Morre atriz britânica Barbara Windsor aos 83 anos
'Babs', como era conhecida no Reino Unido, morreu em uma casa de repouso em Londres em decorrência de Alzheimer. Atriz participou da novela 'EastEnders' e da série de filmes 'Carry On'. Barbara Windsor, em foto de março de 2016 John Stillwell/POOL /AFP/Arquivo Barbara Windsor, uma das atrizes britânicas mais populares, morreu aos 83 anos. "Babs", como era conhecida no Reino Unido, morreu em uma casa de repouso em Londres na noite de quinta-feira (10), disse seu marido Scott Mitchell. "A morte foi em decorrência de Alzheimer. Barbara morreu em paz e eu passei os últimos sete dias ao lado dela", afirmou o marido em um comunicado. "Não foi o final que Barbara ou qualquer outra pessoa que vive com essa doença tão cruel merece." Windsor foi diagnosticada com a doença em 2014 e no ano passado apresentou ao primeiro-ministro Boris Johnson uma petição pedindo mais investimentos no tratamento. "Muito triste com a notícia sobre Barbara Windsor, ela foi muito mais do que uma grande estrela de ‘EastEnders’ e ‘Carry On’", disse Johnson no Twitter. Boris Johnson beija a atriz Barbara Windsor, em foto de setembro de 2019 Simon Dawson/Pool/AFP/Arquivo A atriz nasceu Barbara Deeks, mas mudou seu nome para Windsor logo após fazer sua estreia nos teatros do West End em 1952. Ela se juntou a "EastEnders" em 1994 e deixou a novela de longa data em 2009, dizendo que queria passar mais tempo com o marido, com quem se casou em 2000. A atriz disse à época que o papel de Peggy Mitchell na série mudou sua vida. Entre televisão e cinema, teve mais de 80 papéis. Ao longo das décadas de 1960 e 1970, participou da série de filmes "Carry on". VÍDEOS: personalidades que morreram em 2020
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SESC CULTURA ABRE INSCRIÇÕES PARA CURSOS ARTÍSTICOS DE 2021
A partir do dia 14 de dezembro das 14h às 17h no Sesc Cultura estarão abertas as inscrições para os Cursos de Artes Visuais de 2021: Técnicas de Pintura, Expressão em Desenho e Modelagem e Cerâmica Curso, todos na modalidade presencial, com aulas de janeiro a dezembro. Para se matricular, é preciso ter o Cartão Válido, que pode ser feito na unidade e no ato da matrícula será entregue a lista de materiais. Gratuito
No curso de Técnicas de Pintura, com aula já a partir do dia 05 de janeiro, os alunos aprenderão, no módulo iniciante, os fundamentos da pintura, desde a teoria das cores e misturas, até a importância dos valores compositivos, estéticos e técnicos. Em um primeiro momento, o aluno irá experimentar a técnica da pintura a óleo e suas possibilidades e vantagens, aprendendo, ao longo do curso, diferentes técnicas e estilos. Serão abertas duas turmas, às terças-feiras, das 14h30 às 16h30 e das 19h30 às 21h30.
Com duas turmas, às quartas-feiras, também de tarde e de noite, o curso de Expressão em Desenho terá início no dia 06 de janeiro, e vai ensinar fundamentos básicos do desenho, estrutura e proporção, luz e sombra, desenho de observação, anatomia humana e perspectiva artística, desenvolvendo o aluno em toda a sua capacidade criativa para, com o auxílio do professor, buscar sua própria expressão no desenho com o grafite e o lápis de cor. Ao aprender toda essa sequência de competências e habilidades no primeiro semestre, no segundo o aluno estará apto a aprender diversas técnicas, como: caneta, aquarela, pastel seco e oleoso, guache e colagem.
Com aulas a partir do dia 07 de janeiro, o curso de Modelagem e Cerâmica vai ensinar técnicas de pinch, rolinho, placa e a ocagem, para criação de objetos decorativos, escultóricos e utilitários, exercitando a criatividade juntamente com as técnicas. O próprio aluno fará o acabamento com esmaltes alcalinos atóxicos em suas peças. Elas são queimadas em forno elétrico, a 1.250 graus centígrados. O curso é bastante abrangente, possibilitando conhecer e vivenciar todo o processo, desde a modelagem do barro à cerâmica, incluindo acabamento, esmaltação e queima. As aulas serão às quintas-feiras, das 14h30 à 16h30, para a primeira turma e das 19h30 às 21h30 para a segunda.
Serviço – O Sesc Cultura está localizado na Avenida Afonso Pena – Centro, Campo Grande – MS. Acompanhe as ações do Sesc no site sesc.ms
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CLUBE SESC DE LEITURA HOMENAGEIA CLARICE LISPECTOR COM BATE PAPO SOBRE A OBRA “LAÇOS DE FAMÍLIA”
No último encontro deste ano, dia 19 de dezembro, às 15 horas, o Clube de Leitura do Sesc rende homenagem à escritora Clarice Lispector, com bate papo sobre o clássico “Laço de Família”. Haverá participação da convidada Susylene Dias de Araujo, doutora em Letras pela Universidade Estadual de Londrina, parecerista em diversas revistas acadêmicas da área de linguística, letras e artes, professora na Universidade Estadual (UEMS). Para participar, basta clicar aqui
Considerado um dos livros essenciais para conhecer Clarice, Laços de família, escolhido para o encontro do clube é uma coletânea de 13 contos, alguns não inéditos, que retrata a história de personagens comuns do dia-a-dia, expondo o quanto a rotina e a relação familiar influenciam no decorrer da vida. Bem recebido pela crítica, o livro ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura na categoria de contos, crônicas e novelas no ano de 1961.
Sobre a autora – Clarice Lispector nasceu no dia 10 de dezembro (1920-1977). Sendo 2020 o ano de celebração dos 100 anos de seu nascimento. Considerada uma das maiores escritoras do Brasil, foi romancista, contista, cronista, tradutora e jornalista, imprimindo em suas obras uma literatura intimista, introspectiva e imersa no pensamento e na condição humana, influenciada pelo romance psicológico presente na literatura irlandesa desde a publicação de Ulisses de James Joyce.
