bruce Lee, ele ainda participou de duas propagandas para o governo, mas não seguiu com a atuação. Na vida profissional, ele iniciou um curso de ciência da computação, mas desistiu e, mais tarde, passou a jogar poker profissionalmente por alguns anos. Em 2011, vário sites de poker foram fechados e ele largou essa ocupação, passando a se dedicar à psicologia. Hoje estuda para concurso público na área. Ele é solteiro, sem filhos, e diz que, nos últimos cinco anos, o que aconteceu de mais marcante foi ter conhecido a Umbanda, a Ayahuasca e a Magia Divina, que "mudaram diversos paradigmas" e sua forma de perceber o mundo. "Na época eu não conseguia dimensionar o que era participar de um filme com tamanha importância para o cinema nacional, as gravações eram um grande barato e me diverti bastante, tanto na interação com aquela molecada toda quanto nos eventos de divulgação, era tudo uma grande brincadeira. Hoje fica a memória daquele momento. Vez ou outra ainda assisto ao filme novamente e acho um barato ter esta forma de recordar um período tão divertido da infância. Meu recado sobre os 25 anos do filme é que a vida deve ser vivida intensamente, assim como é retratada a vida do Menino Maluquinho, aproveitando ao máximo o aqui-e-agora", diz Felipe. Toquinho: Bernardo Cunha O ator Bernardo Cunha, que interpretou o Toquinho, em imagem do filme, lançado em 1995, e em 2020. Reprodução (esquerda) e arquivo pessoal (direita) Bernardo Cunha é o segundo mais novo da turma. Aos 33 anos, ainda mora em Belo Horizonte. Depois de fazer o Toquinho do filme, ele atuou na peça de teatro "O céu tem que esperar", que ficou dois anos em cartaz. Ele revezava o mesmo papel com o Samuel Brandão, que fez o Junin do filme. "Mas a carreira artística ficou na infância. Sempre me interessei por artes como música e cinema, mas como hobbies. Minha carreira profissional sempre esteve envolvida com publicidade e marketing", diz Bernardo. Ele já trabalhou em agências, produtoras de vídeo e algumas startups. Hoje é especialista em sucesso do cliente. Paralelamente, é guia de excursões para a Disney e leva jovens a Orlando há 11 anos, nas horas vagas. "É uma das coisas que mais amo fazer na vida!" Nos últimos 25 anos, morou em vários lugares, inclusive fora do Brasil. Mas agora resolveu ficar sossegado em Belo Horizonte: "Amo esta cidade e pretendo construir uma família aqui". Por falar em família, ele está solteiro, morando sozinho e, segundo disse ao G1, muito focado na vida profissional. Mas ele ficou conhecido na capital mineira em 2013, quando um post que fez sobre uma menina que havia visto em uma agência bancária viralizou no Facebook e ganhou o noticiário local. "Alguém descobriu que eu havia feito o filme e começaram a divulgar notícias estilo 'ex-ator mirim faz campanha em busca de grande amor'", diverte-se. Bernardo não poupa palavras ao falar de sua participação no filme. "Eu me lembro que na época eu fiquei muito empolgado mas também sabia que aquilo era um privilégio para poucos. Apesar de novo, eu entendia um pouco o perigo de um evento desses na cabeça de uma criança, de mexer com o ego, etc. Tive sorte de ter pais que apoiaram, mas sempre me ensinaram que aquilo não era uma premiação e que criança tem mesmo é que brincar. Hoje continuo me sentindo privilegiado não só por ter participado dessa experiência que é um filme, mas por ser este filme tão especial", começa. "É comum amigos me enviarem de vez em quando mensagens e fotos mostrando que estão assistindo o filme com seus filhos, sobrinhos, etc. Isso mostra o quão atemporal é este filme. Ele realmente ficou no imaginário de toda uma geração e conquista os pequenos hoje em dia. Uma grande amiga minha tem uma filha pequena que é fã do filme, sabe até as falas de cor! Eu acho isso sensacional. Tem obras que vão ficar para a eternidade. Quando algo trabalha com esse lado lúdico, permanece." Ele diz que assistiu ao filme recentemente, depois de muitos anos, e ficou emocionado ao mergulhar nas memórias. E finaliza com uma mensagem: "Que a gente nunca se