Turismo internacional caiu 65% no primeiro semestre de 2020, diz OMT
Mundo registrou uma perda de 440 milhões de chegadas internacionais. Turistas italianos tiram fotos na inundada Praça de São Marcos, em Veneza, na Itália. Fabrizio Bensch/ Reuters O número de turistas no mundo caiu 65% no primeiro semestre de 2020, representando uma perda de 440 milhões de chegadas internacionais e um prejuízo de cerca de US$ 460 bilhões (o equivalente a cerca de R$ 2,5 trilhões) em receitas de exportação do turismo internacional, segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT). Apesar da reabertura gradual de alguns destinos, permitida desde maio, "a perda do setor foi cinco vezes a perda na receita do turismo internacional registrada em 2009 durante a crise econômica e financeira global", informou a organização em nota. 'Quando as pessoas viajam, viaja também o vírus', alerta Opas sobre o aumento de casos da Covid na América Latina Turismo brasileiro tem prejuízo de cerca de R$ 182 bi e já perdeu 446 mil postos de trabalho, diz CNC Em 2019 a OMT contabilizou 1,5 bilhão de chegadas de turistas internacionais: naquele ano o crescimento do número de viajantes no mundo desacelerou, caindo 4%. Em 2017 e em 2018, o número de turistas internacionais teve alta: 7% e 6%, respectivamente. Ásia e o Pacífico foram as regiões que sofreram o maior impacto, com diminuição em 72% de chegadas de turistas, seguido pela Europa, com menos 66%. A África e o Oriente Médio tiveram uma queda de 57% nos visitantes, e as Américas, -55%. Em comunicado, o secretário-geral da OMT, Zurab Pololikashvili, afirmou que "viagens internacionais seguras e responsáveis agora são possíveis em muitas partes do mundo, e é importante que os governos trabalhem em colaboração com o setor privado para fazer o turismo global funcionar novamente”. Segundo a OMT, a queda no número de turistas é também uma consequência dos dois países com maior número de turistas internacionais, Estados Unidos e China, ainda não terem voltado ao fluxo normal de viagens. A organização prevê que o turismo mundial chegará aos mesmos patamares de 2019, em termos de chegadas de turistas, no período de 2 a 4 anos. No ano de 2021, segundo a OMT, o aumento de viajantes vai depender da abertura gradual de restrições de viagens, a disponibilidade de uma vacina e o retorno da confiança do consumidor. Vídeos: Turismo e Viagem
- Publicado em Turismo
Paraíso do ecoturismo é reduzido a cinzas no Pantanal
De acordo com dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre janeiro e agosto mais de 12% do Pantanal foi consumido por incêndios. As queimadas prejudicaram ainda mais a temporada turística no Pantanal que já sofria as consequências da pandemia. Mauro Pimentel/ AFP Ao se ver impotente enquanto o fogo devastava a vegetação ao redor de sua pousada no Pantanal, Domingas Ribeiro, 46 anos, sentou-se aos pés de uma árvore e chorou. "Parecia que as lágrimas saíam da minha alma", lembra. Turismo internacional caiu 65% no primeiro semestre de 2020, diz OMT A empresária que também é guia de ecoturismo, administra desde 2019 uma pousada situada no km 40 da rodovia Transpantaneira, que conecta as localidades de Poconé e Porto Jofre, no norte do Pantanal. Em meados de agosto, o fogo consumiu, em dois dias, 90% dos 905 hectares da pousada Pantanal Lodge, também conhecida por seu antigo nome, Rio Clarinho. "Vivemos um caos. Ficamos sem energia. Nossa rede tinha postes de madeira, pegou fogo. Muitas árvores caíram na nossa estrada principal, então ficamos bloqueados. Foi muito complicado", conta Domingas, mostrando a parte traseira do estabelecimento. Onde antes havia uma paisagem verde, repleta de plantas nativas, agora praticamente só se veem cinzas, cenário que se estende até a linha do horizonte. O corixo que separa o terreno da pousada vizinha está seco. Um jacaré morto jaz sobre à terra rachada. "Pensar como era e ver como ficou dá muita tristeza. A gente via os animais aqui por perto, agora só vê cinzas", lamenta a empresária, que usa coturnos para evitar mordidas de cobra e veste uma camiseta leve, com estampa de onça, para suportar