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Guto Goffi arquiteta quarto álbum solo, ‘Respirar’, com inéditas, canção de Natal e música do Barão Vermelho

segunda-feira, 14 dezembro 2020 por Administrador

♪ Em fevereiro, um mês antes de a pandemia chegar ao Brasil, Guto Goffi lançou o terceiro álbum solo, C.A.O.S., surpreendendo positivamente com disco valorizado pela pegada enérgica do Bando do Bem, grupo de músicos que tocam desde 2015 com o cantor, compositor e baterista carioca. Integrante da formação original do Barão Vermelho, banda carioca que entrou em cena em 1981 Com Cazuza (1958 – 1990) como vocalista e principal letrista, Goffi aproveitou o período de isolamento social para compor e, com farta produção autoral, o artista começou a arquitetar o quarto álbum solo, Respirar, com produção musical de Nani Dias e o mesmo Bando do Bem. Com o mesmo time de C.A.O.S., o álbum Respirar já tem capa, criada com arte gráfica de Felipe Taborda e Augusto Erthal, mas ainda não tem data. Capa do álbum 'Respirar', de Guto Goffi Arte de Felipe Taborda e Augusto Erthal Já com cerca de 18 inéditas músicas autorais, Goffi pretende apresentar esse repertório novo – composto por músicas que sobraram da seleção do álbum C.A.O.S. e por canções feitas ao longo deste ano de 2020, algumas sob encomenda (caso de Na onda delas, tema criado para trilha sonora de ainda inédita série de temática LGBTQIA+) – em singles que serão editados paulatinamente ao longo de 2021 para somente depois lançar o álbum Respirar. Serão duas músicas a cada bimestre. Embora tenha idealizado o disco Respirar com repertório essencialmente inédito e autoral, Goffi decidiu regravar algumas músicas alheias. Uma delas, a canção natalina Noite feliz, abre os trabalhos com single programado para ser lançado na próxima sexta-feira, 18 de dezembro. Noite feliz é a versão em português da natalina canção austríaca Stille nacht (Franz Gruber e Joseph Mohr, 1818), conhecida mundialmente com o titulo em inglês Silent night. A mais famosa versão brasileira de Noite feliz foi escrita por Pedro Sinzig (1876 – 1952) – frade franciscano de origem alemã que migrou para o Brasil – e apresentada em 1912. Em janeiro, Goffi apresenta single com registro de Bilhetinho azul (1982), parceria de Roberto Frejat com Cazuza lançada no primeiro álbum do Barão Vermelho. A gravação de Bilhetinho azul por Goffi foi feita para live em homenagem a Cazuza e integrada ao repertório do vindouro álbum Respirar. Paralelamente a esse quarto disco solo, Goffi prepara disco instrumental – também para 2021 – com o trio do qual faz parte, Bicho de Pau. Goffi conceitua o álbum Respirar como “virada de página” para sair de 2020 e entrar em 2021, “seguindo vivendo” com energias renovadas.

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Charley Pride, pioneiro negro da música country, morre de Covid-19 aos 86 anos

segunda-feira, 14 dezembro 2020 por Administrador

Conhecido por sucessos como “Kiss an angel good mornin’”, ele apareceu 52 vezes no Top 10 de músicas country dos EUA, 29 vezes no número um. Cantor foi homenageado mês passado pela Country Music Association com o prêmio Willie Nelson pelo conjunto de sua obra. Charley Pride canta em apresentação durante o 54º CMA Awards em Nashville, Tennessee (EUA), no dia 11 de novembro deste ano Terry Wyatt/Getty Images via AFP/Arquivo Charley Pride, pioneiro músico negro de country music dos EUA, morreu aos 86 anos, vítima de complicações da Covid-19, anunciou seu agente neste sábado (12). Ele era conhecido por sucessos como “Kiss an angel good mornin’” e “Is anybody goin’ to San Antone”, entre outros hits. No mês passado, Pride havia sido homenageado pela Country Music Association com o prêmio Willie Nelson pelo conjunto de sua obra. Na ocasião, ele se apresentou pela última vez, em uma transmissão na qual cantou “Kiss an angel good mornin’”, de 1971, ao lado de Jimmie Allen. Pride nasceu em Sledge, Mississippi, em 1934, e trabalhou na colheita de algodão e jogou beisebol na liga de negros, trabalhou em uma fundição em Montana e serviu no Exército antes de se tornar a primeira estrela negra da música country dos Estados Unidos. Ele apareceu 52 vezes no Top 10 de músicas country, 29 vezes no número um. Em 2000, ele foi incluído no Country Music Hall of Fame. Vídeos: os mais assistidos do G1 nos últimos 7 dias

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G1 Ouviu #119 – Forró eletrônico, 30 anos: Como o estilo cresceu e ficou mais pop?

segunda-feira, 14 dezembro 2020 por Administrador

Emanoel Gurgel, fundador das bandas Mastruz com Leite e Cavalo de Pau, Eliane, a Rainha do Forró, Batista Lima, ex-Limão com Mel, e Paulinha Abelha, da Calcinha Preta, falam sobre o movimento que começou nos anos 90. Professor Climério de Oliveira Santos e Wesley Safadão também comentam influência nas bandas e artistas até hoje. Você pode ouvir o G1 ouviu no G1, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o G1 Ouviu para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. O que são podcasts? Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia… Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça – e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado. G1/Divulgação