esqueça da nossa criança. Em um momento tão dividido e hostil que nossa sociedade passa, deveríamos focar no que realmente nos une e importa de fato. O filme traz essa coisa simples da brincadeira, do perdão, da diversão etc. Todo mundo está precisando disso um pouco. Continuem maluquinhos." Lives para comemorar A produtora de Helvécio Ratton, Quimera Filmes, vai organizar lives no Instagram com o ator Samuel Costa, que fez o papel do Menino Maluquinho, e com a atriz Patrícia Pillar, que interpretou a mãe do garotinho, para celebrar os 25 anos de lançamento do longa-metragem. A atriz Patrícia Pillar em cena do filme "Menino Maluquinho", lançado em 1995. Reprodução A primeira, com Samuel, vai ser na próxima terça-feira (21), às 20h. Na terça seguinte, dia 28 de julho, também às 20h, vai ser a conversa com a atriz veterana. Relembre reportagens da TV Globo exibidas na época: Reportagem de 1995 sobre filme 'Menino Maluquinho' 'Menino Maluquinho' foi gravado em 1994, em BH e Tiradentes Vídeo de 1994 mostra Ziraldo conhecendo elenco infantil do filme 'Menino Maluquinho'
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‘Foi cruel não poder estar ao teu lado’, diz Fernanda Lima sobre morte do pai, internado com a Covid-19
Apresentadora contou nas redes sociais que o pai estava internado há quase 120 dias 'com fôlego de atleta' e que ele tinha força, coragem, determinação, perseverança e disciplina. Fernanda Lima e o pai, Cleomar Lima Reprodução/Instagram/Fernanda Lima A apresentadora Fernanda Lima publicou nas redes sociais neste sábado (18) uma mensagem na qual lamenta a morte do pai, Cleomar Lima. Ele estava internado há quase 120 dias e teve complicações após ser diagnosticado com a Covid-19. O marido de Fernanda, Rodrigo Hilbert, apelidado de "Pezão" pelo pai da apresentadora, também escreveu uma homenagem a Cleomar Lima. "Nesses quase 120 dias internado, tu provou mesmo ter fôlego de atleta. Lutou bravamente contra a Covid e depois contra todas as consequências da doença. Foi cruel não poder estar ao teu lado durante o processo todo", escreveu Fernanda Lima neste sábado. Cleomar Lima, Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert em foto publicada pela apresentadora neste sábado (18) nas redes sociais Reprodução/Instagram/Fernanda Lima Cleomar Lima e a apresentadora Fernanda Lima em foto antiga publicada nas redes sociais Reprodução/Instagram/Fernanda Lima Ela lembrou ainda que o pai chegou a melhorar em determinado momento e sair da UTI. "Fiquei abraçada em ti ouvindo essa música do Cartola que tu tanto adorava ['Preciso Me Encontrar']. Eu chorava vendo teu olhar vago e observava tuas lágrimas escorrerem também. Espero que tenhas ouvido tudo que falei no teu ouvido." "Hoje será uma despedida íntima, mas prometo que assim que essa pandemia der uma trégua e as pessoas puderem voltar a se abraçar, eu farei um encontro muito lindo, com todos os teus amigos e familiares, pra gente rir bem alto de braços abertos, que nem tu." Rodrigo Hilbert escreveu que Cleomar Lima era um "esse cara alegre, vencedor, contagiante, bagunceiro". Hilbert conta ainda que o pai da Fernanda Lima "amava a vida como poucos" e "adorava um FAMILHÃOOOOOO, logo nos identificamos e nos amamos". Initial plugin text Initial plugin text Entenda algumas das expressões mais usadas na pandemia do covid-19
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Haruma Miura, ator de ‘Ataque dos Titãs’, é encontrado morto em casa aos 30 anos, no Japão
Miura começou a trabalhar na televisão com 'Agri' em 1997 e também ganhou destaque pela atuação na série 'Gokusen 3' e no filme 'Koizora'. Última publicação do ator Haruma Miura em rede social abordava trabalho em televisão Reprodução/Instagram/Haruma Miura O ator japonês Haruma Miura, que trabalhou em "Ataque dos Titãs", foi encontrado morto em casa neste sábado (18) em Tóquio, segundo a imprensa local. A polícia não divulgou o motivo da morte. Miura estreou na televisão com "Agri" em 1997 e também ganhou destaque pela atuação na série "Gokusen 3" e no filme "Koizora".