Clube Sesc de Leitura – O encontro é realizado uma vez por mês. Para acessar pelo celular, baixe gratuitamente o app Meet. A plataforma comporta até 100 participantes por vez. Compartilhe sua experiência de leitura com o clube, mas se preferir, participe como ouvinte.
Serviço – Acompanhe as ações do Sesc MS no site sesc.ms. Siga-nos nas redes sociais do Sesc @sescculturaMS e Facebook/sescculturams
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Criolo anuncia parceria com duo Tropkillaz no single político ‘Sistema obtuso’
♪ O rapper paulistano Criolo anuncia parceria com Tropkillaz, duo conterrâneo de música eletrônica formado pelos DJs e produtores Laudz e Zegon. A conexão acontece em música intitulada Sistema obtuso. Trata-se de composição escrita para contestar a atual política do Brasil. O single Sistema obtuso tem lançamento agendado para 18 de dezembro simultaneamente com o clipe originado da gravação da música inédita. A julgar pela capa do single Sistema obtuso, cuja arte simula cartaz de filme, o clipe tem narrativa cinematográfica. Capa do single 'Sistema obtuso', de Criolo com Tropkillaz Divulgação
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No ano de seu centenário, Clarice Lispector é a escritora brasileira mais traduzida no mundo
Os livros da autora já foram traduzidos para 32 idiomas e publicados em 40 países. A escritora brasileira Clarice Lispector Divulgação/Rocco A primeira tradução, reza a lenda, um escritor nunca esquece. Se for "escandalosamente má", então, pior ainda. Foi o que aconteceu em 1954 quando Clarice Lispector (1920-1977) teve seu romance de estreia, "Perto do Coração Selvagem" (1943), traduzido para o francês. Desapontada com o trabalho de Denise-Teresa Moutonnier, Clarice chegou a escrever uma carta para as irmãs, em 10 de maio, relatando os motivos de seu descontentamento: em um trecho do livro, a tradutora trocou "porcaria" por "excremento" e, em outro, "olheiras negras" por "óculos escuros". Mais adiante, confundiu o substantivo "chamas", sinônimo de labaredas, pelo verbo "chamar". Foram, ao todo, quase 30 erros. Clarice já estava decidida a dar o caso por encerrado quando foi convencida por Érico Veríssimo (1905-1975) a escrever uma carta ao editor, Pierre de Lescure, manifestando sua insatisfação. Em resposta, o dono da editora Plon explicou, no dia 13 de junho, que, antes de ser publicado, o livro fora enviado à autora, para ela dar seu aval. Perplexa, Clarice respondeu, em 20 de junho, que não recebera carta nenhuma, tampouco o texto traduzido. "Chateada com a tradução malfeita, chegou à conclusão de que teria de conformar-se. O melhor era esquecer que o livro havia sido traduzido", explica a biógrafa Teresa Cristina Montero Ferreira, autora dos livros "Eu Sou Uma Pergunta – Uma Biografia de Clarice Lispector" (Rocco, 1999), que vai ganhar uma edição revista e ampliada em 2021, e "O Rio de Clarice: Passeio Afetivo pela Cidade" (Autêntica, 2018). Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), Teresa Montero explica que Clarice só foi traduzida na França, em 1954, por iniciativa da diplomata brasileira Beata Vettori (1909-1994). Entre outros cargos, ela foi cônsul-geral em Paris e embaixadora em Quito. "Ela também escrevia e, certamente, viu o talento da 'esposa do diplomata' Maury Gurgel Valente", observa. Quanto ao imbróglio envolvendo Clarice e Pierre de Lescure, tudo terminou bem. Ou quase. "Sim, Clarice detestou a tradução e chegou a escrever uma carta para a editora com reclamações. Mas, depois, mudou de opinião e procurou desfazer a situação desconfortável", esclarece Nádia Battella Gotlib, doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP) e autora de "Clarice – Uma Vida que se Conta" (Ática, 1995). 'Melhor do que Jorge Luís Borges!' Na semana em que se comemora o centenário de Clarice Lispector, a autora de "Laços de Família" (1960), "A Paixão Segundo G.H." (1964) e "A Hora da Estrela" (1977) é, segundo levantamento da UNESCO de 2012, a escritora brasileira mais traduzida do mundo: 113 traduções. Entre os autores de língua portuguesa com mais títulos traduzidos, é a única mulher num ranking só de homens, como José Saramago (534), Jorge Amado (421) e Fernando Pessoa (374). Clarice ocupa a nona posição, à frente de Machado de Assis (97). Com 1.098 traduções, Paulo Coelho é o primeiríssimo colocado. Traduzida para 32 idiomas, do mandarim ao croata, do norueguês ao russo, do turco ao hebraico, Clarice já foi publicada em 40 países: os mais recentes são Macedônia, Hungria, Sérvia e Eslováquia. "Clarice atinge o âmago das questões humanas e extra-humanas. Sua obra é continuamente moderna e atual. Hoje, ela é parte do cânone da literatura mundial. Não há mais como ignorá-la", assegura Marília Librandi, doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP) e professora de Literatura Brasileira da Universidade de Stanford, na Califórnia. Passado o susto inicial com "Près Du Coeur Sauvage", a malsucedida tradução em francês de "Perto do Coração Selvagem", "A Maçã no Escuro" (1961) ganhou versões em alemão, "Der Apfel im Dunkeln", de 1964, e em inglês, "The Apple in the Dark", de 1967. Nos EUA, Clarice chegou a ter, em junho de 1964, três contos traduzidos pela poetisa Elizabeth Bishop (1911-1979) para a revista The Kenyon Review: "Uma Galinha" ("The Hen"), "A Menor Mulher do Mundo" ("The Smallest Woman in the World") e "Macacos" ("Marmosets"). "Melhor que Jorge Luís Borges!", elogiou Elizabeth Bishop, em carta escrita em 1962 e incluída na antologia "Uma Arte: As Cartas de Elizabeth Bishop" (Cia das Letras, 1995). Amor à primeira leitura A escritora brasileira Clarice Lispector Divulgação/Rocco Professor do Departamento de Português e Espanhol da Universidade de Vanderbilt, em