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Wesley Safadão segue tendência de edições ‘deluxe’ e adiciona duas músicas ao álbum ‘Amplificado’

segunda-feira, 14 dezembro 2020 por Administrador

♪ Quando o CD era a mídia dominante no mercado fonográfico, a indústria do disco criou a edição deluxe para aumentar os lucros obtidos com as vendas de determinado álbum. A edição deluxe se caracterizava por reapresentar um álbum lançado recentemente com faixas adicionais que podiam ser músicas inéditas, remixes de faixas já constantes do disco original ou qualquer outro material adicional relativo ao repertório desse álbum. Na era do consumo de música digital, em que um single ou clipe adquire mais força do que um álbum, essas edições “de luxo” se tornam praticamente sem sentido, mas inexplicavelmente estão voltando a virar tendência no mercado fonográfico brasileiro. Wesley Safadão é mais um artista a reforçar essa tendência. Capa da edição deluxe do álbum 'Safadão amplificado' Divulgação / Som Livre O cantor está divulgando a edição deluxe do álbum ao vivo Safadão amplificado, lançado em 12 de novembro pela gravadora Som Livre com músicas extraídas de registro audiovisual de show captado no Recife (PE). As novidades dessa edição são duas músicas inéditas, Que sofra você – composição de Valter Danadão, Guilherme Dantas e Fábio Viana que promove o lançamento de Safadão amplificado deluxe – e Sinal de vida. Essas duas músicas se juntam a repertório que apresentou composições inéditas como Amizade virou caso, Bum bum no chão, Confidencial, Ele é ele, eu sou eu (faixa que junta Safadão aos Barões da Pisadinha), Eu também sei machucar, Love misturado, Nem por um milhão, Nosso jeito de amar e Vai na paz.

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Banda Francisco, El Hombre vai para cima de Sidney Magal em single com ‘energia’ de hit do cantor

segunda-feira, 14 dezembro 2020 por Administrador

♪ Muitos seguidores da banda paulista Francisco, El Hombre nem eram nascidos quando o cantor carioca Sidney Magal reinou nas paradas brasileiras da segunda metade dos anos 1970 como a personificação do amante latino. Para estes seguidores, a música Meu sangue ferve por você – sucesso de Magal em 1977 regravado neste ano de 2020 pela Galinha Pintadinha para campanha publicitária que gerou em setembro vídeo já com mais 40 milhões de visualizações – soou como novidade quando a música entrou nos roteiros de shows feitos por Francisco, El Hombre a partir de 2015. Veículo para a exposição de sensualidade de Magal, Meu sangue ferve por você é versão em português – escrita por Serafim Costa Almeida – de Melody lady, que vem a ser adaptação feita por Freddie Neyer e Jack Arel da canção francesa Mélancolie (Claude Carrère e Katherine Pancol, 1973). Quando a banda aprontou a inédita composição autoral Vou pra cima, Mateo-Piracés Ugarte (voz), Ju Strassacapa (voz e percussão), Sebastián Piracés-Ugarte (Sebastianismos, voz e bateria) e Andrei Kozyreff (guitarra) identificaram na música “energia semelhante” à do sucesso de Magal em 1977 e foram para cima do cantor com o convite para Magal participar da gravação do single apresentado na sexta-feira, 11 de dezembro. Banda Francisco, El Hombre Julia Rodrigues / Divulgação O single Vou pra cima se soma a uma série de lançamentos fonográficos feitos neste ano de 2020 pela banda, que virou quarteto com a saída amigável do baixista Rafael Gomes, anunciada em junho. A lista de singles editados por Francisco, El Hombre em 2020 inclui, pela ordem cronológica, Matilha :: coleira ou cólera, Cai (com a dupla chilena Yorka), Juntos, nunca sós (com a cantora Luê), Encaldeirando, Despedida (single que fechou em paz o ciclo da banda com o baixista Rafael Gomes), Valer la pena (com o cantor e acordeonista Mestrinho), Bebemorando (com música inédita do compositor Adoniran Barbosa) e Baile Sudaca (com banda chilena Moral Distraída).

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John Le Carré, autor de ‘O espião que sabia demais’, morre aos 89 anos