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Discos para descobrir em casa – ‘Nelson Cavaquinho’, Nelson Cavaquinho, 1972
Capa do álbum 'Nelson Cavaquinho', de Nelson Cavaquinho Reprodução ♪ DISCOS PARA DESCOBRIR EM CASA – Nelson Cavaquinho, Nelson Cavaquinho, 1972 ♪ Boêmio bamba de Mangueira, agremiação fincada nas raízes do Carnaval da cidade do Rio de Janeiro (RJ), Nelson Antonio da Silva (29 de outubro de 1911 – 18 de fevereiro de 1986) viveu espreitado pela sombra da morte. A morte foi presença viva em obra autoral marcada por amarguras e dores expiadas em cancioneiro singular, urdido pelo compositor e violonista carioca com melodias inspiradas, preenchidas com versos de letristas donos de alta patente poética, caso sobretudo do parceiro Guilherme de Brito (1922 – 2006). Em 1972, a morbidez da obra de Nelson Cavaquinho – nome artístico desse músico hábil no toque do cavaquinho e do violão – foi registrada pela voz fanhosa do autor em álbum solo editado pela gravadora RCA naquele mesmo ano, dentro da Série Documento. Louvado pelo jornalista e produtor musical Sérgio Cabral em texto escrito para a contracapa do LP original de 1972, o disco intitulado Nelson Cavaquinho – e não Série Documento, como volta e meia é apresentado erroneamente na mídia impressa e eletrônica – foi o segundo álbum solo de Nelson, artista que lançara dois anos antes o disco documental Depoimento do poeta (1970). Assim como Cartola (1908 – 1980), bamba contemporâneo que o sambista conhecera nos 1930 quando vigiava o morro de Mangueira na função de policial militar, Nelson Cavaquinho precisou esperar décadas para gravar o primeiro disco, tendo debutado no mercado fonográfico quatro anos antes do LP de 1972, figurando ao lado de Cartola e Carlos Cachaça (1902 – 1999) no álbum coletivo intitulado Fala Mangueira! (1968). Mas valeu a pena esperar até os anos 1970 para ouvir três sequenciais álbuns individuais do artista, editados em 1970, 1972 e 1973. Ao longo dos 33 sublimes minutos do álbum Nelson Cavaquinho de 1972, o bamba deu a voz rouca a 12 sambas de lavra própria em repertório que fez o LP soar como perfeito best of desse compositor de sambas e sambas-canção. Muitas composições eram antigas, pois a produção autoral de Nelson Cavaquinho vinha sendo escoada desde 1939 nas vozes de grandes intérpretes da música brasileira. Outros eram inéditos, caso de Quando eu me chamar saudade, samba não por acaso alocado na abertura do disco. Neste samba, o nobre rei vadio – àquela altura já entronizado como um dos grandes bambas do samba do Brasil – pediu as flores em vida através de verso do parceiro Guilherme de Brito, também letrista de outro samba então inédito, Tatuagem, apresentado neste disco gravado com coro de vozes femininas de nomes omitidos na rala (a rigor, inexistente…) ficha técnica do LP original, gravado sob “coordenação artística” de Waldyr Santos. Com a sabedoria dos intérpretes conhecedores das dores da alma e da própria obra, Nelson Cavaquinho acentuou com precisão a melancolia resignada de Eu e as flores (Nelson Cavaquinho e Jair Costa, 1968), outro exemplo do caráter mórbido do cancioneiro do compositor. Nesse cancioneiro calejado por abandonos e humilhações, a tristeza foi senhora em sambas como Palhaço (Nelson Cavaquinho, Oswaldo Martins e Washington Fernandes, 1951). Mesmo quando o rei verde-e-rosa louvou a escola do coração em Sempre Mangueira (Nelson Cavaquinho e Geraldo Queiroz, 1972), grande samba apresentado no álbum com