Nashville, no Tennessee, Earl E. Fitz foi um dos primeiros a estudar Clarice Lispector nos EUA. Em março de 1971, ele cursava Literatura Comparada na Universidade de Nova Iorque quando, durante um seminário sobre o moderno romance brasileiro, Gregory Rabassa (1922-2016), um de seus professores, indicou a leitura de "The Apple in the Dark". Foi amor à primeira leitura. "Logo nas primeiras páginas, tive certeza de duas coisas: que adorei aquele romance, e que eu, um jovem estudante de doutorado, dedicaria minha vida a estudar Clarice e sua obra", derrama-se. "Décadas depois, Clarice e seu mundo poético, filosófico e profundamente humano continua a me ensinar coisas novas. Todo dia, é uma epifania diferente". Fitz não é o único. Da nova geração, Katrina Dodson é outra admiradora confessa. Ela é a responsável pela tradução de "The Complete Stories" (New Directions, 2015), antologia que reuniu, pela primeira vez num único volume, todos os contos. Doutora em Literatura Comparada pela Universidade da Califórnia em Berkeley, Katrina conheceu Clarice em 2003, quando lecionava inglês num colégio particular do Rio. Por indicação de amigos, comprou "A Paixão Segundo G.H." que leu durante uma viagem de barco, de três dias, entre Manaus e Belém pelo Amazonas. "Um delírio total" foi sua primeira impressão. Nove anos depois, veio o convite do biógrafo Benjamin Moser. O trabalho, conta, durou dois anos e a deixou "esgotada". "Foi difícil inventar uma voz para cada um de seus 85 contos. Me senti como uma atriz interpretando várias vozes em um mesmo palco", compara. Sua tradução ganhou o prêmio PEN 2016, um dos mais prestigiados. "Uma tradução extraordinária de uma autora excepcional", disseram os juízes. Clarice não é apenas a escritora brasileira mais traduzida do mundo. É também a mais estudada. Aqui e lá fora. É o que revelam dois estudos: um da Universidade de Brasília (UnB), realizado pela doutora em Literatura e Práticas Sociais, Laetícia Jensen Eble, com 2,1 mil doutores em literatura brasileira no país; e outro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), coordenado pelo professor de Literatura Comparada, João Cezar de Castro Rocha, com 224 pesquisadores residentes no exterior. No primeiro trabalho, Clarice ocupa o terceiro lugar no ranking geral, com 63 citações – atrás de Machado de Assis (122) e Guimarães Rosa (100). No segundo, são 117 menções. À sua frente, apenas o "Bruxo do Cosme Velho" (135). "Ao longo dos últimos anos, o número de trabalhos acadêmicos baseados na obra de Clarice aumentou consideravelmente. Até os anos 1980, era possível ler a totalidade do que se publicava sobre ela. Depois disso, o número de artigos, resenhas e livros aumentou tanto, aqui e lá fora, que se tornou impossível conhecer todos eles", admite Nádia Gotlib. 'Craque', 'gênio', 'superstar'… A escritora brasileira mais traduzida do mundo trabalhou também como tradutora. Poliglota, traduziu, entre outros autores, o irlandês Jonathan Swift (1667-1745), o estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849), o francês Julio Verne (1828-1905), a inglesa Agatha Christie (1890-1976) e o argentino Jorge Luís Borges (1899-1986). "Traduzo, sim, mas fico cheia de medo de ler traduções que fazem de livros meus. Além de ter bastante enjoo de reler coisas minhas, fico também com medo do que o tradutor possa ter feito com um texto meu", escreveu Clarice na crônica Traduzir Procurando Não Trair, publicada na revista Joia, de maio de 1968, e reunida na antologia "Outros Escritos" (Rocco, 2005). Dos seus 18 livros, entre romances, contos e crônicas, "A Hora da Estrela" (1977) é, desde 1983, o mais traduzido. A história da retirante nordestina que viaja de Alagoas para o Rio em busca de uma vida melhor já foi publicada em 27 idiomas, como italiano ("L'ora Della Stella"), polonês ("Godzina Gwiazdy") e tcheco ("Okamzik Pro Hvezdu"). "Desigualdade social e sobrevida na adversidade não deixam de ser, salvo poucas exceções, problemas universais", destaca Nádia Gotlib. "O premiado filme de Suzana Amaral teve importante papel na difusão da obra de Clarice, dentro de fora do Brasil", arrisca Teresa Montero. Em seu primeiro papel no cinema, Marcélia Cartaxo ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim, em 1986, graças à sua atuação como Macabéa. Mas, será que, 43 anos depois de sua morte, Clarice Lispector já alcançou o reconhecimento literário que merece no exterior? Bem, a julgar pelos adjetivos usados por Earl E. Fitz e Katrina Dodson para descrevê-la, como "craque", "gênio" e "superstar", parece que sim. O entusiasmo deles é compartilhado por Nádia Gotlib. "Clarice é indiscutivelmente reconhecida tanto no Brasil quanto no exterior. E esse reconhecimento se deve, sobretudo, ao nível de excelência de sua obra literária. Seus textos 'falam' de qualquer pessoa e de todos nós. Apesar de localizada num determinado espaço, exibe características comuns a qualquer um de nós", explica a pesquisadora. No Brasil, a obra de Clarice é publicada, desde 1997, pela Rocco. Antes disso, passou por algumas das mais respeitadas editoras do Brasil, como Francisco Alves, José Olympio e Nova Fronteira. Para festejar seu centenário, a editora está relançando, desde novembro do ano passado, seus 18 livros, com novo projeto gráfico, assinado por Victor Burton, e conteúdo inédito. "A literatura de Clarice é, em sua essência, universal. Universal e atemporal. Não por acaso, ela é muito mais lida hoje, quatro décadas depois de sua morte, do que foi em vida. Isso se dá por uma razão muito simples: a obra de Clarice tem uma verdade insofismável. Todo aquele que se aproxima do coração selvagem de Clarice com o espírito aberto encontra algo de precioso", afirma o editor da Rocco, Pedro Vasquez.