segunda-feira, 14 dezembro 2020 por Administrador

Segundo comunicado de sua família, ele teve pneumonia não relacionada à Covid-19, e faleceu no sábado (12). Autor escreveu 25 romances em mais de seis décadas de carreira e usou a própria experiência como espião na construção de muito de suas tramas e personagens. John Le Carré chega a evento de estreia da série 'The Little Drummer Girl', em 2018 Daniel Leal-Olivas/AFP O escritor britânico John Le Carré morreu aos 89 anos no sábado (12), em Cornwall , informou neste domingo sua editora, que divulgou um comunicado da família. David Cornwell – nome verdadeiro do autor – teve pneumonia, não relacionada à Covid-19, segundo os familiares. Com uma carreira de mais de seis décadas, seu primeiro grande sucesso veio com seu terceiro livro, "O espião que veio do frio", publicado em 1963. "O espião que sabia demais", transformado em filme e série, também se destaca entre suas obras, além de "A guerra no espelho", de 1965, e "O alfaiate do Panamá", de 1996. O autor usou sua própria experiência como agente secreto, enquanto estudava alemão na Suíça, no final da década de 1940, na construção de muito de suas tramas e personagens. Escritor inglês John Le Carré morre aos 89 anos Ex-professor na tradicional escola de Eton, Cornwell ingressou no Serviço de Relações Exteriores britânico como oficial de inteligência, onde recrutava e comandava espiões na era da Cortina de Ferro em um escritório no MI5 em Londres. Foi nesta época que iniciou sua carreira como escritor, adotando o pseudônimo de Jon le Carré. Seu primeiro romance foi "O morto ao telefone", lançado em 1961, já com a estreia de um personagem que se tornaria frequente em suas histórias, George Smiley. Em 2001, publicou "O jardineiro fiel", que seria adaptado para os cinemas quatro anos depois pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles, com Ralph Fiennes e Rachel Weisz no elenco. No total, Le Carré escreveu 25 romances e um volume de memórias, "O túnel de pombos" (2016), e vendeu mais de 60 milhões de cópias de sua obra em todo o mundo. Cerca de dez de seus livros foram adaptados para o cinema. Seu último livro foi "Agent running in the field" (traduzido como "Agente em campo", em Portugal), publicado em outubro de 2019. Ele deixa a esposa, Jane, com quem foi casado por quase 50 anos, e os filhos Nicholas, Timothy, Stephen e Simon. Vídeos: Os mais assistidos do G1 nos últimos 7 dias

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Fernanda Abreu lança CD e DVD com gravação ao vivo, sem público, do show ‘Amor geral’

segunda-feira, 14 dezembro 2020 por Administrador

♪ O título do CD e DVD lançados por Fernanda Abreu neste mês de dezembro, Amor geral (a)live, faz engenhoso jogo de palavras que alude tanto ao fato de a gravação do show de 2016 ter sido feita ao vivo (live quer dizer ao vivo em inglês) como denota sobrevivência em ano insano (alive significa estar vivo em inglês). Sem falar que live é o termo popularizado no Brasil ao longo de 2020 como sinônimo de transmissão ao vivo pela internet de shows apresentados sem público por conta do isolamento social. O show Amor geral não chegou a ser transmitido via web na noite de 13 de março, dia em que foi gravado na casa de shows Imperator, no Rio de Janeiro (RJ), cidade natal da artista. Contudo, o registro audiovisual foi feito sem público, impedido de entrar na casa para assistir à gravação por conta de decreto municipal – divulgado naquela noite, sem aviso prévio, horas antes da gravação – que determinou o fechamento de todas as casas de shows do circuito carioca. Show que chegou aos palcos nacionais em 28 de outubro de 2016, em apresentação na casa Vivo Rio (RJ), Amor geral fica perpetuado em CD, DVD e álbum ao vivo apresentado em edição digital na sexta-feira, 11 de dezembro. Em todos os formatos, o roteiro é formado por 16 números que totalizam 17 músicas, além da apresentação da banda. Filmado com caprichada captação de imagens feita sob a direção de Paulo Severo, o show Amor geral fica eternizado em vídeo com a participação da Focus Cia de Dança, além dos dançarinos Hiltinho (egresso do grupo Dream Team do Passinho) e Neguebites (do projeto Heavy Baile). Dirigida e coreografada por Alex Neoral, a companhia de dança entrou em cena na apresentação de Amor geral no Rock in Rio 2017 e, desde então, ficou associada ao espetáculo orquestrado pela própria Fernanda Abreu sob direção musical de Tuto Ferraz – baterista da banda também integrada pelos músicos André Carneiro (baixo), Fernando Vidal (guitarra) e Thiago Gomes (teclados) – com cenografia e direção de arte de Luiz Stein. Capa do DVD 'Amor geral (a)live', de Fernanda Abreu Alexandre Calladinni ♪ Eis, na ordem do CD e DVD Amor geral (a)live, as músicas cantadas por Fernanda Abreu na gravação ao vivo do show Amor geral : 1. Amor geral (Fernanda Abreu, Wladimir Gasper e Fausto Fawcett, 2016) 2. Outro sim (Fernanda Abreu, Gabriel Moura e Jovi Joviniano, 2016) 3. Eu vou torcer (Jorge Ben Jor, 1974) 4. Saber chegar (Fernanda Abreu, Donatinho, Tibless e Play Pires, 2016) 5. Você pra mim (Herbert Vianna, 1990) 6. Bidolibido (Fernanda Abreu, Rodrigo Campello e Jovi Joviniano, 2004) – com citação de De noite na cama (Caetano Veloso, 1971) 7. Veneno da lata (Fernanda Abreu e Will Mowatt, 1995) 8. Garota sangue bom (Fernanda Abreu e Fausto Fawcett, 2015) 9. Medley Sla 1: A noite (Fernanda Abreu, Luiz Stein e Carlos Laufer, 1990) / Kamikazes do amor (Fernanda Abreu, 1990) / SLA radical dance disco club (Fernanda Abreu e Leoni, 1990) 10. Deliciosamente (Fernanda Abreu, Alexandre Vaz e Jorge Ailton, 2016) 11. Kátia Flávia, Godiva do Irajá (Carlos Laufer e Fausto Fawcett, 1987) 12. Baile da pesada (Fernanda Abreu e Rodrigo Maranhão, 2000) 13. Double love (Amor em dose dupla) (Carlos Laufer e Fausto Fawcett, 2016) 14. Tambor (Fernanda Abreu, Gabriel Moura, Jovi Joviniano e Afrika Bambaataa, 2016) 15. Rio 40 graus (Fernanda Abreu, Carlos Laufer e Fausto Fawcett, 1992) com sample de Picapau 16. Apresentação da banda com citação de Dê um rolê (Moraes Moreira e Luiz Galvão, 1971)