o calor. As araras que frequentavam o local agora passam voando, mas não ficam. As palmeiras cujas castanhas lhes serviam de alimento foram arrasadas pelas chamas. Acharam alguns animais mortos (veados, tartarugas, iguanas, cobras, jacarés), mas o principal problema é que a maioria fugiu do incêndio e alguns retornam desesperados em busca de água e comida. O drama se repete ao longo da Transpantaneira, onde brigadas de voluntários depositam alimentos para tentar salvar a fauna da região. De acordo com dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre janeiro e agosto mais de 12% do Pantanal foi consumido por incêndios, produzidos geralmente por queimadas que saíram do controle e agravados pela pior seca em quase meio século. 'Barulho do fogo na cabeça' Quando se deu conta da proporção das chamas, Domingas, nascida e criada no Pantanal, sabia que nunca havia enfrentado algo semelhante. Ela combateu o fogo ao lado de uma equipe dos bombeiros e de outros voluntários, mas os ventos eram tão fortes que não houve outro remédio a não ser esperar que tudo ardesse em chamas e proteger apenas a estrutura da pousada. "Tentamos salvar o que tinha, mas não teve como controlar o fogo", lamenta. A grande quantidade de fumaça inalada provocou uma inflamação nos pulmões de Domingas, que a obrigou a repousar e se medicar por 10 dias. Um mês depois, a empresária ainda perde o fôlego ao pronunciar frases longas e consegue se lembrar perfeitamente do barulho do fogo consumindo tudo ao redor. "Ficamos vários dias sem dormir direito, porque tínhamos a imagem e o barulho na nossa cabeça, tanto do fogo, quanto das árvores desabando. Qualquer movimento nos fazia pensar que era o fogo novamente", relata. Próxima temporada Apesar da tragédia e de o fogo ter terminado de sepultar a temporada turística que o novo coronavírus já havia complicado, Domingas sorri com frequência e encara o futuro com otimismo. Ela se reveza com o sócio, o japonês Nobutaka Yukawa, para cuidar da pousada durante a semana e distribuir entre os animais os alimentos que recebem de uma campanha solidária. "Para o turismo, vai ser complicado trabalhar este ano. Como a vegetação ficou toda queimada, nossas trilhas foram atingidas, não temos o que mostrar, a não ser cinzas", confessa. A empresária acredita, no entanto, que, com a ajuda das chuvas previstas para começar no próximo mês, a vegetação irá se recuperar e os animais irão, aos poucos, retornar. "A gente depende 100% da natureza, dos animais para mostrar para os turistas. A melhor forma de contribuir com a natureza é fazer o que estou fazendo, juntando estes alimentos para que eles possam sobreviver até que a natureza se restabeleça. O Pantanal é cheio de surpresas. Esperamos que no próximo ano ele volte a ser maravilhoso." VÍDEOS: Incêndio no Pantanal
- Publicado em Turismo
Empresa de turismo espacial planeja realizar primeira viagem de teste no mês que vem
Os ingressos para a empreitada custam cerca de R$ 1 milhão. Virgin Galactic inaugura primeiro aeroporto espacial comercial do mundo A Virgin Galactic, empresa de voos espaciais que está desenvolvendo espaçonaves comerciais para turismo intergalático, está planejando seu primeiro voo de teste para o mês que vem. Caso a missão seja bem sucedida, a empresa pretende realizar a primeira viagem de turismo espacial suborbitais com a nave SpaceShipTwo no início de 2021, com o fundador da companhia Richard Branson. Um voo suborbital é um voo espacial em que a nave atinge o espaço ultrapassando os cem quilômetros de altitude e retorna para à Terra. Em alta velocidade, a gravidade é reduzida por alguns minutos. Turismo brasileiro tem prejuízo de cerca de R$ 182 bi e já perdeu 446 mil postos de trabalho, diz CNC De acordo com o portal CNBC, o voo de outubro será o primeiro de dois que a empresa planeja realizar para finalizar os testes. SpaceShipTwo, nave da Virgin Galactic que levará turistas ao espaço Divulgação Se tudo correr como planejado, a Virgin Galactic vai ser a primeira empresa privada a levar turistas ao espaço. Segundo a empresa, cerca de 600 pessoas já compraram ingressos para viagens, inclusive celebridades como Justin Bieber, Leonardo DiCaprio, Tom Hanks, Katy Perry e Ashton Kutcher. Os ingressos para a empreitada custam cerca de R$ 1 milhão. Em 2019, o banco suíço UBS divulgou um relatório estimando que o turismo espacial poderá se tornar uma indústria de US$ 3 bilhões nos próximos 10 anos. VEJA MAIS VÍDEOS DE VIAGEM E TURISMO