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Pantone anuncia cinza ‘ultimate gray’ e amarelo ‘illuminating’ como cores de 2021
Empresa americana de consultoria de cores divulgou tonalidades que devem ser tendência no próximo ano. Pantone anuncia cinza 'ultimate gray' e amarelo 'illuminating' como cores de 2021 Divulgação/Pantone As cores de 2021 serão o cinza "ultimate gray" e o amarelo "illuminating", anunciou a Pantone nesta terça-feira (9). A empresa americana de consultoria de cores escolhe anualmente a cor que deve ser tendência no ano em moda, design e cultura. Initial plugin text Para o próximo ano, a tonalidade específica na cartela de cores serão a "17-5104 Ultimate Gray" e a "13-0647 Illuminating". De acordo com a empresa, a combinação "salienta como elementos diferentes se encontram para apoiar uns aos outros" e expressa "força e positividade". "'PANTONE 13-0647 Illuminating' é um amarelo claro e animador que brilha com vivacidade, um tom de amarelo aconchegante com o poder solar. 'PANTONE 17-5104 Ultimate Gray' é emblemático de elementos sólidos e confiáveis que são eternos e que fornecem uma fundação firme." Em 2020, a cor foi a "classic blue", que fazia referência ao céu ao entardecer.
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‘O céu da meia-noite’ poderia ser extraordinário, mas se divide em dois filmes incompletos; G1 já viu
Produção dirigida e estrelada por George Clooney estreia nesta quinta-feira (10) em cinemas brasileiros. Estreia nesta quinta-feira (10) nos cinemas brasileiros uma produção excelente, dirigida e estrelada por George Clooney ("Boa noite e boa sorte"), sobre solidão e arrependimento. No mesmo dia, chega uma outra história mais mediana e cheia de clichês sobre a tripulação de uma nave que é a última esperança da humanidade – também comandada pelo ator. Para a sorte de uma, e azar da outra, as duas histórias formam o mesmo filme. "O céu da meia-noite" é a adaptação cinematográfica do livro de mesmo nome, escrito por Lily Brooks-Dalton. A produção brilha em grande parte de sua narrativa, e tem chances reais de receber indicações importantes ao Oscar em um ano sofrido para a indústria do cinema. Assista ao trailer de 'O céu da meia-noite' Infelizmente, poderia ser extraordinária, mas sofre em seus momentos mais grandiosos, com um final instável prejudicado pelas idas e vindas da trama, que chega à Netflix em 23 de dezembro. O encontro de 'O regresso' e 'Gravidade' No filme, Clooney interpreta um cientista no Ártico em um futuro próximo, solitário durante uma catástrofe que dizimou a maior parte da população mundial. Ele luta contra uma doença terminal e as forças da natureza para avisar a tripulação de uma nave espacial, prestes a retornar à Terra após a primeira viagem a uma lua habitável, que o planeta perdeu a luta pela sobrevivência. Felicity Jones em cena de 'O céu da meia-noite' Divulgação Com isso, o público acompanha os esforços do protagonista solitário no meio do gelo e da neve ao mesmo tempo em que assiste aos astronautas superarem seus últimos desafios na volta a um lar condenado – uma mistura de "O regresso" (2015) e "Gravidade" (2013). Clooney só Enquanto conta a história do cientista, "O céu da meia-noite" é uma reflexão maravilhosa sobre arrependimento, solidão e os efeitos trágicos que algumas escolhas da humanidade podem ter – algo que ressoa ainda mais forte durante a pandemia do mundo real. Clooney entrega a atuação de sua vida como um homem amargurado por erros do passado e à beira da morte, mas que se apega à sobrevivência em uma situação desastrosa em sua última tentativa de redenção. George Clooney e Caoilinn Springall em cena de 'O céu da meia-noite' Divulgação Sem o carisma do ator, que equilibra a natureza sombria do personagem com uma doçura profunda, é provável que suas cenas não tivessem a mesma força – a última delas está entre as mais bonitas de 2020. O filme perde potência quando intercala sua luta, literal e metafórica, pelos esforços da tripulação da nave. As sequências não são ruins em si, mas depois de um tempo começam a parecer desnecessárias, obstáculos para o retorno da história que realmente vale a pena acompanhar. O frio do espaço Os astronautas são interpretados por um elenco maravilhoso, com nomes como David Oyelowo ("Selma: Uma luta pela igualdade"), Felicity Jones ("Rogue One: Uma História Star Wars") e Demián Bichir ("Os oito odiados"). Seu enredo, no entanto, sofre com situações previsíveis para qualquer um que já viu um filme do gênero. Kyle Chandler em cena de 'O céu da meia-noite' Divulgação Se danos causados por detritos forem tão comuns quanto produções do tipo dão a entender, é de se admirar que alguma missão espacial tenha dado certo na história do mundo. Não há no roteiro grandes surpresas ou sacadas surpreendentes, mas as cenas na Terra têm uma urgência e uma humanidade profundas – dignas de grandes filmes. A sensibilidade até está presente em alguns momentos na nave, em especial no arco do piloto interpretado por Kyle Chandler ("Bloodline"), mas na maior parte do tempo apresenta passagens exploradas à exaustão. Em um ano normal, "O céu da meia-noite" já contaria com pedigree suficiente para garantir presença no Oscar. Em uma indústria com poucos lançamentos por causa dos cinemas fechados, sua indicação é quase uma certeza. Mas, ao se afastar de sua essência verdadeiramente humana, o filme perde a chance de ser algo extraordinário. George Clooney em cena de 'O céu da meia-noite' Divulgação
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Por que Clarice Lispector, uma escritora de difícil leitura, é uma das autoras brasileiras mais citadas na internet