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Como Beethoven ficou surdo (e ainda assim criou algumas das melhores obras da história da música)

segunda-feira, 14 dezembro 2020 por Administrador

Em 16 de dezembro se completam 250 anos do nascimento do compositor, cuja história foi marcada pela perda de um sentido essencial para o usufruto de sua arte. Apesar da surdez, Beethoven participou da estreia de sua Nona Sinfonia. GETTY IMAGES Viena, 7 de maio de 1824. Príncipes e nobres, a nata da aristocracia e a elite cultural vienense se congregaram no Teatro Imperial e da Corte Real da cidade para o que seria um evento extraordinário, a estreia da Nona Sinfonia de Ludwig van Beethoven. A expectativa não se devia só ao longo tempo desde que o compositor e diretor produzira sua última sinfonia, mas também porque ele não subia naquele palco fazia 12 anos. Mas lá estava o grande maestro, diante de uma das maiores orquestras jamais reunidas para um concerto como nenhum outro, que incluiria algo inédito neste gênero musical: a voz. De costas para o público, Beethoven dirigiu os músicos com uma paixão desenfreada, sacudindo o corpo e agitando os braços no ritmo da música. Estava tão concentrado que, no final da peça, continuou gesticulando, até que uma das solistas se aproximou dele e o virou para que pudesse ver os estrondosos aplausos que não podia escutar. Beethoven estava profundamente surdo. Há várias versões deste incidente, diz à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) Laura Tunbridge, professora de música da Universidade de Oxford e autora da recente biografia Beethoven: A Life in 9 Pieces ("Beethoven: uma vida em nove peças"). "Ele esteve no palco durante a estreia (da sinfonia), mas havia um diretor musical a seu lado que manteve as coisas em ordem, porque na ocasião já se sabia que fazia tempo que Beethoven havia deixado de ser um diretor confiável", explica. Pode ter sido uma apresentação caótica, não só pela presença inusual de um compositor surdo, mas também pela duração e complexidade da peça e dos poucos ensaios que costumavam fazer na época. "É incrível que tenha saído tão bem, dada a falta de preparação", diz a professora Tunbridge. Vida complexa, música revolucionária Em todo caso, essa apresentação representa de uma só vez a glória e tragédia que marcou a complexa e contraditória personalidade de Beethoven, cujo nascimento em Bonn, Alemanha, há 250 anos se comemora neste 16 de dezembro. O compositor teve inumeráveis problemas de saúde. GETTY IMAGES A data é estimada, pois só se sabe com segurança que ele foi batizado em 17 de dezembro de 1770. Um compositor de imponderável imaginação, paixão e poder, ele se formou numa épca de agitação política marcada pelas Guerras Napoleônicas. E foi reconhecido e adotado como um dos músicos mais famosos de Viena, uma cidade muito consciente de seu legado e estatura nesse campo. "De muitas maneiras ele revolucionou o alcance da música em termo de som e volume, sua ambição e a ideia de que esta pode expressar ideias e sentimentos; (demonstrou que a música) não é só um espetáculo, puro entretenimento, mas alto muito mais profundo", diz a acadêmica. "Beethoven foi chave no estabelecimento dessa atitude frente à música, de elevá-la a uma forma de arte." Mas, ao mesmo tempo, também tinha fama de irascível, egoísta, narcisista, insociável, frustrado no amor, tacanho, hipocondríaco e alcoólatra. Isso forma parte do mito romântico de Beethoven, diz Tunbridge, porque "preferimos a imagem do artista torturado por seus demônios internos e seus males físicos". Pintá-lo como um mestre que se dedicou a sua arte acima de tudo, com a capacidade de criar peças que vão além da nossa imaginação, o faz parecer alguém de fora do mundo. Catálogo de males O certo é que o compositor sofria de muitos problemas de saúde, pelos quais foi submetido a alguns horripilantes e até ridículos tratamentos médicos da época e que, em certos casos, agravaram seu mal-estar. Uma série de especialistas modernos fez investigações forenses históricas para determinar de quais doenças ele sofria, qual era a relação delas com sua surdez e como influenciaram sua personalidade e criação musical. O neurocirurgião britânico Henry Marsh mostrou todo um catálogo de males, como seriam diagnosticados hoje em dia, no documentário do Serviço Mundial da BBC "Dissecando Beethoven". Segundo o médico, o compositor sofria de uma "enfermidade inflamatória intestinal, síndrome do intestino irritável, diarreia violenta, doença de Whipple, depressão crônica, envenenamento por mercúrio e hipocondria". Um dia após a morte de Beethoven, em 27 de março de 1827, o destacado médico Johannes Wagner fez uma autópsia no cadáver e encontrou o abdômen inflamado e o fígado com um quarto do tamanho normal, indicações de cirrose pelo consumo de álcool. O alcoolismo era um mal de família: acometera sua avó, e seu pai era um conhecido bêbado. Beethoven tomava vinho com regularidade e em ocasiões sociais, embora naquela época fosse um comum substituto de água impura, segundo a professora Tunbridge. No entanto, "seus médicos lhe recomendaram que reduzisse a quantidade, algo curioso porque o dano associado ao alto consumo de álcool não era muito conhecido então", diz a pesquisadora. William Meredith, pesquisador do Centro de Estudos de Beethoven da Universidade de San José, na Califórnia, estabeleceu uma conexão entre o consumo de vinho e um possível envenenamento por chumbo, baseando-se numa amostra do cabelo do compositor analisada quimicamente, que indicou a presença desse metal. Sabe-se que os comerciantes da época colocavam suco de uva em barris forrados de chumbo para sua fermentação. A técnica dava à bebida uma textura e um sabor açucarado que as pessoas consumiam com gosto, sem conhecer sua toxicidade pelo contato com o metal pesado. O envenenamento por chumbo pode produzir dano neurológico, embora não haja formas de provar que Beethoven sofresse do mal. Como perdeu a audição O que se sabe é que o aparelho auditivo dele ficou profundamente afetado, segundo o médico Wagner constatou na autópsia. O pesquisador Meredith disse à BBC que a surdez pode ter relação