- Publicado em Turismo
Fornatur conquista R$ 13,5 milhões em verba descentralizada do MTur para ações de retomada do turismo nos estados
Ministério do Turismo começa a receber, a partir da próxima semana, propostas dos estados para o repasse de verba destinada à promoção e comercialização dos destinos Campo Grande (MS) – Uma das principais demandas do setor turístico na retomada do turismo começa a ser efetivada. Após meses de trabalho e debates entre o Fórum Nacional […]
- Publicado em Turismo
França ‘salvou’ sua temporada de verão graças ao turismo nacional
A receita do turismo internacional caiu 49,4% de janeiro ao final de julho de 2020 na França, mas o turismo nacional compensou parcialmente essas perdas. 94% dos franceses que saíram de férias ficaram na França. Ludovic MARIN / AFP O turismo nacional "salvou" a temporada de verão na França, que sofreu uma forte queda na renda proveniente dos turistas internacionais devido ao impacto do coronavírus, segundo um relatório apresentado nesta quarta-feira (16) pelo secretário de Estado responsável por este setor. A receita do turismo internacional caiu 49,4% de janeiro ao final de julho de 2020 na França, mas o turismo nacional compensou parcialmente essas perdas, disse Jean-Baptiste Lemoyne, durante uma reunião de gabinete. 'Quando as pessoas viajam, viaja também o vírus', alerta Opas sobre o aumento de casos da Covid na América Latina Embora a catástrofe em termos de viagens para o exterior não poupe ninguém – como revelam os dados publicados na terça-feira (15) pela Organização Mundial do Turismo (OMT), que informam uma perda de 460 bilhões de dólares para o setor em todo o mundo no primeiro semestre do ano -, a França parece resistir um pouco melhor do que alguns de seus vizinhos. 94% dos franceses que saíram de férias ficaram na França, o que indica que a queda prevista do gasto turístico em 2020, incluindo turistas franceses e estrangeiros, deve ser mais limitada do que na Espanha ou Itália, segundo o relatório. Comparativamente, "em julho, primeiro mês de uma recuperação real da mobilidade internacional", a queda foi respectivamente de "-75% da assistência internacional para Espanha e -66% para Itália", contra -41% na França. No entanto, Lemoyne pediu aos franceses que "continuem apoiando" o turismo nacional nos próximos meses, que ele estima que serão "complicados". "Além da hoteleria em Paris e nas grandes cidades", a organização de eventos e as agências de viagens são os dois setores que mais sofreram com esta crise, diz o relatório. Vídeos: Viagem e turismo
- Publicado em Turismo
‘Quando as pessoas viajam, viaja também o vírus’, alerta Opas sobre o aumento de casos da Covid na América Latina
Organização alertou para o aumento da transmissão na América do Sul na última semana, principalmente na Bolívia, na Venezuela e na Argentina. Movimentação de passageiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, Grande São Paulo, no dia 7 de agosto. Fepesil/Estadão Conteúdo A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa F. Etienne, alertou nesta quarta-feira (16) para o aumento da transmissão do novo coronavírus com a reabertura das economias e das fronteiras nas Américas. "Na América do Sul, as áreas da Colômbia ao longo da fronteira com a Venezuela viram os casos aumentar mais de dez vezes nas últimas 2 semanas. Vemos padrões semelhantes emergindo em áreas da Argentina", alertou a diretora, ressaltando ainda o aumento de casos nas ilhas do Caribe. "Nossa região começou a retomar a vida social e pública quase normal em um momento em que a Covid-19 ainda requer grandes intervenções de controle" – Carissa F. Etienne, diretora da Opas Etienne pediu cautela principalmente às pessoas que fazem viagens internacionais neste momento. "Quando as