Retirados de contexto, os textos da autora, que faria cem anos hoje, acabam lidos como mensagens edificantes, lições de vida e autoajuda. Muito citada nas redes sociais, Clarice completaria 100 anos hoje Editora Rocco/Divulgação Comparada a Virgínia Woolf e James Joyce, considerada hermética, permeada por experimentação linguística, entrelinhas e "silêncios", com enredo praticamente inexistente e quebra das regras de pontuação — romance iniciando com vírgula e terminando com dois pontos, por exemplo — a obra de Clarice Lispector (1920-1977) não é de fácil leitura. Ainda assim, a escritora, cujo nascimento completa 100 anos hoje, dia 10 de dezembro, é uma das mais citadas na internet — mesmo que, paradoxalmente, muitos dos textos e frases atribuídos a ela não sejam seus. Em seu livro "Para amar Clarice – Como descobrir a apreciar os aspectos inovadores de sua obra", a escritora e professora de literatura Emilia Amaral escreveu que Clarice Lispector "viveu e escreveu sob os signos da fascinação e paradoxo: adorada por muitos, eleita como objeto de várias tendências críticas, ao mesmo tempo avessa a diferenciações de gênero, entre outras categorias classificatórias. Bastante citada, adulterada, popularizada por um viés pseudofilosofante, a escritora é simultaneamente considerada hermética". Nascida Chaya (ou Haya, para alguns) Pinkhasovna Lispector, em Chechelnyk, na Ucrânia, ela chegou ao Brasil ainda bebê, em 1922, com sua família que fugia para o Brasil devido à perseguição aos judeus depois da Revolução Russa de 1917. Os Lispector chegaram a Maceió, de onde mudaram para Recife, em 1924, e daí para o Rio de Janeiro, em 1935, cidade em que se estabelecem definitivamente. No Brasil, os membros da família aportuguesaram seus nomes. O pai Pinkhas ou Pinkhouss passou a ser Pedro, e a mãe Marian ou Mania transformou-se em Marieta. Das filhas, Leah virou Elisa; Tcharna, Tânia; e Chaya, Clarice. Casada com um diplomata brasileiro, a escritora morou fora do país de 1944 a 1959 (Itália, Suíça, Inglaterra e Estados Unidos), quando se separou e retornou ao Brasil, onde viveu até sua morte, em 9 de dezembro de 1977, um dia antes do seu aniversário de 57 anos. Em relação à obra de Clarice, Noeli Lisbôa, mestre em Teorias do Texto e do Discurso, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), diz que nos romances praticamente não há enredo. "De tal modo que a escritora afirma em Água Viva: 'gênero não me pega mais', porque ela rompe realmente com a estrutura dos gêneros literários", explica. "O que me interessa realmente na Clarice é o questionamento que ela faz da linguagem, de seus limites, de sua incapacidade de expressar a vivência humana. Há duas frases dela que são expressivas disso: 'Viver não é relatável' e 'A realidade não tem sinônimos'. A obra dela me parece extremamente importante, porque é inovadora exatamente neste questionamento que faz da linguagem." Segundo Amaral, autora do livro sobre Clarice, o que se destaca em sua obra é a interioridade das personagens, seus movimentos de alienação e de busca de transcendência. "A palavra 'clariceana' quer ser a coisa que ela representa, daí a linguagem ser toda permeada por entrelinhas, por meio das quais se pretende ir além do dito", explica, em entrevista à BBC News Brasil. "Trata-se de uma literatura metalinguística, que se indaga enquanto se realiza, conquistando tanto pelo processo do escrever quanto pelo produto: o texto." Para o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS, Antônio Marcos Vieira Sanseverino, na obra Clarice, há um voltar-se para dentro de si, para a experiência interior, para o impacto das coisas no mundo na subjetividade de suas personagens. "Tal experiência interior, radicalmente posta, é desagregadora, pois revela a estranheza de cada um, aquilo que não corresponde aos papeis sociais vividos na rotina", explica. "Em Clarice, é uma experiência de linguagem, ou de busca de uma linguagem capaz de dar conta dessa estranheza." O professor Arnaldo Franco Jr., da Universidade Estadual Paulista (Unesp), diz que Clarice Lispector está entre os grandes criadores no campo da literatura. "Sua obra, marcada pelo hibridismo de gêneros, pela experimentação linguística, pela afirmação de uma ótica feminina contribuiu para ampliar os valores temático-formais do sistema literário brasileiro", explica. "Pode-se dizer que, a partir da tradução de seus textos, ela afetou também literaturas de outros países. Ela faz uma literatura que perturba o leitor, instalando uma perspectiva crítica em relação aos esquematismos, que coisificam o viver e alienam o ser humano do contato vigoroso consigo próprio, com o outro, com a vida." De acordo com ele, talvez a grande marca da obra de Clarice Lispector seja a afirmação da liberdade de criar sem subordinação a normas, critérios e parâmetros idealizados do que deva ser o texto literário. "Junto dessa afirmação, que afeta os planos temático e formal de sua literatura, afirma-se, também, uma desconfiança permanente em relação à linguagem, aos jogos de poder e hierarquia estabelecidos entre o eu e o outro, a valores e práticas idealizados socialmente", acrescenta. Citações Com essa complexidade toda de sua obra, muitos se perguntam por que ela é uma das campeãs de citações na internet. Há várias hipóteses. "Isso ocorre porque há trechos de Clarice que, retirados do contexto, podem ser lidos como mensagens edificantes, lições de vida que, na maioria das vezes, dão a impressão de simplificá-la", explica Franco Jr. "Mas em vez disso, em geral, a adulteram e criam equívocos a respeito de sua arte." De acordo com Sanseverino, há dois tipos de leitura para essa enxurrada de citações. "Na apresentação da nova edição do romance Água Viva, é contado que Cazuza teria lido a obra umas 111 vezes", diz. "Como Clarice traz para primeiro plano de sua obra, uma experiência de linguagem que nos leva a colocar em xeque os padrões, sejam quais forem, quem busca se realizar fora do lugar social pré-determinado de família, de classe social, de gênero, tende a se encontrar na obra dela." Para professor Antônio Marcos Vieira Sanseverino, na obra Clarice, há um voltar-se para dentro de si, para a experiência interior, para o impacto das coisas no mundo na subjetividade de suas personagens Arquivo Pessoal via BBC O segundo tipo de leitura, diz ele, é o das frases feitas, retiradas do contexto, que ganham a feição de máximas, provérbios, ditos. "Ela tem, de fato, frases