com seus males abdominais, já que antes surgiram mais ou menos ao mesmo tempo. "Ademais, Beethoven se queixava constantemente de febres e enxaquecas, com as quais sofreu pelo resto de sua vida". Outra teoria é a do médico Philip Mackowiak, da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, que aponta a sífilis congenita como possível causa. Uma doença "importada" do continente americano, a sífilis arrasou a Europa, causando graves problemas numa população indefesa. No caso de Beethoven, segundo Mackowiak, a doença se manifestou como afecções gastrointestinais e no tipo de surdez que ele teve. Mas o neurocirurgião Henry March acha que não há provas contundentes disso, por não haver um diagnóstico moderno de sua saúde. Para ele, tudo o que se pode fazer é especular. O trauma da surdez Seja como for, o que se pode estabelecer é que os problemas de audição començaram entre 1897 e 1988. E foi graças a uma carta encontrada após sua morte, conhecida como o "Testamento de Heiligenstadt". É um documento dirigido a seus dois irmãos, que Beethoven escreveu em 1802 na localidade de Heiligenstadt, onde foi para recuperar sua saúde. No texto, ele expôs toda sua alma e seus pensamentos mais profundos, abordando como a surdez o atormentava e como isso explicava seu comportamento errático. "… há quase seis anos fui golpeado por um mal pernicioso que médicos incapazes agravaram", escreveu, detalando como se viu obrigado a se isolar, a "viver longe do mundo, solitário." "Devo viver como um proscrito. Se me aproximo das pessoas, me aflige em seguida uma angústia terrível: a de me expor a advertências sobre meu estado." "Ah! Como confessar a debilidade de um sentido que em mim deveria existir num estado de perfeição maior, num nível de perfeição tal que muitos poucos músicos conheceram", declarou, angustiado. O médico Mackowiak descreveu a condição à BBC como uma "surdez rara, em termos atuais, pois começou lentamente e progrediu ao longo de uns 25 ou 30 anos." No começo, foi perdendo a capacidade de ouvir certas frequências, e com o tempo outras foram se acrescentando. "É muito difícil de saber", explica a professora Tunbridge. "Há relatos que o descrevem surdo e falando alto, porém não se sabe exatamente qual era a situação." Em 1818, já tinha dificuldades para entender o que as pessoas diziam, então pedia que escrevessem suas perguntas e comentários. Ainda assim, algunas anedotas registradas no fim de sua vida apontavam que ele ainda podia captar certos sons, ainda que de forma tênue, como quando se surpreendeu ao escutar um grito agudo. A vibração da música Apesar do trauma da surdez, combinado com a frustração de não ter podido se casar, ele seguiu compondo e criando as obras que talvez sejam as suas peças mais expressivas, comoventes e experimentais. "O interessante do Testamento de Heligenstadt é que ele nunca enviou a carta a seus irmãos", disse a professora. "(Nela) decide que a vida segue tendo valor e que continuará compondo, e que sua música o salvará." O instrumento de Beethoven por excelência era o piano, então ele seguiu compondo com ele, com a ajuda de vários dispositivos para amplificar o som. Tom Beghin, pianista e pesquisador do Instituto Orpheus, na Bélgica, foi quem criou esses dispositivos de amplificação que acentuavam as vibrações dos instrumentos para que pudesse senti-los quando tocava. Mas isso não era o essencial. "Há que se levar em conta que os músicos dependem muito de sua imaginação, que podem escutar os sons na cabeça, e Beethoven criava música desde a infância", disse Tunbridge. "Então talvez ele não pudesse escutar o mundo exterior, mas não há motivos para pensar que a habilidade de escutar a música em sua mente tivesse se deteriorado, nem que houvesse diminuído sua criatividade musical." Potência e exuberância Deve ter sido incrivelmente frustrande escrever música para que outros a intprestassem e não poder desfrutá-la em sua totalidade. Mas, assim como a surdez o converteu numa pessoa difícil e mal humorada, também obrigou Beethoven a injetar mais potência em sua música e lhe dar uma expressão física. O compositor britânico Richard Ayres, que também sofre de surdez e estreou neste ano uma peça inspirada tanto em Beethoven quanto em sua própria perda de audição, disse em um documentário da BBC que como resultado o grande maestro teve de criar uma música "mais exuberante". "As linhas musicais devem se destacar mais e ser mais claras", comenta. "Se não consegue escutar bem, depende da energia dos músicos também para expressar a música." É o que Beethoven exigia de seus músicos, disse Ayres, que podia ver seus movimentos corporais e a maneira com que encaravam o instrumento. Vários intépretes modernos consideram que a surdez melhorou sua música de muitas maneiras. Ela lhe deu uma qualidade pulsande, lhe levou por caminhos inesperados, até estrambóticos, a momentos desgarradores e comoventes. É o caso de uma de suas últimas peças, o quarteto de cordas No.15, Opus 132, que contém o movimento "Heiliger Dankgesang" e foi criada em agradecimento a Deus por tê-lo ajudado a se recuperar de um mal. Humanidade e esperança "Todos os exemplos de sua insociabilidade e suas doenças são verdade", reconhece a professora Tunbridge. "Mas isso não é a única coisa que ele era." "Há um lado de Beethoven mais ameno e amistoso. Não era assim todo o tempo, mas foi assim o suficiente para demonstar a imagem monocromática que temos dele. Há outros aspectos que mostram suas qualidades humanas." Que Beethoven compusesse uma ode à alegria em um de seus momentos pessoais mais difíceis é uma mostra do sentido de esperança que inundava suas últimas obras, afirma a musicóloga da Universidade de Oxford. Durante muito tempo, desde sua juventude, ele quis musicalizar o poema homônimo de Schiller e hvia buscado muitas maneiras de fazê-lo, até que encontrou um espaço dentro da Nona Sinfonia. "Penso que os ideais expressos no texto, os de irmandade e felicidade, é o que Beethoven acreditava em termos políticos e de como devia ser a sociedade." "Manteve essa perspectiva até o final de sua vida, e isso é algo que não podemos ignorar." Vídeos: Notícias internacionais