arranjo evocativo de batucada carnavalesca, a dor e a morte sempre pareceram à espreita para acabar com a alegria. Na visão doída da obra de Nelson Cavaquinho, a vida era sofrimento carregado como cruz, como sublinhou o cantor-autor na poética de Deus não me esqueceu (Nelson Cavaquinho, Sidney Silva e Armando Bispo, 1970), samba cheio de culpa católica, lançado há então dois anos pelo cantor Germano Batista (1937 – 2018). Remoída em Degraus da vida (Nelson Cavaquinho, César Brasil e Antônio Braga, 1950), samba até nunca registrado em disco com a rouquidão vocal do autor, a ideia da finitude – a da vida ou mesmo a de um amor – sempre esteve entranhada na obra de Cavaquinho, o que justificou os versos lapidares “Tire o seu sorriso do caminho / Que eu quero passar com minha dor” escritos por Guilherme de Brito e cantados por Nelson em A flor e o espinho (Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha, 1957), samba antológico alocado na abertura do lado B do LP. Como exemplificaram gravações de sambas como Notícia (Nelson Cavaquinho, Alcides Caminha e Nourival Bahia, 1955) e Lágrimas sem júri (Nelson Cavaquinho e Fernando Mauro, 1972), composição então inédita que somente mereceu uma regravação (do cantor Celso Rodrigo, em 1978) desde o registro original do autor, o álbum Nelson Cavaquinho embalou a obra do compositor com tradicional acompanhamento instrumental de samba, sem dar o protagonismo ao violão do artista. No arremate do disco, Luto (Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Sebastião Nunes, 1960) e Luz negra (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso, 1961) sublinharam a amargura que alimentou a vida e o samba existencialista de Nelson Cavaquinho.
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Lives de hoje: Marcelo Falcão, Solange Almeida, Rael e mais shows para ver em casa
Neste domingo (19), Leci Brandão com Marcus Boldrini e Teresa Cristina também fazem transmissões. Veja horários. Marcelo Falcão, Solange Almeida e Rael fazem transmissões neste domingo (19) Divulgação; Divulgação/Bruno Trindade Marcelo Falcão, Solange Almeida e Rael fazem lives neste domingo (19). Veja a lista completa com horários das lives abaixo. O G1 já fez um intensivão no começo da onda de lives, constatou o renascimento do pagode nas transmissões on-line, mostrou também a queda de audiência do fenômeno e a polêmica na cobrança de direito autoral nas lives. João Bosco e Vinicius – 13h – Link Roda do Spanta – 16h – Link Marcelo Falcão e Filipe Ret – 17h – Link Rael – 18h – Link Solange Almeida – 18h – Link Leci Brandão com Marcus Boldrini (Em Casa com Sesc) – 19h – Link Teresa Cristina – 22h – Link Semana pop explica como o Black Lives Matter está mudando a cultura pop
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G1 Ouviu #98 – Elza Soares, 90 anos: entrevista e discografia comentada
Além de conversa com a cantora carioca, podcast também tem Mauro Ferreira, crítico e colunista do G1, comentando discografia de Elza dos anos 60 até os discos mais recentes. Você pode ouvir o G1 ouviu no G1, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o G1 Ouviu para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. O que são podcasts? Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia… Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça – e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado G1 ouviu, podcast de música do G1 G1/Divulgação
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