lapidares", diz. "Assim, parece que há uma busca de epigramas 'clariceanos', que sirvam para etiquetar uma vivência. Daí a autoridade da escritora, com a aura do mistério e de suas epifanias, em contribuir para a citação." Para Franco Jr., a popularidade de Clarice na internet é um fenômeno que afeta a obra dela e, também, outros escritores e poetas, como, por exemplo, Caio Fernando Abreu, Carlos Drummond de Andrade e Luís Fernando Verissimo. "As pessoas recortam trechos que as impactaram e lançam nas redes sociais", diz. "Descontextualizados, esses trechos acabam funcionando como máximas, 'ensinamentos' ou autoajuda. Qualquer obra literária está sujeita isso. Talvez uma outra razão para a escolha da obra de Clarice para este tipo de procedimento esteja no fato de que se trata de uma literatura marcada pela cogitação existencial." A proliferação de citações de textos ou frases de Clarice Lispector, sejam dela mesmo ou atribuídas erradamente a ela, pode ser, no entanto, uma faca de dois gumes para a divulgação e conhecimento de sua obra. "É bom e ruim ao mesmo tempo", diz Franco Jr. "O aspecto positivo está na própria divulgação do nome e da obra literária de Clarice Lispector, pois isso pode atrair novos leitores, gente que buscará ler os contos, os romances, as crônicas." O lado negativo, segundo ele, diz respeito às distorções que isso pode gerar, como descontextualização e perda do sentido crítico dos textos, redução da obra à condição de texto de autoajuda, atribuição de falsa autoria a textos que ela nunca escreveu. "Esse aspecto negativo cria episódios constrangedores, com pessoas citando textos falsos que ela nunca escreveu, por exemplo", explica. "E a atribuição de falsa autoria, a depender das circunstâncias, pode resultar em processo jurídico." Para Lisbôa, da UFGRS, é sempre ruim quando textos são atribuídos equivocadamente a determinados autores porque isso não contribui em nada para o conhecimento da obra de ninguém. "Quando é uma obra boa, isso se caracteriza como uma injustiça ao verdadeiro autor; quando é uma obra ruim se configura uma injustiça com aquele a quem ela é atribuída." Clarice publicou 18 livros, entre romances, contos e crônicas Editora Rocco/Divulgação VÍDEOS: Saiba tudo sobre entretenimento com o Semana Pop:
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Porta dos Fundos lança ‘Teocracia em Vertigem’ e Porchat comenta: ‘Não conhecem história da Bíblia’
Especial de Natal é inspirado em 'Democracia em vertigem', documentário indicado ao Oscar. Ao G1, ator e roteirista fala de atentado de 2019 e garante que piadas bíblicas nunca vão se esgotar. 'Teocracia em vertigem': Porta dos Fundos divulga trailer de especial de Natal de 2020 O Porta dos Fundos lançou nesta quinta-feira (10) seu especial de Natal de 2020. "Teocracia em vertigem" tem estrutura e narração que fazem lembrar "Democracia em vertigem", documentário brasileiro que concorreu ao Oscar. O especial de Natal é o primeiro do grupo de humor após a sede do Porta dos Fundos sofrer um ataque com coquetéis molotov no fim de 2019. Um dos suspeitos, Eduardo Fauzi, foi preso na Rússia, extraditado, virou réu e teve a prisão preventiva decretada em setembro de 2020. A divulgação do especial de Natal do Porta dos Fundos de 2019 chegou a ser suspensa pelo Tribunal de Justiça do Rio, mas foi liberada pelo STF, com votos de ministros argumentando pela defesa da liberdade de expressão. O programa anterior, uma parceria com a Netflix, tinha piadas insinuando que Jesus teve uma experiência homossexual após 40 dias no deserto. Lançada no canal do grupo no YouTube, a edição deste ano tem um Jesus rapper e muitas referências à política brasileira. Em entrevista ao G1, o roterista e ator Fábio Porchat falou da inspiração no documentário e garantiu que as piadas bíblicas nunca vão se esgotar. "Só a história de Ló dá um especial inteiro maravilhoso." O atentado do ano passado e a lista de convidados do especial deste ano (Petra Costa, Emicida, Teresa Cristina) também foram comentados por ele. Fábio Porchat interpreta Jesus em 'Teocracia em vertigem', especial de Natal do Porta dos Fundos Daniel Chiacos/Divulgação G1 – Quando vocês começam a pensar nas ideias pro especial, assim que acabam o do ano anterior? Fábio Porchat – É meio como no carnaval, sabe? Termina desfile e já começamos a pensar no próximo. Em março, eu já começo a escrever. Escrevo alguns sozinho, outros com parceiros. Em março e abril, escrevo. Em maio, eu entrego e tem a pré-produção. Filmamos em julho e agosto. O deste ano foi mais complicado. Pensei que a gente não iria fazer. Mas tinha que fazer. Este, especialmente, tem um “plus a mais” porque é o logo depois do atentado. Fizemos brainstorms no Porta e o Gabriel Esteves (roteirista) deu a ideia da paródia de “Democracia em vertigem”. Escrevi em duas semanas. Para o do ano que vem eu tenho dois argumentos, mas a gente vai continuar sem aglomerar, vou ter que espera um pouco ainda, até março ou abril. Para repensar e rever. G1 – Será que uma hora o especial vai parar de fazer sentido? Sei que é uma adaptação de um livro bem grande, mas você acha que tem algum limite? Fábio Porchat – Tem muita coisa, o velho testamento é gigante. Só a história de Ló dá um especial inteiro maravilhoso. As pessoas não conhecem a história da Bíblia, as pessoas não sabem quem é Barrabás, não sabem que é Pôncio Pilatos. Mas tem que ser também uma história que dê para entender. Tem piadas do primeiro tratamento (versão inicial do roteiro) que só cristão iria entender. Mas eu não acho que tenha fim não. Desde o primeiro, o tema tem sido religioso e não precisa ser. Um ano pode ser sobre Papel Noel…. Mas a Bíblia tem muito chão. G1 – Quando li que seria uma paródia de 'Democracia em vertigem', fiquei pensando em quais piadas vocês fariam com o documentário. Mas as referências a ele são mais sutis, como a narração da Clarice Falcão. Se fosse muito sobre ele, ficaria meio cifrado, talvez? Fábio Porchat – Ele foi mais um ponto de partida, mais uma brincadeira com o formato, do que qualquer outra