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Joanna canta Renato Teixeira com Elba Ramalho no primeiro álbum de músicas inéditas em quase 20 anos

segunda-feira, 14 dezembro 2020 por Administrador

Artista carioca retoma parceria com Sarah Benchimol e interpreta fado no disco 'Aqui e agora'. ♪ Foram praticamente 20 anos sem Joanna apresentar álbum com músicas inéditas, já que o último disco da artista com repertório novo, Eu estou bem, foi lançado em 2001. Contudo, para seguidores dessa cantora e compositora carioca revelada em 1979, a espera acaba antes de 2020 chegar ao fim. Joanna lança na segunda quinzena deste mês de dezembro o álbum Aqui e agora, com 11 músicas, a maioria inédita. Joanna é a autora de seis dessas 11 músicas, assinando as composições com parceiros como Maciel Melo, Sarah Benchimol – parceira dos primeiros tempos, discos e hits, como Descaminhos (1979) e Momentos (1980) – e Tiago Torres da Silva. Em repertório que harmoniza baladas, fado (Amor eterno, gravado com a participação do ator português Pedro Lamares na declamação de poema), samba e xote, Joanna regrava música do compositor paulista Renato Teixeira – Êta mundo bão, composição apresentada na voz do autor em disco ao vivo de 2007 – em dueto com Elba Ramalho. Disco arquitetado por Joanna em 2013, alinhavado em 2014 e efetivamente gravado desde 2017, Aqui e agora é o primeiro álbum da cantora desde Em Nome de Jesus Joanna Interpreta Pe. Zezinho, SCJ (2011), disco lançado há nove anos com repertório religioso. Na contramão do mercado fonográfico, que opera basicamente em formato digital, o álbum Aqui e agora ganha edição em CD antes de ser disponibilizado em edição digital. Capa do álbum 'Aqui e agora', de Joanna Divulgação ♪ Eis, na ordem do CD, as 11 músicas cantadas por Joanna no álbum Aqui e agora : 1. Imagine (Joanna e Maciel Melo, 2020) 2. Sem como nem porquê (Joanna e Tiago Torres da Silva, 2020) 3. O aqui e o agora (Tozé Brito e Tiago Torres da Silva, 2020) 4. Olhos nus (Joanna e Sarah Benchimol, 2020) 5. Êta mundo bão (Renato Teixeira, 2017) – com Elba Ramalho 6. Pelas vias do desejo (Eduardo Lages e Altay Veloso, 2020) 7. Lado B (Joanna e Sarah Benchimol, 2020) 8. Amor eterno (Álvaro Socci e Cláudio Mata, 2020) – com poema na voz Pedro Lamares 9. Por detrás do espelho (Joanna e Sarah Benchimol, 2020) 10. O cravo e a Magnólia (Maciel Melo, 2015) 11. Como uma confissão (Joanna e Tiago Torres da Silva, 2020)