pessoas viajam, viaja também o vírus", alertou. "Estamos vendo isso no Caribe, onde vários países que praticamente não tiveram casos experimentaram picos de crescimento com a retomada do turismo", disse Etienne. A Organização orientou que, com as reaberturas e a maior circulação, medidas como distanciamento social entre as pessoas, lavagem das mãos e uso de máscaras devem ser reforçadas. "Elas [medidas contra o coronavírus] devem ser consideradas questão de responsabilidade cívica", disse Etienne. "Nos lugares onde há alto nível de infecções, se necessita de medidas mais rígidas", recomendou. Segundo a Opas, na semana passada, as Américas alcançaram mais de meio milhão de mortes e quase 1️5 milhão de casos. Initial plugin text
- Publicado em Turismo
Turismo brasileiro tem prejuízo de cerca de R$ 182 bi e já perdeu 446 mil postos de trabalho, diz CNC
São Paulo e Rio de Janeiro são os estados que concentram mais da metade do prejuízo nacional registrado desde o início da pandemia. Turismo é uma das atividades mais impactadas pela pandemia
A Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) estima que o setor do turismo desde o início da pandemia perdeu R$ 182 bilhões. Nesse período entre março e agosto, a associação também estima a perda de cerca de 446 mil postos formais de trabalho.
EUA liberam voos vindos do Brasil em todos os aeroportos, mas turismo continua suspenso
A associação mantém a expectativa de que o setor alcance os níveis de faturamento pré-pandemia apenas no terceiro trimestre de 2023. Neste ano, a tendência é que receita do turismo encolha 37,2%.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre março e julho de 2020, a força de trabalho formal do turismo encolheu 12,8% – a maior queda em relação a outros setores da economia. Mais de 446 mil postos formais de trabalho foram perdidos nos subsetores de alojamento e alimentação fora do domicílio.
São Paulo e Rio de Janeiro são os estados que concentram mais da metade do prejuízo nacional registrado. Com perdas de R$ 65 bilhões e R$ 26 bilhões, respectivamente, decorrentes da diminuição no fluxo de passageiros nos principais aeroportos dos dois estados, segundo a CNC.
- Publicado em Turismo
A pirâmide secreta ‘consumida’ por uma floresta
No arquipélago de Samoa, arqueólogos estão usando novas tecnologias para desvendar os segredos de uma das maiores e mais antigas estruturas de pedra da Polinésia. O Monte Pulemelei é uma das maiores e mais antigas estruturas de pedra da Polinésia BBC Em meio às densas florestas de Samoa, ao longo de trilhas de difícil acesso, encontra-se escondido o que os arqueólogos chamam de segredo mais bem guardado do Pacífico Sul. São cerca de 80 estruturas antigas em forma de estrela que, mesmo após diversas escavações, continuam a intrigar especialistas. E agora arqueólogos e historiadores estão usando a maior dessas maravilhas de pedra para contestar certas crenças sobre a história de Samoa. Com 12m de altura e uma base de 65m por 60m, o Monte Pulemelei, localizado na Ilha Savai'i, em Samoa, é uma das maiores e mais antigas estruturas de pedra da Polinésia. Muitas vezes chamado de pirâmide, apesar do topo plano, ele foi provavelmente construído por etapas a partir de 1.000 d.C. e acredita-se que tenha sido abandonado há cerca de 200 a 300 anos. Oculta pela vegetação, sua estrutura contém oito pontas, dando a aparência de uma estrela vista de cima. Parece ser orientada pelos pontos cardeais e é cercada por vários montes menores também em formato de estrela. Até hoje, ninguém foi capaz de desvendar seu real significado. Feita de rochas vulcânicas, a estrutura pode ter sido usada para cerimônias religiosas, funerais, ponto estratégico de observação ou até mesmo para competições de caça a pombos, de acordo com algumas teorias vigentes. "De um ponto de vista estritamente arqueológico, eu diria que elas provavelmente eram usadas para algum tipo de ritual. Quando olhamos para vilarejos modernos, vemos que geralmente não há apenas uma igreja, mas várias dentro de um mesmo vilarejo", sugere o pesquisador Greg Jackmond, do Centro de Estudos de Samoa, da Universidade