coisa. Tem a narração de uma diretora, a gente bota a Petra (Costa, diretora do documentário) para brincar um pouquinho e rir disso. São algumas referências, mas não ficamos presos a isso. A gente não podia também gerar imagens, conseguimos resolver esse problema de uma forma criativa. Compramos imagens de paisagens na internet, de Jerusalém, de desertos. Mas o documentário é só uma inspiração. G1 – E como foi o convite para a Petra (Costa, diretora de 'Democracia em vertigem') participar? Fábio Porchat – Eu que tive a ideia de chamá-la, coloquei no primeiro tratamento do roteiro. Depois de tudo escrito, eu liguei pra ela. Ela falou: “Ah, legal, achei engraçado, topo”. Mandei o roteiro pra ela. Tinha a brincadeira de Jesus cortar ela no espacial… Gravamos o especial todo e ela gravou depois. Ela perguntou se poderia ir além do roteiro, se poderia improvisar. “Claro que sim.” A frase que entrou dela foi ela que fez. Ela falou uma frase ótima e a gente deixou. Depois, ela divulgou, deu entrevista pra “Variety” (revista americana). É legal ela rir de si mesma. Especial de Natal do Porta dos Fundos de 2019 Divulgação G1 – Tem várias participações de humoristas, do pessoal do Porta, mas outras participações não tão óbvias são do Emicida (com um áudio) e da Teresa Cristina (na música do final). Como foi isso? Fábio Porchat – O Emicida foi no “Papo de segunda” (programa da GNT) que eu falei com ele. “Faz um off pra mim aqui vai.” Cirene é na África, então fazia sentido que Simão fosse negro. Eu fiquei dirigindo o Emicida. Ele que colocou Peruíbe, Airbnb (no texto). É tudo invenção dele. A Teresa Cristina é uma ideia que partiu do Rodrigo Van Der Put (diretor). Eu mandei a música para ela ler e ela adorou. Disse que adorava os especiais de natal. Então, eu tenho duas “Inrizetes” (ajudantes de palco de Inri Cristo). São duas cantoras, a outra é a Silvia Machete, e eu lá frente. E eu não canto nada… G1 – Você vem cantando e compondo mais, como no fim deste especial e no curta “A Guiana sumiu…”. Canta, mas não canta, é meio “spoken word”, né? Fábio Porchat – Eu sou zero musical. A trilha é do Gabriel Esteves e ele escreveu a letra comigo, partindo de uma ideia que eu tinha tido de que Jesus não vai voltar. Ele ia me falando, se a frase está mais longa, se não iria rimar. Daí, ele tinha uma solução. O Monty Python fazia muito isso, né? Dá uma quebra total no documentário. A gente tenta fazer de uma forma mais solta, mas termina com um musical alucinação. Tem um rap, termina mais pra cima. Desde o primeiro tratamento eu tinha escrito “Música que Jesus canta”. Tinha que ser assim, apoteótica. G1 – Como o atentado relacionado ao especial anterior te afetou como roteirista? De alguma forma, fez com que o Porta e você repensassem a segurança de vocês e também temas, piadas? Fábio Porchat – O atentado só reforçou aquilo que a gente já imaginava: que o Brasil está se tornando um país intolerante, não disposto a dialogar, a não debater e apenas a bater. Um país que sempre foi muito alegre, feliz e que sempre teve na sua essência a troca com o diferente, passou a lidar muito mal com isso. Então, o atentado, na verdade, me afeta como cidadão brasileiro, como morador do Rio de Janeiro, me afeta nesse sentido. "Em relação a piadas, não mexe com nada. A gente sofreu o atentado e um dia depois lançou um vídeo sobre Jesus de novo, em 2019." Continuamos fazendo esse tipo de vídeo. O que a gente entende é quem são essas pessoas que estão vendo isso e a gente tem uma dimensão maior desses ratos e baratas que saíram dos esgotos. Mas não repensamos nada, continuamos fazendo as nossas coisas, vivendo a vida, entrando em cartaz no teatro, andando na rua, fazendo as nossas coisas. A gente entendeu que foi muito mais uma obra de cinco criminosos, muito mais pontual e muito mais único do que falando pelo todo. VÍDEO: Semana Pop explica temas do entretenimento
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Um passeio pelo Rio de Janeiro de Clarice Lispector: veja lugares frequentados pela escritora, que faria 100 anos
No centenário da escritora, o G1 visitou cinco caminhos claricianos na capital carioca marcantes na vida e na obra da eterna nômade. Conheça lugares no Rio que marcaram vida e obra no centenário de Clarice Lispector Neste 10 de dezembro, celebram-se os 100 anos de Clarice Lispector. No centenário da autora, o G1 visitou cinco caminhos "claricianos" do Rio de Janeiro marcantes na vida e na obra da eterna nômade. Nascida judia em uma Ucrânia soviética, a escritora veio para o Brasil com a família e passou a infância entre Alagoas, Pernambuco e Bahia. Em 1935, aos 15 anos, a adolescente Clarice chegava ao Rio de Janeiro, cidade onde construiria sua vida acadêmica, profissional e familiar. Mais tarde, como esposa de diplomata, viriam outros destinos, mas nenhum tão marcante quanto a capital carioca, cenário de muitos dos seus escritos. Das crônicas aos textos mais experimentalistas, como "Uma Aprendizagem" ou "O Livro dos Prazeres" (1969) e "A hora da estrela" (1977), há detalhes sensíveis de bairros do Rio em que Clarice Lispector morou, estudou ou trabalhou, além do Jardim Botânico e da Floresta da Tijuca, que amava e frequentava a lazer. Veja, abaixo, os principais caminhos de Clarice no Rio: Edifício A Noite, localizado na Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro Stephanie Rodrigues/Arte G1 Praça Mauá, Centro Além de viver a agitação dos 20 anos, no Centro da cidade, Clarice Lispector foi do Direito à Literatura. Enquanto se tornava advogada na Universidade do Brasil, era tradutora e redatora na Agência Nacional, localizada na Rua Primeiro de Março. Em uma biblioteca próxima à Rua da Assembleia, a aspirante a escritora encontrou a obra seminal para sua trajetória como literata: "O Lobo da Estepe", do alemão Hermann Hesse. Mas foi só trabalhando no vespertino A Noite, localizado no Edifício Joseph Gire, na Praça Mauá — ou Edifício A Noite — que Clarice lançou o seu primeiro romance, "Perto do Coração Selvagem" (1943), publicado pela editora do veículo com a ajuda