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Forró eletrônico faz 30 anos: O empresário que popularizou estilo gerenciando 11 bandas

segunda-feira, 14 dezembro 2020 por Administrador

Nome por trás de Mastruz com Leite e Cavalo de Pau montou 'império forrozeiro' nos anos 90 com estúdio, gravadora e rádio. Ouça entrevista com Emanoel Gurgel e relembre sucessos. Emanoel Gurgel é empresário de bandas de forró desde os anos 90 Reprodução/Youtube/Mastruz com Leite Emanoel Gurgel é um homem visionário e empreendedor. O cearense de 67 anos diz que já começou do zero mais de 100 negócios, mas só uns dez deram certo e pagaram o prejuízo dos outros. Várias das iniciativas bem-sucedidas de Gurgel tem a ver com forró eletrônico. Ele é pioneiro na vertente que modificou o "forró tradicional", eternizado por vozes como Luiz Gonzaga, Elba Ramalho e Dominguinhos. Ouça podcast com entrevista abaixo. Nesta semana, o G1 publica uma série de reportagens sobre artistas e produtores que viveram o auge do forró eletrônico nos anos 90. Antes de virar empresário, Gurgel foi camelô. Também vendeu roupas com a mãe pelos bairros de Fortaleza, foi árbitro de futebol e professor de educação física. E sempre gostou de dançar forró. Ele ia às festas e via que as bandas bailes tocavam rock, MPB, músicas internacionais, mas o espaço para o forró era muito pequeno. Então, aproximou-se da banda Black Banda, famosa na cidade. Insistiu para que os músicos tocassem por mais tempo, mas não conseguiu porque a rejeição era grande. "Os músicos se recusaram falando que era muito brega, que não dava certo", relembra Gurgel ao G1. "Eu disse para eles: 'Vocês não querem tocar? Então eu vou montar uma banda só para tocar forró e vocês vão ver que eu vou passar lotado por cima de vocês'." Deu tão certo que ele não fez uma, mas sim 11 bandas de forró. A primeira tinha o nome de Aquárius, também era de baile e tinha músicos com as mesmas questões da Black Banda. A formação inicial da Mastruz com Leite saiu direto de uma banda que já tocava no interior do Ceará. "Era só garotão, bonitão, mas tinham vergonha de cantar forró. Eu tive que deixar a banda e montar outra. Peguei pessoas humildes, simples, um era catador de osso no interior do Ceará, outro era motorista de ônibus." Montagem mostra vários álbuns da Mastruz com Leite, em fases diferentes da banda de forró Reprodução A Mastruz com Leite começou a fazer sucesso e Emanoel foi criando uma grande estrutura no Nordeste com o Grupo Som Zoom: Construiu um estúdio de gravação próprio que custou, na época, US$ 150 mil; Levou técnicos, equipe de som, motoristas e os melhores instrumentos de São Paulo para Fortaleza; Abriu uma gravadora e editora com mais de 11 mil músicas das bandas; Criou uma rádio de transmissão via satélite com mais de 100 afiliadas; Comprou clubes e virou sócio de festas para colocar as bandas para tocar; E, mais recentemente, criou um estúdio de gravação para TV e internet. "Tudo que foi de ousadia, nós fizemos para o forró dar certo", diz Gurgel, orgulhoso da trajetória. Nos anos 90, a Som Zoom tinha 550 funcionários que trabalhavam na logística das 11 bandas de forró. Hoje, a empresa administra apenas as bandas Mastruz com Leite e Cavalo de Pau, as que tiveram mais sucesso desde o começo. 'A doidice era grande' O empresário de forró Emanuel Gurgel Divulgação O primeiro disco da Mastruz com Leite, "Arrocha o Nó", foi lançado em 1992. Diante da dificuldade de encontrar compositores, gravavam "tudo que era sucesso" no começo. "É o amor", de Zezé di Camargo & Luciano, e "Pense em Mim", sucesso com Leandro & Leonardo, estavam neste primeiro disco. Foi aí que a Mastruz começou a fazer sucesso em Fortaleza. Tocava por cinco horas seguidas e tinha a banda com os músicos "dobrados". Dois baixistas, dois bateristas, três sanfoneiros e assim por diante, que se revezavam durante os shows. Emanoel viu que a oportunidade e começou a criar outras bandas para atender à demanda. "A casa cabia 10 mil pessoas, ficava 10 dentro e 5 mil do lado de fora. O que eu fiz? Criei uma banda chamada Mel com Terra. Nós fazíamos um show em duas casas. O Mastruz tocava 2h e meia em uma casa e ia tocar depois em outra casa", conta. "Eu vendia uma de um lado e outra do outro. Em vez de ter um faturamento, eu passei a ter dois, só que ainda foi pouco. Teve que ir para três, quatro, cinco até chegar a 11 bandas. Tinha noite em Fortaleza de fazer quatro festas e as bandas tudo rodando. Foi assim que eu ganhei dinheiro, foi assim que eu ganhei muito dinheiro." Formação da banda Mastruz com Leite dos anos 90 Divulgação O empresário lembra que a "doidice era grande" em 1993, ano do lançamento de "Meu Vaqueiro, Meu Peão", um dos maiores sucessos da Mastruz com Leite (ouça no podcast acima). A correria do trabalho era tão grande que ele ficou um ano sem ver direito os filhos e, para resolver isso, comprou uma casa a 20 metros da empresa. Hoje, seis dos sete herdeiros trabalham nos negócios do pai. Só o mais novo está de fora, porque ainda está estudando. Levada diferente A Mastruz