Nacional de Samoa. "E, quando olhamos ao redor, não vemos apenas um 'monte estelar' isolado. Encontramos vários em alguns lugares." A pirâmide foi engolida pela floresta e arqueólogos estão tentando escavá-la BBC A população local também tem suas teorias: "Antigamente, os líderes das aldeias se reuniam nesses ‘montes estelares’. Meus avós me contaram tudo sobre esses montes estelares", diz Evaria Jacinta Leituala. Há ainda quem diga que os “montes estelares” eram usados para um ritual em que os líderes das aldeias competiam para capturar pombos. "Os líderes das aldeias (também) usavam-nos para capturar pombos. Você pode ver que há oito pontas, cada líder ficava em uma delas”, conta Leituala Filipo Leituala, prefeito de Vaito'omuli, na Ilha Savai'i. O fato é que a floresta densa e o terreno acidentado dificultam a realização de pesquisas e escavações nas proximidades. "Mesmo com uma equipe de 20 ou 30 pessoas, só conseguimos realmente limpar a área ao redor do monte e ver essas estruturas em detalhes. Não conseguimos ter a dimensão de quantos sítios arqueológicos realmente existiam", conta o arqueólogo Geoffrey Clark, da Universidade Nacional Australiana, sobre a escavação realizada de 2002 a 2004. Mas um mapeamento a laser da área ao redor do Monte Pulemelei forneceu uma pista vital para os arqueólogos. A tecnologia revelou uma vasta rede de ruínas sob a copa das árvores – vias de acesso, sistemas de drenagem e “montes estelares” compõem a paisagem. Para especialistas, é a evidência da existência de um assentamento pré-colonial inteiro que prosperou antes da chegada dos europeus em 1722. "Enviei essas informações para um colega que é arqueólogo, mas também urbanista. Quando ele viu o material, disse: 'Isso parece o que eu vejo todos os dias na área de planejamento urbano'”, conta Jackmond. A nova descoberta indica que a população de Samoa antes da colonização era muito maior do que se pensava anteriormente. "O que pensávamos e acreditávamos que aconteceu em Samoa é totalmente diferente do que realmente aconteceu aqui", acrescenta. E sugere que a taxa de mortalidade da população do arquipélago em decorrência da colonização tenha sido de cerca de 80% a 90% em algumas áreas – um aumento acentuado em relação à estimativa aceita anteriormente. "Sabemos que a mortalidade populacional por contato cultural e exposição a novas doenças provavelmente eliminou cerca de 20% a 50% da população”, diz Clark. “Mas quando acrescentamos instabilidade social, guerra, fome e introdução de armas de metal e projéteis, isso sugere, na verdade, que a dimensão do despovoamento foi muito maior e pode chegar a ser de 80% a 90% em algumas áreas."
- Publicado em Turismo
Três Lagoas participa de competição internacional com dois projetos sobre iniciativas em Turismo Sustentável
O sucesso de duas iniciativas que promovem o desenvolvimento sustentável da região turística ‘Costa Leste-Vale do Aporé’ fez com que os organizadores inscrevessem seus projetos no Desafio Changemakers. A iniciativa é da Ashoka, organização sem fins lucrativos considerada a 5ª ONG de maior impacto social no mundo e que tem como uma das áreas de […]
- Publicado em Turismo
A pouco conhecida praia de areia roxa do Canadá
A tonalidade e o tamanho da faixa de areia colorida variam de acordo com as correntezas e as estações do ano. A praia de areia roxa ficou famosa no Canadá por sua estrutura geológica peculiar Leane Summers via BBC A última vez que Candice LaFaver viu os grãos de areia roxos às margens do Candle Lake, um lago de água doce no Canadá, foi em 2018. Em julho daquele ano, ela e a família passeavam de barco pelo lago localizado no norte de Saskatchewan, quando avistaram uma praia deserta – ela mal podia acreditar no que estava diante de seus olhos. Perto da margem a nordeste do lago, em uma área que só é acessível de barco, LaFaver notou uma faixa espessa de areia de cor vibrante, envolvendo a costa como um laço de fita em um presente. "Eu não via essa faixa há muito tempo", lembra LaFaver, que trabalha como gerente do Parque Candle Lake, uma área de 78 quilômetros quadrados protegida pelo governo que