dos colegas de redação. Destoando da ficção regionalista da época, em seu livro de estreia, Lispector conta a história da personagem Joana, da infância à vida adulta, mergulhando em seus sentimentos, ideias e experiências. No ano da publicação, Clarice se casou, aos 23 anos de idade, com o diplomata Maury Gurgel Valente, laço que intensificaria sua vida como viajante. Em 1944, retornaria à Zona Portuária da cidade para dar adeus ao que chamou de terra natal. A primeira parada seria em Belém do Pará. Depois, em meio à 2ª Guerra Mundial, iriam para Nápoles, na Itália — início de um longo período distante do Rio. Jardim Botânico, no Rio de Janeiro Stephanie Rodrigues/ Arte G1 Jardim Botânico No primeiro e breve retorno ao Rio de Janeiro, em 1949, a família se instalou no bairro do Flamengo, na Rua Marquês de Abrantes. Clarice agora era mãe do menino Pedro. Absorvida pela maternidade, tinha pouco tempo para a escrita e se dedicava a histórias curtas, como o conto “Amor”, publicado no livro "Laços de Família" (1960). No texto, em uma viagem de bonde, a personagem Ana questiona sua vida como simples dona de casa. Por engano, perde o ponto e vai parar no Jardim Botânico, onde toma a natureza do lugar por testemunha de sua epifania. Com questionamentos existenciais, Lispector evidenciava uma marca da sua prosa: a relação tensa — e tênue — entre a linguagem e a vida. A biógrafa Teresa Montero, autora do livro “O Rio de Clarice: passeio afetivo pela cidade”, conta que, em uma carta à irmã, Clarice se perguntava sobre a própria condição de mulher. “Ela queria ter uma vida, de mãe e de esposa, mas também de escritora. No entanto, acho que ela se deu conta: como iria conciliar isso?” Quando a convivência com o Rio já se encontrava restabelecida, Clarice se viu mais uma vez sugestionada às viagens do marido. Viveria na Inglaterra em 1950 por seis meses, e só voltaria à capital carioca, sozinha e em definitivo, após 7 anos em Washington, nos Estados Unidos, onde teve seu segundo filho Paulo. Montero define o período em solo norte-americano como uma prova de fogo. “Lá, Clarice se dá conta: ‘Ou eu vou viver essa vida de mulher, esposa, com os meus filhos e o meu marido, escrevendo dentro dessas circunstâncias, ou então eu vou me lançar, vou me jogar na Literatura de vez”, conta a biógrafa. Orla da Praia do Leme, no Rio Stephanie Rodrigues/Arte G1 Leme Separada do marido, Clarice Lispector voltou ao Rio de Janeiro com os filhos, em 1959, e foi morar no Leme. Seria seu último endereço e também o mais produtivo: em meio a pinturas, papéis e uma máquina de escrever, a escritora produziu 12 de seus 17 livros. Entre eles, "A paixão segundo G.H."(1964), "Água viva" (1973), "A via-crúcis do corpo" (1974) e "A Hora da Estrela" (1977). “Ela chamava o Leme de ‘minha terra’ tamanho o nível de identificação com o lugar”, revela a autora Teresa Montero. No bairro, morou em dois endereços: primeiro na Rua General Ribeiro da Costa, depois na Rua Gustavo Sampaio, onde fincou sua âncora. Segundo Montero, a proximidade com a Praia do Leme foi fundamental para a escolha. “A relação dela com o mar é descrita em algumas crônicas e, principalmente, no livro 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres'”, afirma. A feira que Clarice frequentava ficava embaixo da sua janela. Em relato à biógrafa, uma ex-moradora do Leme contou que a via pelo bairro, “com aquele lencinho”, de mãos dadas com os filhos. “Imagina: era uma mulher desquitada, com duas crianças, no Rio de Janeiro, no final dos anos 1950. Ela enfrentou muitas coisas. Eu a considero uma mulher admirável e corajosa”, ressalta Montero. Para complementar a renda, Lispector contribuiu em vários periódicos, como o Diário da Noite, o Correio da Manhã e a Revista Manchete. No Jornal do Brasil, conquistou notoriedade ao registrar, em sua coluna aos sábados, impressões sobre o bairro em que morava e a cidade do Rio. “O Jornal do Brasil está me tornando popular. Ganho rosas. Um dia paro”, escreveu no texto “Bolinhas”, publicado em 1967 no Caderno B. Largo do Boticário, no bairro Cosme Velho, no Rio Vitor Marigo/Arte G1 Largo do Boticário, Cosme Velho “As maiores cabeças do Brasil passaram pelo Largo do Boticário”, explica a autora Teresa Montero sobre a relevância do beco situado no bairro do Cosme Velho, na Zona Sul do Rio. Entre Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Ferreira Gullar e muitos outros pensadores da época, estava Clarice Lispector. O que a atraía era o amigo Augusto Rodrigues, artista plástico criador da Escolinha de Arte do Brasil (EAB). Definida pelo educador como o “Anjo Clarice”, a autora foi estimulada a entrar em contato com a pintura. Em 1975, Lispector materializou as indagações da protagonista do seu livro "Água Viva" (1973) produzindo 18 quadros — 17 em óleo sobre madeira e um sobre tela. Sua produção é semelhante à escrita: os quadros mostram a profusão de pensamentos e sentimentos abstratos da autora. Rua do Lavradio, no Centro do Rio de Janeiro Stephanie Rodrigues/ Arte G1 Rua do Acre, Centro A Rua do Acre, no Centro da cidade, foi o endereço da última personagem de Clarice no livro "A hora da estrela" (1977), fruto das observações da autora sobre os migrantes nordestinos no Rio. O livro conta a história da alagoana Macabéa, que decide viajar para a capital carioca após perder a tia. Na Rua do Lavradio, trabalha como datilógrafa, mesmo sem saber escrever. Ao longo do romance, Rodrigo S.M., narrador-personagem, evidencia as angústias de um escritor ao penetrar na realidade de pessoas que vivem diferentes dores e pressões sociais. "A Hora da Estrela" ainda viraria filme, em 1985, protagonizado por Marcélia Cartaxo e com participação de Fernanda Montenegro. Clarice não estava mais viva, assim como à altura do lançamento do livro. Ela morreu, um dia antes de completar 57 anos, em decorrência de um câncer no ovário, descoberto em estágio avançado. Sua anti-heroína Macabéa também encerra sua passagem no final da história. Uma bela carta de despedida.
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