com Leite e as outras bandas do começo dos anos 90 incorporaram elementos que não faziam parte do jeito tradicional em que se tocava forró. As bandas trouxeram letras mais urbanas, deixaram a bateria mais programada e, inicialmente, parecem ter inovado ao trazer novos instrumentos, mas não é bem assim. Quem explica é Climério Oliveira dos Santos, músico, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco. "Eles enfatizaram instrumentos como guitarra, bateria e metais, mas não criaram isso. O Jorge do Altinho já tinha usado isso nos anos 80 e Jackson de Pandeiro já tinha feito bem antes." "A Mastruz com Leite usava só um sax, e depois, na segunda geração de bandas, os metais viram um naipe que vão praticamente substituir, ou melhor, vão fazer mais o papel dos interlúdios, dos solos, do que a própria sanfona", explica o pesquisador. O pesquisador divide o movimento que ficou conhecido também como Oxente Music ou New Forró, em duas gerações. A primeira geração com bandas como Mastruz Com Leite, Magníficos e Limão Com Mel e a segunda, com Calcinha Preta, Aviões do Forró, Saia Rodada e Garota Safada, criadas do meio dos anos 90 até o começo dos 2000. Capa de álbum do Limão com Mel Divulgação Santos percebe que o movimento no forró foi natural e fez parte da tendência pop que estava em alta na indústria da música no mundo inteiro. "Já tinha no mundo globalizado da indústria transnacional do disco artistas como Michael Jackson e Madonna. Eles já tinham engendrado esse fluxo de música pop, dos grandes espetáculos, dos clipes grandiosos, muita luz, muito som", explica o pesquisador. Ele cita a axé music como outro exemplo de tendência pop. O que não era natural era a estrutura 360 graus que Emanoel construiu em Fortaleza. "Era uma nova gestão empresarial de banda-empresa. Houve uma sobreposição de atividades às quais as gravadoras estavam fazendo exatamente o contrário. Ao terceirizar o papel da rádio na divulgação, o papel do estúdio de gravação, as empresas ficavam mais com a distribuição e o marketing. O Emanoel Gurgel vai inverter esses papéis e retomar a sobreposição dessas atividades". A estrutura, aliás, é algo que orgulha Gurgel: "Aqui eu tenho uma fábrica de forró, que eu começo do zero e vou até o final com tudo que é nosso. Não existe atravessador no nosso negócio". "Você tem que tirar partido daquilo que todo mundo está vendo, mas ninguém está enxergando e transformar aquilo em negócio". Mastruz com Leite, em formação que se apresentava em 2017 Divulgação Jabá e pirataria Outra barreira inicial que Gurgel enfrentou foi a dificuldade de tocar forró nas rádios, mesmo pagando jabá. Ele diz que se fosse no mês de São João, os programadores até tocavam, mas em outras situações era "dinheiro jogado no lixo". Essa dinâmica foi um dos motivos para abrir a Som Zoom Sat em 1997, uma rede de rádios por satélite que chegou a ter mais de 100 afiliadas, em que produzia o conteúdo e colocava as músicas de forró para tocar. "A gente faz tudo para divulgar o forró", defende Emanoel. No auge, o Mastruz com Leite chegou a vender de 270 a 300 mil CDs por mês. "Para você ter ideia, a gente chegou a ter 8,4% do faturamento nacional de venda de CD", diz Gurgel. O empresário viu o número cair em quase 90% quando a pirataria entrou forte no mercado. A venda caiu para 30 mil e hoje a banda vende 5 mil por ano "período de festas". "Eu não sei nem sei quantos mil CDs a gente perdia de vender… É por isso que a Mastruz em 30 anos tem 46 CDs, porque teve ano que eu tive que lançar duas vezes para atropelar os chineses que estavam falsificando o CD." Foi nessa época que a empresa reduziu de mais de 500 funcionários para cerca de 100, número que se mantém até hoje. "Das 11 bandas que tinha, só têm duas hoje, a pirataria levou o resto". 3 mil bandas de forró Depois de investir, de viajar o país, de administrar tantas bandas e, de claro, ganhar muito dinheiro, Gurgel fala sobre o legado daquele início do forró eletrônico. "No Nordeste, quando nós começamos, existia a figura de um pedinte nas feiras, pedindo esmola com a sanfona. Esse pedinte não existe mais, ele está trabalhando hoje em uma banda de forró." "Eu fico contente porque, hoje, existe no Nordeste aproximadamente 3 mil bandas de forró. Todas elas vivendo, menos com essa pandemia que agora deve quebrar mais da metade, porque não tem como se bancar, sem festa, sem fazer nada e com todo mundo parado", lamenta. E o que dizer do forró de hoje? A avaliação do empresário não é positiva: "Perdeu a melodia, perdeu tudo". "Mastruz, Magníficos e Limão tem um evento chamado 'Forrozão das Antigas' que roda o Brasil todinho e lota todas as casas. A gente vive hoje porque são músicas com letras e melodia." "Hoje, existe um tipo de música que nós não gravamos que é ostentação, botar uma garrafa de whisky em cima da mesa, quatro energéticos. Nós somos partidários que a música de forró foi feita para dançar junto e não ficar dançando solto", finaliza. VÍDEOS: Semana Pop explica temas do entretenimento

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