se tornou um refúgio para os amantes da natureza. "Em alguns anos, você só consegue ver quando chega até lá. Em outros anos, apenas uma faixa aparece", explica. Aquela faixa em particular, acrescenta ela, media cerca de 60 cm de largura e abrangia todo o comprimento da praia – era uma das maiores que já tinha visto. Há 25 anos, LaFaver mora na pequena vila resort de Candle Lake, uma comunidade de 850 pessoas que vive dentro das fronteiras do parque. Ela sabe bem como a tonalidade e a extensão da faixa de areia variam de acordo com as correntes e as estações do ano. Então, naquela tarde, presumindo que no próximo ano talvez a praia não aparecesse da mesma maneira, LaFaver e a família aproveitaram a oportunidade. "Descemos do barco e passamos o dia todo lá", conta. "Não sabia quando iria ver (a praia) tão bem ao longo de toda a costa [novamente]". Conhecida simplesmente como Praia da Areia Roxa, essa extensão isolada de areia ficou famosa em todo o Canadá por sua impressionante estrutura geológica. Os grãos de areia podem surgir em uma variedade de tonalidades, que oscilam de lavanda a magenta e, às vezes, até rosa. E podem aparecer salpicados pela costa, como pinceladas de um artista, aglomerados em rochas e sob a superfície da água nas partes rasas do lago. Ver esse fenômeno natural pessoalmente se tornou motivo de peregrinação para naturalistas, geológicos e turistas de fora da cidade, que chegam o ano todo na esperança de ver os grãos de areia roxos, antes de serem arrastados pela própria água ou desaparecerem debaixo da neve. "Você não acredita que é de verdade", diz Debbie Hunter, de 64 anos, moradora de Candle Lake, que reside perto da praia de Minowukaw, uma das áreas do parque destinadas ao camping. Após uma forte tempestade, que provocou a formação de grandes ondas, Hunter viu vestígios de areia roxa se espalhar por toda essa área, que faz fronteira com a floresta do parque. Alguns moradores relataram, inclusive, ter visto os grãos coloridos ao longo das margens do Torch Lake, um lago menor que alimenta o Candle Lake, mas não na mesma intensidade ou quantidade abundante. Onde quer que seja, acrescenta Hunter, "é difícil acreditar que exista areia roxa”. "É bizarro, de verdade." Cores diferentes Embora no imaginário popular a areia roxa possa remeter a um conto de fadas, existe uma explicação geológica para tal. De acordo com Kevin Ansdell, professor de geologia da Universidade de Saskatchewan, todas as praias devem sua coloração aos minerais, rochas e conchas que compõem suas várias partículas de areia. "Ao redor do mundo, há todo tipo de praia de cores diferentes", explica Ansdell, cujo trabalho inclui ensinar sobre a diversidade de paisagens geológicas em Saskatchewan. "Obviamente, a mais comum é a areia branca, que vem logo à cabeça. Normalmente, ela é formada por muitos grãos arredondados de quartzo." Como o quartzo é o segundo mineral mais comum encontrado na Terra, é por isso que tantas costas têm areia branca, acrescenta. No entanto, branco não é a única cor para decorar um litoral. A Islândia e o Havaí, por exemplo, têm uma coleção de praias de areia preta, que devem seus tons escuros e taciturnos às rochas vulcânicas. E há outros exemplos em todo o mundo onde minerais e sedimentos transformaram corpos de água em paisagens surreais. O Peyto Lake, no Parque Nacional de Banff, em Alberta, também no Canadá, deve sua cor turquesa aos sedimentos glaciais suspensos em suas águas; enquanto o Rio Amarelo, no oeste da China, que nasce na província de Qinghai, acumulou tanto lodo e sedimentos que suas águas foram tingidas de dourado. A paisagem do norte de Saskatchewan deve, por sua vez, a coloração roxa a um mineral que existe no mundo todo, mas é encontrado em grandes quantidades no norte do Canadá. "No caso das praias de areia roxa, como a de Candle Lake, (a cor se deve) provavelmente a um mineral chamado granada", diz Ansdell. Por milhares de anos, este mineral colorido e resistente, que apresenta uma variedade de tons, mas é visto principalmente na tonalidade vermelho escuro, foi descoberto em rochas do Escudo Canadense, região geológica que engloba grande parte do norte do Canadá. Essa área rica em minerais se estende de Labrador, no leste, a Manitoba, no oeste, e em direção ao norte, até os Territórios do Noroeste, incluindo a maior parte do norte de Saskatchewan. Os recursos naturais encontrados nesta vasta região se tornaram componentes valiosos da economia do país. "No Escudo Canadense, de uma maneira geral, há uma abundância de depósitos minerais diferentes", diz Ansdell a respeito do ouro, cobre, níquel e até diamantes frequentemente descobertos, além de minerais como granada. Encontrada em rochas que datam de mais de um bilhão de anos, a granada é formada durante o metamorfismo, processo químico e mineralógico que acontece quando as rochas são soterradas no fundo da crosta terrestre à medida que as placas tectônicas se deslocam. Por meio de vários processos, essas rochas alteram suas composições internas para se ajustar a pressões e temperaturas mais altas, explica Ansdell. "Evidentemente, se você tem granada nas areias, a granada deve ter vindo de algum lugar", diz ele. "É quase certo que sejam das rochas metamorfoseadas no norte de Saskatchewan." Resquício da Era do Gelo Essas rochas foram levadas do Escudo Canadense pela atividade glacial durante a Era do Gelo mais recente, que terminou há aproximadamente 12 mil anos, espalhando seu conteúdo por lugares como Candle Lake. Com o tempo, as rochas foram fragmentadas e levadas rio abaixo por fontes de água doce, retrabalhadas pelas correntezas e por fim depositadas em um único local, acrescenta Ansdell. Embora os moradores de Candle Lake talvez não conheçam todos os detalhes científicos sobre a origem do brilho de sua praia mais famosa, eles lembram como se sentiram ao vê-la pela primeira vez. "Eu era apenas uma criança, devia ter uns 14 anos", conta Hunter sobre o dia em que foi apresentada à areia roxa há mais de 50 anos. Ela cresceu na cidade vizinha de Prince Albert e começou a visitar o lago antes de construírem uma estrada pavimentada. "Se estivesse chovendo ou o tempo estivesse ruim… caramba!", diz ela sobre a jornada de 80 km para visitar a família do marido, que tinha uma cabana na comunidade de Candle Lake. Naquela época, sobretudo pescadores e caçadores eram atraídos pelas águas claras do lago, que abrigam muitas espécies de peixes, e pela abundante vida selvagem da região, como alces, ursos, lobos e veados. Depois que uma nova rodovia foi construída em meados da década de 1970, ligando essa vila remota ao resto da província, a notícia se espalhou, e o Candle Lake logo se tornou um destino cobiçado durante o ano todo. Em 1986, foi transformado em parque provincial pelo governo do Canadá, no intuito de "proteger as margens da floresta do norte e oferecer uma variedade de oportunidades de lazer em todas as estações do ano". Como muitos lugares nas regiões mais altas do hemisfério norte, o Candle Lake é um local de extremos. Durante o inverno, sua superfície cristalina se transforma em um campo de gelo. Caminhonetes e barracas para a neve se misturam à paisagem, servindo de abrigo para os bravos pescadores que, mesmo quando a temperatura cai para -30°C, abrem buracos na densa cobertura de gelo para pescar o jantar. Os moradores permanecem ativos jogando na liga de curling da cidade e ajudando vizinhos que precisam a remover a neve, diz Hunter, que atua como voluntária dos bombeiros e socorrista. "As pessoas são muito amigáveis", acrescenta. "É uma comunidade pequena, e parecem cuidar uns dos outros." No fim de abril, os dias mais longos e as temperaturas mais quentes colaboram para o degelo do lago e, em julho, as famílias começam a chegar de carro para comemorar o Dia do Canadá, a época mais movimentada do ano, quando cerca de 15 mil visitantes lotam a costa para comemorar o feriado nacional. Não importa a época do ano, a praia de areia roxa e a beleza natural do parque atraem visitantes do mundo todo – e alguns acabam ficando por um bom tempo. "Já viajei bastante, mas o trabalho me manteve aqui e fico muito contente com isso", diz LaFaver. "[Candle Lake] é um belo lugar para viver e trabalhar."
- Publicado em Turismo